Pesquisar este blog

sábado, novembro 29, 2008

BICA - Carnaval 2009



Deboche

Ontem, em reunião ordinária, a Confraria da Bica escolheu o tema do seu Carnaval 2009: "Renata, mulher ingrata". Significa dizer que os alvos dos deboches poderão ser o governador Eduardo Braga, o vice, Omar Aziz e o senador Arthur Neto.

Escândalo
Renata Barros protagonizou o escândalo das eleições 2008. Pelas mãos de Arthur Neto, ela apareceu denunciando supostos negócios ilícitos envolvendo Braga e o marido dela, Ney Barros. Passada a eleição, ela reatou a relação com o marido e tenta desfazer a denúncia.

(publicado na coluna Sim&Não do jornal A Crítica, neste sábado, 29)

Sobre sindicatos, diplomas e ouvidorias


Dioclécio Luz

A discussão sobre a exigência do diploma para exercer a profissão de jornalista merece um outro ponto de vista, não longe dessa arenga, claro. Quero refletir sobre as mudanças da modernidade (ou pós-isso) e o papel dos sindicatos e da sua federação.

Um dos elementos-chaves das mudanças é o fato da era Gutenberg estar se extinguindo ou, pelo menos, deixando de ser o foco da comunicação. Traduzindo: as notícias já não precisam de tinta e papel para circular. Desconfio (porque não tenho a numerologia) que a maior parte dos fatos ou acontecimentos (como diria Mouillaud) já está na internet; a notícia já não precisa virar jornal ou revista para ser notícia. E tem mais - atenção, irmãos de fé! - boa parte do que circula como informação não é produzido por jornalistas.

Enfim, estamos apenas no começo de algo que se avizinha maior que o tsunami. Todo mundo vai virar fonte, todo mundo vai produzir notícia, todo mundo é notícia. A única saída é fechar a internet e proibir as pessoas de falarem, fotografarem e escreverem. Ou então, estabelecer: só pode fazer notícia, escrever notícia, distribuir notícia quem fizer um curso superior de Jornalismo. Não vai ser fácil estabelecer esta censura. Com a ágora cibernética mundial, misto de clube de amigos e espaço de xingamento planetário, lugar onde se pode saber o que ocorre na Eslovênia ou na Manchúria antes dos jornais, todo mundo vai querer escrever, mostrar sua foto, fazer "reportagens", fazer-se de jornalista, pelo menos.

Enunciadores se transformam em um só

A internet está pondo em xeque a imprensa. Como dizer o que já foi dito? Como mostrar o que já foi mostrado? E, do ponto de vista ideológico, como manter o pensamento único se todo mundo agora tem acesso a outras fontes, isto é, o "pensamento único" se tornou apenas o pensamento um? Hoje é corrente que qualquer pessoa tem acesso a várias versões do mesmo fato; são versões que se contrapõem ou se somam aquilo que foi dito em tom maior.

E não é de agora. Quando os Estados Unidos resolveram invadir o Iraque, a grande imprensa mundial (e os clones nacionais) reproduziu os releases do Departamento de Estado norte-americano garantindo que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa. Mas quem tinha um computador e acesso à internet sabia que era mentira, tratava-se de um saque, um roubo. Quando os grandes veículos e seus pequeninos repórteres instalados em Nova York ou Bagdá disseram que não havia armas de destruição em massa, o sujeito lá em Quixeramobim, Ceará, no seu barraco, onde pega mui rudimentarmente a internet, falou baixinho: "Ôxe, mas eu já sabia disso..." Ele e boa parte do mundo.

Este é apenas um exemplo de como a grande imprensa (e nossos valores guerreiros da notícia) deveria pensar duas vezes antes de espalhar uma mentira, ou pelo menos uma meia verdade (o que dá no mesmo). O que não está acontecendo.

Vamos considerar, como Nelson Traquina, que a "teoria conspiratória" de Noam Chomsky seja uma espécie de teoria hipodérmica ideológica sobre os profissionais. Isto é, a tese de Chomsky de que os jornalistas obedecem aos patrões que, por sua vez, impõem interesses ideológicos e de Estado, estaria furada. Acontece, porém, que há algo na notícia e em quem traz a notícia - o jornalista - que nos sugere Chomsky. Quando os enunciadores se transformam em um só - pelo querer ou não do patrão - é porque tem algo muito troncho na categoria dos jornalistas. E isto é assunto para os sindicatos. Qual a posição do sindicato, ou da Fenaj, quando o jornalista mente, engana a sociedade? Parece que nenhuma.

Objeto de uso restrito

Com a multiplicação das fontes, é sabido que a grande imprensa (burguesa, capitalista, cada vez mais um partido político, como quiserem tratar) continua cometendo seus grandes crimes; fazendo suas grandes bobagens; distribuindo seus grandes xingamentos... E a sociedade não tem muitas opções para reagir. Conta-se nos dedos da mão esquerda os poucos espaços de análise e crítica da mídia. Aqui tem o Observatório da Imprensa, e acolá o recifense Fopecom, mais adiante alguns sítios acadêmicos, mais uma ou outra ONG... e pronto. Acabou. Por que os sindicatos não entram nessa? Corporativismo?

Os sindicatos têm grandes desafios neste momento. Desafios do lado de fora e do lado de dentro.

O que farão os sindicatos dos jornalistas e a Fenaj diante do fato de que pedreiros e marceneiros, motoristas de caminhão, garis, estão fazendo rádiojornalismo em rádios comunitárias? Vão denunciar à Polícia Federal? À KGB? À CIA? Ou apenas ao Ministério do Trabalho? Em todas as boas rádios comunitárias há essa realidade: o rádiojornalismo, ou seja lá o que for, acontece. Isto é crime? Se for, a quadrilha hoje deve superar 50 mil meliantes. Dentro de um ano esse número vai dobrar. E vai sempre aumentar. Haja presídios para botar tanta gente.

Ironias a parte, se a Fenaj e os sindicatos defendem tanto a liberdade de expressão e a democracia na comunicação, não podem limitar o direito a liberdade de expressão ou o fazimento da democracia (como diria Darcy Ribeiro) a uns poucos, aos da entidade, aos da corporação, aos ricos e belos que conseguiram obter um diploma. Isto é, a democracia ou a comunicação não podem ser objeto de uso restrito daqueles que dominam determinado campo (Bourdieu).

Governador sem crítica alguma

O jornalismo comunitário está crescendo apesar das botinadas estatais, da legislação, do governo Lula. E ele não descarta o jornalista formado. É isso que os sindicatos (incluindo alguns de radialistas que desprezam quem faz rádio comunitária e defendem o patrão) dos jornalistas não perceberam. O jornalismo no Brasil dará um grande salto quando jornalistas formados se unirem aos jornalistas (ou repórteres) não formados para fazer comunicação.

Esta é a primeira sugestão.

A segunda é: os sindicatos e a Fenaj não podem ficar omissos diante das barbaridades cometidas contra a sociedade pela grande imprensa. Minha proposta é de que cada sindicato de jornalistas tenha uma ouvidoria para avaliar a atuação dos jornalistas. E que essa ouvidoria aja de forma honesta e objetiva em defesa dos interesses maiores, com ampla divulgação dos erros e acertos da categoria. Devemos ser corporativos com os interesses maiores da sociedade, e não dos coleguinhas que abusam do seu poder e do crachá de jornalista para defender patrão, seu dinheiro, sua armações e até sua má-fé - coisas, aliás, que acontecem em todas as categorias.

Se já tivéssemos ouvidorias funcionando no Brasil, certamente alguns jornalistas de projeção nacional não estariam cometendo as baixarias que cometem hoje. E melhor ainda seria seu efeito nas localidades.

Por exemplo, 99% dos jornais (e jornalistas) do Distrito Federal não conseguem publicar uma linha de crítica ao atual governador José Roberto Arruda. Não se trata do autor deste artigo ser contra ou a favor de Arruda, mas de defender o jornalismo. Porque não é preciso ser crítico de jornalismo para perceber que Arruda ainda não chegou à perfeição divina e, portanto, deve cometer seus erros. O que aparece nos jornais de Brasília, porém, é coisa de outro mundo: é Arruda inaugurando obras, Arruda obtendo recursos, Arruda defendendo a cidade.

Isto é jornalismo? Qual a opinião da sociedade sobre esse jornalismo? Talvez o jornalista esteja sendo pressionado. Talvez seja uma opção sua. Mas caberia ao sindicato denunciar a verdade.

Arrogância é ardil dos medrosos

No interior do país, as coisas são mais dantescas. Lá, o poder local (executivo, judiciário, legislativo) muitas vezes não aceita uma imprensa crítica; pelo contrário, é comum o executivo financiar uma imprensa servil. O que o sindicato diz disso? Nada? Pois a sociedade precisa exatamente é de uma instituição que receba as suas críticas ao mau jornalismo, às falcatruas, às aberrações da profissão.

Com as ouvidorias nos sindicatos, a sociedade poderia questionar o papel do jornalismo e do jornalista, tornando-se um apoio para o cidadão e para a cidadã, hoje desprotegidos, à mercê do poder local que domina a imprensa.

Por princípio um ente autônomo, o sindicato dos jornalistas tem todas as condições de exercer esta função. Na verdade, em alguns sindicatos existe um "comitê de ética" ou de "liberdade de expressão". Mas é um apêndice limitado do sindicato, ele não supre a carência da sociedade de aliados na luta contra o jornalismo de má qualidade, que não é questão de ter ou não diploma.

A criação de ouvidorias nos sindicatos dos jornalistas romperia as barreiras estabelecidas entre os pretensos arautos da verdade e da decência, colocaria no seu devido lugar o jornalismo ruim, faria com que nós, jornalistas, nos aproximássemos mais do nosso público (Wolton revela que poucos jornalistas estão interessados em saber como é seu público), aprendendo sobre realidade, gente, povo, sociedade, pessoas, seres humanos, cidadania... Essas coisas que uma boa parte da categoria despreza. Com as ouvidorias em funcionamento, estaríamos abrindo um debate com a sociedade sobre o jornalismo e os jornalistas. Ah, sim, poucos têm coragem de fazer isso. Entendo: a arrogância é o ardil maior dos medrosos.

sexta-feira, novembro 28, 2008

Teatro Mágico da Felicidade. Só para os loucos, só para os raros.




Senhoras e senhores, convido-os para integrarem-se a proposta de realização da exposição “Olho do Universo”, uma viagem antropológica, filosófica e social em torno do cu na cultura mundial.

A iniciativa visa suprir uma lacuna no universo imaginário e real da arte e cultura nestes trópicos, onde tudo é permitido, mas que impõe um silêncio sepulcral sobre o cu, esta parte mais íntima e profunda do ser humano, esse plissadinho que às vezes produz um formigamento miserável em você.

