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sábado, julho 10, 2010

A História dos Quadrinhos (Final)

Na virada para a década de 40, o conceito de justiceiro mascarado estava em voga. Os dramas radiofônicos haviam introduzido Lone Ranger. O Fantasma fazia sucesso nos jornais e Hollywood acabara de realizar “A Máscara do Zorro”.

Dá-se na Detective Comics 27 (maio de 1939) a primeira aparição de Batman. Imaginado por Bob Kane e Bill Finger, Batman foi o primeiro herói a usar uniforme como parte integrante de sua personalidade.

Logo vieram outros super-heróis, que como Superman e Batman seriam totalmente reformulados com o passar dos anos. Na verdade, apenas Batman não partia de uma concepção ingênua e juvenil. Muito pelo contrário.

Flash, cujo uniforme lembrava Hermes, o mensageiro dos deuses, foi o primeiro super-herói com um poder específico: super-velocidade, adquirida num acidente com substâncias químicas.

Flash Comics 1 também apresentou o Gavião Negro (Hawkman) de Gardner Fox, que era a reencarnação de um príncipe egípcio traído pelo deus-ave Anubis. Seu uniforme possuía um par de asas artificiais que lhe permitiam voar. Em Flash Comics 24, sua namorada, Shiera, adotou traje similar e se tornou a Mulher-Gavião.

Mulher-Maravilha, a primeira heroína a ter revista própria, era a Amazona vencedora do torneio de Afrodite, escolhida para lutar contra Ares. Claro que Hitler estava do lado do deus da guerra. O background mitológico era apenas um pano de fundo para Charles Moulton, que pretendia ensinar através das aventuras de Mulher-Maravilha que o amor é mais forte do que a violência. Mas o autor morreu antes de completar sua saga e a história ganhou outros rumos.

O Espectro, criado em 1940 por Bernard Bailey, a partir de uma idéia de Joe Shuster, era o fantasma de um policial assassinado por gângsteres, que usava poderes sobrenaturais no combate ao crime.

Foram os super-heróis que iniciaram a era de ouro dos quadrinhos. Sua popularidade detonou um boom criativo, a partir dos anos 40, que acabou fixando os quadrinhos como uma forma própria de Literatura.

O primeiro super-herói dos Comics Books surgiu num fanzine de ficção científica, cinco anos antes de sua aparição na capa de estréia da revista Action Comics. Tratava-se de um fantástico ser do espaço com super-poderes, recusado por inúmeras editoras sob a acusação de ser uma idéia infantil.

Seus autores, Jerry Siegel e Joe Shuster, tinham apenas 17 anos quando convenceram a National Periodical a publicá-lo.

Sua concepção original era bastante juvenil e combinavam características de diversos personagens dos pulps, que costumavam ter centenas de seres espaciais, duplas identidades, repórteres e heróis invencíveis no combate ao crime.

Sua própria identidade secreta é uma pista. Não seria Clark Kent a junção dos nomes de Clark Savage Jr. (Doc Savage) e Kent Alard (Sombra)?

As páginas de Action Comics também serviram de berço para O Vigilante, o cowboy do Oeste que montava uma moto ao invés de um cavalo, assim como Mr. América, o primeiro super-herói patriótico, além de aventuras da selva (Congo Bill), box (Pep Morgan), mágicos (Zatara), policiais (Scoop Scanlon), quadrinhos históricos (Marco Polo) e até mesmo funnies (Estica e Espicha).

Mas nada superava o entusiasmo despertado por Super-Homem, a primeira revista a publicar aventuras totalmente inéditas (desde 1937).

Suas histórias eram publicadas na revista More Fun Comics, que também lançou Aqua-man, Arqueiro Verde, Superboy e Senhor Destino (Dr. Fate), outro super-herói com poderes sobrenaturais, adquiridos graças à intervenção de um alienígena que viveu entre os faraós.

O Lanterna Verde, de Martin Modell, também possuía poderes incríveis, adquiridos de uma fonte alienígena: um anel de energia verde que poderia transformar todos os desejos em realidade...

A lista de heróis da National dos anos 40 é interminável. A National foi também a primeira editora a reunir vários heróis numa mesma história.

O primeiro grupo de super-heróis, a Sociedade de Justiça da América foi fundada em 1940 com oito integrantes: Flash, Gavião Negro, Lanterna Verde, Senhor Destino, Espectro, Átomo, Homem-Hora e Sandman.

Com o passar dos anos, a equipe sofreu reformulações, até cair no limbo em 1949.

Mas os super-heróis não eram uma exclusividade da National. Na primeira edição de Police Comics (agosto 1941), debutava o Homem-Borracha (Plastic Man), de Jack Cole, que podia se esticar como um elástico e assumir mil e uma formas.

O curioso é que o personagem era originalmente um criminoso, que adquiriu seus super-poderes num assalto frustrado a um indústria química, derrubando pingos de um misterioso ácido sobre seu corpo.

A Fawcett, por sua vez, explodiu nos Comics com seis letras: SHAZAM!, invenção do artista C. C. Beck, que deu origem ao Capitão Marvel em 1940.

