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terça-feira, outubro 19, 2010

Causos de Bambas - Sebastião Nery

Não há nada mais desesperador que noite de autógrafos para o autor do livro a ser lançado.

Na hora da dedicatória, esquece-se até de nome de filho, de mãe, de pai, de parente próximo, o que dirá de amigo.

O deputado Sebastião Nery, em campanha eleitoral, lançava livro na Cinelândia e naturalmente sua assinatura era muito disputada por correligionários, eleitores, amigos velhos e novos e o povo em geral.

Durante a provação, a memória massacrada, surge-lhe na frente um cavalheiro tonitruante, grandalhão, acompanhado de mulher e filhos e, em voz alta, desafia:

– Se não me disser meu nome, perde meu voto e destes todos aqui!

A vida é muito misteriosa.

No tumulto indescritível da grande esplanada da Cinelândia, abriu-se uma clareira de luz nas bilhões de lembranças do Nery e emergiu, cristalino, o nome do homem:

– Claro que sei! Hélio Gábolo Pinto Coelho, meu dirigente sindical predileto e ainda por cima baiano!

Cinco votos.

Ainda Sebastião Nery, ainda a mesma noite, ainda a Cinelândia.

Uma das compradoras do livro, moça desconhecida, apresentou-se para o autógrafo.

– Qual o seu nome, minha filha? – perguntou o escritor.

– Michelle.

Parece que se arrependeu, pois curvou-se e sussurou no ouvido de Nery:

– Olha, Michelle é nome de guerra. Eu me chamo mesmo é Sebastiana.

Dedicatória:

“Querida Michelle. Ajude seu xará.”

Causos de Bambas: Hugo Bidet

O falecido escrivão juramentado Hugo Leão de Castro (esse aí de cavanhaque), identificável na igualmente falecida Ipanema apenas como Hugo Bidet, era um inveterado boêmio e um doce vagabundo.

O apelido surgiu após promover uma feijoada para 50 amigos em seu apartamento.

Na falta de panelas, colocou os ingredientes da feijoada em um bidê que acabara de comprar.

De tão popular, o “sobrenome” passou a ser impresso até em seus talões de cheque.

Hugo Bidet tornou-se uma lenda de Ipanema dos anos 1960.

Diziam que estava em todos os bares do bairro (no mesmo horário).

Sempre de bolsa - foi um dos primeiros homens cariocas a usá-la - e, geralmente, na companhia de um ratinho branco.

A alegria maior eram os desfiles da Banda de Ipanema, da qual foi um dos fundadores e uma espécie de baluarte.

Empunhava um imponente trombone e, no meio da algazarra, ninguém percebia que ele apenas fingia tocar o instrumento.

Entre um chope e outro, atuava em peças de teatro e filmes.

Era artista plástico de talento.

Mas, quando perguntavam sua profissão, respondia com pesar: “Não sou músico”.

Está na história também por fundar a feira hippie da praça General Osório.

Escrevia ainda roteiros para tevê e colaborava com o Pasquim.

Inspirado na sua figura, aliás, Ivan Lessa e Jaguar criaram o personagem B.D., sucesso nas páginas do jornal.

Em 1977, após escrever uma carta em que dizia estar “louco, irremediavelmente louco”, deu um tiro no céu da boca.
 
Não morreu.
 
Pediu ajuda ao vizinho, foi tranquilamente de táxi ao hospital e ainda brincou com conhecidos no caminho.
 
Mas, nove dias depois, Ipanema perdia um dos ícones do tempo em que o bairro “era só felicidade”.
 
Lá, um dia, muitos antes do tresloucado gesto, Hugo Bidet sofreu um insulto hepático e foi garantir a sobrevida do fígado e dos bares locais com um médico desconhecido, mas muito recomendado.


Hugo cumpriu à risca a primeira missa terapêutica: nu, obediente, humilhado, apreensivo e diminuído diante do doutor, uma saudável e eterna excelência.

Respondeu com educação e firmeza a todas as perguntas do facultativo que, ao contrário do ponto, infelizmente não o é.

E disse a idade, contou as doenças infantis, discorreu sobre a biografia médico-familiar, negou doenças infectocontagiosas (omitiu uma remota gonorréia).

O médico, cabeça baixa, curvado sobre uma ficha, ia tomando nota mecanicamente, sem um comentário, um olhar, uma humanidade.

A última pergunta antes da sentença:

– O senhor bebe?

Resposta meio hesitante do Hugo:

– Socialmente...

O esculápio, moldado à americana, aparentemente ultrapassou o tempo necessário para escrever “socialmente”.

O Hugo, com medo do flagrante, acrescentou com humildade:

– É que eu tenho muitos amigos...

É uma praça portuguesa, com certeza...

Nas imediações da Avenida da Liberdade, em Lisboa, há uma praça com um extenso gramado extremamente bem cuidado, em cujo centro eleva-se um pedestal de granito onde está afixada uma pequena placa de bronze.

Não há busto, escultura, lampião ou qualquer enfeite. Apenas a placa.

Curioso, o escritor e jornalista Ivan Lessa foi ver do que se tratava.

Leu, escrito na plaqueta, letras miúdas:

“Vossa Excelência está a pisar ao relvado. Favor retirar-se.”

Causos de Bambas - Sergio Cabral

Manoel Ribeiro Romar, o tradicional Manolo, dono do lendário Antonio’s, o mais inefável dos bares cariocas de antigamente, recebeu o título de cidadão carioca, concedido pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

A casa, pequena, regurgitou com a notícia e invadiu, com mesas e cadeiras, a avenida defronte, a Bartolomeu Mitre.

O jornalista e vascaíno roxo Sérgio Cabral, vitorioso autor da emenda constitucional que institucionalizou o Manolo, conversava, meio ao alegre tumulto, com o arquiteto Paulo Casé e estranhava.

– Mas eu não conheço nem a metade das pessoas que vieram comemorar o título do Manolo.

Casé, grave, explicou:

– São os alcoólicos anônimos.

Causos de Bambas - Dom Um Romão

Doum Romão, o músico. Ou Dom Um Romão, para os menos íntimos.

Pele cor-de-tâmara, cara de árabe, cavanhaque, cabelo cacheado, cara de malandro, sorriso eterno: tudo isso encimando um corpo seco e musculoso, moldado pelos nervos de baterista.

Na juventude, era um cabra folgado, metido a capoeira, encarava qualquer briga de rua.

Carioca da Zona Norte, com livre trânsito na Zona Sul, foi um dos inventores do Beco das Garrafas.

Uma ocasião, o baterista descia com outros companheiros do Brasil 66 – antecessor do Brasil 88, de Sérgio Mendes, onde ele tocava – pelo elevador do Hotel Hilton, de Tóquio.

Num dos andares entra um japonês baixinho, metido num quimono de seda cinzenta, ambos – japonês e roupa – seriíssimos.

Sabe como é brasileiro em bando fora do Brasil: parte direto para o deboche.

O Doum não deixou por menos, começou a rir e a falar em português:

– Olha só o japona, uns e outros! Parece madame nissei de São Paulo, endomingada para Festival do Tomate Shintô. É do tipo que se desce corrimão pelada faz brrrr...

A brincadeira foi por aí, durou até o térreo.

O japonês saiu do elevador, deu uns quatro passos, voltou-se, plantou-se nas duas pernas, cerrou os punhos, olhou Doum no fundo da retina e perguntou, glacial:

– Are you looking for trouble?

Doum, amarelo-marinho, num inglês aos farrapos, só faltou ajoelhar.

Causos de Bambas - Taramela

O Cristo adoeceu na última hora e o único substituto, para não arruinar a encenação da Paixão de Cristo no circo Garcia, era o palhaço Taramela, que já estava maquiado.

Emocionadíssimo, foi removendo o nariz postiço, a careca, as tintas e, transfigurado, viver o papel mais importante da sua vida apagada.

No exato momento que entra em cena, escoltado por dois centuriões romanos, para ser inquirido por Pôncio Pilatos, um moleque grita das arquibancadas:

– Eu conheço aquele cara, rapaz! Aquele cara é o palhaço!

Taramela, desnorteado, arrepanhou as partes, sacudiu e berrou de volta:

– Taqui o palhaço! Taqui o palhaço!

Quase foi excomungado pelo dono do circo.

Causos de Bambas - Américo Antony

Meados dos anos 50. Reunido com vários amigos no Bar Avenida, o poeta Américo Antony começou a recitar o seu famoso poema “Igapó” e um garçom parou perto da mesa para ouvir o bardo.

Quando o famoso “guru da Amazônia” iniciou a segunda estrofe (“Lá o rio oculta amplas fadigas / E as sombras abrem em flor de suavidade / E espera e dorme e sonha a eternidade / De insetos de ouro e prónubas formigas...”), o garçom começou a rir, provavelmente porque nunca tinha ouvido falar antes em “prónubas formigas”, as tais formigas “noivas”.

O poeta parou de recitar e encarou o ouvinte impertinente:

– O senhor é poeta?

– Não sou não, senhor! – respondeu timidamente o garçom.

– Pois então, xispa-se daqui. Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão? – inquiriu Antony.

E antes que o garçom pudesse falar qualquer coisa, fulminou:

– Porque comigo ou é muita poesia ou é muita porrada!

O garçom quase saiu correndo do bar.

