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quinta-feira, janeiro 15, 2009

The Pretender Rides Again


Nós, indo pra Parintins: Zemaria Pinto, Davi Almeida, Targino (um grande advogado e amigo, que morreu do coração, de repente, no final de dezembro passado. Que Deus o tenha em bom lugar, a despeito dele ser marxista confesso, mas nesses casos deve haver atenuantes), Paulo Marinho, Caio Almeida e esse vosso escriba

Deve ter sido em junho de 1986. A gente precisava dar uma agitada na livraria Cabocla, do escritor Rui Sá Chaves, que funcionava ali na Praça São Sebastião, no porão de uma casa colonial que – não lembro bem! – me parecia ser sede de uma escola de línguas (Yázigi? CCAA? Ibeu?). Combinamos que eu faria o lançamento de uma antologia dos meus cinco primeiros livros de poesia que, como quase tudo que escrevo, estavam esgotados. Batizamos a antologia de “Brinca comeu brinco”.

No dia combinado, uma sexta-feira, com a mídia dando a maior força, saí da Philco, onde trabalhava, lá no Distrito Industrial, por volta das 18h, com a incumbência de pegar os livros na gráfica do Toti, que ficava no caminho, na rua Ramos Ferreira, ao lado do restaurante Coqueiro Verde. Chegando lá, dos mil livros acordados, eles só haviam conseguido imprimir 50 exemplares. Não estressei. Coloquei a muamba dentro do carro e parti pra Cabocla.

Lá chegando, por volta das 19h, umas 50 pessoas estavam me esperando, porque espalhei nos jornais que ia haver birita de graça. Quando a turma chegou, por volta das 18h, o Rui Sá Chaves, claro, ficou aflito e falou que aquilo era assunto exclusivo meu, não tinha nada a ver com a presepada. A livraria, minúscula, estava botando gente pelo ladrão. Os putos (e as putas, evidentemente) não tinham ido lá pra comprar livro, mas pra beber de graça. E estavam numa secura de dar inveja a camelo fazendo o rally Paris-Dakar.

Democraticamente, deixei o Rui cuidando da venda dos livros e reboquei a moçada para o outro lado da praça, pro bar do Armando, a fim de cumprir a palavra empenhada. Pra quem já está fodido, toda pica é fina. O nosso objetivo, avisei logo de cara, era tomar cinco grades de cervejas, não mais do que isso. Eu pagaria o álcool. Iscas, cigarros e gorjetas, cada desesperado que fizesse sua parte. Fui aclamado de pé pelos cachorros.

A gente estava ali, naquela zoeira infernal, com quase dez mesas emendadas, quando chegou um sujeito, com meu livro na mão, perguntando pelo autor. Queria um autógrafo. Olhei com cuidado pros olhos do sujeito, por detrás de seus óculos de grau, mas não vi nenhum perobo em potencial. Que meda! Um autógrafo? Pois não, alguém tem caneta?...

Era uma emoção estranha. Autografar um livro? Que merda era aquela? Livro, a gente compra, lê e guarda, se gostar. Ou então joga fora. Ainda mais livro de poesia. Ainda mais conhecendo o autor do livro de poesia. Na verdade, o sujeito se chamava Zemaria Pinto. Também era poeta. Também era intelectual. Também era espada matador. Também era biriteiro. Também era de Santarém (como meu honrado pai). Pra gente virar amigos de infância, foi conta de multiplicar.

Esse nariz de cera todo foi só pra dizer que o Zemaria Pinto tem, hoje, um dos melhores sítios da blogsfera. Um não. Dois. Querem aprender a escrever poesia? Entrem lá. Querem ler coisas inteligentes? Entrem lá. Querem saber o que de melhor está acontecendo na cultura amazonense? Entrem lá. Querem delirar com os pintores mais espetaculares do planeta? Entrem lá. Querem dar pra mim? Entrem lá (depois o Zé me passa os e-mails...).

Não bastasse isso, Zemaria Pinto também é imortal – como o Fantasma-que-anda. O cachorrão, entre outras coisas, se transformou em membro (cabeça, tronco) da Academia Amazonense de Letras. Ele (e Tenório, Aldisio, Marcos Frederico, Élson, Thiago, Márcio, Aníbal et caterva) deu uma espanada na poeira e, papo sério, hoje a AAL é a coisa mais prafrentex que existe na faixa do Equador.

Então, meninos e meninas, se estão querendo novidades cliquem aqui ou aqui e façam boa viagem. Tenho dito.

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