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quinta-feira, março 05, 2009

A enciclopédia que você pediu a Jah – Parte 9


PABLO, Augustus
Trabalho de sopro era com ele mesmo. Horace Swaby, conhecido nas quebradas de Kingston como Augustus Pablo, era um dos reis da escaleta – uma espécie de teclado Hering que funciona como instrumento de sopro.

Augustus começou como pianista, mas logo se bandeou para a escaleta querida. Trabalhou com produtores como King Tubby e Lee Perry; tocou nas produções iniciais dos Wailers e gravou discos dos mais originais na história do dub. Quem duvidar, que ouça a pérola King Tubby Meets Rockers In A Fire House.

Quando não estava queimando ervas sagradas ou tocando sua loja de discos em Kingston, Augustus ainda dava uma mãozinha para alguns modernos ingleses. Participou, inclusive, de um CD do Primal Scream, Vanishing Point.

O instrumentista vivia tranquilamente com sua família em uma casa nas colinas próximas a Kingston até ser acometido por um mal raro e incurável (miastenia gravis), que afetou o seu sistema nervoso central a ponto de ele não conseguir mais reconhecer as pessoas, vindo a falecer no dia 18 de maio de 1999. Estava com 45 anos.

A importância de Augustus Pablo para a evolução do reggae talvez nunca venha ser devidamente reconhecida, mas o seu legado felizmente continuará a embalar as nossas noites e nos inspirar com suas melodias inconfundivelmente belas. É só escutar a escaleta dele na clássica “Sun is shinning”, do mestre Bob Marley.

PARALAMAS DO SUCESSO
Os Paralamas foram fundamentais para o nosso chacundum. Mexem com o ritmo desde o primeiro disco, Cinema Mudo (1983), e popularizaram o ska no segundo álbum, O Passo do Lui (1984). A partir de Selvagem? (1986), inauguraram a era da fusão do reggae com a música brasileira. O álbum tinha dub (“Teerã Dub”), canções na linha de Yellowman (“Marinheiro”) e influências de Black Uhuru (a faixa-título). Com Selvagem?, o reggae brazuca – antes tangenciado por Jards Macalé, Gilberto Gil, Baby Consuelo e Myriam Rios (sim, ela mesmo!) – virou coisa séria.

PATRA
A DJ se vangloria de fazer letras chamando os homens na chincha (“um homem não é macho se não der duro na cama”, professa “Worker Man”) e se define como “uma máquina de fazer sexo”. Participou de algumas coletâneas (como Lady P) até cair nas graças do produtor Bobby Digital – o mesmo de Shabba. Seu primeiro álbum, Queen Of The Pack, foi lançado em 1993. A fama – ainda relativa – chegou apenas com Scent Of Atraction (1995). Seu grande hit é uma cover de “Pull Up To The Bumper”, de Grace Jones, com a seção rítmica da gravação original (Sly & Robbie). Patra cantou em “Realidade Virtual”, faixa de O Erê, do Cidade Negra.

PERRY, Lee
Este ficou com certeza Maluco Beleza. E entrou para a história da música jamaicana como o homem que inventou o reggae, apresentou o caminho da erva a Bob Marley e produziu alguns dos discos mais sensacionais dos anos 70.

Perry iniciou como DJ do sound system de Coxsone Dodd. Anos mais tarde, montou seu próprio estúdio, onde produziu os Wailers e outros candidatos a superstar do reggae.

O dono da Island, Chris Blackwell, cresceu os olhos para cima do trabalho de Perry e o trouxe para sua gravadora. O maluco ganhou um estúdio - o Black Ark - onde trabalhou em discos básicos como War In A Babylon (do vocalista Max Romeo) e Police & Thieves (Junior Murvin).

Amante da birita e de doses regulares de ganja, Perry surtou: tacou fogo no estúdio por conta das “más vibrações” que estariam tomando conta da Jamaica. Mesmo assim, não parou de produzir desde então. Fez trabalhos para The Clash, foi saudado por Adrian Sherwood, dono do selo On-U-Sound (um dos mais respeitados do reggae inglês), e, ao lado da banda Dub Syndicate, lançou as obras-primas Time Bomb X The Devil Dead e From The Secret Laboratory.