Causos de Bambas - Bosco Saraiva

Em 1989, o barracão da Reino Unido, localizado na rua Duque de Caxias, estava passando por uma maré de azar incrível.

O carnavalesco Xangai, trazido a peso de ouro da Beija Flor, de Nilópolis, estava quase entrando em surto psicótico: nenhum carro alegórico conseguia ser completado pela sua equipe.

Sempre alguma coisa quebrava na hora do teste.

Os diretores da escola – Bosco Saraiva (foto), Adib Mamede, João Thomé e Zé Picanço – fizeram uma reunião de emergência.

Se o enredo “Axé Mãe Preta” prestava uma homenagem aos orixás, por que diabos eles não estavam colaborando?

Uma das baianas da escola, Dona Apia, mãe do Mestre Calama e mãe-de-santo poderosa, matou a charada: alguns diretores estavam muito “carregados” e “amarrados”, por conta das “más companhias”, e precisavam urgentemente tomar um banho de “descarrego”, para desfazer a “amarração”.

As suspeitas recaíam sobre Adib Mamede (que todo sábado costumava colocar 25 ninfetas peladas na piscina de sua casa na Vila da Prata enquanto decidia qual ia abater primeiro) e João Thomé (que por ser deputado federal, na época, era obrigado a atender trambiqueiros de vários calibres).

Os outros dois diretores aceitaram participar da cerimônia de “descarrego” por solidariedade.

Dona Apia era uma devota mãe-de-santo de Umbanda, da linha de Ogum.

As práticas existentes dentro dos terreiros de Umbanda variam muito.

Alguns demonstram uma ligação mais forte com o Espiritismo, outros se aproximam mais do Candomblé.

Em comum, têm a força dos rituais, denominados “giras”, quando os santos, caboclos ou encantados entoam cânticos e dançam ao som dos atabaques.

As cerimônias geralmente acontecem à noite e se estendem madrugada adentro.

Os espíritos que “descem” incorporam-se nos fiéis que estão participando da “gira”.

Aqueles que “recebem” os espíritos são chamados de “cavalos”.

Durante a incorporação, o “cavalo” permanece inconsciente, e quem fala através dele é seu “guia”, ou seja, a entidade espiritual a ele associada.

Para auxiliar os cavalos, existem os cambonos, que ocupam papel relevante na hierarquia do terreiro.

Mas a posição mais elevada cabe à mãe ou ao pai-de-santo, que é a pessoa responsável pelos trabalhos espirituais.

No dia combinado para a cerimônia, Dona Apia incorporou um Preto Velho da falange de Ogum Beira-Mar (a linha de Ogum Beira-Mar é o cruzamente da linha de Ogum com a de Iemanjá), que foi logo obrigando os quatro diretores a ficarem pelados que nem o Aquaman.

Apesar de ser uma cerimônia fechada e só estarem eles e a mãe-de-santo no local, foi um constrangimento geral. Mas era passar por aquilo ou perder o carnaval daquele ano.

Nus em pêlo, cada um deles foi posicionado em um círculo de pólvora e recebeu uma pequena cabaça contendo, além de sangue de um bode recém-sacrificado, duas doses de cachaça Velho Barreiro.

Foram instruídos a ingerir a mistura sem vomitar, para não desagradar o Exu Tranca Ruas, responsável por “desfazer” o trabalho.

O Preto Velho fez uma benção nos rapazes com folhas de arruda, orou na cabeça de cada um deles e se despediu.

O Exu Tranca Ruas incorporou na mãe-de-santo para continuar a cerimônia.

Depois de ingerirem a mistura de sangue de bode com cachaça, cada um deles recebeu um alguidar contendo água de cheiro e ervas medicinais.

Assim que o circulo de pólvora começasse a arder, deveriam derramar o “banho” sobre a cabeça e esfregar o corpo com as ervas, para ficarem “limpos”.

Dito isso, Exu acendeu os círculos de pólvora. Foi uma explosão medonha.

Terminada a parte mais complicada da cerimônia, Exu se despediu e foi substituído de novo pelo Preto Velho.

Ele parabenizou cada um “zifio” e se preparou para fazer o “alongamento dos orixás”, a cerimônia final para dar boa sorte ao grupo.

A coisa era simples.

O Preto Velho ficaria costa a costa com cada um deles, com ambos os braços entrelaçados.

O discípulo então se curvaria para a frente, como se estivesse cumprimentando o Orixá, suspendendo o Preto Velho sobre as próprias costas.

Depois, voltaria à posição inicial e o procedimento seria repetido pelo Preto Velho.

Com Adib Mamede, João Thomé e Zé Picanço, que eram magrinhos, não houve problemas, mas quando chegou a vez do Bosco Saraiva, que estava visivelmente acima do peso, a coisa complicou.

Bosco fez a saudação numa boa, suspendendo a mãe-de-santo nas costas com extrema facilidade.

Quando chegou a vez do Preto Velho fazer o mesmo, o venerando ancião não suportou o peso descomunal do Bosco Saraiva nas costas e os dois desabaram no chão.

Foi um corre-corre infernal.

Dona Apia quebrou um dos braços em duas partes e sofreu ferimentos nas duas pernas.

Bosco sofreu luxação da munheca e raladura nos dedos da mão, de aparecer os ossos.

Na queda, eles derrubaram a garrafa de Velho Barreiro, que derramou o líquido pelo chão e atingiu o círculo de pólvora, levantando uma língua de fogo avermelhado que começou a queimar o congar, um altar profusamente enfeitado com flores, velas acesas e colares de contas coloridas, que simbolizam os diferentes santos e orixás.

Zé Picanço levou os dois para o hospital, dirigindo só de cueca, enquanto Adib Mamede e João Thomé apagavam o princípio de incêndio no terreiro.

O sacrifício não foi em vão.

Naquele ano a Reino Unido conquistou o título de campeã do carnaval amazonense recebendo nota dez em todos os quesitos.

Causos de Bambas - Gisela Prochaska

Em 1995, na terça-feira gorda, a Band resolveu transmitir os principais bailes de carnaval, como o da Ilha Porchat Clube, de São Paulo, e os tradicionais Vermelho e Preto, Baile da Cidade e Scala Gay, do Rio de Janeiro, entremeados com flashes ao vivo de outros bailes que estavam acontecendo no país.

Nesse caso, as emissoras filiadas eram responsáveis pela geração das imagens.

Funcionando como âncora estava o apresentador Otávio Mesquita, falando ao vivo do baile da Ilha Porchat.

Lá pelas tantas, ele anunciou:

- Vamos ver como é que está o Baile do Havaí, no Tropical Hotel, em Manaus.

Um apresentador da terra entrou no ar falando aqueles chavões rebarbativos (“a coisa aqui tá pegando fogo”, “é o melhor carnaval da cidade”), enquanto a câmera mostrava uma animação meio-bomba, com casais de meia idade, uma profusão de bêbados e centenas de peruas visivelmente entediadas.

No estúdio, o diretor de imagens da TV Rio Negro percebeu a exuberante atriz Gisela Prochaska sambando numa mesa a alguns metros do apresentador e mandou o recado pelo “ponto”:

- Enquadra na Prochaska! Enquadra na Prochaska!

O apresentador transmitiu o recado para o cameraman Faísca:

- O Ediney, lá do estúdio, está pedindo pra você enquadrar na Prochaska.

Faísca não pensou duas vezes.

Ele se aproximou de uma louraça belzebu usando um sumário biquíni branco quase transparente, que estava sambando animadamente em cima de uma mesa, e enquadrou a “xereca” da distinta.

Por muito pouco Faísca não encostou a câmera no monte de vênus da menina.

Um verdadeiro close ginecológico pra todo o Brasil ver.

Apesar de ser metido a malandro, Otávio Mesquita interrompeu a esculhambação meio sem jeito:

- É, realmente, o negócio lá em Manaus está pegando fogo! Tem cada prochaska que vou te contar...

O cameraman Faísca foi mandado embora no dia seguinte.

Causos de Bambas - Paulo Onça

Parceria do compositor amazonense Paulo Onça (esse gente fina de camisa vermelha) com o sambista Jorge Aragão, a música “Feitio de Paixão” havia estourado em todo o Brasil e Paulo Onça se sentia o rei da cocada preta.

O diabo é que, com exceção dos pagodeiros da cidade, ninguém sabia quem era Paulo Onça, apesar de ele já ter gravado seis CDs e feito sambas enredo para quase todas as escolas de samba de Manaus.

No ano da gravação original, ainda saboreando o sucesso da canção nos hit parades do país, Paulo Onça resolveu conhecer o Festival de Parintins, onde participaria de uma roda de pagode no bar Chapão em companhia de seu brother Chico da Silva.

Paulo Onça convidou para acompanhá-lo na empreitada o pagodeiro Mafu, outro ilustre desconhecido fora do mundo do samba da cidade.

Como o festival cairia num final de semana, a população manauara em peso viajou para a ilha da fantasia.

Paulo Onça só encontrou duas vagas em um barco de linha retardatário e assim mesmo ainda teria que viajar de “baladeira” no 2.º compartimento, perto do porão de cargas.

Invocado com aquele negócio de dormir de rede no meio da pobreza, o compositor foi conversar com o dono do barco.

O sujeito estava na cabine de comando, verificando alguns instrumentos.

