Pesquisar este blog

quarta-feira, janeiro 13, 2010

A verdadeira história de Kazem Kit Kat


Durante quatro séculos, sob o domínio do Império Otomano, a Síria e o Líbano eram uma coisa só.

No fim da Primeira Guerra Mundial, quando o Império Britânico e o Império Francês ganharam mandatos da Liga das Nações para administrar o Oriente Médio, a Síria e o Líbano ficaram sob controle da França.

Em 1926, a França criou duas entidades políticas separadas.

A independência do Líbano veio em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, quando a potência colonial, a França, estava sob ocupação nazista.

Foi feito então um pacto para dividir o poder entre cristãos e muçulmanos: o presidente seria sempre cristão e o primeiro-ministro, muçulmano.

A autonomia plena para o novo Estado foi permitida em 1944, mas as tropas francesas só abandonaram o país em 1947.

Nos anos seguintes, o Líbano recebeu 170 mil refugiados palestinos depois da derrota dos Exércitos árabes, entre os quais o libanês, na guerra de criação do Estado de Israel (1948-1949).

Exímio atirador, o libanês Kazem Mustafa El-Kebe, pai do antenado Salahadin El-Kebe (aka “Saleh”), havia participado da guerra de libertação do país e morto cinco oficiais do exército francês. Foi preso e condenado a quinze anos.


Quando as tropas francesas se preparavam para sair do país, ele foi indultado durante o feriado sagrado do Ramadã e voltou pra casa.

Nesse meio tempo, seu irmão caçula, chamado Khaled, havia conseguido um passaporte e uma passagem de navio para deixar o Líbano.

Sabendo que a situação de Kazem era muito mais difícil que a sua, Khaled falsificou o passaporte, colocando a fotografia do irmão no lugar da sua, e Kazem veio bater as asas em Manaus.

Sem falar a língua nativa e sem ter parentes na cidade, Kazem iria acabar se transformando em mais um pária desenraizado. A colônia árabe resolveu ajudar o novo patrício.

O comerciante Nasser Abrahim Nasser, pai da quituteira Charufe Nasser, contratou Kazem para comandar um de seus regatões, na região do rio Juruá.


Durante vários anos, Kazem singrou os rios do Amazonas até conseguir aprender o idioma nativo.

Em uma das viagens que fez pelo rio Madeira, conheceu a belíssima Raquel, filha adotiva do seringalista Miguel Bader, avô de Abrahim Aleme.

Também libanês, Miguel havia abrasileirado o próprio nome, Merdinhah, para não ser chamado pelos folgados nativos de “Merdinha”. Ele era tio legítimo de Kazem.

Raquel morava no Seringal São Miguel, localizado entre os municípios de Novo Aripuanã e Manicoré, e também ficou apaixonada pelo amável forasteiro.

Dois anos depois, Kazem trazia Raquel para Manaus, praticamente a raptando, já que o seu tio seringalista não aprovava aquele casamento.

Pensando em ter um negócio próprio que lhe possibilitasse constituir uma família, Kazem pediu as contas do patrão Nasser Abrahim Nasser e começou a trabalhar como marreteiro, vendendo pequenas quinquilharias pelas ruas de Manaus. Ganhava o suficiente para garantir o bem-estar da família.

No início dos anos 60, os negócios começaram a piorar até levarem o marreteiro à bancarrota.

Um dia, desesperado com a penúria, Kazem entrou no banheiro da loja de um patrício e cortou os dois pulsos.

Foi salvo milagrosamente por uma empregada, que quando se deparou com a presepada avisou ao patrão.

Principal figura da colônia árabe na cidade, o empresário Abdul Hazak, pai da pioneira da televisão Sadie Hauache, resolveu dar uma nova chance para o patrício.

Ele cedeu graciosamente um box que possuía em um edifício comercial para que Kazem iniciasse um novo negócio.

A lojinha, localizada na Joaquim Sarmento canto com a Sete de Setembro, foi batizada de “Kit Kat”. E foi com esse nome que Kazem passou a ser conhecido em Manaus.

Quando soube do negócio, o comerciante libanês Osman Hussein, que vinha namorando o box do edifício há alguns meses e oferecendo “luvas” milionárias pela aquisição do espaço sem que Abdul Hazak desse a mínima, ficou possesso.

Para se vingar, começou a espalhar, levianamente, que Abdul Hazak estava tendo um caso com Raquel, a dedicada esposa de Kazem.

Pai de três crianças (Seize, nascida em 1955, Joljamal, nascido em 58, e Saleh, nascido em 61), o ex-oficial do exército libanês não deu a mínima para as fofocas e continuou tocando a vida.


Quando moravam no Líbano, Kazem e um primo, Ali Rabih, passaram seis meses vivendo entre os beduínos da Síria. Os beduínos são um povo nômade que vive nos desertos do Oriente Médio e do norte da África.