Após uma pesquisa sobre os mais diversos campos do conhecimento onde o cu aparece como uma referência sempre presente, descobrimos que o cu é um excluído na discussão mais aberta ou nos círculos mais fechados da cultura local.

Diante desta condição excludente, a exposição “Olho do Universo” pretende trazer o cu, o seu cu, para o centro da discussão mais ampla e irrestrita.

Internacionalmente já temos a adesão de vários artistas, profissionais liberais e do mundo da moda e das artes.

Em Manaus, 15 renomadas pessoas da sociedade já posaram para as lentes de Carlos Araújo, que vem registrando digitalmente o cu destas pessoas acima de qualquer suspeita.

Então, chega de ter um cu anônimo, essa é a oportunidade de expor seu cu ao mundo.

Listo abaixo um texto para sua reflexão. Entre em contato com o fone 8126 2315 para agendar um horário. Olharemos com carinho o seu cu.

EXPOSIÇÃO O OLHO DO UNIVERSO - TEXTO PARA REFLEXÕES

Onde andam nossos cus? Sim, aquele roxinho que nos alegrava? A especiaria mais cobiçada por nós, desbravadores das gretas úmidas e obscuras da anatomia feminina...

Por onde anda o cu arte, o cu moleque, o cu de várzea?

Ultimamente podemos afirmar que os cus brasileiros ficaram descaracterizados em detrimento do cu força, do cu retranqueiro, que joga fechadinho lá atrás!

E não podemos nos prender apenas às lides desportivas. No cinema também podemos constatar a desumanização do cu através de filmes como "Matrix". O que temos agora é o cu gráfico, o cu virtual! Onde estão os cus épicos de Cecil B. de Mille? Os cus artesanais! Quede os cus artesanais? Assim não tem cu que agüente!

Podemos nos reportar à época da ditadura sanguinária dos militares. Certamente foi aí que os cus começaram a cair na clandestinidade. Nessa época, apesar do cu engajado, do cu combatente, do cu guerrilheiro, quem tinha cu tinha medo! Quem não se lembra da Marcha dos Cem Mil Cus? E a volta emocionante dos cus exilados, dos cus anistiados!

Sim, a nostalgia nos arrebata! A simples lembrança dos cus virtuoses faz com que nos fujam lágrimas furtivas pelo terceiro olho! Hoje em dia, pesa a mão da técnica, onde não há mais espaço para o romantismo.

Antigamente, os cus namoravam no portão! Os cus virgens casavam na Igreja e os roxinhos, os fiofós dantanho ficavam unidinhos até que a morte os separasse! Mas agora diante da brutalização da sociedade, da banalização da violência e do estresse urbano, os cus se retraíram de tal forma que não passa nem mosquito ensebado.

Pela volta dos cus que praticamente estão em extinção! Vamos às ruas e, juntos, abracemos um cu!

Você já sorriu para um cu hoje? Sinta a beleza de um cu piscando! Não deixem um cu pra trás! De a mão para um cu abandonado! Ou então um dedo! Quem sabe assim poderemos deixar um futuro radiante para os nossos cus!

Reage Cu! Acorda Cu!

E se não você não gostou dessa convocação, vá tomar no cu!

Colaboraram os cus de Haroldo Mourão e Daniel Andrade.

Chama o Peçanha, Renato!


Se o Renato Gaúcho não tirar algum coelho da cartola nesse final de semana, o meu glorioso Vascão vai mesmo pra segundona. O pior disso tudo é aguentar a zoação da minha filha caçula, a Marisa, que por um grave acidente genético não detetado na infância se transformou em flamenguista doente depois que cresceu. Pode?

Tempos modernos


Está “vingando” em São Paulo e no Rio de Janeiro uma nova prestação de serviços: a “esposa de aluguel”, uma espécie de diarista bem mais cara e requintada, que faz desde os serviços triviais do canguru perneta e frango assado até a prega de botões, bolo caseiro e coisas próprias de uma dona de casa zelosa. Em tempos de solteirice e profissionalização das mulheres, a moda está pegando. Quem se habilita a oferecer o serviço em Manaus?

Novo livro de Anibal Beça está saindo do forno


Amigo, veja só a bondade do poeta Carlos Nejar com a minha fatura poética. Chega bem na hora, e à propósito, do lançamento do volume "Palavra parelha", 400 pp, que abriga ainda os livros "Cinza dos minutos", "Chuva de fogo", "Lâmina aguda" e "Cantata de cabeceira".

Como em "Banda de asa", reúno novamente cinco livros. Mais a la recherche du temps perdu, e de me conceder maior tempo, uma vez que nesses 5 anos me dediquei, como presidente do Fundo Municipal de Cultura, à causa coletiva. Chegou a hora de tratar das minhas coisas. O prefácio, que eu diria "um belo ensaio", é da poeta e contista Astrid Cabral.

Pretendo lançá-lo em dezembro, lá pelo dia 15, em noite de autógrafo. Gostaria de contar com sua presença.

Abraço grande

Anibal


ANIBAL BEÇA, OU DE COMO AS FOLHAS DA SELVA ENCOBREM A POESIA

Aníbal Beça, poeta da Amazônia, sob quem nutre a raiz da fecundidade, capaz de trabalhar com habilidade na arte poética em todas as formas, desde o soneto ao haicai, tem vocação genesíaca.

Talvez a vocação generosa de sua terra, talvez a vontade tão absoluta ou imperiosa de se exprimir, a ponto de a linguagem ser metamorfose, que não é propriedade ovidiana e sim, propriedade de abismo.

A variedade dos seus ritmos e imagens se mescla à variedade de um mundo que exige sempre mostrar a indefinível face. E qual a face? São muitas e nenhuma, pois a linguagem se disfarça e toma muitas vozes para preencher a espessura do silêncio. E a espessura do silêncio é por onde a palavra nos vê ou assombra.

Há, por vezes, certo preconceito com a fecundidade, mormente num tempo de raquitismo criador, juntando a impotência à inveja, a pequena obra como grande proeza, desde que nasça de tempo. A verdadeira proeza é a mescla de qualidade e invenção, não
importando o tempo que a produziu. E é inegável a visão peculiar de Aníbal Beça, a multiplicidade dos ritmos e das formas, o que vislumbrava William Blake em um de seus provérbios: “A exuberância é beleza”.

Há que haver na criação o espaço societário e respeitoso entre os poetas do menos e os poetas do mais, descabendo a mera avaliação daqueles em oposição a esses, quando todos se completam , conforme sua própria natureza e respiração do pensamento. O bosque deve conviver, harmoniosamente, com a floresta, ou vice-versa, porque ambos são importantes para o universo vivo.

Essa avidez de chama, avidez de refinamento da palavra, a avidez do ludus que persegue musicalmente a lógica, ou deixa-se arrebatar por ela, a favor do tempo do poema, a avidez de dizer ou bradar a existência das coisas, como se elas não pudessem repousar, a avidez de tudo cobrir com palavra, ou de a palavra não se calar nunca, faz com que admiremos, comovidos, esta sinfônica poética de signos e sonhos.

Sobretudo, pela maneira operosa com que, ao ser lida e nos lendo, também nos descobre.

Casa do Vento, Urca, Rio, 27 de novembro de 2008.
Carlos Nejar – da Academia Brasileira de Letras.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Beyoncé arrebenta nos EUA como Sasha Fierce


Denise Lourenço e agências

A cantora Beyoncé conquistou o primeiro lugar da parada de discos pop norte-americana pela terceira vez seguida, desta vez com o álbum de estréia "I am... Sasha Fierce". O álbum vendeu quase meio-milhão de cópias nos Estados Unidos ao longo da semana que terminou no dia 23 de novembro, de acordo com a Nielsen Soundscan.

O material, de Beyoncé e seu alter ego Sasha Fierce, já rendeu os sucessos "If I were a boy" e "Single ladies (Put a ring on it)". O primeiro disco da cantora, "Dangerously in love", vendeu 317 mil cópias, enquanto o segundo, "B-Day" (lançado em 2006 e premiado com o Grammy), foi comprado por 541 mil fãs.

De acordo com informações da gravadora Sony&BMG, a respeito deste álbum duplo, cada um dos discos mostra um lado distinto da "personalidade, caráter e sensibilidade" da artista. Nada a ver com surto esquizofrênico. Outros já trilharam este caminho. Um exemplo é o astro country Garth Brooks (que gravou com o nome do personagem de um filme em que atuou, Chris Gaines, e vendeu mais cópias nos Estados Unidos do que Elvis, perdendo apenas para os Beatles). Entre outros, estão David Bowie, que encarnou Ziggy Stardust, e Mariah Carey, que lançou no mercado "A emancipação de Mimi". No mercado brasileiro, há um caso recente parecido e de muito sucesso, o de Adriana Calcanhoto e seu alter ego Partinpim.

Diz o press release que, enquanto o primeiro disco traz a cantora à frente de um punhado de baladas românticas, o outro - o da Sasha Fierce - "dá voz a seu outro lado, dançante e agitado". Diz a artista: "Tenho uma pessoa que assume quando está na hora de trabalhar e de subir ao palco, este alter ego que criei que, de certa forma, me protege e que sou, na verdade, eu. É por isso que metade do disco, `I am...Sasha Fierce' fala de quem sou sob toda a maquiagem, as luzes e todo o drama de uma estrela. E Sasha Fierce é o lado divertido, mais sensual, mas agressivo, aberto e glamouroso que surge quando estou trabalhando, no palco".

Não bastasse isso, ela acrescenta: "O disco duplo me permite correr mais riscos e realmente sair de mim mesma, ou, digamos, entrar mais em mim mesma, e revelar um lado meu que apenas as pessoas que me conhecem vêem". Então, tá!

Em uma semana com sete lançamentos entre os 20 primeiros lugares da parada Billboard 200, o álbum "Dark horse", da banda Nickelback, vendeu 326 mil cópias, ocupando o segundo lugar. O disco anterior dos canadenses, "All The right reasons", de 2005, passou 156 semanas na parada e totalizou 6,97 milhões de cópias vendidas.

David Cook, campeão da última edição do programa "American idol", estreou na terceira posição, com 280 mil cópias, o que representa mais que o dobro do que vendeu o campeão do ano passado, Jordin Sparks (119 mil cópias na primeira semana).

"Fearless", de Taylor Swift, o primeiro lugar da semana passada, despencou para o quarto lugar, sofrendo uma queda de 63% nas vendas, que foram de 217 mil cópias na semana. Estreando em quinto lugar, está o Il Divo, com "The promise" (162 mil unidades vendidas). A trilha sonora do filme "Twilight", líder de bilheteria nos Estados Unidos há uma semana, passou do quinto para o sexto lugar, embora as vendas tenham aumentado em 17% (125 mil cópias).