Paulo Onça entreabriu a porta e foi direto ao assunto:

- Meu amigo, eu sou o famoso compositor Paulo Onça, co-autor da música “Feitio de Peixão”, gravada pelo também famoso Jorge Aragão, e gostaria de receber um tratamento diferenciado. Será que não dava para você descolar um camarote com ar condicionado pra mim viajar com um pouco mais de conforto?...

O sujeito olhou para o compositor como se estivesse vendo um marciano pela primeira vez, cuspiu o tabaco que estava mascando num cesto de lixo, olhou o relógio de pulso, sacudiu uma cordinha dando três badaladas em um sino (indicativo de que o barco ia partir) e aí, sem dar uma palavra, fechou a porta na cara do sambista e a trancou por dentro com um ferrolho.

Paulo Onça ficou puto.

Na fila do jantar, que começou a ser servidor às 7 horas da noite, o compositor percebeu duas meninas cochichando e apontando pra ele.

Paulo Onça estufou o peito e ficou todo posudo.

Finalmente alguém havia reconhecido o seu talento.

Alguém, não. Duas pessoas, Aliás, duas meninas mortas de gostosas.

Ele colocou o prato na mesa e ficou aguardando a abordagem.

Com o canto do olho, Paulo Onça percebeu as gatinhas se aproximando. Estufou mais ainda o peito.

Mas, de repente, as meninas passaram por ele e foram direto aonde estava o pagodeiro Mafu, na outra ponta da mesa.

Coincidentemente, o pagodeiro estava na fila do jantar atrás do compositor na hora em que as meninas começaram a xavecar.

Paulo Onça ficou tão nervoso que quase se engasgou com uma espinha de jaraqui frito servido no jantar.

A morena, que era a mais espevitada e saliente das duas, interpelou o pagodeiro:

- A minha amiga aqui quer saber se você é o cantor Amado Batista...

Com o sangue-frio de um piloto da Al Qaeda se aproximando das torres gêmeas, Mafu não deixou por menos:

- Sou sim, minha filha, sou sim. Mas não espalha, senão aglomera...

O rosto das duas meninas se iluminaram.

A morena se aproximou do ouvido de Mafu e susurrou:

- Quando o senhor terminar de jantar, vá lá em cima, na área de lazer, que tem umas pessoas que querem lhe conhecer...

Não deu outra.

Quinze minutos depois, enquanto Paulo Onça, conformado, se ajeitava na “baladeira” para começar a dormir, Mafu, sorrateiramente, subiu pra área de lazer do barco.

Seis meninas o aguardavam ansiosamente, numa mesa repleta de tira-gosto e biritas.

O suposto Amado Batista foi tratado como um rei. Cada uma delas queria ser mais hospitaleira do que a outra. E o melhor é que ele nem precisaria exercitar seus dotes vocais.

Cientes de que o cantor estava viajando “incógnito”, nenhuma delas estava disposta a compartilhar aquele segredo com o restante do barco.

Resultado: Mafu, aliás, Amado Batista, foi praticamente obrigado a passar o rodo nas seis meninas, algumas, inclusive, mais de uma vez.

Nas dezoito horas que duraram a viagem, ele comeu do bom e do melhor sem gastar um tostão, dormiu num espaçoso camarote com ar-condicionado na companhia de seis mulheres peladas e não desceu ao porão nem pra visitar o amigo Paulo Onça.

E tudo isso sem jamais ter tido uma única música gravada pelo Jorge Aragão...

Causos de Bambas - Fafá de Belém

Em meados dos anos 80, aproveitando a fama repentina a partir de uma canção que emplacou na novela das oito da rede Globo, a cantora Fafá de Belém virou assunto nacional ao garantir que iria participar como “backing vocal” de todas as escolas de samba que desfilassem na Marquês de Sapucaí.

A estratégia de marketing deu certo: um pool de empresas se ofereceu para confeccionar as fantasias de cada escola para a cantora, arranjar um camarote onde ela pudesse guardar as fantasias de acordo com a ordem do desfile, além de se trocar e maquiar, e colocar um carro à disposição dela na área de dispersão pra levá-la rapidamente para a concentração.

No primeiro dia do desfile, Fafá cumpriu à risca o que prometera: cantou na Portela, na Mangueira, na Imperatriz Leopoldinense, na Vila Isabel, no Salgueiro e já estava toda paramentada para cantar na União da Ilha, onde Edu do Banjo era um dos músicos.

Um batalhão de fotógrafos e cinegrafistas seguia a cantora, registrando todos os seus passos.

Alheio ao bafafá, Aroldo Melodia estava iniciando o aquecimento da bateria da escola com seu grito de guerra:

- Segura marimba! Olha minha bateria! Minha Ilha! Minha Ilha!

Enquanto os flashes espocavam, Fafá de Belém, toda sorridente se aproximou do cantor e tentou segurar seu microfone, para cantarem juntos.

Aroldo Melodia deu um safanão na mão da cantora e cantou de galo:

- Êpa! Aqui não, minha filha, aqui não! Vá cantar em outra freguesia! Aqui na Ilha quem manda sou eu!...

Fafá ficou desconcertada.

O presidente da União da Ilha, Jorge Taufie, o “Peixinho”, de olho na mídia negativa que o fato iria gerar tentou interceder:

- Pó Aroldo, é a Fafá... Pelo amor de Deus... Deixa ela dar uma palhinha no nosso samba, vai...

- Olha, Peixinho, se tu quiseres ouvir ela cantar, paga um show dela na quadra da nossa escola... Aqui não! – devolveu Aroldo Melodia, já ficando puto.

Fafá, rindo nervosamente, não sabia onde se esconder.

Alheio ao constrangimento que causara involuntariamente, Aroldo Melodia entoou de novo seu grito de guerra:

- Segura marimba! Olha minha bateria! Minha Ilha! Minha Ilha!

Aos prantos, Fafá de Belém foi embora, seguida pelo batalhão de fotógrafos e cinegrafistas.

Após o desfile, na área de dispersão, Edu do Banjo foi falar com o cantor:

- Porra, Aroldo, você cagou e mijou na cabeça da Fafá de Belém. Uma mulher daquele tamanho... Você não teve medo de ela te dar umas porradas não?

- Tive não, cumpádi, tive não! – explicou o cantor. “Com aqueles peitões, eu só tive medo foi dela depois ficar muito ‘despeitada’ comigo...”

Três histórias do Quarto Poder

1
Dizem que essa história aconteceu com o jornalista recifense Edmundo Celso, um destacado quadro comunista do velho Partidão, apesar de circular em Manaus uma história semelhante atribuída ao também jornalista Farias de Carvalho, outro destacado quadro do Partidão. Vamos à versão dos pernambucanos:

Nos anos 60, quando a repressão do governo recrudesceu, o Coronel Alvino, chefe das brigadas anti-subversivas pernambucanas, espécie de extintas volantes sertanejas, prendeu todos os companheiros do PCB com toda ferocidade. Menos Edmundo Celso, que ficou no maior desaponto com a discriminação.

Rejeitado e frustradíssimo, deu um telefonema anônimo para o coronel denunciando-se com voz sussurrada:

– Aqui quem fala é um patriota. O pior comunista de todos está solto, o mais perigoso, o mais destemido. Ele toca terror e resolve tudo na bala. Pra prender ele, tem que ter muito cuidado. Chama-se Edmundo Celso.

O coronel:

– O quê? O Edmundo Celso? Aquilo é um afofa-bosta! Não passa disso, um afofa-bosta!

Edmundo Celso, desnorteado, denunciou-se pra valer:

– Afofa-bosta é a puta que pariu! Ouviu, seu filho duma égua? É a tua mãe!


2
Havia um jornalista no Diário de Pernambuco, um certo Irineu, que só chegou a repórter por interferência de um deputado seu amigo, pois era muito burro.
 
Certa vez, chegou a Recife uma jornalista belga de certa importância e mandaram o Irineu entrevistá-la.

Dia seguinte, escapou o seguinte título na matéria sobre a moça: “Jornalista belgicana visita o Recife”

Em vários pontos do edifício do jornal afixaram os seguintes versinhos:

Jornalista belgicana

No mundo nunca se viu,

Irineu, burro e sacana,

Vá pra puta que o pariu!


3
O jornalista Paulo Branco, recém-chegado de sua terra natal, Vassouras (MG), anos idos, para se estabelecer de vez no Rio de Janeiro, conheceu todas as intempéries que assolam um iniciante e, acima de todas elas, a mais letal: a pindaíba, a quebradeira, a falta total de numerário.
 
Logo que chegou, escolheu para abastecer-se um restaurante bem modesto e, consultando o cardápio pela lista da direita, a do preço, comandou um caldo verde. O garçom berrou para a cozinha:

– Salta um atestado!

Curioso, o Paulo quis saber a razão daquele “atestado”.

– De pobreza – esclareceu o homem.

Causos de Bambas - Mauritônio Meira

Raymundo Magalhães Júnior, Jorge Amado, Mauritônio Meira e Iuri Gagarin, por ocasião da visita do cosmonauta soviético ao Brasil, Rio, 1962.

Boate mista e misturada em Lisboa. De um tudo, ou de uma tuda, como diria Jeff Thomas com seu sense of humour: senhoras de família, de vida airosa, de vida airada, executivos, lumpens de luxo, curiosos, lusitanos e estrangeiros.

Dois estrangeiros, levados pelo alfacinha Alfredo Nobre: o jornalista Mauritônio Meira e o advogado José Geraldo Costa. Ambos brasileiros.

