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sábado, janeiro 23, 2010

Marcha do remador

O diretor musical do mocó acha que essse texto deve ser lido com a seguinte trilha sonora: Se a canoa não virar / Olê, olê, olá / Eu chego lá / Rema, rema, rema, rema... dor / Quero ver depressa o meu amor / Se eu chegar depois do sol raiar / Ela bota outro em meu lugar.


Eu e dona Terezinha, mãe do poeta e brother Marco Gomes

Março de 1977. Quando cheguei em casa, vindo do Rio de Janeiro, fiquei sabendo que a Jaqueline, com uma imensa barriga de seis meses, costumava passar os fins de semana na casa dos velhos.

Ela já havia escarafunchado as minhas gavetas, lidos as cartas da Mariana, visto as fotos, rasgado metade delas, queimado as cartas e queria saber que história era aquela.

Provavelmente estava pensando que aquele casamento feito sem a minha presença era pra ser levado a sério.

Não primeira vez em que a Jaqueline tocou no assunto, no domingo seguinte, eu não dei a mínima.

Minha indiferença foi motivo de um bate boca federal.

No final do mês, para evitar aquelas desagradáveis, desnecessárias e inoportunas cenas de ciúmes, me mudei pela segunda vez para o covil do Jaques Castro, no bairro da Glória.

Depois de uns quinze dias de silêncio, a Mariana voltou a me escrever regularmente.

Aparentemente, o qüiproquó armado pela Dandara havia sido contornado. Mas eu andava meio cabreiro.


Minha eterna camaradinha Iolene, atual proprietária do restaurante Flutuante da Tia

Havia deixado a Iansã escapar pelos dedos, a Raiene estava casada, a Nega Aline tinha sumido e a Regina estava com um novo namorado.

Eu tinha a Mariana, mas ela estava a anos-luz de distância de minhas necessidades físicas imediatas. Era hora de recompor o plantel.

A primeira cabritinha que levei pro chiqueiro foi a Beatriz, uma fogosa consertadora da nova fábrica de aparelhos de som da Sharp.

Na seqüência, a Doralice, uma sarada secretária administrativa, amiga da Beatriz. Logo depois a Aline, vizinha da Doralice. Eu era um cara legal, as garotas reconheciam.

A minha network sexual, ou melhor, a minha rede de relacionamentos casuais não parava de crescer e ficar cada vez mais eclética.

A nissei Sandra Sano foi ganha com uma série de poemas escritos na mesa de um bar da Praça 14 evocando a sonoridade de seu nome (os poemas eram do Vinicius de Moraes, mas ela nunca tinha lido o poetinha. Foda-se.).

A mulata e passista Dagmar Furacão, na festa de comemoração do bicampeonato do bloco Andanças de Ciganos.

A exuberante Rossana, inspetora de qualidade na Philips, durante um baile no Bancrévea, comandado pelo Blues Birds.

A comerciária Glorinha, durante uma brincadeira nos cafundós de São Francisco.

A estudante Sophia, com meia dúzia de cervejas no Bar do Costa, no Japiim.

O velho lobo ainda não havia perdido totalmente os caninos.


Eu e a produtora cultural Ana Domingos, do fabuloso e mítico Bar Galvez

Em abril, durante uma rara crise de consciência, resolvi escrever pra Mariana e abrir o jogo.

Falei que estava legalmente casado, em Manaus, com uma menina chamada Jaqueline, que esperava um filho meu pro próximo mês.

Mas eu não morava com ela e sim com três amigos numa espelunca ridícula, na periferia da cidade.

Estava completamente sem quilha, bebendo diariamente, tendo problemas com algumas matérias na Utam, talvez nem me formasse no meio do ano.

Enfim, expliquei para a minha princesa, da forma mais didática possível, que estava enfiado na merda até o pescoço. Uma carta de dez laudas.

A Mariana levou duas semanas para me escrever de novo. Disse que tinha lido a carta dentro do ônibus, quando estava voltando das aulas da UFRJ, no “Fundão”, no rumo de casa.