Eles representam cerca de 10% dos habitantes do Oriente Médio e têm o nome derivado das palavras árabes al bedu (“habitantes das terras abertas”) ou al beit (“povo da tenda”).

O mais provável é que essa cultura tenha surgido ainda na Antiguidade, no norte da atual Arábia Saudita.

A partir do século 7, porém, quando os árabes conquistaram o norte da África, os beduínos se dispersaram também nesse continente.

Na Arábia, onde sempre viveram os grupos principais, as difíceis condições de vida no deserto geraram conflitos pelo uso de poços de água e pastagens, levando bandos de beduínos a eventuais ataques a caravanas e outras formas de roubo contra vizinhos e forasteiros.

Após a Primeira Guerra Mundial, o estilo de vida desse povo começou a entrar em decadência. Submetidos ao controle dos governos dos países onde viviam, eles passaram a enfrentar dificuldades para perambular à vontade como nômades.

O número de beduínos diminuiu e hoje o estilo de vida deles é cada vez mais sedentário – a Arábia Saudita e a Síria, por exemplo, nacionalizaram terras usadas pelos beduínos.

A hierarquia entre os beduínos é curiosa e pode ser percebida pelo animal que cada grupo usa como base de vida. Os grupos de maior prestígio são os nômades que usam camelos, organizados em grandes tribos nos desertos. Já os criadores de cabras e ovelhas vêm em segundo lugar na hierarquia.

Os beduínos vivem em tendas esticadas sobre estacas de madeira, num acampamento fácil de montar e desmontar. As tendas têm cerca de 2,5 metros de altura e menos de 6 metros de comprimento.

Quando o acampamento é armado, um tapete grosso é estendido no chão, onde ficam selas de camelo, cordas, panelas e gamelas com água.


Durante os seis meses que Kazem passou entre os beduínos, ele se aprofundou na medicina tradicional daquele povo, tornando-se um exímio massagista e tendo um domínio completo sobre remédios à base de ervas, orações de cura e outras atividades correlatas.

Quando veio pra Manaus, Kazem começou a exercitar seus conhecimentos entre os amigos mais íntimos, mas, em pouco tempo, a fama daquele massagista milagroso começou a circular pela cidade.

Dezenas de pessoas o procuravam diariamente. Ele atendia a todos e nunca cobrou um centavo pelas curas que realizou.

Na manhã de um domingo de 1964, o pacato Kazem, em companhia do filho Joljamal, de oito anos, estava fazendo uma visita de cortesia ao empresário Khaled Hauache, em sua imponente residência, na avenida Getúlio Vargas, quando Osman Hussein, visivelmente embriagado, chegou ao recinto e começou a xingar o conterrâneo com palavras de baixo calão ditas em árabe.

Kazem resolveu chutar o pau da barraca e desafiou Osman para um duelo. Ele aceitou.

Kazem colocou Joljamal no seu fusca azul piscina e se dirigiu até a loja Kit Kat, para se armar.

Quando ele entrou na loja, o moleque Nabil, filho da Dona Olga, do restaurante Beirutão, quebrou o pára-brisa do fusca com uma pedrada com caroço de tucumã.

Antes de dar no pé, ele explicou ao pequeno Joljamal que havia recebido dinheiro de Osman Hussein para fazer a travessura. Joljamal contou a presepada para o pai.

Kazem pediu para o filho ir se encontrar com dona Raquel, que estava na casa de Ali Assen, ali perto. O pequeno Joljamal fingiu que ia, mas preferiu se esconder na Praça da Matriz para assistir ao duelo.


Alguns minutos depois, Osman estacionou o seu Simca Chambord prateado na rua Joaquim Sarmento, antes do cruzamento da rua Henrique Martins, e desceu armado com uma pistola semi-automática alemã Luger P-08 (também conhecida como Parabellum 9 mm), se dirigindo em direção ao inimigo.

No canto da Joaquim Sarmento com a Sete de Setembro, estava Kazem, armado com uma pistola semi-automática Browning HP35 (High Power), também de 9 mm. Kazem gritou, em árabe:

– Osman, seu filho da puta, hoje você vai aprender a respeitar as pessoas. Chegou o teu dia, filho da puta, e espero que Alá não tenha misericórdia da tua alma miserável!

Ouvindo aquilo, Osman começou a atirar tresloucadamente.

Kazem se escondeu atrás de um poste. Quando Osman descarregou a arma e viu a besteira que havia cometido, tentou fugir em direção ao seu carro.

Kazem saiu de detrás do poste e deu um único tiro. Acertou na nuca de Osman. Ele caiu na porta do auditório da rádio Difusora (atualmente, o local é ocupado por uma loja City Lar).

Dois policiais militares que passavam pelo local e ouviram os estampidos, se aproximaram de Kazem.