Alfredo, querendo agradar os convidados e a si próprio, chamou três cachopinhas que estavam, segundo Mauritônio e seu implacável eufemismo, available. Vieram à mesa. Abancaram-se.

José Geraldo e Alfredo Nobre levaram duas do trio para dançar. Mauritônio preferiu papo. A rapariga que lhe destinaram, iniciou-o. O papo, quero dizer.

– Como se chamam no Brasil as moças como nós?

Mauritônio, o Eufemista, adoçou o caroço. Dourou a pílula, vamos assim dizer.

– Chamamos de call-girls, scorts, acompanhantes, moças de programa, por aí.

– Aqui – disse a jovem e apetitosa alfacinha – somos putas.

A exclusivíssima receita do inigualável "Frango com Cerveja" do Leo Bocatios

Ingredientes:

24 garrafas de cerveja da boa;
1 frango de aproximadamente 2 quilos;
Sal, pimenta e cheiro verde a gosto;
350 ml de azeite de oliva extra virgem;
Nozes e amendoim.

Modo de preparar:

Pegue o frango.
Beba uma garrafa de cerveja.
Envolver o frango e temperá-lo com sal, pimenta e cheiro verde a gosto.
Massageá-lo com azeite.
Pré-aquecer o forno por aproximadamente 10 minutos.
Sirva-se de uma garrafa bem gelada enquanto aguarda.
Use as nozes e o amendoim como “tira gosto”.
Colocar o frango em uma assadeira grande.
Sirva-se de mais duas geladinhas enquanto prepara.
Envolver o frango em celofane ou papel alumínio.
Axustar o terbostato na marca 3, e debois de uns vinch binutos, botar para assassinar... - digu: assar a ave.
Virar mais uma cerveja (não no frango, no gogó...).
Debois de beia hora, berificar a tempraturatura e gontrolar a assadura do frango.
Tentar zentar na gadeira, servir-se de uoooooooootra gafarra de cerbeja.
Cozer(?), costurar(?), cozinhar, sei lá, voda-se o vrango.
Beber outra cerveja.
Deixáááá o filho da buta do pato no vorno por umas 4 horas.
Beber sete cervejas.
Tentar retirar o peru do vorno. Num vai guemar a mão, garaio!
Mandar mais uma meia dúzia de cerva pra dentro... de você, é claro.
Tentar novamente tirar o sacana do chest do vorno, porque na primeira teenndadiiiva dããão deeeeuuuuuu.
Begar o vrango que gaiu no jão e enjugar o filho da buta com o bano de jão e cologá-lo numa pandeja ou qualquer outra borra, bois avinal você nem gosssssssssta muito dessa merda mesmo.
- Tá bronto!

PS: Estava escrito no banheiro do Autódromo Internacional de Curitiba: "Um homem sem chifres é um ser desprotegido!"
Eu, hein!?

sexta-feira, outubro 15, 2010

95% da beleza feminina sai com água e sabão!

Essa é uma das mais conhecidas "frases de para choque de caminhão", aquele misto de filosofia existencialista, sabedoria imemorial e bom humor inventado pelos caminhoneiros brazucas. Eu só não sabia que essa frase, especificamente, fosse tão verdadeira assim! Confira os flagrantes abaixo.















quarta-feira, outubro 13, 2010

Pauderney vai comandar a campanha de Serra ao lado de Artur, no Amazonas

O deputado federal eleito Pauderney Avelino (DEM) anunciou nesta quarta-feira, que vai assumir, junto com o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB), o comando da campanha do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, no Amazonas neste segundo turno.

“Eu fui convidado pelo José Serra, com quem tenho amizade há mais de 20 anos, e aceitei a missão”, disse.

Entre os problemas que a campanha pretende enfrentar no Estado estão, segundo Pauderney, “os boatos que se credita à política”, como o de que Serra é contra a Zona Franca de Manaus (ZFM).

“O Amazonas pode fazer a opção do voto em Serra, porque essa história de ele ser contra a Zona Franca é invenção. A confiança que o povo do Amazonas depositou em mim me faz credor do povo e eu jamais colocaria em risco a economia do meu Estado”, disse.

Segundo Pauderney, Serra assumiu um compromisso público com ele e com Arthur de que manterá os incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus e de que criará condições para a perenização da ZFM.

Além disso, promete desobstruir os gargalos que amarram o Polo Industrial de Manaus (PIM) e resolver os problemas de logística.

“O compromisso é de que teremos um aeroporto moderno, um porto público moderno e a construção da BR-319, para resolver de vez os problemas de transporte para o PIM”.

Energia e internet

Outros dois problemas que afetam a população do Amazonas (energia e internet) foram tratados na conversa de Pauderney com Serra, neste final de semana, em que foi acertado o empenho do democrata na campanha do segundo turno.

“Eu disse que estamos sofrendo na pele o problema dos apagões e que isso se deve à péssima qualidade dos serviços tanto de geração quanto de distribuição e o Serra assumiu o compromisso de que vai resolver esse problema o mais rápido possível”.

Sobre a internet, o tema tratado foi o Programa Nacional de Banda Larga, que para o Amazonas a previsão é de que ele chegue apenas em 2013.

“O compromisso do PSDB é de que a banda larga estará no Amazonas já no primeiro ano de governo”, disse Pauderney. “O Serra é o presidente que o Brasil precisa, e é o candidato que reúne as melhores qualidades que um gestor público precisa: honestidade, eficiência, experiência e uma boa história de vida”.

Agradecimentos

Durante a entrevista ao DIÁRIO, Pauderney também agradeceu aos mais de 97 mil votos que o elegeram deputado federal e reafirmou seu compromisso de defender a ZFM em Brasília.

“Vou colocar meu cargo à disposição dos trabalhadores, com quem tive um contato direto durante toda a campanha; dos diretores executivos do Distrito Industrial e dos empresários, que viram em mim um representante com capacidade de defender os interesses da ZFM em Brasília”.

Outro compromisso, de acordo com Pauderney é com os trabalhadores da educação, “desde os professores da mais humilde escola ao gestor mais graduado” por melhoria da qualidade do ensino no País.

“Eu vou lutar, desde o primeiro dia do mandato, para aumentar de 5% para 7% do Produto Interno Bruto o investimento público em educação. O povo do Amazonas pode contar comigo”, garantiu.

 
(fonte: Diario do Amazonas)

segunda-feira, outubro 11, 2010

Carnavália comunista

Fevereiro de 1965. Festa de carnaval na sede da Associação Atlética Banco do Brasil, localizada nos altos de um prédio na Marechal Deodoro, a duzentos metros da Chefatura de Polícia.

De repente, começa uma grande briga no salão. A polícia intervém. Os estudantes universitários Gaia Nina, Felix Valois, Alfredo Santana e Edgard Messias, todos ligados ao “Partidão”, acabam sendo presos e levados para o “casarão” da Marechal Deodoro.

Também ligado ao “Partidão”, o futuro médico Zé Maria Gomes Monteiro entra em ação. Enquanto o baile não era reiniciado, ele fez um discurso curto e grosso:

– Camaradas, negócio seguinte: os futuros advogados da nossa população mais carente e desassistida foram presos injustamente e só vão sair do xilindró depois que a gente molhar a mão dos gorilas que estão a serviço da ditadura. Hoje é sábado de carnaval e não é justo que eles passem a noite presos. Eu vou passar a sacolinha e quem quiser que ajude como puder...

Depois de meia hora, Zé Gomes já havia levantado cerca de R$ 2 mil (em valores de hoje), o salário mensal de um comissário de polícia. Com a grana na mão, ele foi até a Chefatura de Polícia. O delegado Belota era o plantonista.

Dirigindo-se a um dos policiais que estava na portaria, Zé Gomes foi peremptório:

– Avise ao delegado Belota que o doutor José Maria Gomes Monteiro está aqui na portaria e deseja falar com ele em regime de urgência urgentíssima...

Pensando tratar-se de algum figurão do governo por conta do nome imponente, o meganha apressou-se em dar o recado. Dali a cinco minutos, Zé Gomes entrou na sala do delegado.

Ele colocou a grana em cima da mesa e disparou:

– Meu queridíssimo, estimadíssimo e excelentíssimo doutor Belota. Eu trouxe um dinheirinho extra para pagar as despesas da carceragem de alguns amigos meus de comprovada boa índole, que estão detidos aqui nesta augusta delegacia há cerca de 50 minutos. Creio que esta grana é suficiente para cobrir as despesas deles por tal espaço de tempo. Agora, se não fosse abusar de sua permanente boa vontade, eu gostaria que o senhor liberasse os meninos que foram presos por causa de uma simples confusãozinha à toa na sede da AABB. E lhe prometo que eu vou me responsabilizar pessoalmente pelos futuros atos da meninada...

O delegado Belota conferiu a grana, colocou no bolso do paletó e avisou:

– Entre lá na carceragem, identifique seus amigos, leve eles embora e torça pra não ocorrerem novos tumultos ou a cobra vai fumar...

Zé Gomes foi até a carceragem, que ficava nos fundos da Chefatura, e, dirigindo-se ao carcereiro, também foi peremptório:

– Eu sou o doutor José Maria Gomes Monteiro e estou vindo do gabinete do excelentíssimo delegado doutor Belota. Ele me autorizou a liberar todo mundo...