Sentiu vontade de morrer. Havia tido náuseas e passado tão mal dentro do ônibus, que chegara a vomitar pela janela.

Estava sem se alimentar direito há duas semanas. A família toda estava estranhando.

Ela só conseguia ter paz de espírito quando mergulhava no trabalho da agência bancária.

Me explicou que ia dar um tempo na correspondência até conseguir assimilar aquela verdadeira porrada.

Pediu para que eu desse uma maneirada na bebida e tentasse ficar bem.

E garantiu que, apesar dos pesares, continuava me amando e que iria me amar pelo resto da vida. Uma princesa!


Eu e minha cunhan poranga parintintim (no name, please, que hoje ela está bem casada!)

Na sexta-feira, 14 de maio de 1977, o Tomzé Areosa me chamou na sua sala, antes do final do expediente.

Eu precisava viajar pra São Paulo, levar uns documentos para serem assinados na casa do Mathias Machline, no Morumbi, e depois voltar com os documentos para Manaus, no domingo, para serem entregues na Suframa na segunda-feira pela manhã.

Me estendeu a passagem aérea, a confirmação de reserva no Augusta Boulevard Hotel, um envelope grande com os documentos e um envelope pequeno com o dinheiro para as despesas pessoais. Havia dentro 1.500 dólares. Nem discuti.

Quando desci no aeroporto de São Paulo, já na madrugada de sábado, fui direto ao balcão da Varig para tentar desdobrar a passagem e cobrir a diferença.

Expliquei que precisava viajar pro Rio de Janeiro na tarde daquele sábado e depois viajar do Rio de Janeiro pra Manaus na noite de domingo. A atendente nem discutiu.

Em alguns minutos, ela me deu dois novos bilhetes, um pra ponte-aérea Rio-São Paulo e outro, do trecho Rio de Janeiro-Manaus. Não precisei pagar um tostão.

Fiquei tão alegre, que quase lhe dei um beijo na boca.

O motorista do Mathias Machline já estava me esperando na saída do aeroporto e me deixou no hotel.

Por volta das 11h da manhã, o motorista me apanhou no hotel e me levou até a mansão do empresário, no Morumbi.

Entreguei os documentos. Ele e Dona Carmem começaram a assinar as folhas do catatau (umas 120 páginas). Conferi uma por uma para ver se não faltava alguma assinatura.

A Dona Carmem havia pulado uma folha.

Sem abrir a boca, devolvi a folha pra ela assinar.

Rindo, ela se desculpou:

– Já pensou você ter toda essa trabalheira vindo lá de Manaus pra rejeitarem os documentos por falta de uma assinatura?...

Continuei calado.

Mathias Machline perguntou se eu ia ficar em São Paulo até domingo, provavelmente pra me convidar para almoçar com eles.

Expliquei que tinha um outro compromisso no Rio de Janeiro naquele dia. Ele não insistiu. Pediu para o motorista me levar ao hotel e depois ao aeroporto.


Eu e Carlos Lacerda, vice-presidente Norte da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos

Quando desci no aeroporto Santos Dumont, por volta das 13h, foi que descobri que eu era uma cara de muita sorte. Eu já estava no Rio de Janeiro e ainda não havia gasto um centavo dos meus 1.500 dólares.

No ponto de táxi, perguntei de um sujeito com cara de nordestino aonde podia conseguir um hotel padrão três estrelas, em Copacabana. Ele me levou para o Atlântico Palace Hotel.

A diária de uma suíte com varanda custava cerca de 150 dólares. Eu tinha grana pra ficar ali uma semana. Nem discuti.

Falei ao gerente que ia embora no começo da noite de domingo e que gostaria de pagar adiantado. Eles me cobraram apenas uma diária.

Sozinho na buraqueira, eu peguei um táxi e me mandei pro Bar Jangadeiros, em Ipanema. Depois, fui caminhando até o Bar Barril. Quando começou a escurecer, dei uma esticada até o Bracarense, no Leblon.