A coletânea "Now 29" caiu do terceiro para o sétimo lugar, depois de uma queda de 33 por cento nas vendas (115 mil cópias). A trilha sonora de "High School Musical 3" também registrou queda, caindo do sétimo para o oitavo lugar, enquanto "And winter came", de Enya, subiu uma posição, indo para o sétimo lugar, com 83 mil cópias vendidas.

"Black ice", do AC/DC, fecha a lista do Top 10, depois de despencar do sexto lugar. O álbum vendeu 73 mil cópias cinco semanas depois do lançamento exclusivo no Wal-Mart e no Sam's Club, vendendo um total de 1,3 milhão de cópias. Entre as estréias da semana, destacam-se ainda "Safe trip home", de Dido (13º lugar) e "The Foundation", de Zac Brown Band (17º).

Aldir Blanc mostra humor curto e grosso


Nas suas letras de música e crônicas, dá para ver o frasista certeiro que é Aldir Blanc. Mas Guimbas é seu primeiro lançamento voltado exclusivamente para essas frases de efeitos - aforismos, para ficar mais chique; guimbas, para ficar mais escrachado.

O livro lembra Millôr Fernandes, especialista em tiros curtos de humor, condensando erudição, nonsense e incorreção política em poucas palavras. De Millôr, Aldir se aproxima especialmente pelo prazer de brincar com as palavras, certo de que um trocadilho pode ser tão infame quanto brilhante. E se afasta pela dedicação maior à escatologia e ao vocabulário, por assim dizer, rude.

"Humor é pé na cara", dizia Henfil a Aldir, segundo relata o compositor carioca, nos tempos célebres do Pasquim - e Aldir participou do Pasquim em vários tempos, alguns mais de cólera do que de glória. Boa parte das guimbas tem esse tom agressivo de quem quer botar a cinza na ferida - ou só provocar um sorriso amargo. "Humor é mau humor", ensina Millôr.

Alguns pontapés verbais, como os sobre Severino Cavalcanti e Renan Calheiros, ficaram até um pouco datados diante da rapidez com que se sucedem os escândalos nacionais. Já outros estão no tempo certo. "Informado sobre a vitória do candidato democrata Obama em várias convenções, o suposto líder da KKK no Texas, Adolf Pass O'Rhodo, declarou: Nós, da KKK, não temos nada contra um primeiro presidente negro nos EUA. Muito pelo contrário. O contraste com a Casa Branca dá um ótimo alvo!."

E há aqueles comentários comportamentais que são atemporais - a não ser que certas práticas humanas acabem, o que é pouco provável. "Curioso que a maioria das mulheres, quando conta aos maridos que tem um cara novo no trabalho, o descreve como baixote, cabeçudo e burro. Um belo dia, o conhecemos por acaso, e ele é ligeiramente parecido com o Paul Newman."

Para muitos, o tal vocabulário rude pode chocar. Mas é que Aldir veio mais para confundir do que para explicar. Vale a pena entrar na confusão. O livro tem prefácio assinado por Nani, orelha escrita por Reinaldo (do Casseta & Planeta), contracapa do jornalista Luís Pimentel e ilustrações de Fábio Monstro.

Guimbas é politicamente incorreto já no título, ao fazer referência ao grande vilão dos dias atuais: o cigarro. A ilustração de capa, de Fábio Monstro, ressalta a imagem do compositor, acompanhado de um copo de cerveja, abusando do tabaco.

A partir das frases do autor, o ilustrador Fábio Monstro amplia o significado do tiro certeiro de cada palavra escrita por Aldir, como na imagem de abertura do livro, em que Aldir é retratado com uma espingarda na mão e um cigarro na boca.

Aldir Blanc é o próximo autor da série SIGmund, idealizada por Jaguar para a Desiderata, que tem o intuito de divertir e apresentar aos leitores os clássicos do humor brasileiro e a nova-guarda do gênero. A seleção dos títulos foi feita pelo Jaguar, com a chancela do ratinho Sig - o clássico do cartunista criado para o Pasquim e revitalizado para batizar os lançamentos.

A coleção já disponibilizou os títulos Ministério de perguntas cretinas (Millôr Fernandes e Jaguar), Assim rasteja a humanidade (Allan Sieber), Dicionário dos sexos (Gustavo Alves), A mãe que entrou em órbita ou como casar com um rapaz solteiro (João Bethencourt), Um riso em decúbito (Don Rosé Cavaca), Existe sexo após a morte? (Adão Iturrusgarai) e Gente fina (Bruno Drummond).


GUIMBAS

Autor - Aldir Blanc (com ilustrações de Fábio Monstro)
Editora - Desiderata
Quanto- R$ 29,90 (96 págs.)

Chris Brown desbanca os favoritos


LOS ANGELES (EUA) - Só deu ele. O cantor Chris Brown, de 19 anos, saiu-se na noite de domingo como o maior nome na cerimônia de premiação do American Music Awards. Ele ficou com os prêmios de artista do ano, artista masculino favorito nas categorias soul/R&B e pop/rock.

O jovem artista superou Alicia Keys, que havia recebido o maior número de indicações, cinco, mas só levou duas estatuetas para casa (ela foi premiada pelo álbum "As I am", nas categorias soul/R&B e pop/rock).

Alicia era a favorita para o troféu de artista do ano, o último da noite. Brown tomou um susto ao ouvir seu nome. Disse que teria dado o prêmio à banda inglesa Coldplay, que fora indicada em quatro categorias mas saiu de mãos abanando. Ficou ainda mais feliz com a premiação da namorada, Rihanna, nas categorias femininas.

O rapper Kanye West, que sempre faz questão de demonstrar seu desagrado quando é preterido em premiações, ficou com com os dois primeiros troféus de sua vida, mas, para criar clima, falou que daria um deles ao outro indicado, Lil Wayne. "Se agora fosse o ano passado, este teria sido o meu prêmio", falou, referindo-se ao prêmio na categoria artista masculino favorito de rap/hip-hop. "Este ano o prêmio deve ser de Wayne. Vamos ver o que acontece no ano que vem". Antes, ele recebeu o de melhor álbum na mesma categoria por "Graduation".

Os vencedores foram determinados por uma votação online, pelo segundo ano seguido. Antes, eram selecionados pela votação de 20 mil compradores de música, porém resolveram mudar para dar escala mais ampla à cerimônia. A busca pela maior audiência deu certo. A audiência deste ano atraiu quase 12 milhões de espectadores contra os 10,9 milhões de 2007. Annie Lennox, ex-Eurythmics, foi uma das artistas convidadas a participar da festa, em que recebeu um prêmio pelo conjunto de seu trabalho e disse: "Nunca imaginei estar em cima do palco aos 53 anos de idade."

sábado, novembro 22, 2008

A banda mais bonita do rock está de volta


Pedro Caiado

Duran Duran da moda, do vídeo-clipe, dos anos 80, dos anos 90 e do cinema. Existem várias facetas desta famosa banda inglesa. E com certeza a mais célebre delas vem daquela década inesquecível - os anos 80 - com os sucessos "Hungry like the wolf", "The reflex" e "Notorious". Já "Ordinary world" e "Come undone" são clássicos do início dos anos 90, fase considerada difícil para a banda, que ficou marcada por uma década.

A turnê que chega ao Rio neste domingo já passou por São Paulo e segue para o México. Chama-se "Red carpet massacre" (2007) - em referência ao álbum mais recente da banda, antenado com o presente e com participações dos americanos Timbaland e Justin Timberlake. Mas o repertório do show será uma coletânea dos 30 anos da carreira do grupo de Birmingham, Inglaterra.

Será a oportunidade de conferir o histórico Duran Duran da década de 80, uma vez que os integrantes são todos da formação original: o vocalista Simon Le Bon, o tecladista Nick Rhodes, John Taylor no baixo e Roger Taylor na bateria. O Duran Duran, que tem este nome por conta do antigo filme de ficção científica "Barbarella", ficou conhecido no fim dos anos 80 pelo rótulo new romantics, talvez por abusar de sintetizadores e letras escancaradamente românticas.

O álbum "Rio" foi lançado em 1982 - destaque para a música "Save a prayer". De lá pra cá, foram dez discos de estúdio lançados, destacando "Notorious", de 1986 (a balada "Matter of feeling" foi tema de novela na época), "Big thing"(1988), "The wedding album"(1993) e "Astronaut" (2004), cujo single "Sunrise" trouxe os ingleses oficialmente de volta às paradas.

John Taylor disse em recente entrevista que "as pessoas vêem ao show do Duran Duran pela nostalgia". Talvez seja. Afinal, não há dúvida da grande influência deste quarteto na história da música pop, seja por seu envolvimento com as artes plásticas, através da amizade com o artista Andy Warhol, seja no cinema com o tema de James Bond 007, "A view to a kill". OU Na TV com vídeo-clipes nos primórdios da MTV, ou ainda na moda, com outfits impecáveis e refinamento típico - a preocupação com estilo é marca da banda.

Apesar de marcados pelos anos 80, os ingleses não pararam no tempo e buscam a reinvenção. "Você não pode dar às pessoas as mesmas coisas sempre, é preciso mexer na receita de vez em quando", confirmou o baixista. Em julho do ano passado, a banda fez um show em Paris com a participação do badalado produtor inglês Mark Ronson (o mesmo de Amy Winehouse), e o último disco, "Red carpert massacre" tem participação de artistas da nova geração do pop. Duran Duran é nostalgia, é cult, é pop.

DURAN DURAN - Apresentação única da banda, neste domingo a partir das 21h. Vivo Rio (Av. Infante Dom Henrique, 85. Ingresso entre R$ 240 (pista) e R$ 420 (camarote A).

quarta-feira, novembro 19, 2008

De Bob Dylan, nada se joga na lixeira


Jotabê Medeiros (AE)

O simples fato de um músico ter espalhado por aí material pirata suficiente para encher oito álbuns completos só com "sobras" mostra a fertilidade desse músico, escreve o autor Larry "Ratso" Sloman (escritor nova-iorquino que produziu aquele que é considerado o melhor livro sobre Bob Dylan, "On the road with Bob Dylan", um inventário da lendária turnê de 1975, a "Rolling Thunder Review").

Na verdade, o oitavo disco de músicas "não-contabilizadas" de Bob Dylan, "Tell tale signs - The bootleg series Vol. 8" (lançamento Sony-BMG), é um feito ainda maior: trata-se de um álbum duplo, com 27 canções. São faixas inéditas, que foram feitas há algum tempo, mas não foram lançadas em discos de Dylan, assim como gravações ao vivo, gravações "alternativas" e sobras de estúdio.