O carcereiro, pensando tratar-se de um blefe, foi até a porta e berrou:

– Doutor Belota, é pra liberar todo mundo?

Pensando que o carcereiro estava se referindo aos comunistas detidos, o delegado gritou de volta:

– É, porra! É pra liberar todo mundo! E vê se não me enche mais o saco pelas próximas doze horas...

Zé Gomes deixou a Chefatura de Polícia em companhia de uns 80 presos, incluindo Gaia Nina, Felix Valois, Edgard Messias e Alfredo Santana.

Na Marechal Deodoro, ele falou aos ex-detidos:

– Moçada, quem liberou vocês não fui eu, mas sim o glorioso Partido Comunista Brasileiro. E agora vocês são nossos convidados para participar do baile de carnaval da AABB. Os ingressos e as bebidas são por nossa conta...

Foi uma festa.

Na segunda-feira, mais da metade dos ex-presos estava se filiando ao PCB. Deve ter sido o maior recrutamento de militantes comunistas da história do partido.

Também, pudera. Quem não gostaria de participar de um partido pai-d’égua daquele, que além de ter moral para soltar presos em pleno sábado gordo ainda bancava inesquecíveis bailes de carnaval?...

O terror dos garçons

Renato Pitanga dando uma aula sobre direitos civis para Almir Graça e Cassiá Mié, durante uma noitada no Bar do Armando

Setembro de 2000. Conhecido pelo seu apego exagerado aos direitos previstos na Cartilha do Consumidor, o publicitário Renato Pitanga havia acabado de produzir o último programa radiofônico do prefeito Angelus Figueira, candidato à reeleição em Manacapuru, quando resolveu levar sua equipe de trabalho para um almoço comemorativo antecipado.

Era um domingo, por volta das três horas da tarde, e o único restaurante aberto na cidade era o Rodoviário. A turma entrou no restaurante, ocupou duas mesas e Renato Pitanga chamou o garçom:

– Vocês têm filé?

– Temos sim, patrão. Temos filé com fritas, filé à parmegiana, filé à Chautebriand, filé a cavalo, filé ao molho madeira e filé à cubana! – explicou o rapaz.

– Como a gente está com pressa, não vamos pedir pratos diferenciados. Você me vê oito filés com fritas mal passados e oito Coca-Cola com gelo!

Dali a dois minutos, o garçom começou a colocar os refrigerantes sobre a mesa. O temperamental Pitanga estrilou:

– Cadê o gelo?

– Olha, patrão, o nosso gelo acabou. Mas a Coca-Cola está supergelada! – explicou timidamente o garçom.

O resto da equipe (Marcos Figueira, Denise, Carlinhos, Paulão, Denisia etc.), que já bebia afoitamente os refrigerantes, confirmou a afirmativa do garçom. Pitanga nem aí:

– Porra, meu, se eu pedi com gelo é porque só bebo Coca-Cola com gelo. Leva essa merda daqui e me traz um copo de água natural...

– Com gás ou sem gás? – insistiu o garçom.

– Natural, porra, natural! – vociferou Pitanga.

O garçom retirou um dos refrigerantes da mesa, foi até a cozinha e retornou com um copo de água mineral. Pitanga abriu o copo, deu uma golada e começou a ficar puto:

– Escuta aqui, bicho, você está querendo curtir com a minha cara? A porra dessa água não está nem fria...

– É que o senhor pediu água natural! – explicou o garçom.

– Porra, bicho, natural, pra mim, é qualquer água que não recebeu gás carbônico. A água é natural porque veio diretamente da fonte... – ensinou o publicitário. “Leva essa merda daqui e traz uma água natural estupidamente gelada...”.

– Pois pra mim e pra todo mundo que mora em Manacapuru, água natural é qualquer água que ainda não foi gelada, qualquer água que ainda esteja na temperatura ambiente! – devolveu o garçom, também já ficando puto com aquele cliente superexigente, enquanto recolhia o copo de água da mesa.

De repente, o celular do publicitário tocou. Enquanto ele saía da mesa para atender o telefonema, o garçom começou a servir os filés com fritas. O resto da equipe (Marcos Figueira, Denise, Carlinhos, Paulão, Denísia etc.) avançou nos pratos com uma fome de anteontem.

Alguns minutos depois, Renato Pitanga retornou à mesa. Assim que mastigou o primeiro pedaço de carne, deu um berro para a equipe:

– Podem parar de comer!

Seus famélicos funcionários – alguns com o prato já devorado pela metade! – obedeceram. Em pé, ali perto, observando a comilança, o garçom não entendeu nada. Ele foi chamado às falas pelo temperamental publicitário.

– Porra, meu, isso aqui não é filé nem aqui nem na China, porque filé eu conheço!

– É verdade, patrão, isso aí não é filé não. Como o filé acabou, nós fizemos os pratos com alcatra maturada e só vamos cobrar a metade do preço. Mas a alcatra maturada está tão macia quanto o filé... – explicou amigavelmente o garçom.

O resto da equipe (Marcos Figueira, Denise, Carlinhos, Paulão, Denísia etc.), que estava achando a comida deliciosa, confirmou a afirmativa do garçom. Pitanga nem aí:

– Porra, bicho, eu não pedi desconto de vocês. Aliás, eu não perguntei nem o preço de cada prato. O que eu pedi foi filé! Se não tinha filé, você devia me informar para eu pedir outra coisa. Essa merda eu não quero!

Aí, se virando para o resto da equipe, determinou:

– Vamos embora, pessoal, que eu não vou pagar por essa porra! Pra cima de mim, não!

Diante de um garçom estarrecido pelo enorme prejuízo, eles abandonaram o restaurante. Rodaram o resto da tarde em busca de um restaurante aberto. Nada.

Terminaram de almoçar no único “pé sujo” ainda aberto na cidade, na região do cais do porto, devorando sanduíches de mortadela com Tampico de laranja.

Mas a reputação de consumidor exigente do Renato Pitanga foi preservada.

Jesus Cristo Superstar

Meados dos anos 80. O padre Lupino resolveu encenar o Auto da Paixão de Cristo pelas ruas de Parintins e convocou o compositor Paulinho Du Sagrado para fazer o papel do Homem de Nazaré, porque ele era o único jovem da cidade que ainda usava os cabelos na altura dos ombros.

Mesmo contrariado por ter convicções agnósticas, o franzino Du Sagrado começou a participar dos ensaios.

A apresentação teatral seria realizada na manhã do Domingo de Páscoa.

No Sábado de Aleluia, Du Sagrado deu um banho de cuia no invocado Zaka, seu parceiro em tempo integral, durante uma parada rastafári armada pelos dois no bairro do Itaúnas.

Zaka resolveu se vingar.

Na peça, ele fazia o papel de chefe dos centuriões.

O domingo amanheceu com uma chuvinha impertinente, que deixou as ruas da cidade completamente enlameadas.

Sem se importar com as intempéries do tempo, padre Lupino, mais empolgado do que de costume, resolveu iniciar o espetáculo.

Paulinho Du Sagrado levou um banho de xarope de groselha (para simular o sangue derramado por Jesus Cristo), recebeu uma coroa de arame farpado na cabeça e, vestido com uma minissaia de morim, começou seu calvário.

A imponente cruz de maçaranduba pesava uns cinquenta quilos.

Os chicotes dos centuriões eram feitos de juta.

Por causa da chuva, os chicotes foram ficando encharcados.

Conforme a procissão caminhava pelas ruas de barro, as pontas dos chicotes iam se arrastando pelo chão e acumulando pequenos pedaços de pedra jacaré.

A cada cinco minutos, Zaka dava uma chibatada pra valer no lombo de Jesus Cristo.

Trincando os dentes e sussurrando, Du Sagrado reagia:

– Pô, Zaka, não é dos vera não! É dos brinca... Bate mais devagar, caralho!

A blasfêmia de Nosso Senhor Jesus Cristo e a lembrança do “banho” levado na noite anterior deixavam Zaka mais injuriado.

Ele fingia que não ouvia as súplicas do Filho do Homem.

E tome lambada, sem dó nem piedade.

O lombo de Paulinho Du Sagrado começou a minar sangue de verdade.

De repente, como em um autêntico milagre, a chuva parou e um maravilhoso sol resplandeceu em Parintins.

A sensação térmica pulou de 18ºC para 40Cº num piscar de olhos.

Em termos de esforço físico, era como se Paulinho Du Sagrado estivesse atravessando o deserto do Saara com um saco de feijão nas costas.

E eles ainda estavam no começo do espetáculo.

Cerca de cem chibatadas depois – ou duas horas de calvário –, Jesus Cristo finalmente chegou ao monte Gólgota, para ser crucificado.

Nesse meio tempo, o xarope de groselha havia atraído centenas de insetos para se banquetearem no corpo suado de Paulinho Du Sagrado.

Durante a procissão, as vigorosas chibatadas de Zaka haviam conseguido espantar a legião de meruins, piuns, abelhas africanas, cabas tupiaras e moscas varejeiras, mas agora, com as mãos amarradas na cruz, Du Sagrado estava entregue à própria sorte.

Pra completar, suas caspas de estimação haviam acordado e, para se livrar do sol inclemente, estavam tentando perfurar o couro cabeludo em busca de sombra e água fresca.

Por conta daquele inferno, Jesus Cristo começou a improvisar o texto.

