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domingo, julho 31, 2011

Célula, Celulite, Celular, Celulose, Celulari...


Lúcio M. S. B. Menezes

Primeiro fui estrutura microscópica, um núcleo que um dia guardou o meu material genético, nesse estágio eu já era um ser vivo e a biologia me classificou como célula.

Saí da vida inter uterina, absorvi o impacto da luz e chorei, era uma tarde do dia 31 de julho de 1956, na casa nº 8 da Vila Martins, na Rua Jonathas Pedrosa.

Deram-me o nome de Lúcio, parece que era o nome da moda, moda que, definitivamente, não teve o sucesso dos Claudios, Marcelos, Danieis ou Diegos.

Aos doze anos soube que não poderia mais ser doador de sangue, contrai hepatite, lembro que babava quando via meus irmãos comendo comida caseira com o sabor inigualável do paladar de mãe - só pensar me dava água na boca.

Humm!

Lembrar dos condimentos que ajudavam no aprimoramento do gosto gostoso da comida da mamãe era uma tortura.

Mas eu tinha que comer doce, só doce, foi tanto biscoito “suspiro” que enjoei.

Derramei lágrimas de felicidade quando me foi permitido comer macarrão sem qualquer tempero, foi extasiante.

Derramei lágrimas de tristeza quando, depois da dieta de doces que a hepatite me impôs, percebi o surgimento das minhas - até hoje inseparáveis - “cartucheiras” e os furinhos de celulite que, da mesma forma, nunca mais me abandonaram.

Homem também tem celulite.

A primeira cidade brasileira a usar a Telefonia Móvel Celular foi o Rio de Janeiro, era o ano de 1993.

Em 1995, Manaus também passou a usufruí-la.

Confesso que relutei em aceitar aquela novidade; julgava que não vingaria que era improvável o seu sucesso, um modismo fadado ao fracasso.

Ledo engano.

Não aderi ao primeiro lote ofertado, o prefixo 981.

Capitulei na segunda leva, cujo prefixo passara a ser 982.

Com a expansão acresceu-se outro 9 na frente, assim, o prefixo aumentou de três para quatro dígitos.

Se alguém disser que eu não sou fiel eu mostro como prova contrária que o meu prefixo ainda é 9982.

A maioria dos meus amigos já trocou de operadora e de número de telefone celular incontável vezes, eu não.

Àqueles que discordarem ou disserem que isso não é parâmetro, eu respondo que é e pronto, logo: eu sou fiel.

A humanidade se rendeu, é escrava da telefonia celular.

Particularmente uso pouco e sou breve nas conversas, mas sou dependente confesso desse coveiro de orelhões e candidato a algoz da telefonia fixa.

É a ditadura globalizada do celular.

No sentido figurativo o hidrato de carbono (celulose) é papel.

Sempre precisei de papel, houve até uma fase em que conversava escrevendo, outra em que tentei traçar alguns desenhos, mas logo vi que não tinha perspectiva alguma.

Mal conseguia cobrir um desenho, desisti.

Fiz muita caligrafia que de nada adiantou, mas gostei de escrever frases soltas, cartas para as namoradas – eivadas de erros grosseiros -, versos pobres, idéias malucas, projeções futuras que nunca se concretizaram, até chegar ao atrevimento de expor idéias, confessar, protestar, cobrar, me indignar, me retratar, lamentar, elogiar, desabafar, apor minha assinatura em documentos importantes, elaborar projetos e até perpetrar tinos e desatinos como essa crônica pra mim mesmo.

Coitado de mim sem a celulose.

As mulheres sempre tiveram êxito comigo, sempre me fizeram ceder, transigir, aceitar.

No inicio eu até reluto, esperneio, protesto, mas no final saio sempre derrotado, pior, constato que eu nunca tenho razão.

Sabedora disso vem a Mônica e resolve me dar - nesses meus 55 anos de existência que hoje completo – um regalo inusitado.

Eu que atirei a primeira, segunda e terceira pedras agora sou vidraça.

Pois é, cedi.

É um presente com prazo de validade - parece que seis meses.

Gostei da atenuada, gostei da testa imóvel de Celulari.

Desejo pra mim o amor incondicional da minha família, conservar os velhos e conquistar novos amigos, confirmar o casamento perene com a alegria e renovar o contrato de locação com o inquilino saúde, o resto é secundário.

