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sexta-feira, janeiro 15, 2010

Relembrando meu boizinho de coração


O boi bumbá Corre Campo foi fundado em 1º de maio de 1942, na casa de Astrogildo Pereira dos Santos (aka “Mestre Tó”), irmão mais velho de Wandi Guaromiro Santos (aka “Miro”).

A residência, localizada na rua Ajuricaba nº 1.140, quase no canto com a rua Borba, na Cachoeirinha, funcionou como primeiro curral do boi. Só alguns anos depois é que o curral foi transferido para a rua Ipixuna canto com a Borba, em frente da Padaria Santo Antônio.

Entre os fundadores estavam Antônio Altino da Silva (aka “Ceará”), Dionísio Gomes (aka “Tucuxi”), Mauro Cruz (aka “Pelica”), Tiziu, Pedro Beira-mar (tio do sambista Jairo Beira-mar) e Jorge Macaco (ex-vaqueiro do bumbá Mina de Ouro).

Executado pelo próprio Mestre Tó, o primeiro boi era armado de pernamanca e coberto de flanela amarela. Na primeira oportunidade, o bumbá Mina de Ouro ironizou a papagaiada com uma toada de desafio: “Eu nunca vi boi amarelo / Quero o couro desse boi / Pra fazer o meu chinelo”.

Era o começo da rivalidade entre os dois bumbás, que descambaria em várias brigas ao longo das décadas seguintes.

Os amos do boi eram Pedro Beira-mar e Jorge Macaco. Os miolos eram Sunguinha, Ferrolho e Jaburu – este último ficava irritadíssimo quando a molecada o chamava de “Cheira peido” porque ele ganhava a vida como carroceiro.

O pai Francisco era Antonio Queiroz, e a mãe Catirina, o despirocado Pelica.

A invencível barreira de índios era formada por Miro, De Raça, Tiziu, Arrepiado, Idalino, João da Santa, Mestre Tó, Zé Vieira, Nego Waldir, Eduardo Farinha D’água e Tabaco.

Os índios vestiam uma espécie de saiote feito de penas de avestruz e um peitoral ricamente adornado com pedrarias multicoloridas (o do Tiziu estampava um escudo do Fast Clube). As lanças eram feitas de cumaru e ostentavam uma afiada ponta de ferro.

Apesar de disfarçadas por dezenas de fitas coloridas, ninguém tinha dúvida: tratava-se de uma arma de guerra. Os cocares escondiam protetores de cabeça.

A barreira dos índios protegia o boi e os demais brincantes durante a briga de rua entre bumbás adversários.


Irmãos de Luiz Lobão e exímios capoeiristas, os saudosos Rui (pai do Charles Lobinho) e Moacir comandaram a barreira de índios do Corre Campo nos anos 70

Em 1945, Lauro Chibé criou um boi que durou até 1970, quando então Miro desmanchou e fez outro.

No novo bumbá, foram aprimoradas velhas bossas, incluindo um intrincado jogo de roldanas que permitia ao bumbá mexer a orelha, balançar o rabo e mostrar a língua, tudo ao mesmo tempo.

Nos anos 90, foi confeccionado um boi mais moderno pelo artista plástico Jair Mendes, que dura até os dias de hoje.

Mas vamos voltar um pouco no tempo.

Em 1952, o Fast Club promoveu um festival no antigo campo do Ipiranga e o Corre Campo tirou o 1° lugar.

O mesmo aconteceu em 1957, quando foi promovido o 1° Festival Folclórico do Amazonas no estádio General Osório.

No ano seguinte, em maio, um incêndio inexplicável consumiu a casa de Mestre Tó, já então morando na rua Urucará, também na Cachoeirinha, destruindo as fantasias e inúmeros troféus. O boi foi salvo milagrosamente.

Com a ajuda financeira de Gilberto Mestrinho, Renato Souza Pinto, Almino Afonso e Gregório Dias e de um autêntico mutirão dos moradores da Cachoeirinha, a fantasias do bumbá foram confeccionadas em tempo recorde e o Corre Campo pôde se apresentar no 2º Festival Folclórico, se tornando bi-campeão da sua categoria.

Para agradecer a ajuda recebida, o poeta Pedro Beira-mar compôs a seguinte toada: “A 17 de maio, nossa sede incendiou / como Deus não desampara a quem nunca lhe faltou / Mandou-nos Gilberto Mestrinho que muito nos auxiliou”.

Dois anos depois aconteceria a maior batalha campal entre os bumbás Corre Campo e Mina de Ouro de que se tem notícia na história do folclore amazonense. A presepada ocorreu no dia 1º de julho de 1960.

O bumbá Corre Campo havia se apresentado na residência de um abastado comerciante local, que estava localizada na rua Ferreira Pena, a dois quarteirões do Boulevard Amazonas, território do bumbá Mina de Ouro, cujo curral ficava no Seringal Mirim (hoje ocupado por uma sub-estação da Amazonas Energia).

Em vez de retornar pela Ferreira Pena até a Sete de Setembro e de lá ir pro seu curral, o Corre Campo resolveu cortar atalho para a Cachoeirinha indo pelo Boulevard Amazonas, para depois contornar o Cemitério São João Batista, pegar a rua Belém e descer em direção à rua Urucará, canto com a rua Ipixuna, onde ficava seu curral.