Lee mora atualmente na Suíça, onde foge dos credores e fatura uma grana soltando discos piratas de Bob Marley. Participou do Tibetan Freedom Concert, foi capa da revista Grand Royal, dos Beastie Boys, e é cada vez mais cultuado. “Out Of Space”, do Prodigy, chupa descaradamente sua “Chase The Devil”.

PRIEST, Maxi
Ele tem sangue bom nas veias. É primo (distante) de Jacob Miller, a alma do Inner Circle e um dos melhores amigos de Bob Marley. Inicialmente seguia a profissão de disc-jóquei (daqueles que berram “vamos lá galera” entre uma e outra pedrada reggae). Assinou contrato com o selo independente Ten Records, foi subindo, subindo e está até hoje na crista do reggae. Muito do seu sucesso se deve às parcerias, que escolhe a dedo. Maxi trabalhou com o Aswad (Intentions), aproveitou as batidas do Soul II Soul (em Bonafide) e pede toques e grooves a Sly & Robbie (nos discos Maxi e Fe Real).

PRINCE BUSTER
Cecil Bustamante Cambpell foi um dos primeiros superstars locais da Jamaica. Seus singles eram hilariantes e sexistas. Influenciaram várias gerações de astros (Shaggy que o diga: virou milionário ao regravar “Oh Carolina”, sucesso de Buster). Ex-lutador de boxe, PB se iniciou no mundo do reggae ao trabalhar como segurança de Coxsone Dodd. Depois montou seu próprio sound system, seguido por um selo. Nos anos 70, Buster lançou artistas como Dennis Brown e John Holt.

PUNAANI OU PUNNI
Vagina, tema das slack songs jamaicanas.

PRINCE FAR-I
DJ de inclinações rasta, Prince teve um bom nível de popularidade na década de 70. Graças à qualidade de sua prosa, sempre citando a Bíblia e o Apocalipse. Depois, migrou-se para Londres, onde sua voz grave encantou o minigênio Adrian Sherwood (do selo On-U-Sound). Prince Far-I morreu assassinado na cama no final dos anos 80.

PARAGONS, The
No princípio eles eram The Binders e sua formação incluía Bob Andy, Junior Menz, Tyrone Evans e Leroy Stamp. Em 1964, Stamp foi substituído por John Holt. O grupo então virou Paragons e gravou singles preciosos sob o comando de Coxsone Dodd e Duke Reid. Depois, Andy voou solo e Menz se mandou para os Techniques, deixando a vaga nas mãos – e gogó – de Howard Barrett. No ano de 1968, o trio se dissolveu.

PIONEERS, The
Autores de “Long Shot Kick De Bucket”, canção que alcançou os primeiros lugares da parada inglesa. Seu line up mais famoso incluía Sidney Crooks, Jackie Robinson e George Dekker. Depois de trabalhar com Duke Reid e com o produtor Joe Gibbs, a banda se dispersou em 1973.

PYAKA
Desonesto.

RANGLIN, Ernest
Falar de Ranglin é se lembrar do legendário Mário Américo, ex-massagista da seleção brasileira, e sua frase imortal: “Com essas mão, já massageei muitos craque.” Boa parte da história da música jamaicana passou pelos dedos ágeis deste guitarrista sessentão. De formação jazzística, Ernest criou o molejo do ska ao lado de Don Drummond, fez parte de uma das várias formações do Skatalites e trabalhou como session man do Studio One. Com o fim da época áurea do ska, ainda nos anos 60, ele voltou-se para sua grande paixão – o jazz. Tocou em diversos festivais do gênero e recentemente tem lançado discos com versões jazzísticas para sucessos como “Satta Massagana” (dos Abyssinians) e “54-46 (That’s My Number)” (de Toots & The Maytals).

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