Feliz aniversário e parabéns pra mim!

Beijo-me com júbilo.

sábado, julho 30, 2011

O impagável Gustavo Mendes



Um dos campeões atuais do YouTube, o ator Gustavo Mendes travestido em Dilma Rousseff, navegando na net e despachando em sua mesa presidencial, onde tem um antigo telefone vermelho, foi colocado no ar, originalmente, no site de humor Kibe Loco.

A própria presidente confessa que gargalha com as situações criadas pelo humorista nos pronunciamentos oficiais e um dos que mais gostou foi quando ela ligou para Antonio Palocci, na crise do enriquecimento ilícito do ex-ministro.

O trecho em que repete “Para de chorar, Palocci, para de chorar...” quase levou a Chefe do Governo a chorar, só que de tanto rir.

Essa entrevista aí de cima também me deu um acesso de riso da gota serena quando a presidente respondeu sobre qual a sua bebida preferida.

Aos quinze anos de idade, o comediante saiu de Guarani (MG), sua terra natal, e foi para Juiz de Fora com a intenção de estudar.

“Fui para fazer um curso de laticínios, porque é um ramo onde muita gente da minha família atua, mas não era aquilo que queria. Meu sonho sempre foi ser artista. Naquela época, acabei adotando a cidade de Juiz de Fora”, recorda.

De acordo com Gustavo, motivado pela vontade de fazer apresentações para grandes públicos, ele chegou a pensar, inclusive, em ser padre ou pastor.

“Queria ter o domínio da palavra por meio de um microfone”, garante.


Antes mesmo de se mudar para Juiz de Fora, Gustavo assistiu, em Guarani, a uma apresentação do humorista Pedro Bismarck, o que o motivou ainda mais.

“Isso foi em 1998, tinha apenas nove anos, o que não me permitia assistir ao espetáculo, mas consegui entrar e me encantei”, explica.

E, movido pelo sonho, Gustavo não chegou a concluir o curso técnico, procurando sempre investir na carreira de comediante.

“Comecei fazendo imitações, como a maioria dos comediantes. Imitava as vozes das minhas referências na época, como Sílvio Santos, Gal Costa, Maria Bethânia, Fagner e Nelson Gonçalves, entre outros”, diz.

Ele conta que cresceu em um meio onde o gênero comédia sempre foi incentivado.

“Minha mãe e minha avó sempre contaram piadas”, confessa.

Gustavo teve uma curta passagem por São Paulo antes de se fixar em Juiz de Fora.

Na capital paulista, aos 11 anos, participou do extinto programa “Te vi na TV” e da novela “O Sonho de Luísa”, ambos na Rede TV!.

Já na cidade mineira, no ano de 2005, o comediante participou do concurso “Show de Talentos”, da TV Alterosa, saindo vitorioso.

“Os bares da cidade foram minha escola de humor”, afirma Gustavo, destacando que, como começou muito cedo, os grupos de teatro de Juiz de Fora não o convidavam para participar de espetáculos.

“Acho que a cara de moleque não sugeria credibilidade”, admite.


Entre as dificuldades, ele relembra as vezes em que se apresentou, no formato stand-up comedy, em bares e as pessoas não prestavam atenção nos shows, muitas vezes achando que se tratava de um bêbado.

“Estava ali porque não tinha grana para bancar figurinos de personagens. Ia de cara limpa, mas as pessoas não entendiam. Com o tempo, fui observando mais, desenvolvi melhor meu texto, além de adquirir feeling com relação à plateia”, avalia.

Depois de um tempo em Juiz de Fora, Gustavo resolveu tentar a vida no Rio de Janeiro.

“Aos 18 anos, decidi emagrecer e tentei ser ator da Malhação. Não deu certo, mas acabei me apresentando em um bingo, o que durou só um mês, devido às interdições sofridas pelas casas de jogos”, recorda.

Depois da experiência, retornou, em 2008, a Juiz de Fora, com a certeza de ser acolhido pelo público local.

“Desde então venho me apresentando em bares e teatros”, diz.


Gustavo encara o fato de ter sempre lutado por seu sonho como um aspecto positivo.

“Nunca fui iludido. Sempre precisei correr atrás. Isso foi bom porque descobri muito cedo o que eu queria fazer, não permitindo qualquer tipo de frustração”, pondera.

“Para mim, o sucesso começou a bater em minha porta em outubro de 2009”, explica.