Além de revelar muito sobre os procedimentos criativos de Bob Dylan, um dos mais importantes artistas populares do nosso tempo, os dois CDs do álbum remontam a um período da produção do cantor e compositor do qual se sabe muito pouco - do álbum "Oh Mercy", de 1989, até seu disco mais recente de estúdio, "Modern times" (2006).

Se não parecesse autoritário o conselho, este escriba recomendaria que os leitores pulassem o Disco Um e fossem logo ao Disco Dois, que é um feliz encadeamento de canções, parecendo um original do próprio artista. Começa com uma versão longuíssima de "Mississippi" (do álbum "Time out of Mind") e prossegue com alguns blues de derreter geleira na Patagônia. O álbum traz duas versões de "Mississippi", a primeira com Daniel Lanois na guitarra elétrica.

Há faixas virais de Dylan, como "Cocaine blues", gravada ao vivo em Vienna, Vancouver, em 24 de agosto de 1997. Prolífico e desafiador, Dylan passa de blues lentíssimos, como "32-20 blues", para clássicos do bluegrass, como em "The lonesome river", no qual tem o apoio da voz de Ralph Stanley. Há canções que remontam a histórias preciosas, como "Cross the green mountain", feita para um épico televisivo sobre a Guerra Civil americana.

Consta que Ted Turner foi a Dylan pedindo uma canção de última hora e Dylan teria se enfiado na New York Public Library durante horas pesquisando para achar um gancho. O resultado é arrebatador, encorpado pelo violino de Larry Campbell e o órgão de Benmont Tench.

"A alma de uma nação está no gume de uma faca/ A morte está à espreita na soleira da vida/ No quarto ao lado um homem luta com sua mulher/ Acerca da dignidade", diz um novo verso que ele enxertou em versão inédita de "Dignity", uma demo ao piano que difere radicalmente da que Dylan divulgou em "Greatest hits volume three".

Outra faixa bastante interessante é "Red River shore", deixada de fora de "Time out of mind". O músico de estúdio Jim Dickinson, em entrevista na época da gravação, tinha declarado que essa era a melhor música do disco, e que tinha sido abandonada. Dura uns sete minutos e tem um certo apelo teológico, cristão. "Ouvi falar de um cara que viveu muito tempo atrás (...) E que, se alguém em volta dele morria, ele sabia um jeito de trazer de volta à vida".

O álbum duplo compila sobras de sete discos de Dylan - "Oh Mercy" (1989), "Under the red sky" (1990), os dois discos que ele fez só com covers de velhas folk songs, "Good as I been to you" (1992) e "World gone wrong" (1993), além de "Time out of mind" (1997), "Love and theft" (2001) e "Modern times" (2006).

Muitas vezes produzido, especialmente em dois discos que "vazaram" inéditas para essa coleção ("Oh Mercy" e "Time out of mind"), por Daniel Lanois, Bob Dylan é atmosférico e cheio de recursos nessa parceria. Quando não há Daniel Lanois, como em "Most of the time", ele ressurge mais limpo, claro, um intérprete de recursos mais amplos do que se supunha e composições originais estupendas. É uma fase que marca um renascimento de Bobby, hoje com 67 anos.

Após o disco "Infidels", de 1983, assinala o escritor Larry Ratso, Dylan viveu uma década meio perdida nos anos 1980. "Ele lançou uma série de discos desiguais, como "Empire burlesque" e Knocked out loaded", e submergiu numa incessante agenda de shows, drenando a inspiração em muitas noites." Mas aí, com "Oh Mercy", ele começou a recuperar a fleuma, o que essas sobras de gravação comprovam.

De fato, Bob Dylan - que cantou no Brasil em março - é um misterioso fenômeno que renasce continuamente. No ano passado, foi revisto no engenhoso filme de Todd Haynes, "Não estou lá" (I'm not there"), no qual sua persona é examinada à luz de sete encarnações - do garoto negro que queria ser Woody Guthrie à fabulosa mimetização de Cate Blanchett, que o reviu em sua fase mais iconoclasta.

Falar de sua importância é chover no molhado: ganhou dez Grammy, mais alguns Globo de Ouro, e ocupa com mérito seu lugar no Salão da Fama do Rock and Roll. Em 1999, foi incluído na lista das pessoas mais influentes do século XX pela revista "Time". Em 1990, foi nomeado Comendador da Ordem das Artes e das Letras pelo governo francês. Muitas vezes seu nome foi mencionado como um dos cotados para a obtenção do Prêmio Nobel de Literatura (no ano passado, lhe foi concedido o Prêmio Príncipe de Astúrias das Artes, pela Espanha).

Algumas de suas canções, como "Like a rolling stone", "Knockin' on Heaven's door", "Mr. Tambourine Man", "I want you" e "Just like a woman" foram gravadas por artistas tão distintos quanto Sonic Youth, Bob Marley, U2, Billy Joel, Pearl Jam, Guns'N Roses, Rolling Stones, Zé Ramalho, entre dezenas de outros. É de cortar o coração a voz de Nina Simone sangrando na gravação de "I shall be released", que ele compôs em 1967.

Bruce Springsteen lançará "Working on a dream" em janeiro


Ele foi um dos artistas que mais se empenharam pela vitória de Barack Obama nas eleições à Presidência dos Estados Unidos. Bruce Springsteen anunciou que pretende lançar seu 24º álbum de carreira no final de janeiro, mais precisamente no dia 27 pela Columbia. O novo CD trará gravações feitas nos intervalos da sua turnê do ano passado com a E-Street Band.

"Working on a dream" se segue ao sucesso de "Magic", lançado no topo da parada "Billboard 200" em outubro do ano passado. Ambos foram produzidos por Brendan O'Brien, que também trabalhou com o AC/DC no recente "Black ice".

"No final da gravação de Magic, animado com a volta aos sons da produção pop, continuei escrevendo", disse Springsteen em nota à imprensa. "Todas as músicas foram escritas rapidamente, normalmente usávamos um dos primeiros quatro takes, e todos nós nos divertimos muito nisso aqui do começo ao fim."

Parte da faixa-título foi mostrada no domingo num intervalo da rede NBC. Springsteen já havia apresentado uma versão acústica em outubro, durante um comício de Obama em Ohio. O disco tem duas faixas-bônus "The wrestler" (de um filme homônimo estrelado por Mickey Rourke, que ainda não chegou ao circuito, mas roda pelos festivais internacionais) e "A night with the Jersey Devil" (canção para o Halloween, disponibilizada na internet para download gratuito).

Monteiro Lobato virou mangá



Apaixonado por mangás desde os 5 anos - por conta da influência de vizinhos japoneses - o artista paulistano Fábio Shin recebeu um convite muito especial em junho da Secretaria Municipal de Cultura de Osasco. Deveria criar desenhos para expor na biblioteca pública em dupla comemoração: o centenário da imigração japonesa e os 60 anos de morte de Monteiro Lobato (1882-1948).

Não teve dúvida. Recriou no estilo mangá cinco personagens do "Sítio do Pica-pau Amarelo". O sucesso foi tão grande entre a garotada que ele deu seguimento ao trabalho e criou uma série de ilustrações, 18 delas atualmente expostas na Biblioteca do Santander Cultural, dentro de um projeto voltado para alunos da rede pública.

Num desses desenhos, Lobato é um boneco nas mãos da Emília. "As pessoas ainda não tinham se dado conta, mas Emília tem tudo a ver com o mangá", explica Shin. "Ela é uma boneca, mas tem sentimentos humanos", diz. E explica: "Essa é uma das mais atraentes características do mangá: a humanidade. Por exemplo, o Super-Homem, só para citar um herói de quadrinhos, não tem dor de barriga, não tem fome, não vai ao banheiro. Os personagens de mangá brigam, têm raiva, ficam felizes ou tristes, erram. A Emília é sapeca, adora pregar peças, tem tudo de mangá."

E não só ela. Para a exposição, Shin criou tirinhas de algumas histórias do sítio, como "A chave do tamanho". E ainda dá oficinas de mangá para alunos da rede pública. Quanto ao novo mangá da jovem Mônica, ele sentiu falta das emoções. "Os personagens têm olho grande para expressar sentimentos." Mas elogia a coragem de Mauricio de Sousa. "Tiro o chapéu pela ousadia e sei que a tendência é ficar muito bom. O número 3 já é muito melhor do que o primeiro."

Mônica e Cebolinha trocam o primeiro beijo


Beth Néspoli (AE)

SÃO PAULO - "Maneiro... A Mônica cresceu!" Rápida como uma flecha, a menina saca na estante, entre centenas de livros, o gibi número 1 da "Turma da Mônica Jovem". Fora comprado por curiosidade de adultos, que jamais imaginaram pudesse atrair uma criança de 7 anos. O espanto se renova quando ela encontra crianças num espaço de convivência: "Você leu o número 2? Eu já tenho", diz a "recém-amiga" também de 7 anos.

A história acima não é ficção e deve ter-se repetido, com variantes, em muitos lugares, porque ao tentar recuperar na banca o revista que a menina levara... "Ih, se você tem, guarde que já é raridade", diz a vendedora. A constatação do sucesso de venda se completa com a compra do número 3 no qual se lê que a tiragem de 50 mil inicialmente prevista ultrapassou os 200 mil exemplares e ainda assim esgotou-se. É hora de conversar com o autor da turminha.

No seu estúdio, Mauricio de Sousa fala sobre esse sucesso e antecipa, com exclusividade, a capa do número 4 que estará nas bancas no dia 22: o primeiro beijo entre Mônica e Cebolinha. "Mas em que condições eu não digo", brinca. Para quem não se ligou, a Mônica ganhou traços de mangá - ou um "mestiço" entre o desenho japonês e o original - e tornou-se adolescente.

Agora, ela é só um pouco dentucinha, nada gorducha, mas ainda tem seu coelho. Continua amiga de Magali que, embora gulosa, cuida da alimentação; do Cebolinha, que só fala "elado" quando fica nervoso, e do Cascão, que adora esportes e até toma banho, por causa das garotas.

Curiosamente, adolescentes entre 12 e 16 anos, o público-alvo, foram os que menos gostaram. "Como típicos jovens, eles criticam tudo", brinca o autor. Mas ele reconhece que a saga narrada nos quatro números inicias da série deu uma "escapada" para além do planejado. E promete, sobretudo, colocar a emoção e o sentimento em primeiro plano na continuação da série, uma característica dos mangás, que seu público-alvo conhece bem.

Wolinski no Amazonas


por Luiz Zanin

O Amazonas Film Festival prega peças na gente e traz um jurado de nome Wolinski. Quem? Seria Georges Wolinski, o mitológico cartunista francês? Pode ser. Afinal, o homem não larga o caderninho e passa o tempo a desenhar os personagens do festival: colegas de júri, mulheres que vê pela rua, os moradores da cidade, marinheiros do barco - e até o repórter que o entrevista ganha uma caricatura. Com a grife Wolinski. É ele mesmo, o satirista, chamado de erotômano, desenhista maldito, o próprio espírito do maio de 68 francês, o homem que ilustrou páginas do L'Humanité, Libération, Le Nouvel Observateur, além de ser autor de 80 álbuns de quadrinhos.