Ele entregou a pistola, relatou o que havia acontecido e, em companhia dos meganhas, subiu a Sete de Setembro, para se entregar na Chefatura de Polícia, que funcionava na Marechal Deodoro.

A radialista Maria da Fé, a “Fezinha”, foi a primeira a ver Osman agonizando na entrada da rádio. Ela colocou a boca no trombone (a rádio Difusora já era campeã de audiência).

Em questão de minutos, o comerciante Mussa, irmão de Osman, chegou ao local. Ele pegou a pistola no chão, recarregou com um novo pente de balas e saiu em busca do matador do irmão.

Kazem e os dois meganhas ainda estavam caminhando na Sete de Setembro, quase chegando ao canto da Marechal Deodoro, quando foram surpreendidos pelo novo tiroteio.

Em vez de reagirem e atirarem no novo agressor, os meganhas se limitaram a devolver a pistola para Kazem e sair correndo.

Kazem, de novo, disparou um único tiro. Acertou no joelho de Mussa, que desabou no chão feito um pacote bêbado. Ficaria aleijado pelo resto da vida.

Caminhando sozinho, Kazem foi até a Chefatura de Polícia e entregou a arma para José Ribamar Afonso, o “Delegado do Diabo”. Foi preso sem esboçar resistência.

O julgamento de Kazem Kit Kat, dois anos depois, foi um dos mais concorridos da cidade.


A favor de sua boa índole, testemunharam o ex-prefeito Josué Cláudio Souza, o jornalista Abrahim Aleme e o poeta Jorge Tufic.

Mas ajudando a promotoria de justiça na acusação, estava o competente advogado Aristofanes Castro, pai do também advogado Ari de Castro Filho, que simplesmente eletrizou o corpo de jurados.

Kazem foi condenado a 15 anos de prisão, em regime fechado. Quando o julgamento terminou, Kazem fez questão de apertar a mão de Aristófanes Castro:

– Parabéns, o senhor é um homem digno de ser cumprimentado porque em nenhum momento colocou em discussão a minha honra ou a da minha esposa!

Trancafiado na Penitenciária do Estado, Kazem Kit Kat logo se tornou uma verdadeira liderança entre os presos. Era ele que organizava os campeonatos de futebol, as aulas de alfabetização e promovia as atividades culturais do presídio.

Em virtude de seu bom comportamento, começou a ter o privilégio de deixar a penitenciária, durante os dias de domingo, para dar massagens e rezar em doentes, tendo como base a casa de dona Fernanda, mulher do empresário Ronaldo Almeida, um dos donos das Lojas Rivera, localizada na estrada do Paredão.

Certa feita, ele foi chamado na sala do diretor da Penitenciária para tratar de um enfermo que mal conseguia caminhar há vários dias, se queixando de dores lancinantes na coluna cervical e nos quadris.

Depois de meia hora de massagens e dezenas de orações recitadas em árabe, o sujeito se levantou para agradecer por aquela cura milagrosa. Era o advogado Aristófanes Castro, que passou a lhe devotar uma admiração especial e uma amizade desmedida.

Nos Estados Unidos, as pessoas costumam se dividir em dois grupos. Quem nasceu antes de 1969 e quem nasceu depois.

O dia 20 de julho de 1969, um sábado, foi um marco na história norte-americana e na do resto do mundo também: foi o dia em que o homem finalmente pisou na Lua, o único satélite natural da Terra, distante 384 mil quilômetros de nós.

A façanha foi realizada por dois astronautas norte-americanos, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, integrantes da missão Apollo 11. Milhões de pessoas acompanharam a chegada do homem à Lua pela televisão, que transmitiu as cenas via satélite.

Mas até hoje tem gente que não acredita. Parecia mesmo incrível que a tecnologia pudesse realizar uma façanha como aquela.


No dia seguinte, domingo, enquanto a população ainda discutia a façanha dos astronautas norte-americanos, o pacato Kazem Kit Kat iniciava mais um dia de labuta: à tarde, no Parque Amazonense, rolaria o clássico Rio-Nal.

Os jogadores do Nacional já estavam esperando na casa de Dona Fernanda para receberem a massagem milagrosa, que os transformava em aguerridos guerreiros beduínos.

Enquanto Kazem iniciava sua caminhada pela estrada do Paredão, um jovem libanês de 18 anos andava pelos boxes do Mercadinho da Cachoeirinha, localizado em frente à Penitenciária, mostrando uma pequena fotografia e indagando dos feirantes se alguém conhecia aquele homem. A fotografia era de Kazem.

Num português arrevezado, o libanês explicava que era seu tio e que precisava urgentemente falar com ele. A única coisa que sabia é que ele estava preso na penitenciária. Alguém, inadvertidamente, explicou a rotina dominical de Kazem.