O motivo da afirmação deve-se a sua participação no programa Show do Tom”, da Rede Record, no final de 2009, onde ficou em segundo lugar no 6º Festival de Piadas.

“A minha participação no programa fez com que o reconhecimento com relação ao meu trabalho aumentasse muito. Até hoje recebo ligações, recados e emails de gente de todo o Brasil”, comemora.

Com a imitação perfeita da presidente da Dilma, Gustavo Mendes, enfim, atingiu o estrelato.

“Na minha opinião, uma caricatura não é ridicularizar um personagem. Ridicularizar é humilhar, ofender e é o que a maioria deles (políticos) fazem. Humilham a gente”, avisa.

Ele ainda ressalta que “o humor não pega pesado. Humor fala verdades brincando. O povo precisa ouvir é isso: verdades”

Hoje, Gustavo Mendes é o único humorista mineiro na emissora Record Brasil, onde participa do programa do “Show do Tom”, do humorista Tom Cavalcante, e tem percorrido o país com seu espetáculo de stand-up comedy intitulado “Tarja Preta”.

sexta-feira, julho 29, 2011

Como surgiu a Aurea Veritas Calix (“Cálice da Verdade Áurea”)


Nas guerras medievais, as chamadas grandes batalhas só aconteciam de vez em quando.

Eram mais comuns os cercos a cidades e fortificações, que ficavam na mira de catapultas.

Na famosa Guerra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra, a cidade portuária de Calais enfrentou um dos primeiros grandes cercos da guerra e resistiu por quase um ano diante dos ingleses, até a população se render em 1347, abalada pela fome.

Em 1356, numa batalha em Poitiers, os ingleses tiveram outra importante vitória.

Caçados por um exército comandado pelo próprio rei francês João II (sucessor de Felipe VI), eles se protegeram numa área pantanosa.

Ao atacar, os cavaleiros franceses atolaram e foram dizimados por arqueiros.

O rei João II foi feito prisioneiro e só libertado após aceitar tratados que garantiam à Inglaterra o controle de territórios na França.


A virada na guerra viria após o cerco a Orleans, que durou sete meses, entre 1428 e 1429.

Os franceses, encurralados, já estavam prontos para se render quando Joana D’Arc, camponesa transformada em grande guerreira, convenceu o rei francês a mandar tropas para a região.

Os ingleses não resistiram e abandonaram o cerco.

O episódio serviu para colocar na história o nome de Joana D’Arc e unir ainda mais os franceses.

Temendo o fortalecimento de uma liderança popular, entretanto, os nobres franceses arquitetaram a entrega de Joana D'Arc para os britânicos.


No ano de 1430, Joana D'Arc foi morta na fogueira sob a acusação de bruxaria.

Mesmo com a entrega da heroína, os franceses conseguiram varrer a presença britânica na porção norte do país.

Em julho de 1453, tropas inglesas tentaram atacar uma fortificação francesa perto de Castillon.

Elas foram derrotadas ao serem recebidas pela recém-introduzida artilharia de campanha - canhões que podiam ser transportados.

Embates continuaram ocorrendo, mas essa batalha é considerada o marco histórico que encerrou a Guerra dos Cem Anos.

Alguns anos depois, durante uma reunião de rotina entre os cavaleiros templários da Antiga e Mística Ordem dos Abatedores de Lebres (AMOAL), Carlos Frederico, um conde flamengo (tinha que ser!) da região de Flandres, que havia instituído a célebre “Ordem do Tesão de Ouro” em honra de Joana D’Arc, questionou por que “o ato de chupar bocetas não estava previsto entre os protocolos da ordem”?

Supostamente, ele havia se iniciado na prática durante um período em que esteve preso num calabouço inglês junto com Joana D’Arc.

Ambos presos com as mãos acorrentadas para trás, valiam-se dos próprios lábios para trocarem carícias íntimas.


Carlos Frederico foi apoiado nesse questionamento pelo templário Filipo Stravaganza, o Belo, Duque de Brabante, e por Alberto Baduíno, o Feio, Príncipe-Bispo de Liége, na época senhores dos atuais territórios de Bruxelas e de Valônia e ambos vassalos do Imperador da Alemanha.

De acordo com os protocolos secretos da AMOAL, o cunnilingus é uma antiga arte de oratória utilizada para se comunicar apropriadamente com uma parte específica do corpo feminino.