"O senhor me perdoe, mas é Wolinski, o cartunista?" Ele mesmo. Convida a sentar em sua mesa. Estamos num barco, uma daquelas tradicionais gaiolas amazônicas, rumo ao encontro das águas, onde o Rio Negro se junta ao Solimões para formar o Amazonas. Wolinski está visivelmente satisfeito com a natureza e as pessoas que o rodeiam, mas não se furta a responder se o clima continua propício para um cartunista na França.

Sim, ele diz, Sarkozy (Nicolas Sarkozy, presidente francês) é ótimo tema para um desenhista satírico. "Ele vive rodeado de assessores e conselheiros, que não o aconselham em nada, porque ele não deixa. É um hiperativo que nada faz, mas isso não se vê." Dizem que nem mesmo a mulher do presidente, Cécila, o agüenta. Verdade? "Pobre Cécilia", se compadece, irônico.

Pode-se falar horas e horas de política com Georges Wolinski. Afinal, ele mesmo se define como cronista da atualidade, "do tempo que passa". Mas exige certa reciprocidade. E, como tal, a cada pergunta sobre a França devolve com outra sobre o Brasil. Quer saber como vai o governo Lula, o que é o mensalão, como a direita reage a um governo de centro-esquerda, etc. Enfim, aplica ao repórter um verdadeiro questionário sobre a história recente brasileira, da época da ditadura até agora. "Prefiro ouvir um jornalista do que ler livros de história", resmunga.

Diz que de Manaus sabe pouco porque fica isolado naquele hotel cinco-estrelas e não entra em contato com o povo. Mas há alguns anos esteve no Rio e ficou impressionado quando subiu um dos morros da cidade. "Havia gente com armamento de guerra e tinha-se de pedir licença a eles para passar." O repórter pergunta se viu Tropa de Elite, a atual coqueluche sobre o tema. Diz que não, mas fica curioso em conhecer o filme de José Padilha.

Wolinski no Amazonas - Parte 2



O cineasta francês Jean-Jacques Annaud e a italiana Caterina Murino, no traço de Wolinski.

Wolinski é superviajado, conhece o mundo e gosta de ir além das fronteiras da Europa - ele que nasceu em Tunis, em 1933, e foi para a França pequeno. Visitou Cuba várias vezes. E o que pensa da ilha de Fidel? Resposta corrosiva: "Cada vez tem menos daquilo que eu gosto e mais daquilo que eu não gosto." Mas tempera: "Agora, é preciso compreender Cuba: nunca vi uma criança na rua, elas são cuidadas e têm todo o apoio do governo." E alfineta de novo: "Mas não existe liberdade. Não há jornais livres e isso é o que de pior pode acontecer." Liberdade consentida não merece esse nome. Ele lembra de um amigo, argelino, cartunista também, que se diz totalmente livre para fazer seu trabalho, "desde que não fale do presidente, do Exército e da religião." Ri: "Pode?"

A liberdade é o fundamento. Por isso, por crítico que seja em relação à França, reconhece essa virtude fundamental em seu país: "Na França, temos um verdadeiro culto à liberdade. Você não vai ver nenhum presidente, de direita, esquerda ou centro, propor o que seja para tolher a liberdade de alguém ou da imprensa. Nenhum deles vai falar em Deus, também, porque temos um outro culto, que é o do Estado laico, e que vem do Século das Luzes." Brinca: "A liberdade é tudo que podemos ter, mesmo porque a justiça não existe." Quer uma prova?: "Se a justiça existisse, todos os homens teriam o pênis do mesmo tamanho." Diante dessa constatação empírica da absoluta falta de justiça deste mundo, temos de nos contentar com a liberdade. E já é muito.

Wolinski no Amazonas - Parte 3



Coté masculino? O Rambo dos pobres, Aldenir Coti, que andou o tempo todo paramentado como o personagem de Sylvester Stallone. E Bai Ling, segundo Wolinski.

A piada abre uma brecha para outra pergunta: e o lado erótico da sua obra? Para Wolinski, não há mistério: "Simplesmente gosto das mulheres, e amo desenhá-las." O resto é conseqüência. Como sua personagem Paulette, uma das musas dos quadrinhos dos anos 60, ao lado da clássica Valentina, de Guido Crepax.

Além de desenhá-las, Wolinski gosta também de falar das mulheres. Elogia suas companheiras de júri: a chinesa Bai Ling, a italiana Caterina Murino e a francesa Joana Preiss. Todas atrizes. E todas "deliciosas", segundo o juízo de Wolinski. Ele diz que busca a sensualidade até mesmo nas charges mais sérias. Se há uma mulher em cena, seja uma repórter ou mesmo uma política, busca algum traço sensual, uma transparência, uma saia mais curta, um detalhe do corpo. "Procuro fazê-las sensuais - como a chinesa", diz, espichando o olho para Bai Ling, que se refresca no chuveiro do barco, bem à vontade. Aliás, Bai Ling foi uma das modelos recorrentes de Wolinski durante o festival.

Wolinski no Amazonas - Final



Luiz Zanin e Wolniski. Pela assinatura, dá para ver como o homem pensa?

Seria Wolinski um misógino? Nada disso. "Fui talvez o primeiro a desenhar a mulher liberada, aquela que corre atrás do seu desejo e o manifesta para o homem." É assim seu álbum, de 1968, Je ne Pense qu'à Ça (Eu só penso nisso). E também sua personagem Paulette, nas histórias que escrevia em parceria com Pichard.

Os desenhos de mulheres saem naturalmente. Basta que uma delas lhe atice a libido, o que não parece tão difícil. Já as outras charges custam um pouco mais. Wolinski diz que há três fases em seu trabalho. Primeiro, a escolha do tema. "É a parte mais difícil." Depois, a busca pela idéia, isto é, a forma de realizar o tema. Finalmente, o desenho - "e esta é a fase mais fácil, sai num jato", garante. Não há por que duvidar, vendo a facilidade com que anota o cotidiano à sua volta na implacável cadernetinha.

E o relacionamento com os políticos - ele que é tão crítico em relação a eles? "Depois de tantos anos, a crítica também parece algo natural, e eles já se acostumaram a mim", diz. Conta uma história. Depois de anos fazendo charges impiedosas de Jacques Chirac, encontrou o então presidente nas Ilhas de Reunião. Ambos em férias. E teve a surpresa de ser cumprimentado calorosamente pelo político, que se disse seu leitor e admirador. "Qual não foi minha surpresa quando, na volta, ele me concedeu a Légion d'Honneur? Naturalmente, não estou com condecoração aqui", diz, rindo.

O cartunista é sempre da oposição ou pode eventualmente apoiar algum governo? Wolinski responde de outra maneira: "Essa é uma vasta discussão, que pode ser resumida assim: o humor pode ser de direita?" Ele acha que não. A direita tem muitas certezas, e uma série de valores a defender. Alguém de direita pode ser bom satirista, nunca humorista. "O humor é de esquerda, é uma lucidez na maneira de ver a sociedade que a direita não possui, por estar comprometida demais com a ordem estabelecida."

Wolinski despertou para a política em momento privilegiado da esquerda francesa, o maio de 1968. Sobrou alguma coisa daquela época das barricadas do Quartier Latin? "Com essa sua pergunta voltamos a Sarkozi, que deseja destruir a memória de 68. Não consigo entender esse ódio ao maio de 1968. Claro, havia aquele negócio maoísta e trotskista, que era mesmo muito chato, pois eram como sacerdotes e suas seitas... Mas o resto..."

E o que era o resto? "Foi uma época de reflexão, de alegria, de busca da liberdade." Incluindo a liberdade sexual, que já vinha de antes e explode em 68. "Nós nos aproveitamos muito bem da pílula... até que veio a aids. Mas, entre a pílula e a aids, foi o paraíso, uma festa." Pelo bom humor de Wolinski, a festa continua. Mais amena, mas festa, ainda assim.

sexta-feira, novembro 14, 2008

Fui na Cindy Lauper ontem!


Phelipe Cruz

Quando eu vi essa menina ontem, no show da Cyndi Lauper, fiquei bobo. Ela fez uma saia de jornal inspirada no famoso look da cantora em True Colors (1986). Ela tinha maquiagem azul nos olhos, sapatinhos de salto com meia verde (não dá pra ver na foto).

Tive que pedir pra Marianne, da Abril.com, ir lá correndo tirar uma foto. O nome da garota é Mirian. “Sou fã da Cyndi Lauper desde pequena”, disse. Quantos anos ela tem? 18!

Como assim, minha gente?



Sobre o show: como mostra o vídeo acima, o grande momento, obviamente, foi a parte de “Girls Just Wanna Have Fun”. Mas se eu recomendo que vocês vejam os shows de hoje e dos outros dias? Olha… Não.

Em vez de ir ao show, você pode catar todos os vídeos da cantora, colocar numa televisão gigante, reunir uma galera e colocar o som nas alturas. Afinal, se é pra relembrar todos aqueles hits dos anos 80, é bom ouvir Cyndi Lauper naquela mesma voz de antigamente, naqueles mesmos figurinos, agudos e empolgação.

Digamos que, ao vivo, a tia e sua banda são, tipo assim, não muito bons ou extravagantes como eram anos atrás.

* Veja mais fotos do show da Cyndi Lauper na Abril.com.

Frusciante chama Marr para seu novo álbum


O guitarrista do Red Hot Chili Peppers John Frusciante convidou Johnny Marr para tocar no seu décimo álbum solo. Será que a terra vai tremer neste encontro de gigantes? Acho que sim!

Atualmente, Marr está colaborando com a banda The Cribs e segue dando aulas na School of Media, Music and Performance da University of Salford, na Inglaterra.

Além do ex-Smiths, Frusciante contará com apoio do baixista Flea para compor músicas de The Empyrean, que deverá ser lançado dia 20 de janeiro nos Estados Unidos.

The Faces prepara retorno aos palcos


Mais de três décadas depois, o The Faces está preparando sua volta aos palcos. De acordo com o site da revista New Musical Express, a banda liderada por Rod Stewart irá se reencontrar para um ensaio na próxima segunda-feira.

Segundo o site, os quatro integrantes originais vivos farão parte do projeto. Além de Stewart, Ron Wood, guitarrista do Rolling Stones, também participará do retorno do Faces. A banda havia terminado em 1975, justamente quando o guitarrista foi substituir o falecido Mick Taylor nos Stones. Completam a formação o tecladista Ian McLagan e o baterista Kenny Jones.