Por volta das 9h da noite, já em razoável estado de embriaguez e mais animado do que anum no milharal, criei coragem e fui ver a Mariana.

Resolvi tomar a saideira no barzinho perto do edifício dela, onde a gente havia conversado pela última vez.

Eu estava com o copo de chope na mão, espiando em direção ao prédio e esperando um milagre acontecer, tipo ver a Mariana surgir de repente, quando percebi seu Agostini se preparando para entrar no prédio.

Pelas sacolas que trazia, ele devia estar vindo de alguma padaria da redondeza. Dei um grito. Ele parou.

Eu me aproximei timidamente. Ele ajeitou os óculos e só então me reconheceu. Abriu um grande sorriso:

– Menino, você por aqui de novo?

Nos abraçamos como velhos amigos. Antes que ele falasse qualquer coisa, disparei à queima-roupa:

– Eu gostaria de ver a Mariana...

– Ah, as meninas não estão em casa! – disse ele. “Elas foram ver um tal de Genesis, no Maracanãzinho e só vão voltar de madrugada.”

Fiquei olhando pra ele, meio sem jeito.

Eu estava com grana suficiente para ir pro Maracanãzinho, comprar um ingresso na mão dos cambistas e passar as três horas do show procurando a Mariana no meio da multidão – estimada em 30 mil pessoas.

Com a sorte que estava, era até bem capaz de encontrá-la. Mas, porra, ver o Gensesis? E ainda mais com o Phil Collins assumindo os vocais no lugar do Peter Gabriel? Sinceramente, aquilo era programa de índio. Eu estava fora.

Ao notar meu desapontamento, seo Agostini tentou consertar:

– Mas vamos subir pro apartamento pra você dar um abraço na Maura. Ela vai gostar de te ver de novo.

Tentei sair pela tangente, mas ele insistiu tanto que resolvi subir. Dona Maura também ficou surpresa em me ver.

– Você está criando coragem pra vir morar de vez aqui no Rio, é? – brincou ela. Parecia amistosa.


Eu e o melhor poeta amazonense de todos os tempos, meu mano Aldisio Filgueiras

Só estava o casal no apartamento. A Dandara tinha ido dormir na casa de uma amiguinha. Mariana, Estela e Luzia estavam no concerto de rock.

Percebendo meu avançado estado etílico, Dona Maura me serviu uma xícara de café expresso, dos melhores que já bebi na vida.

Conversamos sobre isso e aquilo outro, sendo isso e aquilo outro as minhas reais intenções a respeito da Mariana.

Ficou claro que eu só ia chegar à última fase e zerar o joguinho depois que casasse em cartório. Não discuti.

Por volta das 23h, resolvi puxar o carro. Seu Agostini foi me deixar lá embaixo. Quando nos despedimos, ele perguntou se eu não queria almoçar com eles no domingo.

Expliquei que já tinha outros compromissos agendados.

Ele se ofereceu para me levar de carro até o aeroporto. Falou que no trajeto eu poderia conversar com a Mariana.

Agradeci e combinamos que se resolvesse aceitar a carona, eu chegaria na hora de irmos pro aeroporto.

Comecei a andar de bobeira pelas ruas de Copacabana até parar no Pavão Azul, um boteco localizado bem na frente da delegacia de polícia do bairro.

Apesar de ser um pé sujo de quinta categoria, estava cheio de mulheres bonitas.

Me abarquei em uma das mesas, pedi uma porção de pataniscas, uns bolinhos de bacalhau sem batata que chegam à mesa sem vestígio de óleo, e uma cerveja Antarctica Original estupidamente gelada. Estava em casa.

Não demorou 15 minutos para uma lourinha de minissaia verde vir me pedir o isqueiro emprestado.

Meia hora depois, ela já estava bebendo comigo alegremente.

Meia hora depois, ela já estava entrando comigo no Atlântico Palace Hotel. Paguei mais meia diária.