Como os machos de verdade jamais entendem as mulheres, os maiores especialistas nesta arte, evidentemente, são os sapatões.

O termo cunnilingus tem sua origem no latim.

“Lingere” significa “lamber” e “cunnus” significa “enrugadinho”.

Enfim, praticar cunnilingus nada mais é do que o ato de estimular um cuzinho – ou, na falta deste, uma vagina – com a língua.

Sua história nos remete até os primórdios da humanidade.

Nossos ancestrais das cavernas podem ter observado e copiado a presepada dos animais selvagens que, atraídos pelo forte odor, têm o hábito de cheirar e lamber os genitais de seus congêneres.

Os cães domésticos fazem isso até hoje.

O termo felação (do latim “fellatio”) é o sexo oral feito no genital masculino, seja ele feito por homem ou por mulher.

No caso de homem chupando homem (argh!), se chama passivo o vagabundo que pratica a felação (o “chupador”) e ativo, o vagabundo que a recebe (o “chupado”).

O animal que faz as duas coisas ao mesmo tempo, de acordo com o movimento das marés do oceano, é chamado de “entendido”, “viadinho filho da puta” ou “bissexual dos quatro costados”.

No mundo civilizado, há registros de felação na Grécia e no Egito antigo, mas nada de cunnilingus.

A prática do sexo oral era historicamente vista como a submissão de uma pessoa ao controle de outra.


Com isso, nas sociedades antigas onde a figura masculina sempre foi vista como a única detentora das forças física e intelectual, considerava-se extremamente vergonhoso para um homem se submeter a praticar o cunnilingus com uma mulher.

Portanto, um jovem pederasta grego iria preferir muito mais se ajoelhar perante um Sócrates e engolir a flauta de Eros do educador da juventude do que descobrir os encantos vulvovaginais de uma ninfa filha de Afrodite.

Com o advento do cristianismo, o prazer sexual passou a ser visto como uma porta aberta à entrada do demônio.

Na Idade Média, o sexo oral era um tipo brando de sodomia e esta era considerada um dos mais graves pecados veniais.

O fato é que, no início, o ato do sexo oral na mulher era normalmente feito no cu, mas depois com o surgimento da expressão “beijo grego” a palavra cunnilingus tomou o significado atual.

Aquilo poderia ser considerado, quando muito, um aperitivo, uma “boutade”, um ingênuo desvio de conduta, mas nunca uma relação sexual plena e satisfatória.

Essa era a única razão para a prática do cunninlingus não fazer parte dos ritos oficiais da AMOAL.

Os nobres templários Carlos Frederico, Filipo Stravaganza e Alberto Baduíno (os três sofriam de impotência crônica, soube-se depois) não gostaram do que ouviram e decidiram implantar um núcleo dissidente dentro da AMOAL, em que chupar boceta seria o prato principal.


Nascia a Aurea Veritas Calix (“Cálice da Verdade Áurea”, também conhecida como “AVC”, que no Brasil foi batizada de “Associação dos Viciados em Cunnilingus”), uma entidade esotérica ligada ao lado negro da Força.

Apesar de não ser reconhecida oficialmente pela AMOAL, a AVC continua orbitando em sua área de influência, ao mesmo tempo em que mantém sua independência de propósitos e rituais específicos.

Em Manaus, somente na zona sul da cidade, existem pelo menos doze grandes mestres da AVC, reconhecidos mundialmente pelas suas congêneres ao redor do planeta: Simas Pessoa, Giovani Bandeira, João Ricardo Sena, Val Wilkens, Paulo Caramuru, Sici Pirangy, Celestino Neto, Marco Gomes, Luiz Lobão, Áureo Petita, Zé Guedes e Jones Cunha.

E a cada final de semana, eles arrebanham pelo menos novos cinco adeptos para a sua jihad particular.

A última conversão foi a do poeta Marcileudo Barros.

Desconfio, sem poder provar, que, atualmente, seis em cada dez mestres da AMOAL são adeptos dessa prática.

Eu não, que eu não sou chegado.

De acordo com os protocolos secretos da AVC, algumas regras devem ser observadas durante a prática do “beijo grego”.


Antes de tudo, é necessário ter uma boa língua e um pouco de grana para conseguir levar uma mulher pra cama para ser, literalmente, lambida dos pés a cabeça.