O baixista Ronnie Lane, morto em 1997, vítima de esclerose múltipla, será substituído por Conrad Korsch, baixista que trabalha com Stewart em sua carreira solo.

Diretor de "Watchmen" diz que cedeu a pressões dos produtores


Mariane Morisawa

A sala do Vue West End, em Londres, praticamente lotada indica o interesse despertado por "Watchmen", o filme dirigido por Zack Snyder (o mesmo de "300") e baseado em uma das graphic novels mais amadas de todos os tempos, escrita por Alan Moore e ilustrada por Dave Gibbons. Foram exibidos cerca de 30 minutos de cenas do longa-metragem, que estréia somente em março do ano que vem, mas já deixa os fãs atiçados.

O jovem diretor de 42 anos apresentou a sessão com as cenas do filme contando sobre sua relação com a graphic novel. "Para quem não conhece, 'Watchmen' é simplesmente a história em quadrinhos que mudou o jeito como essa mídia é percebida", disse. "Quando eu li, fiquei embasbacado", contou. "Mas nunca pensei: Ah, acho que eu gostaria de transformá-la em filme".

Só que o convite veio. Snyder sabia que, se não aceitasse, os produtores tocariam o projeto de qualquer forma. "Achei que seria responsável se eles dessem o filme a alguém que não fosse fiel ao espírito da graphic novel, que seria minha culpa de qualquer forma se o longa não desse certo. Então pensei que seria melhor aceitar e, caso o filme não desse certo, a culpa seria minha de verdade".

"Watchmen" se passa em 1985, durante a Guerra Fria, e mostra um grupo de aventureiros mascarados, ou vigilantes mascarados, cheios de conflitos morais e problemas psicológicos. Dr. Manhattan (no filme vivido por Billy Crudup) é o único realmente a ter superpoderes, depois de um acidente no laboratório onde trabalhava. "Acontece o tempo todo nas histórias em quadrinhos", brincou Snyder. "Há uma boa chance de acontecer, se você trabalha com ciência e tecnologia. Eles deveriam falar isso para as crianças!".

Foram exibidas três seqüências do filme: a inicial, uma em que o Dr. Manhattan está em Marte e uma de luta com Coruja e Espectral. Após a exibição das cenas, Snyder respondeu a perguntas dos jornalistas, ao lado de Dave Gibbons. Uma das questões foi justamente sobre a não participação de Alan Moore no filme, pois o autor recusa-se a ter qualquer coisa a ver com as produções cinematográficas baseadas em obras suas.

"Quando eu me envolvi no projeto, ele já tinha pedido para que seu nome não constasse nos créditos. Para mim foi triste, porque sou um grande fã, mas entendo e não quis incomodá-lo", disse Snyder. Dave Gibbons explicou a posição de Moore: "Ele teve experiências muito ruins com o cinema e decidiu não participar mais. Eu o admiro por isso, mas também lamento porque estou tendo uma experiência ótima", afirmou ele, que acompanhou o processo de perto.

Zack Snyder contou que houve pressões dos produtores para que o filme pudesse passar na classificação PG 13. "Eu disse a eles que seria um problema para mim, porque há essas cenas de sexo e de violência. Como '300' tinha acabado de sair, eles falaram: OK.". O diretor disse que não queria ter de "borrar" as cenas em que Dr. Manhattan aparece nu, por exemplo. "Mas foi uma relação em que ambos os lados tiveram de ceder. Não quero ser um idiota e dizer que este é meu filme de arte, que não me importo com o público. Quero que muitas pessoas assistam e tenham essa experiência", afirmou. "Acho que o público quer uma razão para ir ao cinema, deseja ver algo novo. Espero que 'Watchmen' lhes dê isso", completou.

Snyder sabe filmar ação

Goste-se ou não de "300", não dá para negar que o diretor Zack Snyder é, no mínimo, habilidoso com as imagens, especialmente com as cenas de ação. Confirmam essa percepção os 30 minutos de "Watchmen" exibidos em Londres (no momento, o filme está com duas horas e meia de duração e provavelmente haverá uma versão longa, de até três horas e meia, em DVD).

A cena de abertura é uma luta não só bem coreografada como bem filmada. Não há aquela câmera balançando, aqueles golpes que você não sabe de onde vieram - nem para onde foram. Tudo é milimétrico. Logo depois do assassinato de um dos vigilantes, que desencadeia a trama, vêm os créditos, contando o passado dos personagens e os mesclando com a história dos Estados Unidos. A câmera passeia por cenas da Guerra do Vietnã ao assassinato de John Kennedy, passando pelo Studio 54 e por Andy Warhol. Impossível perceber tudo de uma só vez, de tantos detalhes que cada trecho tem. É uma abertura forte.

Na segunda seqüência, desiludido com a humanidade, Dr. Manhattan vai para Marte e começa a recontar sua própria história, avaliando o acidente que o transformou num ser sobre-humano e, com ironia, seu uso pelo governo norte-americano. Graças ao personagem, por exemplo, os Estados Unidos ganharam a Guerra do Vietnã, prolongando o governo de Richard Nixon. Por último, foi apresentada uma seqüência em que Coruja e Espectral invadem uma prisão, derrubando um a um os prisioneiros.

Claro que "Watchmen" não é um material simples, para quem gosta dos super-heróis normais. Mas, pelas cenas apresentadas, tem energia e ação de sobra para ser mais um sucesso de bilheteria.

Veja o trailer desse novo blockbuster:

quinta-feira, novembro 13, 2008

Mitch Mitchell, baterista de Jimi Hendrix, morre aos 62 anos


Por Theresa Carson

PORTLAND (Reuters) - Mitch Mitchell, baterista conhecido pela parceria com Jimi Hendrix nos anos 1960, morreu na quarta-feira aos 62 anos de idade.

Mitchell foi encontrado morto em seu quarto de hotel em Portland, Oregon. Um porta-voz do instituto médico legal do condado de Multnomah disse que ele aparentemente morreu por causas naturais, embora um laudo formal ainda não tenha sido divulgado.

Portland era a última parada de 18 cidades norte-americanas pelas quais passou uma turnê Experience Hendrix, série de shows que celebram o legado do ícone do rock.

"Estamos todos desolados com a morte de Mitch. Ele era um homem maravilhoso, um músico brilhante e um amigo de verdade", disse a irmã de Hendrix, Janie Hendrix, em um comunicado.

"Seu papel em dar forma ao som do Jimi Hendrix Experience não pode ser subestimado", disse. "Ao longo desta turnê, ele parecia encantado com a troca com outros músicos e o público. Não há dúvidas de que ele fazia o que amava".

Nascido na Grã-Bretanha, Mitchell começou como ator mirim, mas abandonou a carreira para fazer jazz e rock.

Ele se juntou ao Jimi Hendrix Experience em 1966 e deu apoio ao roqueiro durante sua apresentação lendária em Woodstock, três anos depois. Ele também tocou bateria em clássicos como "Fire", "Manic Depression" e "Third Stone from the Sun".

Mitchell também ajudou a criar o estilo de bateria "fusion", que combina rock e jazz, e foi influenciado por gigantes do jazz como Elvin Jones e Max Roach. O estilo fez da bateria a estrela das músicas, criando um conceito inovador para o rock 'n roll.

quarta-feira, novembro 12, 2008

Concurso Garota da Laje dá carro usado de 2001 de prêmio


As candidatas Marina Teixeira, Adriana Leão e Naira posam com a primeira vencedora do concurso, Luciane Soares (de azul)

Alícia Uchôa

Já se foi o tempo em que a musa do verão carioca era encontrada nas areias de Ipanema. Com menos visibilidade, mas não menos bronzeado, meninas que preferem a laje ou o quintal de casa na hora de pegar sol já tem uma chance ao posto na próxima estação. A Saara, mercado popular carioca, no Centro do Rio, promove o concurso Garota da Laje.

Entre os prêmios, um carro usado ano 2001, uma piscina de fibra, uma laje pré-moldada, um microsystem, uma churrasqueira e R$ 199 em artigos de R$ 1,99 na Saara. Para se inscrever basta ter mais de 18 anos e levar uma foto em traje de banho para a Rádio Saara, no Centro da cidade.

“Queremos transformar o brega em cult e parar com isso da ditadura da beleza, homem não liga para celulite nem estria. São meninas que moram em comunidades e por causa da distância da praia, do ônibus cheio e da violência preferem ficar em suas lajes e quintais”, explica Luiz Antonio Bap, organizador do evento.

Um lugar ao sol

A degustadora Adriana Leão, de 27 anos, é uma das candidatas que busca seu lugar ao sol dentro da própria casa. Ou melhor, atrás de casa. “Tenho uma varanda e um quintal. Boto uma boa piscina, que já está quebradinha, e tomo banho de sol”, conta ela, que para garantir o bronzeado, deixa seu baldinho com água com sal do lado e come muita cenoura.

Vencedora da primeira edição do concurso, em 2003 – o evento não acontece há quatro anos -, a modelo Luciane Soares, de 28 anos, vai passar a faixa para a sucessora. “A minha laje estava com infiltração e tive que colocar telha. Agora pego sol no quintal, com as amigas. Gosto de usar óleo de amêndoas ou de urucum e um balde com sal grosso para sentir o gostinho do mar”, conta.

Serviço

Quem quiser se inscrever pode ligar para (21) 2221-2678 ou passar na Rádio Saara, na Avenida Passos 91, cobertura, no Centro do Rio. As inscrições vão até o dia 31 de janeiro de 2009.

Sete anões brasileiros fazem sucesso no Canadá


Franthiesco Ballerini (AE)

TORONTO - Sete anões brasileiros foram a sensação no Canadá no fim de semana. "Pindorama - A verdadeira história dos sete anões", de Roberto Berliner, levou o prêmio de melhor filme no 2º Festival Brasileiro de Cinema de Toronto, que terminou domingo, após quatro dias de exibições de longas, curtas e animações digitais. A história dos sete anões donos de um circo estréia em circuito nacional no dia 2.

"Apesar do calor de 40 graus do Nordeste, compensou muito filmar a história desta família de anões e ver o interesse que ela desperta mesmo fora do Brasil", disse a produtora Lorena Bondarovsky ao receber o troféu. Na noite de abertura, na quinta-feira, mais de 200 brasileiros e canadenses enfrentaram o frio outonal de Toronto para ver

Não por Acaso, de Phillipe Barcinski. "Esses festivais unem a comunidade brasileira", comentou o cônsul-geral do Brasil em Toronto, Américo Fontenelle, que disse esperar que a terceira edição do festival tenha mais participação governamental brasileira.