A lourinha (Edna? Elza? Hélcia?) deixou o apartamento por volta das 5h da manhã, cem dólares mais rica. Só então resolvi dormir.

Acordei por volta de meio-dia, com uma ressaca pavorosa. Fiz um balanço da situação financeira: eu ainda não havia gasto metade da grana.

Meu vôo só saía às 22h. Eu ainda tinha tempo inútil pra caralho.

Esvaziei a minha carteira porta-cédulas tentando encontrar o endereço da Iansã de Ramos, que eu havia enfiado em um daqueles compartimentos. Os duendes haviam sumido com ele.

Eu não havia levado calção de banho nem estava com disposição pra sair, comprar um e depois ir pra praia, de forma que pedi um prato de camarão à baiana do restaurante do hotel e fiquei lá o resto da tarde, eguando e pensando na vida.

Por volta das 18h, arrumei meus teréns, coloquei a mochila nas costas e fui caminhando até o apartamento da Mariana. Não subi, apenas interfonei da portaria.

Dez minutos depois, seu Agostini saía da garagem com seu carro e eu embarcava. A Mariana estava no banco traseiro.

Do banco do carona, fiquei conversando com ela sobre coisas da faculdade, num distanciamento quase insuportável.

Seu Agostini nos deixou na entrada do aeroporto do Galeão e avisou que ia estacionar o carro.

Disse pra gente não se preocupar, que ele nos encontraria depois, no portão de embarque.

Entendi que aquele era o seu esforço derradeiro para nos deixar a sós.

Despachei minha mochila, peguei meu cartão de embarque e fomos para o restaurante do aeroporto.

Sem que a Mariana esperasse, eu lhe abracei subitamente e lhe beijei, como se quisesse entrar inteiro no seu corpo por ali. Ela correspondeu.

Depois de uns quinze minutos praticamente sem desgrudar as bocas, ela quebrou o silêncio:

– Como é que está o teu filho?

– Ainda não nasceu, não. E são dois...

– Dois? – ela tomou um susto. Depois se recompôs:

– Você já escolheu os nomes?

– Já. Vão se chamar Adonai e Adônis.

– Bonitos nomes.

Aí ficamos em silêncio mais uns dez minutos, apenas abraçados, ela com o rosto colado no meu peito e os seus olhos apaixonados minando água. Os meus, também.

Foi Mariana que quebrou novamente o silêncio.

– O que vai ser de nós dois?...

– Eu nunca vou te deixar! – falei, com convicção.

– Mas com dois filhos? Você vai ter que cuidar deles, não vai ter mais tempo pra mim...

– Eu sei, mas eu nunca vou te deixar! – tornei a repetir. “Filhos se criam...”

Acho que a Mariana não estava colocando muita fé na minha conversa.

– Você já esqueceu que nós dois somos rosa-cruzes? – insisti. “Se a gente não ficar junto nessa vida, a gente vai ficar junto na outra!”

Ela me olhou com incredulidade:

– Mas eu não quero ficar junto de você em outra vida. Eu quero ficar junto é nessa, porra!

Foi a única vez que ouvi ela falar um palavrão.

– Então nós vamos ficar, princesa, juro que nós vamos ficar! – devolvi.

E lhe beijei com a fúria decidida dos suicidas.

Prometi que, em vez de escrever, iria lhe telefonar de Manaus toda noite de sexta-feira.

Depois disso, ficamos namorando em silêncio até anunciarem a última chamada do vôo para Manaus.

Encontramos seu Agostini diante do portão de embarque. Me despedi dele, dei um beijo no rosto da Mariana e me dirigi para a aeronave. Foi a última vez que lhe vi.

Exatamente uma semana depois nasceram os meus dois filhos.


Eu, Jaques Castro, o primeiro presidente da CUT-Am, e Zacarias Neto, nosso homem em Iranduba

Em novembro daquele ano, como fazia toda sexta-feira desde que havia voltado do Rio de Janeiro, eu passei na casa do velho para telefonar para a minha princesa.

Nesse dia, quando liguei, a Dona Maura atendeu.