Além disso, é necessário que a mulher escolhida seja higiênica, porque executar cunnilingus numa vagaba que não tenha tomado um mísero banho há 24h pode causar morte por ingestão involuntária de bacalhau estragado.

A prática, em si, é bem simples.

A mulher que for receber o carinho, deve apenas fazer o mesmo de sempre: ficar de pernas abertas, olhando para o teto e pensando em que cor ele ficaria melhor.

Quem executa o ato deve lamber a xereca como se fosse um cachorrinho recém-nascido em busca de leite.

É proibido babar, morder, enfiar o dedo, roçar a barba, tirar a boca pra cuspir ou sentir nojinho, mesmo que o cheiro do capô de fusca lhe embrulhe o estômago.

Para ser um grande mestre da AVC, você também precisa resistir ao “beijo grego” por mais de 45 segundos, já que 99% dos homens não aguentam a provação por mais de 10 segundos e querem logo pular em cima da menina pra atochar o chouriço.

Foi para reduzir esse stress masculino que se inventou a posição 69.

Praticar o cunnilingus é como encontrar uma surpresa dentro de um Kinder ovo: às vezes, você fica feliz, às vezes, você fica decepcionado, mas o mais legal é saber que depois de tudo você vai poder comer o chocolate propriamente dito.


De acordo com 90% das mulheres heterossexuais, apenas um homem em cada 100 mil é capaz de fazê-las chegar ao orgasmo por meio do cunnilingus, o que prova que isto é muito mais uma fantasia masculina do que feminina.

Em compensação, 95% das mulheres homossexuais chegam ao orgasmo por meio do cunnilingus quando praticado por uma fêmea semelhante a elas.

Aparentemente, isso se deve ao fato de os homens heterossexuais não saberem muito bem latim, nem se esforçarem o suficiente para aprender o idioma.

Diferente do cunnilingus, a felação praticada por uma mulher em um homem faz parte dos sacramentos da AMOAL.

Existe, inclusive, um aforisma a respeito: “Deus deu um pinto aos homens porque assim eles teriam como fazer as mulheres calarem a boca”.

Deus é Deus por isso: porque é muito espirituoso!

Somente há poucas décadas, com as mulheres brigando pela igualdade de gêneros e o sexo oral aparecendo como uma forma segura de contracepção (e erroneamente até visto como forma de prevenção de DST/Aids), o cunnilingus passou a ser praticado no mundo ocidental sem culpas e com total consciência de seu objetivo.


Segundo os Cavaleiros Jedi da AVC, está provado pela ciência que pouquíssimas mulheres conseguem alcançar o orgasmo somente com a penetração, sem estímulo algum do clitóris.

Desta forma, o cunnlingus aparece como uma ótima opção.

Mas no Oriente sempre foi diferente.

O grande mestre Giovani “Gigio” Bandeira, um empedernido torcedor do Flamengo (tinha que ser!), realizou sua iniciação na arte do cunnilingus em Mangnai, cidade ao extremo leste tibetano, próxima ao lago Gasikule.

Seu mestre, Yui Hiar Wonh, praticava o ato por mais de quinze horas consecutivas, sem que a mulher alcançasse o primeiro orgasmo.

De lá para cá, foram seis especializações na Índia, um MBA no Japão e um PhD na Indonésia.

Segundo ele, só há um passo necessário para realizar um bom cunnilingus: entender o porquê de você o estar realizando.

Nunca se deve pensar que se trata de uma doação ou até de uma obrigação.

Admirar a textura da vagina e a apreciar seu sabor são fundamentais.

Mais importante do que a prática em si, é gostar do cunnilingus e também ter prazer com sua realização.


A prática segue os mesmos princípios que guiam as flechas do tão badalado e cada vez mais pop arqueiro zen.

O que diferencia a filosofia zen oriental da psicanálise ocidental é a abordagem do problema.

Na psicanálise, você entra em um quarto escuro procurando um gato preto sabendo que o gato não está lá.

Na filosofia zen, você entra em um quarto escuro procurando um gato preto sabendo que o gato não está lá... e encontra o gato.

Segundo Baso Matsu (709 a 788 d.C.), o zen é a “consciência cotidiana”, nada mais do que “dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome”.

Agindo desta forma, compreendendo que o arqueiro, o arco e o alvo são um só e precisam uns dos outros para fazer sentido, a flecha sempre chegará ao alvo – não pela precisão do atleta, mas sim por seu satori, uma espécie de intuição animal.