Organizado por Bárbara de la Fuente, brasileira que mora há dez anos no país, o evento com 234 filmes inscritos tem enfoque menos artístico e mais de negócios. "Trazemos produtores, cineastas e poucos atores, pois a idéia é apresentar produtores e diretores canadenses para estimular co-produções. Espero que o governo brasileiro seja mais presente nas próximas edições, pois a cidade tem 30 mil portugueses e 15 mil brasileiros que querem ver as últimas produções do País."

Alice Braga é a melhor atriz por "A Via Láctea", que venceu ainda na categoria de direção, com Lina Chamie. Selton Mello é o melhor ator por "Meu nome não é Johnny", filme eleito ainda pelo júri popular. O curta "Os filmes que não fiz", do mineiro Gilberto Scarpa, foi o escolhido pelo público. De Jaime Lerner, "Subsolo" levou os prêmios de melhor curta, de direção e de atriz para Carla Marins.

Ao longo dos quatro dias, cineastas e produtores conheceram estúdios de TV e a Filmport Studios, que deve se tornar o maior complexo de estúdios de cinema das Américas até 2020, com o objetivo de atrair blockbusters de Hollywood com preços menores do que os cobrados em lugares como Los Angeles, com ajuda do governo canadense.

Algumas instalações do estúdio já estão prontas e servirão para as refilmagens de "Footloose" e "Kenny Ortega", com Zac Efron, de "High School Musical", no papel que foi de Kevin Bacon em 1984, previsto para estrear em 2010.

Sienna Miller ganha processo contra dois tablóides


A atriz Sienna Miller irá receberá indenização de 35 mil libras (mais de US$ 55 mil dólares) de dois tablóides acusados por ela de violar sua privacidade e que fecharam um acordo extrajudicial para encerrar a ação. A informação foi divulgada pelos advogados da atriz.

Estrela de filmes como "Nem tudo é o que parece" e "Alfie, o sedutor" e "Factory girl", Miller processou os jornais "The Sun" e "News of the World" em função de uma série de artigos e fotos dela publicados em junho e julho e que, segundo sua defesa, constituíram ingerências em sua vida privada.

Através de comunicado, o advogado Mark Thomson, da firma Carter-Ruck, disse que os termos do acordo foram aprovados pela Alta Corte de Londres e que a News Group Newspapers, editora dos jornais, concordou em pagar a indenização e as custas judiciais de Miller. Thomson citou uma carta do advogado do New Group, Tom Crone, dizendo que os jornais reconheceram o erro.

A vida privada de Sienna Miller e, especialmente, suas relações amorosas são há anos assunto da imprensa tablóide. A Carter-Ruck disse que Miller ainda está processando a agência fotográfica britânica Big Pictures Limited, que ela acusa de assédio e invasão de privacidade.

Numa audiência preliminar no mês passado, a Alta Corte ouviu que a vida da atriz ficou "intolerável" devido aos paparazzi que a perseguiram enquanto estava dirigindo e quando foi andar no parque com seus cachorros. A agência contesta essas acusações e o julgamento foi marcado para o início de 2009.

O juiz responsável pelo caso é David Eady, que foi criticado fortemente pelo editor-chefe do jornal "Daily Mail" no fim de semana. Paul Dacre acusou Eady de introduzir uma lei de privacidade "pela porta dos fundos", depois de o juiz dar ganho de causa ao dirigente da Fórmula 1 Max Mosley, dizendo que seus direitos privados foram violados pela reportagem de uma orgia sexual sado-masoquista.

Após 17 anos, modelo refaz foto de capa do Nirvana



SÃO PAULO - A famosa capa do álbum "Nevermind", do Nirvana, ganhou uma nova versão. Após 17 anos, Spencer Elden, o bebê fofinho que aparece nadando pelado atrás da nota de um dólar, refez a foto, agora usando shorts, de acordo com o site da MTV americana.

No ano passado, Elden declarou, em entrevista à emissora: "É um pouco estranho pensar que várias pessoas já me viram pelado. Eu me sinto como o maior astro pornô do mundo".

A nova foto foi feita na mesma piscina da primeira - no centro aquático Rose Bowl Aquatic Center, em Pasadena, Califórnia. Ainda de acordo com o site da MTV, não se sabe por que Elder resolveu criar a imagem.

A original foi feita pelo fotógrafo Kirk Weddle e na época - em 1991 - os pais de Elder receberam apenas US$ 200 para permitirem o uso da imagem. De acordo com o site da "Rolling Stones Brasil", Elder já havia refeito a foto em 2001, aniversário de dez anos do disco, para a edição americana da revista.

A capa de "Nevermind" também já foi parodiada pela "Rolling Stones". Em sua décima edição, a capa da publicação foi o personagem Homer Simpson de cuecas nadando atrás de uma rosquinha.

Rah Digga no Brasil


Oi amigos (as), tudo bem?

Essa mensagem é para informar a mudança do meu email. Esse é o meu novo email (gil@revistaelementos.com.br), para divulgação de eventos, festas, shows, trabalhos artistiscos, entrevistas, resenhas, matérias, parcerias e anúncios, podem enviar para esse endereço.

Minhas atividades continuam nos endereços:

www.revistaelementos.com.br - Blog da Revista Elementos
www.centralhh.com.br - Loja Virtual Central H2

O H4 - Hip-Hop Happy Hour continua acontecendo todas às terças-feiras no Espaço Metrópole, inclusive no dia 18/11 haverá um coquetel para imprensa e convidados com a atração internacional Rah Digga, que também se apresentará na Praça da Sé, no dia 20/11. Amigos da imprensa que estiverem interessados em fazer entrevistas ou matérias, devem entrar em contato pelo email imprensa@revistaelementos.com.br.

Espaço Metrópole - Avenida São Luiz, 187 - 2º Piso da Galeria Metrópole (próximo ao metrô República)
Horário - das 19h às 23h
Entrada Gratuita (com nome na lista)

Mais informações sobre a agenda da Rah Digga, acessem - www.rahdigganobrasil.com.br

No dia 06/12 acontecerá o evento "It's Yours Take It - São Paulo - Brasil", que é uma exposição de arte grátis com muita música, dança, Graffiti e obras que serão "doadas" para o público presente. Enviarei mais informações em breve, aguardem!

Grande abraço a todos (as) e conto com apoio de vocês nessa nova caminhada. PAZ!

Gil - Revista Elementos
www.revistaelementos.com.br
Loja Virtual - www.centralhh.com.br
msn - gilbocada@hotmail.com
0xx(11) 9661-2643

segunda-feira, novembro 10, 2008

Graham Coxon trabalha no álbum solo de Doherty


Um dos guitarristas mais importantes da Inglaterra, o multi-instrumentista Graham Coxon está trabalhando no novo álbum solo do problemático Pete Doherty. A informação é do baterista do Babyshambles, Adam Ficek, em entrevista à Xfm.

De acordo com o site CMU music network, Ficek não queria abrir o jogo sobre o novo material de Doherty, mas depois de ser intensamente questionado pela rádio ele afirmou que “alguém que o nome rima com layham hoxon estava atuando em parceria com o roqueiro”. Depois ele disse que o cara é mesmo Coxon.

Dave Grohl participa de novo álbum do Prodigy


Quem diria. Dave Grohl está flertando com a música eletrônica. De acordo com o site da revista New Musical Express, o vocalista do Foo Fighters participou de uma faixa de Invaders Must Die, próximo álbum do Prodigy.

Liam Howlett, líder do grupo, confirmou que foi o ex-baterista do Nirvana quem o procurou.

- Dave me mandou um e-mail perguntando o que eu gostaria de fazer e se ele poderia enviar alguma coisa – disse à NME.

Segundo Howlett, a participação de Grohl na música Run With Wolves foi toda feita através de troca de arquivos pela Internet. Dave fez linhas de bateria para a faixa.

O álbum também contou com a participação de James Rushent, do Does It Offend You Yeah?, na música que dá nome ao disco. Invaders Must Die deve ser lançado no início de 2009. Este será o primeiro registro de inéditas do Prodigy desde Always Outnumbered, Never Outgunned, de 2004.

Bloc Party, rock indie de qualidade


Pedro Caiado

A banda inglesa Bloc Party abalou o chamado novo rock trazendo um estilo dançante e diferente com o lançamento do álbum "Silent alarm", em 2005. O disco logo foi escolhido como trabalho do ano pelo respeitado semanário inglês NME. "Banquet", "Helicopter" e "So here we are" foram alguns singles que levaram a banda a se tornar um dos maiores grupos do novo rock.

O quarteto, que toca junto desde 2003, lançou o segundo álbum "A weekend in a city" em 2007, um trabalho mais intimista e igualmente elogiado. E neste mês acaba de anunciar o aguardado lançamento do disco "Intimacy" digitalmente.

O som do Bloc é uma festa (como o próprio nome da banda) que começa no rock e passa por influências diversas - anos 80 com toque eletrônico. O som da banda foi tão celebrado à época de "Silent alarm" que grupos de música eletrônica como Chemical Brothers, Ladytron e Mogwai resolveram remixar faixas do álbum ainda em 2005, dando mais gás e força à festa dos Bloc.

O grupo também ficou famoso também por incluir suas músicas em trilhas sonoras e até em jogos de videogame. Formada pelo vocalista Kele Okereke, o guitarrista Russel Lissack, o baixista Gordon Moakes e o baterista Matt Tong, a banda, que já foi comparada com The Cure e Gang of Four, confessou recentemente que não quer ser a melhor do mundo.

"Nunca sei se as pessoas vão querer comprar nossos discos e ouvir nossas músicas. É sempre uma surpresa para mim", comentou o vocalista em entrevista recente. Em seu novo trabalho, o líder do grupo, famoso pelas composições pessoais, procura não se expor demais em suas letras.

"Tentei escrever sobre coisas que não aconteceram realmente comigo. É um exercício interessante, principalmente para mim, que escrevo sobre tudo". Kele também fala sobre as composições mais políticas do novo trabalho e garante que "não é política no sentido dos partidos, é sobre relações pessoais" contou.

O grupo acaba de se apresentar em um festival de rock em São Paulo e desembarca no Rio para único show, no Circo Voador. Eles prometem tocar os maiores sucessos da carreira e algumas inéditas do recém-lançado Intimacy.

BLOCK PARTY - Apresentação única, hoje, no Circo Voador (Arcos da Lapa, s/n. Tel.: 2533-0354). Ingressos a R$ 120 e R$ 60. Abertura dos portões às 21h.

Mindlin lança parte de sua correspondência em livro


Livia Deodato (AE)

Há 86 anos, o garoto José Mindlin foi passear com a tia nas praias límpidas e quase selvagens do Guarujá. De lá, resolveu escrever uma carta para a família, "porque naquele tempo a ligação telefônica era muito demorada". Ele sabia que seu pai havia acabado de enfrentar uma cirurgia e quis demonstrar toda a sua compaixão logo na primeira linha: "Espero que todos estejam bem, menos papai." A lógica infantil sempre surpreende, mas, afinal, é uma lógica. "Minha família ficou escandalizada. Me questionavam como é que eu podia não querer que meu papai estivesse bem", relembra, às gargalhadas, o mesmo garoto, hoje com 94 anos.