O pequeno Billy Batson se tornava o mortal mais poderoso do mundo pronunciando a palavra mágica, que era acróstico de Salomão, Hércules, Atlas, Zeus, Aquiles e Mercúrio, entidades que lhe forneciam super-poderes idênticos aos de super-homem.

Logo surgiram o Capitão Marvel Jr. e Mary Marvel. Seu sucesso chegou a ameaçar o vôo solitário de seu concorrente de Krypton, tornando-se o primeiro super-herói adaptado por um seriado de aventura de cinema.

Os super-poderes da National, porém se mostraram implacáveis. Acionada por plágio e vencida na Corte, a Fawcett teve de desistir de seu herói, entregando os direitos de publicação para a editora do primeiro Super-Homem.

A Fox Features Syndicate possuía um cast invejável de super-heróis, como o exótico Flame (1940) de Basil Bertold e Lou Fine, iniciado por monges tibetanos na arte da auto-defesa e dos segredos dos lamas, que incluíam o poder místico sobre o fogo, ou o Besouro Azul (Blue Beetle) de Charles Nicholas, que possuía um traje a prova de balas e aprofundava suas habilidades tomando uma dose periódica de um componente farmacêutico secreto.

Junto a Sansão, a dupla chegou a formar um grupo chamado Big 3 (1940), que entrou para a história por debochar de Roosevelt, Churchill e Stalin. Os congressistas americanos, porém, não gostaram muito da piada e votaram pela suspensão da revista, bem como dos títulos individuais dos personagens.

Nos anos, 60, o Besouro Azul voltou a ação através da Charlton Comics, editora que, por sua vez, teve seus personagens adquiridos pela DC. Atualmente, o Besouro Azul integra a reformulada Liga da Justiça, grupo sucessor da Sociedade de Justiça da América.

A maior curiosidade da Fox, porém se chamava Thor, um super-herói baseado na mitologia nórdica.

Thor surgiu em 1940, quando um jovem cientista chamado Dr. Grant foi quase eletrocutado em uma experiência com novo condutor elétrico. O acidente revelou que ele era herdeiro do poder sobrenatural antigo Deus do Trovão.

A partir de então, sempre que a vida de Grant era exposta ao perigo, o espírito de Thor se apossava de seu corpo e lhe conferia super-poderes. Duas décadas depois, o personagem e o conceito de Thor seriam revividos pela Marvel Comics Group. Mas isto é tema para outra bat-hora e outro bat-canal, a ser contada pelo gênio Stan Lee.

Galeria de Personagens

A luta de Flash Gordon contra o tirano do planeta Mongo é o maior épico dos quadrinhos. Seu estilo kitsch mistura cenários medievais com naves futuristas, pinceladas seguras e traços turbilhonados. Na Itália, Flash Gordon chegou a ser desenhado por Fellini. Após a Segunda Guerra, Alex Raymond foi o primeiro autor de quadrinhos a expor suas telas na National Gallery (Washington).

Mandrake, o mágico criado por Lee Falk e Phil Davis em 1934, era um gentleman aventureiro e detetive que usava poderes sobre naturais(posteriormente, hipnotismo). Mandrake era acompanhado por seu servo (depois, parceiro) Lothar, um príncipe africano, que foi o primeiro personagem negro importante dos quadrinhos.

Príncipe Valente de Hal Foster é mais do que um comic, é quase um romance. A trama começa com Val criança e continua através de seu filho mais velho, Arn, décadas após os eventos que tornaram o príncipe Cavaleiro da Távola Redonda. A mais impressionante inovação de seus desenhos hiper-realistas – que não usava balões mas legendas – eram os quadrinhos panorâmicos, que chegavam a ocupar dois terços de uma página.

Milton Caniff pesquisou exaustivamente antes de lançar Terry e os Piratas. Nessas pesquisas, encontrou o recorte de jornal sobre a mulher pirata que aterrorizou a China nos anos 30 e que inspirou a criação de Dragon Lady, a mais misteriosa mulher fatal de todos os quadrinhos. Caniff também foi um dos primeiros a explorar as possibilidades do sombreamento. Seu mérito, contudo, foi no trabalho de enquadramento, que antecipou princípios da linguagem cinematográfica.

Superman inaugurou a era dos super-heróis saltando sobre edifícios, levantando pesos “incríveis” e correndo mais rápido do que uma locomotiva. Além disso, Superman podia colocar todos os fortões em cima de edifícios e atrair as meninas mais bonitas da cidade (especialmente sua colega de trabalho, Lois Lane). Graças a esta idéia juvenil dos garotos de 17 anos Jerry Siegel e Joe Shuster, os quadrinhos nunca mais foram os mesmos.

Batman era mais barra pesada: sua origem estava ligada à vingança de um menino, que presenciara o assassinato dos pais por um assaltante num beco escuro. Pra piorar, ele ainda vestia um uniforme sinistro... A pressão acabou levando seu autor, Bob Kane, a conceber o primeiro parceiro juvenil dos super-heróis, Robin, um adolescente de 13 anos com quem o público podia se identificar.

The Spirit, criado por Will Eisner em 1944, possui muito mais violência, humor e maturidade que qualquer outro comic do seu tempo. Eisner foi um visionário. Em diversas ocasiões, desenhou Spirit apenas como um personagem secundário, como contraponto de crônicas urbanas.

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