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segunda-feira, junho 15, 2009

A mais recente obra prima do Arnaldo Russo


O Clube dos Discófilos Fanáticos (CDF) é uma entidade quase metafísica, que se reúne na última quarta-feira de cada mês na aprazível cobertura do médico Arnaldo Russo para uma sessão privé de “música, queijos e vinhos” – mas com direito a tonéis de escocês de 12 anos pra cima, cervejas importadas das mais variadas procedências, canapés de todos os tipos, latinhas de caviar beluga a dar no meio da canela y otras cositas más. Boca livre total.

Os titulares do clube – onde mulher não entra! – são apenas 12 (o técnico e onze jogadores): Arnaldo Russo, Lucio Meirelles, Humberto Amorim, Expedito Teodoro, Salomito Benchimol, Acram Isper, Roberto Benigno, Waldir Menezes, Paulo Monteiro, Oswaldo Frota, Augusto Menezes e Edson Gil.

As audições começam pontualmente às 9h da noite e costumam se encerrar às 3h da madrugada. Em cada uma delas, um membro escolhido previamente por sorteio faz uma dissertação sobre um determinado gênero musical, usando de todos os recursos tecnológicos possíveis (CD, DVD, EVD, Blu-ray, vinil, fita K7, o diabo a quatro). No mês passado, a tarefa coube ao empresário Salomito Benchimol.

Ao término da audição, o explanador deve passar para as mãos dos demais membros do clube uma trilha sonora (em forma de CD ou DVD) representativa do assunto abordado. No final do ano, as 12 audições são julgadas (ninguém pode votar no próprio trabalho) e o vencedor recebe um prêmio simbólico.


Agora vem a melhor parte: cada um dos titulares do clube pode levar um ou dois amigos (a “patuléia”) por reunião, mas depois da primeira audição os convidados devem desfrutar de um período sabático de 12 meses até poderem voltar a colocar os pés no covil pela segunda vez. É uma medida preventiva para evitar os famosos “arroz de festa”.

Como os membros do CDF odeiam publicidade, durante o “ano sabático” o convidado de primeira viagem também deve obedecer a um silêncio obsequioso sobre a existência do clube sob pena de nunca mais ser convidado para a tertúlia. É uma medida extrema para evitar os indesejáveis pedidos de filiação ao clube decorrente de uma superexposição das reuniões.

Em 2004, a convite do Lucio Meirelles, eu e o procurador Francisco Cruz fizemos parte da patuléia. A audição, comandada pelo Arnaldo Russo, era sobre o nascimento da soul music. Entre as preciosidades exibidas, um vídeo em que o James Brown, com apenas 13 anos, já cantava em um coro gospel.

Fiquei tão empolgado com a reunião que esqueci do silêncio obsequioso recomendado pelos anfitriões e publiquei uma reportagem de meia página no jornal O Estado do Amazonas. A reportagem foi um sucesso, mas fui banido definitivamente da “patuléia” do clube e o Lucio Meirelles só voltou a falar comigo no dia do meu aniversário de 50 anos. As regras do CDF são de um fundamentalismo taliban.

(Depois que leu a minha matéria, o ex-deputado estadual Ronaldo Tiradentes, hoje chairman das rádios CBN e Tiradentes FM, vivia implorando ao Lucio Meirelles, ao Humberto Amorim e ao Expedito Teodoro para participar de uma audição. Não sei até hoje se seu pedido foi aceito.)


Na semana passada, provavelmente para demonstrar que não está mais tão aborrecido assim comigo, o Arnaldo Russo me enviou, por meio do guitarrista Beto Blue Bird, o material que ele apresentou em dezembro último sobre o nascimento do rock & roll. Trata-se de uma pequena obra prima.

Em forma de livreto, com 32 páginas e fartamente ilustrado, o opúsculo “Rock & roll 1950s The Beggining” faz um mapeamento de como surgiu o gênero, indo desde o jurássico programa radiofônico de Allan Fred até o dia 15 de novembro de 1959, quando a banda Johnny & The Moondogs participou da rodada final do “TV Star Search” do caça talentos Carroll Lewis no Teatro Hippodrome, em Arwick, Lancashine.


Nesses dez anos (de 1950 a 1959), tudo o que você queria saber sobre rock & roll, mas tinha medo de perguntar, é passado a limpo, contextualizado e embrulhado em papel para presente. De quebra, um DVD imperdível e dois CDs cabulosos acompanham o livreto.


Estou convencido de que, depois que publicar esse post, vou passar mais cinco anos sem poder pisar no clube, mas, pô, o presente é tão bonito que eu precisava compartilhar com meus 17 leitores. Valeu, comandante Arnaldo Russo!


Em pé: Arnaldo Russo, Oswaldo Frota, Augusto Menezes, Edson Gil, Humberto Amorim, Waldir Menezes e Paulo Monteiro. Sentados: Salomito Benchimol, Expedito Theodoro, Acram Isper, Roberto Benigno e Lucio Meirelles

Um comentário:

Tio Acram disse...

Caro simão,

Você imbanível, eu fui banido por exatos 90 dias, para fazer uma refexão junto divino, e agora de volta, vejo minha foto no seu blog, quando ainda andava sem Muleta, e seu relatorio perfeito de nossa reunião...nas terças feiras....foi a ultima vez que o vi. Eu sou o mestre das chaves...das reuniões...considere-se convidado.

um forte abraço

Acram