Um dos soldados romanos se aproximou com uma esponja embebida em óleo de fígado de bacalhau na ponta da lança e esfregou aquela imundície no rosto do Homem de Nazaré.

Du Sagrado fechou a boca, mas o óleo entrou pelas suas narinas. Ele quase vomitou.

– És tu que dizes ser o Filho do Homem? – questionou o soldado romano.

– Velho, negócio seguinte: se tu fizeres essa fuleiragem de novo, quando eu sair daqui vou te meter a porrada! – devolveu o crucificado, cuspindo o fel que lhe inundara a boca na direção das moscas varejeiras que haviam acampado em seu peitoril.

O soldado romano não gostou de ver sua autoridade questionada.

Enfiou de novo a esponja no rosto de Jesus Cristo e perguntou pela segunda vez:

– És tu que dizes ser o Filho do Homem?

– Velho, se tu estás dizendo isso quem sou eu pra questionar? Mas para com essa fuleiragem senão tu vai te foder comigo! Tu vai te foder comigo! – devolveu Du Sagrado, já perdendo a esportiva.

Os dois iriam passar o resto da manhã naquele jogo de gato e rato, se Gudão, que fazia o papel do apóstolo Thiago, não se metesse na conversa.

– Parente, o homem já morreu na cruz e só está falando de leso. Agora, pelo amor de Deus, deixe a gente retirá-lo da cruz pra dar ao Salvador um enterro digno.

Apesar de ainda ressabiado, o soldado romano concordou.

Gudão subiu em um banquinho, desamarrou Du Sagrado da cruz, aparou-o nos dois braços e, quando ia descer do banquinho, sua sandália Havaiana escorregou no barro úmido e ele desabou.

Na queda, ele soltou Jesus Cristo, que despencou de costas em cima do banquinho.

Duas costelas de Paulinho Du Sagrado quebraram na mesma hora.

Gemendo de dor, Jesus Cristo nem esperou para ressuscitar no segundo dia:

– Gudão, você me fodeu! – berrou ele, apalpando os quartos. “Puta que pariu, Gudão, você me fodeu! Estou fodido, Gudão, estou fodido...”.

A plateia da peça ao ar livre, formada quase exclusivamente por contritas beatas e pudicas mães de família da tradicional Igreja Católica, só faltou sair correndo.

Aquele Homem de Nazaré era um “boca-suja” de marca maior.

A peça foi encerrada ali mesmo.

Três dias depois, ainda com o corpo enfaixado por causa do acidente, Paulinho Du Sagrado relembrava o espetáculo e concluía sabiamente:

– Porra, velho, Jesus Cristo sofreu pra caralho!

Nunca mais foi convidado pelo padre Lupino para repetir a façanha.

50 coisas para fazer antes de morrer

Edson Aran

1. Ir a uma reunião de diretoria usando um sombrero e duas maracas.

2. Andar sempre com uma banana enfiada no ouvido.

3. E quando alguém perguntar que maluquice é essa, responder: “Não tô te ouvindo, tem uma banana enfiada no meu ouvido!”

4. Introduzir na empresa a Casual Sex Friday e obrigar todo mundo a trabalhar pelado.

5. Ser madrinha de bateria (não vale se você for mulher).

6. Usar um monóculo.

7. Usar uma piteira.

8. Usar uma bengala.

9. Usar dois monóculos, duas piteiras e duas bengalas.

10. Fazer uma compra no supermercado que deixe o sujeito do caixa completamente paranóico (cola de sapateiro, álcool, fita isolante, barbante, caixa de pregos, gaiola, focinheira, fósforos e um peixe cru).

11. Entrar na sala do chefe, olhar nos olhos dele e cantarolar uma vinheta do Enio Morricone (“uá uá... uáuáuááá).

12. Pedir um empréstimo ao seu gerente e explicar que você pretende pagar com o corpo.

13. Entrar numa cantina, amarrar a toalha xadrez na cabeça e gritar: “Aí, mulherada vagabunda, quando eu virar aiatolá, vocês vão andar todas de burka!”

14. Simular um orgasmo. No ônibus.

15. Fingir que é estrangeiro e falar num dialeto composto de combinações das palavras “catso”, “putadelamadre”, “puerra”, “modafôca”, “cabrônio”, “fucko”, “panaleiro” e “emtubadoire”.

16. Passar um dia inteiro imitando morto-vivo e murmurando “brain... brain...”

17. Imitar morto-vivo numa reunião de marketing e ganhar uma promoção.

18. Fazer citações de “Mein Kampf” em qualquer conversa sobre política.

19. Fazer citações de “Mein Kampf” em qualquer conversa.

20. Corrigir a pronúncia do seu nome: “Não é João da Silva, é ‘Zun-Han’ e ‘Dazilv’, com o ‘a’ final aspirado”.

21. Deixar crescer um cavanhaque e afirmar que você é o seu duplo malvado de um universo paralelo.

22. Comprar uma ilha com vulcão no meio, construir uma base subterrânea e planejar a dominação mundial.

23. Afirmar que você tem o poder de ler a mente das pessoas e concluir: “Agora, por exemplo, você está pensando que eu sou um babaca”.

24. Comprar uma escrava branca.

25. Vender uma escrava branca.

26. Trocar sua escrava branca por um anão amestrado.

27. Alugar o anão para o David Lynch.

28. Avisar ao David Lynch: “Só tem um troço, falar ao contrário é contra a religião do bostinha...”

29. No formulário de entrada nos EUA, quando perguntam se você pertence ou pertenceu a alguma organização subversiva, tacar lá: Organización Internacionale Revolucionária de Los Tocadores de Maracas.

30. Mentir que você comeu a garota mais gostosa da empresa.

31. Explicar que ela nega tudo porquê está perdidamente apaixonada por você, coitada.

32. Inventar um coquetel. “Morte em Stalingrado” (4/4 de vodca e uma azeitona preta boiando)

33. Plantar uma bananeira. Na reunião da diretoria.

34. Criar um grupo de super-heróis. Vagina Dentata, Ejakulator, Erectus, Orgasmatrom e Anal Queen.

35. Criar uma banda de jazz chamada The Parkinson Desease Jazz Band.

36. Criar uma banda punk chamada Hemorróidas Supuradas.

37. Criar uma banda psicodélica chamada Tatu Bola Azul Turquesa.

38. Criar uma banda de axé chamada Xibiu Xexelento.

39. Imitar Wittgenstein no programa do Faustão.

40. Imitar Emmanuel Kant no programa do Raul Gil.

41. Imitar Benito Di Paula no programa do Jean Paul Sartre.

42. Atear fogo às vestes.

43. Ir a um show do Chico Buarque e ficar gritando: “Caaaaantaaaaa saaaaampaaaaa!”

44. Duelar pela honra de uma mulher (que não seja a sua).

45. Conseguir uma cicatriz de duelo (que não seja a sua).

46. Usar fraque e cartola. Num Palmeiras X Corinthians.

47. Ir audaciosamente onde nenhum homem jamais esteve. Mas não contar pra ninguém.

48. Usar boina do Che Guevara e falar com voz de Pato Donald.

49. Escrever um livro no qual todos os personagens se chamam Estrôncio, inclusive as mulheres.

50. Simular um ataque epiléptico e depois dizer que é apenas uma nova dança inventada na Bahia.

Rage Against the Machine injeta fúria no Festival SWU

A fúria da música do Rage Against the Machine contagiou os fãs da banda de rap metal norte-americana, que protagonizou o momento mais tenso deste primeiro dia de Festival SWU, em Itu, com seguranças tentando conter a massa que se espremia contra as barreiras de proteção.

Quatro músicas após o início da apresentação, ocorrida às 22h20 deste sábado (9), o vocalista Zack de la Rocha teve de interromper o show pela primeira vez depois que fãs da primeira fila da pista Premium forçaram a barricada que separava o público do fosso do palco e tentaram invadir a área.

Diversas pessoas tiveram de ser retiradas à força pelos seguranças e ao menos quatro foram atendidas no Posto Médico do festival.

Mas apesar dos pedidos de Zack de la Rocha para que os fãs se acalmassem e dessem um passo atrás, a característica explosiva e combativa do som do Rage Against the Machine - que defende bandeiras de revoluções políticas sociais contra o sistema capitalista - foi suficiente para incendiar novamente o público minutos após o reinício do show.

A banda tocou mais duas músicas e teve de fazer nova pausa enquanto a organização reforçava as barricadas com barras de ferro de apoio.

Dali em diante, o Rage não parou mais - e nem poderia, sob o risco de o público se exaltar e provocar um estrago ainda maior.

Ao longo dos cerca de 40 minutos restantes de show, o clima continuou tenso entre fãs e seguranças.

Apesar da fúria dos fãs, vocalista pediu calma e distribuiu sorrisos

Em cima do palco, no entanto, o clima era outro.

Nitidamente impressionados com a resposta enérgica dos brasileiros, que tiveram a chance de ver a banda pela primeira vez desde o lançamento do álbum de estreia da banda, em 1992, Zack de la Rocha e o guitarrista Tom Morelo não tiravam o sorriso dos rostos ao ver a massa pulando com faixas poderosas como "Bombtrack", "Know your enemy" e "Bullet in your head" - o repertório incluiu ainda faixas dos outros dois álbuns de estúdio do Rage, "Evil empire" e "Battle of Los Angeles", último trabalho lançado pelo grupo antes do hiato que durou até 2007 quando voltaram a se apresentar ao vivo.