Quando o bumbá meteu a cara no Boulevard Amazonas, os brincantes do bumbá Mina de Ouro acharam que aquilo era uma provocação além da conta.

Armados de pau, pedras, facas e garrafas, ele fizeram um corredor polonês no Boulevard Amazonas, entre as ruas Ferreira Pena e a Getúlio Vargas.

O Corre Campo ficou parado no começo da rua, mas continuou com sua cantoria tradicional.

Para evitar uma pancadaria generalizada, Mestre Tó foi negociar com Mestre Cipitiba, dono do Mina de Ouro. Conversaram uns dez minutos.

Mestre Cepitiba explicou que o boi do Seringal Mirim deixava o adversário passar, desde que ele desfilasse em silêncio, como em uma procissão.

Mestre Tó reuniu seus brincantes e anunciou o resultado da conversa.

Os chefes da barreira de índios do Corre Campo – Miro, De Raça e Arrepiado – não aceitaram a proposta. A rua era pública, argumentavam.

Como eles não estavam cantando nenhuma toada de desafio, somente toadas de rua, não viam razão para aceitar aquela exigência descabida.

Mestre Tó e Mestre Cipitiba resolveram lavar as mãos.

Foi quando o amo Pedro Beira-mar resolveu chutar o pau da barraca.

Ele modificou os versos da mais famosa toada do Mina de Ouro (“Ei ferro, ei aço, eu te procuro mas não acho!”) e abriu o verbo: “Ei ferro, ei aço, no Boulevard não tem macho!”

Os 200 brincantes do Corre Campo começaram a repetir a ladainha a plenos pulmões.

Foi a senha para o começo da pancadaria.

Durante 50 minutos, cerca de 500 pessoas brigaram entre si, usando como armas tudo que estivesse ao alcance das mãos: lanças de guerra, candeeiros, baquetas, paus, pedras, facas, garrafas.

A rua se transformou numa verdadeira praça de guerra.

Ninguém conseguiu se aproximar do bumbá Corre Campo, já que a barreira de índios do pessoal da Cachoeirinha era verdadeiramente intransponível.

Quando a polícia finalmente conteve os ânimos, havia dezenas de pessoas com as cabeças quebradas, meia dúzia com ferimentos de faca e um morador do Boulevard Amazonas ferido a bala.

A polícia prendeu cerca de 100 brincantes do Corre Campo e igual número de brincantes do Mina de Ouro.

As rádios e os jornais passaram uma semana criticando a presepada. Quase que os dois bois eram rifados definitivamente da vida cultural de Manaus.

Desse dia em diante, nunca mais houve briga de bois bumbás na cidade.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pelos poderes de SÃO CIPRIANO e das três malhas que vigiam SÃO CIPRIANO, (Fulano) virá agora e imediatamente

atrás de mim. (Fulano)vais vir de rastos, apaixonado, cheio de amor, de tesão por mim, vais voltar para mim e pedires-me perdão

(ex: por tudo o que me fizeste passar, por me teres mentido...) e para (fazer o seu pedido – ex.: me pedir em noivado, em casamento)

o mais rápido possível.

SÃO CIPRIANO, fazei com que (Fulano) esqueça e deixe de vez qualquer outra mulher que possa estar em seu pensamento,

só a mim amando. SÃO CIPRIANO afastai de (fulano) qualquer mulher, que ele me procure a todo momento, hoje e agora,

desejando estar ao meu lado, que ele tenha a certeza de que sou a única mulher da vida dele.

São Cipriano, fazei com que (fulano)não possa viver sem mim, que não possa sossegar nem descansar, em parte alguma consiga

estar, sem que tenha sempre a minha imagem em seu pensamento, e em seu coração, em todos os momentos.

Que ao deitar, comigo tenha de sonhar, que ao acordar, imediatamente em mim tenha de pensar, só a mim possa desejar,

e apenas comigo queira estar.

São Cipriano, que (Fulano) pense em mim em todos os momentos de sua vida. Que (fulano) queira me abraçar, me beijar,

cuidar de mim, me proteger, me amar todos os minutos, todos os segundos, de todos os dias de sua vida.

Que me ame a cada dia mais e que sinta prazer somente comigo.

SÃO CIPRIANO faça (Fulano) sentir por mim amor, carinho e desejo, como nunca sentiu por nenhuma outra mulher e nunca sentirá.

Que tenha prazer apenas comigo, que tenha tesão somente por mim e que seu corpo só a mim pertença,

que só tenha paz e descanso se estiver comigo.

Agradeço-te SÃO CIPRIANO por trabalhares a meu favor e divulgarei teu nome em troca de amansar (Fulano)

e trazê-lo apaixonado, dedicado, fiel e cheio de amor e desejo aos meus braços. Peço-te meu glorioso São Cipriano para que (Fulano)

volte para mim, para o nosso namoro/ nosso amor/ nosso casamento, o mais breve possível.

Peço isso do fundo do meu coração, aos poderes das três malhas pretas que vigiam SÃO CIPRIANO.



Leia esta oração por três dias seguidos.