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sexta-feira, fevereiro 26, 2010

Boca livre no Pina Chope


A Profª Drª Iraildes Caldas Torres e o escritor Evaldo Ferreira, respectivamente Diretora e Assessor de Comunicação da Editora da Universidade Federal do Amazonas (EDUA), convidam os amantes da boa literatura para o lançamento do livro “Cinema e Crítica Literária de L. Ruas”, do historiador Roberto Mendonça.

O fuzuê vai rolar no Espaço Cultural Pina Chope (altos), na Av. Joaquim Nabuco, 931 – próximo à Rua Lauro Cavalcante, a partir das 19h dessa sexta-feira. Quem perder é fedepê.

Sobre a obra, o poeta, escritor e acadêmico Zemaria Pinto (mais imortal do que o Fantasma-que-anda) escreveu o seguinte texto:

L.Ruas é um ícone da literatura amazonense. Figura controversa, suas aulas de Filosofia, no velho seminário transformado em Instituto de Ciências Humanas e Letras, ao final dos anos 70, eram das poucas a manter a audiência em alta entre os futuros economistas, no meio dos quais eu, tímido por natureza e intimado pela figura do mestre: a tez acobreada contrastando com branca e densa cabeleira, o cigarro sempre entre os dedos e língua permanentemente afiada. Diziam-se coisas do mestre: no mínimo, que era um padre comunista...

Numa ocasião, alguém ousou tecer um comentário desairoso sobre a Teologia da Libertação. Se um pombo dos muitos que voejavam errantes pelo ICHL entrasse em sala naquele instante, diria que era o próprio Espírito Santo que fora assistir ao mestre defender a luta de classes e o socialismo sob uma perspectiva cristã. Naquele momento, lamentei não ser cristão. Aliás, por muito pouco não me converto.

Mas as melhores lembranças que tenho de L. Ruas são bem anteriores ao vetusto prédio da Emílio Moreira. Seus poemas e crônicas publicados nos jornais da cidade, trazidos à noite por meu pai, eram sempre motivo de prazer, reveladores de uma cultura que eu, adolescente, desejava para mim. Debalde, desde então, tenho tentado.

Literatura, cinema, arte, política, comportamento - nada escapava ao olhar aguçado do mestre. Olhar enigmático e zombeteiro, que não dispensava uma ironia e uma boa polêmica.

Esse trabalho, organizado pelo historiador Roberto Mendonça, resgata a face cronista de L. Ruas. Gênero difícil, pois feito para consumo imediato, reconhece-se o bom cronista quando, anos depois, se lê sua obra. Se ainda mantém o interesse, se não foi tragada pelo tempo, sobressai-se a qualidade do autor.

É o caso desta coletânea, que conta um pouco da história de Manaus, pelos filmes, pelos livros, mas, sobretudo, pelas ideias que o autor coloca em pauta. Ao notável poeta junta-se agora o cronista, rigoroso e perspicaz, expressão perfeita do grande artista que foi L. Ruas.

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