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quinta-feira, março 18, 2010

E o Geraldão ficou sem pai nem mãe

Colegas quadrinistas, jornalistas e autoridades como o presidente Lula e o ministro Juca Ferreira lamentaram a morte do cartunista Glauco Villas Boas nesta sexta-feira (12). O artista e seu filho, Raoni, foram baleados em sua casa em Osasco, na Grande São Paulo, nesta madrugada.

Caco Galhardo, quadrinista - "Todo mundo está muito chocado. O Glauco é um grande talento que perdemos subitamente. Para todos os cartunistas foi uma grande referência. O Geraldão é uma grande referência e o Glauco era um cara pacífico. Como alguém pode fazer uma coisa dessas? O atirador não tem noção. O Glauco era um gigante. Ele tinha o dom de repetir a mesma piada e ser engraçada dez mil vezes. O mundo acordou mais xarope hoje."

Angeli , quadrinista - "Essa situação tirou o meu chão e o do Laerte. Hoje ficamos mais pobres."

Adão Iturrusgarai, quadrinista - "É uma tragédia. Não é ler que o Glauco morreu. É ler que ele foi assassinado. E junto a um filho. Não fomos amigos tão próximos, mas estou bem chocado. É muito triste ver isso acontecendo. Não existe mais ética moral no ser humano. Hoje em dia, um ladrão não te assalta com um 38 - ele entra na sua casa com um fuzil. A violência virou uma epidemia de falta de moral. Algo que começa em Brasília e se estende pela sociedade. Ele foi uma influência muito forte, poderosa. Tenho desenhos que fiz na década de 80 que são muito parecidos com os do Glauco, uma coisa meio Henfil, caligráfica, típica de quem não sabe desenhar muito bem. Vai ser um dia de m...."


Adão, Laerte, Angeli e Glauco, autores da série 'Los 3 amigos', em foto de 2002 (Foto: Leopoldo Nunes/JC Imagem/AE)

Toninho Mendes, editor - “Com ele morre uma parte do que esse país tinha de alegre, respeitoso, diferente e em busca do futuro. Estou sem condições de falar. Você não imagina o meu estado de transtorno. A gente trabalhou juntos na Circo, por quase dez anos. Eu não consigo acreditar no que está acontecendo.”

Lula , presidente da República - "Glauco foi um grande cronista da sociedade brasileira, entendia os usos e costumes da nossa gente e expressava isso com inteligência e humor. (...) Foi uma perda tremenda. Diante dessa verdadeira tragédia, quero expressar meu sentimento de pesar a familiares, amigos e admiradores."

José Serra, governador de São Paulo - "Lamento a morte trágica e precoce do cartunista Glauco. Dono de um traço caligráfico, ele criou toda uma galeria de personagens, alguns tão familiares que são hoje parte do nosso cotidiano nas 'tirinhas' dos jornais. Era um crítico dos usos e costumes do nosso país sem perder a leveza e o humor tão brasileiro de seu desenho. Nesta hora de dor, quero expressar à família, amigos e fãs do cartunista nossas condolências."

Juca Ferreira , ministro da Cultura - "Glauco encarnava uma soma de qualidades tão rara a ponto de parecer ficcional: o anarquismo explosivo que marcava os personagens –desenhados num cubismo aparentemente simples; a doçura no trato com as pessoas; e a condição de fundador de uma igreja do Santo Daime. Essa sua natureza se choca de maneira inexplicável com a morte violenta dele e do filho --pelo que transmito meu abraço de conforto à família e aos amigos. Como apontam os colegas de diferentes gerações, Glauco renovou os quadrinhos ao dar novo peso à dimensão do comportamento numa época em que a temática política reinava quase absoluta. (...) Como se esquecer de Los Tres Amigos, Geraldão, Dona Marta e tantos outros – e, é claro, como se esquecer do próprio Glauco?"


O cartunista Glauco, em foto de 1986 (Foto: Juvenal Pereira/AE)

Maurício de Sousa, quadrinista - "Como eu disse no primeiro momento, no Twitter, o fato é tão chocante que nossa reação não pode ser medida em palavras, mas em um sentimento de dor, luto e desesperança. Apesar disso, nós sairemos do choque. E vamos encontrar caminhos, mesmo que sejam longos, demorados, para contermos essa onda de irracionalidade e desumanidade. Famílias bem formadas, educação, fé em Deus, justiça social serão alguns dos pontos por onde passará o caminho do respeito à vida. Vamos lutar para isso. Como tributo ao Glauco e ao Raoni."

Fernando Gonsales, quadrinista - "É um acontecimento muito triste. Ele era um cara muito legal e que fará muita falta. Eu acho que o trabalho dele, de um jeito ou de outro, influenciou a minha geração. Ele deu uma escrachada que revolucionou. É assim que o vejo: como um dos grandes revolucionários do humor brasileiro."

José Hamilton Ribeiro , jornalista que deu primeiro emprego de cartunista a Glauco, no "Diário da Manhã" - “Quando ele chegou conosco a Ribeirão Preto (interior de SP), tinha um jeito tímido, meio hippie. Mas ao mostrar o traço, ainda rude, já mostrava duas qualidades que todo bom quadrinista persegue: alta capacidade de síntese e habilidade para ‘bater na cabeça’ do leitor. Para mim, é uma perda enorme. Deixa de existir uma pessoa que tinha uma consciência ecológica, um respeito pela natureza e, principalmente, pela dignidade humana”.

Allan Sieber, quadrinista - "Eu infelizmente nunca cruzei com ele, era o único que não conheci pessoalmente da turma dos Los 3 Amigos. Mas segundo os chegados, era um gênio da resposta rápida, muito rápido no gatilho mesmo. Eu - e creio que toda minha geração - fui muito influenciado por aquela cena paulista que o Toninho Mendes agregou ao redor dele, como Angeli, Glauco e Laerte. E o Glauco foi o que introduziu um elemento anárquico muito saudável nessa turma. Vai fazer falta."

Chico Caruso, cartunista - "Era um cara bem engraçado, esperto, com um trabalho sempre jovem. Ele foi o primeiro a publicar genitália desnuda em um grande jornal. Aquela secretária, a Dona Marta, o Geraldão, são personagens geniais! Que tragédia, perdemos um grande talento do humor.

Gabriel Bá, quadrinista, no Twitter - "Que merda! O Glauco foi morto a tiros em casa! Um filho também morreu! Que bosta!

Simão Pessoa, gerente do mocó: Eu só vim saber da presepada na última segunda-feira, já que estou sem internet em casa e não costumo assistir televisão. Estou triste até agora. Há 20 anos, um amigo meu esteve visitando o Céu do Mapiá, em Pauini, onde se localiza a principal corrente do Santo Daime no Brasil (ligada ao falecido padrinho Sebastião). Ele voltou assustado. Os caras haviam introduzido o consumo da maconha (denominada de Santa Maria) nas reuniões daimistas. Estava na cara que um dia ia dar merda (só não sabia que o querido Glauco pagaria o pato). Nenhuma outra corrente que usa ayhuasca (UDV, Alto Santo, Barquinha, etc) admite o consumo da maconha em seus rituais. Os dirigentes do Céu do Mapiá (padrinho Alfredo, padrinho Alex Polari, etc) são os responsáveis diretos pela morte do Glauco. Que a terra lhes seja leve, malditos!

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