O bem-humorado bibliófilo insiste em dizer que sua memória anda falha, que é tímido, preguiçoso e que transmite a falsa impressão de ser ordeiro. Pois se analisássemos com atenção somente a obra que ele está lançando - "Cartas da Biblioteca Guita e José Mindlin" - poderíamos facilmente juntar esses adjetivos e trocá-los por uma só característica: a extrema modéstia que sempre lhe foi peculiar.

Há cerca de três anos, os editores da Terceiro Nome se interessaram pelos "papéis velhos" que Mindlin sempre sentiu prazer em colecionar. São cartas trocadas por personalidades da literatura, artes plásticas, música e até pela nobreza, onde estão impressas datas entre os séculos XVII e XX. Como essa coleção foi iniciada, Mindlin não se recorda com precisão. "É um desses mistérios que acho que nunca serão resolvidos", resume, outra vez aos risos.

O lançamento se dá, de acordo com ele, "graças ao interesse dos editores e por mérito de minhas secretárias e bibliotecárias Cristina Antunes, Rosana Gonçalves e Elisa Nazarian", contempla 55 das mais de 300 cartas que guardou ao longo da vida, entre elas a de Machado de Assis a Euclides da Cunha em 1903, parabenizando-o pelo ingresso na Academia Brasileira de Letras; ou ainda, a de José Saramago ao próprio Mindlin em 1991, externando a sua insatisfação sobre uma conselheira cultural brasileira enviada a Portugal. Cujo motivo entendemos poucas linhas adiante, por meio de uma lúcida intervenção do bibliófilo:

"A conselheira cultural do Brasil, a quem Saramago se refere na carta aqui publicada, decidira fazer um cadastramento dos intelectuais portugueses, e enviara um formulário que deveria ser preenchido por Saramago. José Mindlin, em resposta ao escritor, pediu desculpas em nome do Brasil."

Na obra, as cartas aparecem reproduzidas e reescritas, além de oferecer uma breve biografia dos remetentes e destinatários. Os personagens envolvidos nas mensagens e o contexto ao qual eles estavam submetidos ganham ainda mais cores através de textos elucidativos concedidos por Mindlin. Outros, ele mesmo admite, dispensam quaisquer apresentações, como é o caso do poeta Manoel de Barros na segunda frase da carta que destina ao próprio bibliófilo: "(Não sei por que esta letra vai ficando cada vez menor, vai virando uma formiguinha)".

José Mindlin está radiante por poder contribuir com mais uma obra para o acervo Brasiliana, de 17 mil títulos, doado à USP, previsto para ser abrigado até o fim de 2009 na Biblioteca Guita e José Mindlin, que está sendo erguida no câmpus. E não pretende deixar de escrever e receber cartas, ainda que tenha tomado certo gosto pela troca de mensagens instantâneas via internet.

domingo, novembro 09, 2008

Arqueologia literária na Terra da Garoa


Pesquisando livros raros nos sebos da Praça da Sé e adjacências, o gente-fina Edlúcio Castro, nosso homem em Sampa, localizou este bem-conservado exemplar do meu Manual do Canalha, que está esgotado há mais de 10 anos, e que estava localizado ao lado do Diário de um Cucaracha, do Henfil. Quer dizer, eu sempre ando em boa companhia.

O sujeito da foto é o João, gerente do Sebo do Messias, um dos mais antigos e completos da Paulicéia Desvairada. Edlúcio deve voltar à taba no próximo dia 19 de dezembro, trazendo uma "pacoteira" de livros raros e/ou esgotados para esse escriba. O New York times informará. Sorry, periferia!

Amy diz "no, no, no" sobre pagar internação do marido


LONDRES - A cantora britânica Amy Winehouse, de 25 anos, se recusou a pagar cerca de US$ 50 mil para a internação do marido em uma clínica de reabilitação, colocando em dúvida o futuro de seu casamento com o produtor de vídeos musicais Blake Fielder-Civil.

De acordo com a edição de ontem do tablóide "The Sun", a cantora decidiu não arcar com os gastos da clínica de reabilitação onde Fielder-Civil foi internado. Ele deixou na quarta-feira a prisão na qual permaneceu por quase um ano cumprindo sentença por ter agredido fisicamente o dono de um pub londrino.

"Blake tem muito trabalho a fazer e seu casamento está agora por um fio", declarou ao "Sun" uma fonte próxima da cantora. "Ele acreditava que iria estalar os dedos e conseguiria que ela lhe desse US$ 50 mil. Mas, até agora, Amy se negou e ele não está feliz", acrescentou.

Amigos da cantora indicaram que a estrela de jazz quer comprovar que sua relação com Blake "vale a pena". Na quinta, Amy protagonizou um novo incidente de violência ao bater em vários fotógrafos que a esperavam fora de sua casa em Londres.

A história da Panair e a ditadura militar


Luiz Zanin Oricchio (AE)

"Descobri que as coisas mudam e que tudo é pequeno, nas asas da Panair." Assim são alguns dos versos da música de Milton Nascimento e Fernando Brant que, em época de censura militar, recebeu o título anódino de "Conversando no bar". Ela é, na voz de Elis Regina, a música mais importante de "Panair do Brasil", documentário de Marco Altberg sobre a companhia aérea fechada de maneira arbitrária na época da ditadura.

Contada com imagens de arquivo e depoimentos, a história não é propriamente sobre uma empresa, uma companhia aérea, mas sobre uma espécie de símbolo de época, devidamente destruído quando a realidade política mudou.

A Panair do Brasil foi criada nos anos 1930, mas passou a funcionar em velocidade de cruzeiro no Brasil desenvolvimentista de Juscelino Kubitschek, nos anos 50. Era uma época de otimismo, na qual o futuro do País parecia se desenhar segundo a vontade de seus criadores. Brasília, indústria automobilística, bossa nova, Copa da Suécia - uma década do sucesso e da modernidade.

A Panair representava isso nos céus. Numa era de glamour da aviação, a companhia se esmerava em busca da perfeição - dos mecânicos às aeromoças. Para aquele Brasil que faria "cinqüenta anos em cinco", conforme refrão do presidente bossa nova, a Panair era a companhia aérea que convinha a um país que, dizia-se, tinha a vocação do futuro.

A Panair começara como subsidiária de uma empresa norte-americana, mas, a partir de 1942, as ações foram sendo compradas por brasileiros, Paulo Sampaio, Celso da Rocha Miranda e Mário Wallace Simonsen. Tornou-se exemplar. No exterior, seus escritórios funcionavam como embaixadas informais do Brasil. Era lá que, em tempos que a internet não existia nem na ficção científica, os brasileiros em viagem iam em busca de jornais da véspera para se informar sobre o País.

A Panair ajudava o Brasil a descobrir a si mesmo, com ligações a pontos mais distantes, como a Amazônia. Ligava-se também à América Latina, aos Estados Unidos e à Europa. Era o simbolismo de uma globalização "avant la lettre". E, pelo que se depreende do depoimento de ex-funcionários, mantinha relacionamento impecável com seus empregados, muitos dos quais constituem ainda hoje a chamada Família Panair. Esses "laços de parentesco" são cultivados em jantares periódicos, cheios de nostalgia e certa indignação.

No azul

E por que indignação? Porque, no auge de sua eficiência e brilho, a Panair teve as asas cortadas pelo governo militar. Suas linhas foram cassadas em 1965, sob alegação de dívidas com a União. No dia seguinte, duas concorrentes, a Cruzeiro e a Varig, já estavam a postos para assumir essas linhas, ainda que em caráter provisório. Provisoriedade que logo se tornou definitiva.

Munidos de documentos, alguns dos membros da Família Panair dizem que, pelo contrário, a companhia era, entre as aéreas, a mais solvente. Estava no azul, voando em céu de brigadeiro. Especulam que a suspensão das linhas se deu para favorecer a Varig, que teria ligações com o governo militar depois do golpe contra João Goulart.

Seja como for, apesar de toda a luta dos seus proprietários, a Panair não conseguiu mais levantar vôo. Sobrevive apenas como uma lembrança. Pelo jeito, uma lembrança muito forte de um tempo, talvez idealizado, mas que marcou época na história brasileira. De formato tradicional, com narração de Paulo Betti, "Panair do Brasil" dá seu recado com eficiência e emoção.

Alan Parker é uma das grandes sensações do 5º Amazonas Film Festival


O diretor britânico Alan Parker, Presidente do Júri da Mostra Competitiva Internacional de Filmes de Ficção e responsável por títulos como “O Expresso da Meia Noite” (1976), “Pink Floyd – The Wall” (1982), “Evita” (1996) e outros, é uma das grandes sensações deste 5º Amazonas Film Festival.

Para Parker, que está pela primeira vez na Amazônia, o lugar tem uma beleza extraordinária e já o considera como um dos mais interessantes pontos para locação de produções cinematográficas no Brasil e no mundo.

Alan Parker ressaltou seu encantamento com a região. “Nunca havia estado aqui. Já estive no Rio de Janeiro outras vezes, mas estou realmente impressionado com a extraordinária beleza deste lugar. Com certeza é um ponto do Brasil onde seria possível fazer filmes fantásticos”, disse o diretor.

Parker também comentou sobre suas expectativas enquanto Presidente do Júri da Mostra Internacional de Filmes de Ficção do 5º AFF, que nesta edição terá produções nacionais, como “Verônica”, de Maurício Farias, filme de abertura do Festival, e internacionais, de diferentes países, como Hong Kong, Alemanha, França, Quirguistão e outros.

“Já estive em muitos júris e mostras pelo mundo afora, no entanto, aqui você tem algo especial, que é a de ver filmes que normalmente não estariam sendo exibidos em outros locais e ainda com este cenário. Isso é algo muito especial e único”, afirmou.

O diretor também exaltou o crescimento de produções cinematográficas nacionais recentes. “O Brasil, de maneira geral, está crescendo muito dentro do cinema mundial. Filmes como “Cidade de Deus” (de Fernando Meirelles, 2002) e “Central do Brasil” (de Walter Salles, 1998) são excelentes idéias e muito bem realizados”, opinou.

Uma curiosidade sobre Parker é que o diretor é um apaixonado por futebol. Torcedor fanático do Arsenal, equipe tradicional da Grã-Bretanha, ele também se mostrou um fã dos times e seleções nacionais. “Vocês têm o melhor futebol do mundo, é incrível, mas estou um pouco preocupado porque não sei como vou fazer para assistir ao jogo do meu time que será nestes dias”, brincou Parker.