O moleque ficou de campana, embaixo da ponte Juscelino Kubitschek, que liga Educandos à Cachoeirinha.

Por volta das 4h da tarde, Kazem começou a atravessar a ponte em direção à penitenciária.

O moleque entrou na ponte, atrás de Kazem, e gritou em árabe:

– O senhor é o comerciante Kazem Mustafa El-Kebe?

Pensando tratar-se de mais um patrício em apuros, Kazem se virou para trás e, sorrindo amistosamente, assentiu afirmativamente com a cabeça.

Recebeu uma saraivada de tiros. Teve morte instantânea.

O moleque, visivelmente assustado, parou um táxi que ia passando. O motorista do táxi havia presenciado o assassinato e também conhecia a vítima.

Fazendo-se de desentendido, ele levou o táxi pra Cachoeirinha, entrou pela rua Ramos Ferreira, desceu a Getúlio Vargas e na Saldanha Marinho, quando se preparava para pegar a Marechal Deodoro e parar na Chefatura de Polícia, foi rendido pelo moleque.

O garoto, visivelmente em pânico, desceu do carro com a arma ainda em punho, mas foi preso pela polícia alguns quarteirões depois.


O assassinato de Kazem Kit Kat deixou a cidade consternada. Milhares de pessoas participaram de seu velório.

O moleque foi removido para a penitenciária em regime de isolamento, enquanto aguardava seu julgamento. Sua foto foi publicada em todos os jornais.

Na primeira vez em que colocou os pés fora da cela, o infeliz recebeu uma estocada de chuncho (espécie de faca feita com flandres de latas de conserva), que quase lhe decepou as vísceras.

Foi removido para a Beneficente Portuguesa, entre a vida e a morte, mas, milagrosamente, sobreviveu.

O autor da estocada tinha sido Nelson Pirralho, preso pela prática abusiva do “jogo da Pretinha” e ex-companheiro de cela de Kazem.

O alarme vermelho soou na colônia árabe. Do jeito que Kazem Kit Kat era querido na penitenciária, aquele moleque não sobreviveria uma semana no meio das feras.

Ninguém até hoje sabe como, mas o certo é que, se aproveitando da leniência das autoridades policiais, o moleque foi removido do hospital na mesma noite e supostamente despachado de volta para o Líbano.

Nos anos 80, o advogado Alberto Simonetti cruzou com ele, casualmente, em uma das ruas de Nova York, mas o sujeito não quis muito papo.

Negou veementemente as acusações do advogado, explicou que nunca tinha colocado os pés em Manaus e escafedeu-se sorrateiramente.

Há suspeitas – nunca confirmadas – de que Hassan Hauache, irmão gêmeo de Khaled, estivesse por trás da fuga cinematográfica.

Quando os envolvidos subirem para o andar de cima, Kazem vai colocar as coisas em pratos limpos.

Em nome de Alá, o misericordioso!

5 comentários:

Bia mais Bela disse...

Espetacular! Sua narrativa faz com que a gente entre na história, sinta os detalhes da época e aprenda um pouco mais sobre nossa cidade!

Anônimo disse...

Fantástica Narrativa Simão! Cara, sou da nova geração e seu fã. Espero que você coloque em texto todos os eventos que tem na memória pois não podemos deixar de viver esses magníficos episódios. Você tem algum livro publicado com esses episódios de Manaus? Se tiver, por gentileza indicar onde posso adquirir um. Abraços e parabéns pelo belo texto.

ILMAIR FARIA disse...

Excelente narrativa Simão. Conheço esse caso porque além de ter sido vizinha do sr. Kazem e família, foi meu pai Dr. OLAVO RIBEIRO DE FARIA quem o defendeu no júri!Foi um julgamento fantástico!Mas a condenação era esperada. Ainda assim ele foi muito grato ao meu pai, pois viu o trabalho que foi feito com toda dedicação e conhecimento.
Realmente ele sempre foi muito pacato e agiu em defesa de sua honra e da honra de sua mulher Raquel, da qual nunca se ouvira falar mal. Que no outro plano Deus tenha tido misericórdia dele e que esteja em paz!

Unknown disse...

Hoje, 06 de setembro de 2015, tive a oportunidade de ler "A verdadeira história de Kazen Kit Kat". Fiquei impressionado pela narrativa.
Que Ala tenha tido compaixão dos personagens, mas como um realizador de filmes em curta-metragem, não pude deixar de vislumbrar essa história no cinema.
Terminei a leitura com a respiração presa.

Unknown disse...

Preciso entrar em contato com o Dr Olavo Ribeiro de Faria, vi que o filho do mesmo comentou acima. Poderia ligar ou fornecer seu numero? meu numero é (92) 99136-6348, tem um cineasta fazendo um filme em Rondônia, a respeito de um processo que seu Pai teve participação e gostaria de conversar com ele;