– Quem está falando? – ela questionou, asperamente.

– É o Simão! – avisei, amistosamente. “Eu gostaria de falar com a Mariana.”

– Seu cafajeste filho da puta, deixe a minha filha em paz! – ela devolveu aos gritos, totalmente histérica. “Vá cuidar dos seus dois filhos e da sua mulher, seu cachorro safado! E se tiver vergonha na cara, nunca mais telefone pra esta casa ou escreva pra minha filha, porque pra gente você morreu, seu cachorro amaldiçoado! Você morreu!”

Ela disse isso praticamente chorando de raiva e, antes que eu pudesse reagir, bateu o telefone na minha cara.

Fiquei zonzo, como se tivesse acabado de levar um uppercut no queixo. Liguei duas, três, quatro vezes. Só dava sinal de ocupado. Deviam ter colocado o telefone fora do gancho.

Saí de casa disposto a matar ou morrer naquela mesma noite. Fui pro Bar do Aristides e comecei a encher a cara em silêncio.

Dali a algumas horas chegou o Jaques Castro dirigindo uma Yamaha Enduro 125, que eu havia comprado em março. Como eu não gostava de pilotar, a motocicleta ficava com ele a maior parte do tempo.

O Jaques queria me levar pra casa. Ele estava acompanhado de outro motoqueiro, Paulo Doido, também pilotando uma Yamaha Enduro 125.

Resolvi ir pra casa com o Paulo Doido e impus a minha condição:

– Daqui da Cachoeirinha até o bairro da Glória, nós não vamos respeitar nenhum sinal. Eu quero ir pelo centro e nós dois vamos passar em tudo quanto for sinal vermelho. Você topa?

Amigo nosso lá da Sharp, Paulo Doido, que era um exímio piloto de motocross, mas já havia se envolvido em uma dezena de acidentes bastante sérios, nem discutiu.

O sacana devia ter um parafuso a menos na cabeça.

Pra criar coragem, nós bebemos uma garrafa de cachaça. A única vontade que eu tinha era de morrer o mais rápido possível. Se fosse de acidente de trânsito, melhor.

Correndo a 100 km/h, eu e Paulo Doido rasgamos todos os sinais vermelhos das ruas Castelo Branco, Belém, Major Gabriel, Getúlio Vargas, Boulevard Amazonas, Estrada de São Raimundo e o que mais tivesse pela frente. Infelizmente, chegamos ao “apertamento” são e salvos.

Meus anjos da guarda deviam estar de plantão naquele dia.

Resolvi beber até entrar em coma alcoólica. Antes de terminar a primeira garrafa de vodka, eu já estava capotado.

Minha última esperança era morrer sufocado pelo próprio vômito, como o Jimi Hendrix ou o John Bonham. Não deu.


Vicente Filizzola, Simas, eu e César Abu: sobreviventes de uma era que ainda não acabou

A Mariana me mandou uma última carta explicando a razão do quiproquó.

No início daquele mês, a Jaqueline havia aparecido em sua casa, em Copacabana, acompanhada de uma madrinha que morava no Rio de Janeiro, e havia feito o maior drama.

Diante de uma Dona Maura escandalizada, ela mostrou a certidão de casamento original, a foto dos gêmeos no colo da minha mãe e explicou que se não fosse a Mariana, nós dois (eu e ela) já estaríamos morando juntos e felizes para sempre.

A Mariana sabia que era tudo cascata, mas não podia dizer nada – ou seria excomungada pela família pela participação involuntária e posterior cumplicidade em uma trama tão sórdida.

Nunca mais tive notícias da minha princesinha de Copacabana, mas aqueles dias felizes permanecem vivos em minha memória até hoje.

E toda vez que lembro da Mariana, o que sempre ocorre quando tomo um porre federal em companhia do Mário Adolfo, o meu coração bobo ainda bate em descompasso vertiginosamente.

Aí só me resta repetir a curta nota de suicídio de Eleanor Marx: como a vida tem sido triste todos esses anos.

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