De volta aos palcos em turnê mundial, a banda não demonstra cansaço: continuam lá os berros guturais de Zack, a guitarra virtuosa de Morelo e a cozinha pulsante de Brad Wilk e Tim Commerford.

Por fim, ainda que a tônica do SWU seja de sustentabilidade, o Rage Against the Machine não fez concessões em seu engajamento: dedicou a faixa "People of the sun" aos "nossos amigos" do Movimento Sem Terra brasileiro, disparou um trecho do hino da Internacional Comunista antes do bis - fechado com as clássicas "Freedom" e "Killing in the name" -, e se despediu dos fãs de punhos cerrados repetindo o gesto dos Panteras Negras sob uma salva de aplausos, urros e uma chuva de sapatos, chinelos e CDs atirados pelos fãs contra o palco.

Se era rebeldia que eles queriam promover, conseguiram.

(fonte: Portal G1)

De pés descalços, Joss Stone coloca o público para pular em Itu

A cantora britânica Joss Stone começou seu show neste domingo (10) no Festival SWU cantando a faixa “Super duper love”, espantando o frio e colocando o público para pular.

Durante a apresentação, a jovem carismática fez questão de interagir com a plateia, formado em sua maioria por casais. “Sabia que vocês eram um povo apaixonado, mas…”, brincou, ao ver um preservativo voando pelo palco.

Em outro momento, pegou uma bandeira do Brasil e a enrolou no pedestal do microfone. Com o vento, ele insistia em cair, o que fazia Joss brincar de hipnotizar o objeto o tempo inteiro.

A artista, que subiu ao palco descalça e fechou o show com “Right to be wrong”, foi a penúltima atração do Palco Água neste domingo, que ainda contou com os americanos do Kings of Leon fechando a noite.

(fonte: Portal G1)

Grafiteiro britânico faz nova abertura dos Simpsons

Da BBC

O grafiteiro britânico Banksy idealizou uma nova abertura para a série americana de animação Os Simpsons.

O artista fez uma sequência final polêmica, mostrando dezenas de pessoas de aparência oriental, algumas parecendo crianças, em um ambiente insalubre trabalhando em animações e produtos Simpsons.

A ideia teria sido inspirada em supostas notícias de que os produtores da série terceirizariam a maior parte do trabalho para uma empresa na Coreia do Sul.

domingo, outubro 03, 2010

Os candidatos que fazem a diferença - pelo menos na minha humilde opinião!

Eu acabei de votar no Colégio Estadual Ruy Araújo, Seção 0079, 1ª Zona, no sempre simpático bairro da Cachoeirinha. Aí estão meus candidatos, para o caso de quem se interessar resolver conferir depois que o TRE divulgar o boletim oficial de votação de cada seção:


DEPUTADO ESTADUAL: Jeferson Anjos - 43123


DEPUTADO FEDERAL: Pauderney - 2525


SENADOR: Artur - 451


SENADOR: Marilene - 130


GOVERNADOR: Omar - 33


PRESIDENTE: Marina - 43


Agora é recarregar as baterias e se preparar para o 2º turno. Ou não.

sábado, outubro 02, 2010

Homens de boa vontade, mas nem tanto...

Sici Pirangy, José Alfredo e Paulo Caramuru, durante um agito básico no Solarium Fest

Dezembro de 1986. Eu estava tomando uma cerveja no Bar do Aristides, quando o Sici Pirangy entrou no bar e foi direto pra minha mesa:

– Poeta, eu tive uma idéia que acho que pode dar samba. O dia 1º de janeiro é o Dia Universal da Confraternização entre os Homens de Boa Vontade, correto? O que você acha de a gente fazer uma rua de lazer nesse dia, ali na Parintins, em frente ao Barraka’s, e confraternizar numa boa? A gente se cotiza, compra umas cervejas, assa umas carnes, coloca umas músicas pra tocar e vamos passar o dia lá, jogando conversa fora e relembrando o passado...

Achei a idéia genial. Em menos de meia hora, nós dois já havíamos convencido cerca de 30 pessoas a embarcarem na viagem.

Estabelecemos o valor da cota, algo próximo a R$ 100.

Começamos a distribuir as tarefas.

O Arlindo Jorge ficou de receber o dinheiro das cotas.

O Paulo César Dó ficou de conseguir a autorização da Prefeitura para fazer a rua de lazer.

Sici Pirangy se responsabilizou pela compra da birita.

Jones Cunha se responsabilizou pela compra da carne para o churrasco.

O Wilson Fernandes, dono do Barraka’s Drink, se prontificou a fornecer uma feijoada para 100 pessoas.

O Chico Costa se escalou para comprar algumas medalhas de honra ao mérito para a gente homenagear alguns moradores do bairro.

O Antídio Weil ficou encarregado de conseguir a aparelhagem de som.

Todas as tarefas foram cumpridas dentro do prazo.

No dia 1º de janeiro de 1987, o fuzuê estava armado. A rua Parintins, no trecho entre as ruas Borba e Carvalho Leal, se transformou em um formigueiro humano.

Havia competições de futebol, vôlei, cemitério, barra bandeira, ping pong, xadrez e dominó.

Além da suculenta feijoada carioca, foram assados 100 quilos de picanha, 50 quilos de frango, 30 quilos de bisteca de porco e 20 quilos de calabresa.

De birita, foram consumidos seis tambores de 50 litros de chope da Brahma, 20 litros de batidas diversas fornecidas pelo Selmo Caxuxa, 10 garrafões de vinho tinto de cinco litros e várias garrafas de uísque, vodka, gim e cachaça.

A festa começou às oito da manhã e terminou às oito da noite, sem que tivesse ocorrido uma única altercação. Resolvemos repetir a dose no ano seguinte.

Em dezembro daquele mesmo ano, começamos a fazer a cobrança do dinheiro das cotas.

O total de colaboradores subiu de 30 para 100 pessoas, o que era prenúncio de um verdadeiro banquete dos deuses. As tarefas também foram divididas e cumpridas direitinho.

Houve um certo exagero, claro. Em vez de uma simples aparelhagem de som, como no ano anterior, Antídio Weil alugou um gigantesco trio elétrico.

Em vez de algumas mesinhas do Barraka’s Drinks, o Olíbio Xiri alugou um jogo de 50 mesas com cadeiras, equipadas com guarda-sol.

Também foram alugadas algumas máquinas eletrônicas de fliperama para a garotada se divertir, cortesia do Ivan Chibata, com algumas passistas dos Ciganos mostrando que eram muito boas no Mortal Kombat.

Os ciganos eram marrentos, apesar de o presidente da escola na época, o advogado Vilson Benayon, fazer de tudo para boicotar o encontro.

Ele queria que a festa fosse realizada na quadra coberta do GRES Andanças de Ciganos.

No dia 1º de janeiro de 1988, o fuzuê estava armado pela segunda vez.

Por volta do meio-dia, no auge da confraternização, Sici Pirangy percebeu uma multidão estimada em 800 pessoas subindo a ladeira da rua Parintins em direção ao nosso convescote particular. Todos eles traziam uma panela na mão.

Disciplinadamente, os “intrusos” entraram na fila onde estava sendo servida a feijoada e começaram a encher seus teréns.

Depois, entraram na fila onde estavam sendo servidos os churrascos e repetiram a operação.

Depois, avançaram sobre as caixas de isopor espalhadas pelas calçadas, se abasteceram com latas de cerveja e garrafas pet de refrigerantes, e começaram a fazer o caminho de volta.

Vilson Benayon, Mario Adolfo e Vilsinho Benayon, atual presidente do GRES Andanças de Ciganos

Sici Pirangy resolveu intervir. Ele segurou no braço de um sujeito que estava carregando na cabeça uma panela de cinco litros cheia de feijoada e ponderou:

– Meu amigo, não me leve a mal, mas vocês são de onde?...

– Nós somos lá do Bodozal da Maués... – devolveu o sujeito.

– E como foi que vocês vieram parar aqui? – insistiu Sicy.

– O Dr. Vilson Benayon foi de casa em casa, convidando a gente para participar do aniversário dele, que seria comemorado aqui na rua. Ele também avisou que a gente podia trazer quantas panelas quisesse pra levar comida pra casa porque o negócio ia ser farto... – explicou timidamente o sujeito.

Sici Pirangy liberou o sujeito e foi conversar comigo, puto da vida:

– Esse Benayon é muito safado, poeta! Ele não contribuiu com um centavo pra festa e ainda foi espalhar lá no Bodozal que estava bancando tudo... Dá pra acreditar numa merda dessas? Negócio seguinte: se ele aparecer aqui, eu vou fazer aquele escroto passar vergonha! Ele que vá fazer ficela lá pras negas dele! Aqui, não! Aqui, não!

O Benayon, evidentemente, não colocou a cara no pedaço. Apesar da invasão dos hunos, a festa transcorreu numa boa.

Mas, por causa da presepada do advogado, a confraternização universal entre os homens de boa vontade foi rifada sumariamente de nosso calendário existencial e não teve uma 3ª edição.

O Benayon, entretanto, se deu bem: naquele mesmo ano, ele foi eleito vereador pelo PMDB, tendo recebido 1 500 votos dos moradores do Bodozal. Choses.

