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terça-feira, março 31, 2009

O mar não está pra peixe, velho!


Caio Borges (de bigode, o primeiro na direita), ao lado de Mário Adolfo, que está ao meu lado, que estou ao lado do Zemaria Pinto, que conversa com o Davi Almeida. No primeiro plano, o jornalista Altino Machado, ao lado do ex-presidente da OAB Alberto Simonetti, falecido precocemente no ano passado. O cocoruto feminino é da jornalista Rosângela Alanis. A boca livre (meu aniversário, em 1998) rolou na Cantina da Silvia, ali na Caxuxa. Bons tempos, zifio!

Sábado passado. A gente mal tinha sossegado a alma por conta do desaparecimento precoce do Sebastião Reis, quando toca o telefone. Do outro lado da linha, Jô Almeida, mulher do compositor Davi Almeida, canta a pedra: o arquiteto e artista plástico Caio Borges havia falecido. Infarto agudo no miocárdio. Puta que pariu!

Fazia alguns anos que eu não via o Caio Borges. Quando seu escritório de arquitetura era próximo do Bar do Armando, praticamente conversávamos todas as noites. Depois, ele e Claudinha se mudaram para o Vieiralves e as conversas foram rareando. Era um bom amigo, um bom papo e um tremendo gozador.

Nos anos 90, ele, Turenko Beça (filho do Aníbal Beça) e João Rodrigues deram uma chacoalhada nas artes plásticas da taba, ao lançarem o movimento “Radicais Livres”. Fui a algumas exposições da trinca no Centro Cultural Chaminé. Observando as paredes do escritório, descubro que não fiquei com nenhum quadro do sacana. Uma pena!

Eu ainda estava remoendo as mágoas de não ter conversado com o Caio nos últimos cinco anos, quando toca o telefone na noite de domingo. Do outro lado da linha, França, mulher do radialista Renato Pitanga, canta a pedra: o Naldinho, campeão amazonense de dominó e porrinha (categoria absoluta) e um dos irmãos do Pitanga, havia falecido. Broncopneumonia. Puta que pariu!

O caso do Naldinho foi mais chocante. Ele estava com passagem aérea marcada para o Rio de Janeiro, onde ia tomar conta de uma das lojas do Edson Pitulino, irmão mais velho do Renato Pitanga. Edson estava nos EUA, comprando equipamentos para sua empresa, que há mais de 30 anos fornece equipamentos e assistência técnica para as grandes empresas de telecomunicações do país.

Naldinho não viajou porque, segundo seus familiares, havia contraído uma pequena micose alérgica. A passagem foi remarcada. No domingo anterior ao do seu passamento, ele resolveu limpar o tanque d’água de sua residência. No alto de uma escada, tentou se apoiar na borda do tanque Brasilit (que estava seco). O tanque cedeu e desabou sobre ele, o derrubando da escada. Arrebentou a cabeça no chão.

Os médicos conseguiram contornar o traumatismo craniano, colocando-o em coma induzida. Quando ele saiu do coma, os médicos descobriram que ele estava debilitado por conta de uma broncopneumonia. Os antibióticos não fizeram efeito. No sábado, ele ainda conseguiu conversar longamente com o Renato Pitanga, via celular, que estava em Benjamin Constant tentando arranjar uma passagem aérea pra Manaus. No domingo passado, jogou a toalha. Foi enterrado hoje, com a presença do Renato.

Quer dizer, esse espaço aqui está quase se transformando em um necrotério permanente de meus grandes amigos. Fazer o que, a não ser lamentar?

Bom, mas em virtude dessas furadas de fila de Ernesto Coelho, Paulo José, Sebastião Reis, Caio Borges e Naldinho, somente nos três primeiros meses do ano, desencavei esse soneto do João Carlos Teixeira Gomes, que espero seja meu epitáfio (a trilha sonora, claro, tem de ser “A Velha da Capa Preta”, de Siba e a Fuloresta):

SONETO DA MORTE SEM SUSTO

Minha única certeza é minha morte.
Virá festiva, com pendões vermelhos,
Provocadora com seu riso forte.
Mas me verá de pé, não de joelhos.

Pode vir de mansinho a forasteira
Ou numa orgia de ossos e fanfarras,
Com dois laços de fita na caveira
E o ágil chocalhar das finas garras.

Eu que os mares amei, e o sol tirânico,
Os flavos grauçás de dorso enxuto,
As moças de maiô e o vento atlântico,

Sereno hei de esperá-la em meu reduto.
E assim ao ver-me, sem sinal de pânico,
A própria morte se porá de luto.

3 comentários:

Thalita Rocha Borges disse...

Olá Simão Pessoa,

Sou filha de Caio Borges, e em uma de minhas navegadas em busca de algo que matasse a minha saudade, achei seu blog que falava sobre ele!
Caio (era assim que gostava de ser chamado até pelos filhos) era um homem maravilhoso, inexplicávelmente irreverente....
Gostaria de agradecer seus sentimentos, e convidar à todos os ammigos para a missa de 7° dia que será realizada na igreja Nossa Senhora das Graças, em Adrianópolis, logo às 19hs.
A presença de todos é indispensável.
Mais uma vez... obrigada pelo carinho!!!
Thalita Rocha Borges

Thalita disse...

Olá Simão,

Mudanças de Plano... A missa deverá ser realizada em outro local.
Segue endereço abaixo para divulgação e informação aos amigos!

Dia 03.04 (sexta - feira)Capela São João Batista - Manaus Moderna. Próximo à Montanna (Centro) às 19hs.

Um grande abraço.

Anônimo disse...

Ola, amigo como faço para adquirir seu livro "FUNK A MÚSICA QUE BATE". No site da Bemol não consigo, na internet outra livraria está com valor aquase 200% mais caro... Teria como me enviar um volume? Meu email digginstreets@yahoo.com.br
Me desculpe escrever aqui, mas tentei teu email e voltou, desde ja agradeco...