Kaya N'Gandaya e perigas ver

Setembro de 1987. Apesar de gostar de rodas de samba e de ter formado um grupo de pagode particular, o bicheiro Ivan Chibata bebia moderadamente.

Ele gostava mesmo era de disbutal, pervitin, diazanil, panbenil, mandrix, reactivan e glucoenergan, ou seja, a velha e boa anfetamina.

Também conhecida como “rebite”, a anfetamina é uma droga sintética de efeito estimulante da atividade mental.

Essa droga foi sintetizada por um químico alemão, Lazar Edeleanu, em 1887.

Na década de 30, começou a ser comercializada sob forma de inalante para tratar congestionamento nasal e logo os laboratórios americanos conseguiram piratear a fórmula.

O uso desse psicotrópico cresceu no período da 2ª Guerra Mundial, sendo fornecido para soldados cujos deveres incluíam longas horas de vigília, atenção aos detalhes e disposição para matar ou morrer numa boa.

Nos anos 50, os “malucos” dos EUA descobriram como abrir os inaladores, retirar o papel encharcado em anfetamina e enrolá-lo em “bolinhas”, que engoliam com café ou coca-cola, para ficarem “ligados”, isto é, sem sono, sem cansaço e sem fome.

A ação da anfetamina é estimulante, provocando aceleração do funcionamento mental, por meio do aumento da liberação e tempo de atuação de dopamina e noradrenalina no cérebro.

O efeito do aumento desses neurotransmissores no cérebro é uma alteração nas funções de raciocínio, emoções, visão e audição, provocando sensação de satisfação e euforia.

Quando administrada pela via injetável, tem início de ação bem rápido. Já pela via oral, tem um início de ação lento, porém dura de oito a dez horas.

A redução da sensação de fadiga ocasionada pela anfetamina pode ser prejudicial, já que ao disfarçar o cansaço provoca um esforço excessivo para o corpo.

Porém, quando o efeito da droga passa, o usuário sente uma grande falta de energia e depressão, não conseguindo realizar nem as tarefas que fazia anteriormente ao uso.

Quando é consumida em quantidade excessiva, todos os efeitos no organismo são agravados e surgem outros como agressividade e temperamento irritadiço.

Além disso, o usuário passa a suspeitar de que as pessoas estão tramando contra ele, ficando num estado de alerta exagerado conhecido como delírio persecutório.

Querendo dar um tempo no consumo exagerado de anfetaminas, Ivan Chibata solicitou a prestimosa ajuda de um de seus cambistas, o afável Vlademir Brother, para lhe arranjar um “bagulho” do bom.

Vlademir Brother não se fez de rogado e forneceu ao patrão uma pacoteira de “manga rosa” prensada, cuja pureza e qualidade tinham sido atestadas pelo famoso Velho Gaúcho, um dos mais famosos fornecedores de kaya da zona oeste da cidade.

Rastafari diletante, Ivan Chibata preparou cinco “joints” de 15 centímetros e detonou um atrás do outro.

Não deu outra. Ele começou a passar mal e entrou num “bode”.

Vieram as alucinações, os delírios, as paranóias, acompanhadas de ansiedade, angústia e medo da morte.

Em virtude de estar tendo um maior fluxo de idéias, com o pensamento mais rápido do que a capacidade de falar, Ivan Chibata não conseguia explicar para sua esposa o que estava acontecendo.

Limitava-se a comer barras de chocolates em quantidade industrial – para combater a secura na boca e a larica – e a dar risadas histéricas e gritos cavernosos como reação involuntária a qualquer estímulo verbal.

Ao perceber o aumento da freqüência cardíaca (taquicardia) e a hipermia das conjuntivas (olhos vermelhos) do marido, Milca entrou em pânico e telefonou para o Vlademir Brother:

– Tu estás querendo matar meu marido, desgraçado? Que foi que tu destes para ele tomar, que deixou ele virado no cão desse jeito?...

– Doutora Milca, eu não tenho a menor idéia do que a senhora está falando, mas acho melhor levar o Ivan Chibata pro médico! – devolveu Vlademir Brother, intuindo o que havia acontecido. Ele sabia que o patrão era exagerado.

Milca colocou o marido dentro do carro e se mandou para uma clínica particular. Os dois foram atendidos na hora.

Milca explicou rapidamente o que estava acontecendo.

O médico tentou ser simpático:

– Muito bem, senhor Ivan Albuquerque, o que é que o senhor tem?

Com a língua ficando cada vez mais pesada, Ivan Chibada não tergiversou:

– Porra, doutor, o senhor não está vendo que eu estou completamente maconhado?...

Quase que o médico expulsa o bicheiro do consultório. Pela insolência.

Causos de Bambas - Djanir Cavalcante

Agosto de 1984. O empresário José Djanir Cavalcante era dono de um das maiores revendedoras de veículos de Manaus, a Orobó Veículos, localizada na rua Japurá canto com a avenida Joaquim Nabuco, na Praça 14, que tinha como lema uma frase pintada na entrada da loja: “Seja bem vindo. Fazemos qualquer negócio!”.

Irmão do também empresário Frank Cavalcante e primo do empresário Nelito Bandeira, Djanir era o típico pernambucano boa praça: vivia rindo de tudo.

Um belo dia, entra um suposto cliente na loja e começa a examinar os veículos em exposição.

Djanir o acompanha, explicando as características de cada automóvel.

O sujeito anda para um lado, anda para o outro, depois aponta para um veículo empoeirado no final do pátio e canta a pedra:

– Já decidi. Eu vou levar aquela Parati!

– Parati? Parati? – reage Djanir indignado, encolerizado, apoplético. “Meu amigo, eu estou no pátio com essa perua de merda há quase três anos, sem conseguir me livrar dela. Isso não é Parati, é para mim, está entendendo? Para mim! E a porra dessa perua vai apodrecer aí nesse canto porque de tanta raiva que criei de ter comprado essa imundície, agora não tem cristão no mundo que faça eu me desfazer dela. Isso não é Parati, compreendeu? É para mim! Para mim!”

O sujeito foi embora da loja sem entender nada.

Os vigários da Ponta Negra

Agosto de 1980. Por volta do meio-dia de um sábado luminoso, os folgados Rubens Bentes e Jones Cunha convencem Simas Pessoa a roubar o Opala do velho e irem tomar banho na Praia da Ponta Negra porque o calor daquele dia está realmente infernal.

Simas não se faz de rogado. Dali a pouco, os três, só de sunga, estão se encaminhando para a praia. Ambos estão lisos e confiados.

Rubens para em uma tendinha, conversa rapidamente com um sujeito que está assando alguns peixes e já volta com três latinhas de cerveja na mão.

Os três dão alguns mergulhos, ficam conversando na areia e, com uma precisão de relojoeiro suíço, a cada 15 minutos o sujeito anda 100 metros de praia para lhes entregar três latinhas de cerveja estupidamente geladas. A fuzarca promete.

Por volta das 2h da tarde, em vez das três latinhas, o sujeito lhes entrega duas gigantescas bandas de tambaqui assado na brasa acompanhados das guarnições (baião de dois, vinagrete, farofa, molho de tucupi, etc).

Os degenerados comem a tripa-forra. Depois, haja latinhas de cervejas estupidamente geladas.

Por volta das 5h da tarde, eles resolvem puxar o carro. Rubens se dirige sozinho a tendinha:

– Meu tio, o seu tambaqui estava nota dez e aquele baião-de-dois era de comer rezando. Muito bom! Muito bom! O senhor está de parabéns. Agora, verifique quanto é a nossa conta!

Todo pimpão, o sujeito calcula o estrago de cabeça:

– Foram 60 latinhas a R$ 2, mais um tambaqui inteiro de R$ 90, dá R$ 210 tudo!

– Pode arredondar pra R$ 250 porque o seu atendimento também foi de primeira! – diz Rubens, enquanto mete a mão dentro da sunga, supostamente para tirar a grana.

Aí, de repente, ele faz uma cara de desespero:

– Puta que pariu, eu acabei de perder mais de 400 paus...

E, antes que o sujeito pudesse abrir a boca, Rubens, nervosíssimo, já sai procurando pela grana em direção a água.

Simas e Jones juntam-se a ele procurando uma coisa que absolutamente não existe.

O sujeito da tendinha faz a mesma coisa.

Fingindo estar cada vez mais nervoso (pela perda da grana) e cada vez mais aborrecido (pela situação constrangedora que acabou de criar), Rubens, pedindo mil desculpas, estende para o sujeito um bonito relógio que acabou de tirar do pulso:

– Segure esse meu relógio Cartier aí com o senhor, em consignação, enquanto eu vou ali no estacionamento pegar dinheiro no meu carro! Esse Cartier foi comprado na loja Beta e vale 2 mil reais! É só o tempo de eu ir ali no estacionamento e voltar com a grana...

Deus deve amar os puros e ingênuos. Deve ser por isso que fez tantos deles.

O sujeito concorda em receber o relógio em consignação.

No estacionamento, Rubens avisa pro Simas, peremptório:

– Liga o carro e vamos embora!

– Mas e o teu Cartier? – questiona o Simas.

– Aquela merda? Aquilo é falsificado, que me deu foi o Frankinho. Não custa nem R$ 10 nas bancas de camelôs! – explica Rubens.

E, sem nenhuma dor de consciência, os três foram embora deixando o ingênuo sujeito da tendinha com um prejuízo impagável. Nos dois sentidos.