Assim, o cunnilingus é a extensão da língua na vagina, o preenchimento de um espaço que quer ser preenchido aqui e agora.

Os detalhes como velocidade, respiração e posições serão sempre pormenores perto da compreensão que a língua deve se espiritualizar e se unir à mulher amada.

Mesmo sabendo se tratar de uma sensação especial, outro ponto importante é encará-lo com naturalidade.

Lembrando um ensinamento de mestre Wonh, “quem o experimenta, melhor fará se o ignorar, já que somente uma firme serenidade é capaz de fazer com que ele volte sempre”.

Aprendido isso, um cunnilingus não tem limites

Esta é a verdadeira paixão do Giovani, que consumiu horas de pesquisa, treinamento intensivo e uma dedicação quase obcecada pela matéria.

Como mestre desta arte, ele acredita que vocês, crianças acima de 18 anos, podem se beneficiar de algumas de suas reflexões sobre o assunto.

Curtam suas observações.


Giovani, Zé Guedes, João Ricardo e Simas, todos eméritos chupadores de boceta

Assim falou Zaratustra – Reflexões do mestre Gigio Bandeira sobre o famoso beijo grego

Em primeiro lugar, vamos acabar com o mito de que homossexuais são melhores na prática do sexo oral do que os heterossexuais.

Sou contra qualquer tipo de discriminação e acho que isso é apenas um marketing bem feito pelos concorrentes.

Tanto hetero quanto homossexuais podem alcançar o mesmo nível de sucesso – aquele papo de que quem tem o equipamento sabe operar melhor é pura balela.

Não acredite nos vídeos pornôs.

Aquela abordagem direta com uma puta língua de fora pode provocar, no máximo, dor e, no mínimo, desconforto, para quem está sendo beijada.

Aquilo é feito para o diretor do filme e não para satisfação da atriz.

Abordagens indiretas podem funcionar melhor em alguns casos.


Uma técnica indireta é abocanhar a área por completo, sugando o pastel de carne como um todo, e ao mesmo tempo fazendo um “u” invertido com a língua, estimulando o entorno do clitóris.

A vibração e intensidade variam muito, conforme o gosto da freguesa.

Imagine sintonizar uma estação em um rádio de válvula usando o dial.

É por aí.

Na medida em que o som vai ficando melhor, você está acertando.

Enquanto houver interferência, continue em movimento, buscando o ângulo correto.

Chupar boceta é arte, não é ciência.

Outra coisa: você pode, com prática, ser tão bom quanto um vibrador, mas para seu ego é bom que você saiba de antemão que nunca vai ser melhor que um vibrador Hitachi com pilhas novas.


Importante: nunca – em nenhuma hipótese – hesite.

Nos casos em que o odor não é o que você esperava, avance da mesma forma.

Mulheres são peritas em notar hesitações e ficam muito ofendidas com isso.

Pense nos valiosos soldados que desembarcaram na Normandia em 1944, sob fogo cerrado dos alemães e nunca recuaram.

Se você está desembarcando na Normandia, avance.

Depois, sem praticar em diversos tipos de campo, você jamais será um bom profissional.

A expressão “céu de brigadeiro”, para designar céu limpo e sem nuvens, surgiu porque brigadeiros só voam sem dificuldades.

Um pouco de turbulência faz de você um piloto melhor.

Uma pergunta que os amadores costumam fazer: antes ou depois da penetração.

Sempre antes.

A não ser que você goste do gosto de esperma...


É bom que fique bem claro que cunnilingus é uma arte para os apaixonados – assim como tocar harpa ou dançar twist.

Se você faz apenas para cumprir tabela, antecipando alguma reciprocidade, você nunca vai ser bom.

Sim, há inconvenientes, como aquilo que chamo de “o efeito Cláudia Ohana”: o pêlo pubiano que se enrosca nos dentes, desce pela boca e fica irritando a garganta.

Ignore-o.

Não fique rosnando como King Kong no topo do Empire State.


Já ouviu falar em ejaculação feminina?

Sim, aquilo existe mesmo e não é nada sujo.

Se acontecer e você for o responsável, você cumpriu seu dever.

Aja com indiferença, como se você provocasse esse efeito sempre.

É uma espécie de diploma de conclusão de curso, o momento em que o sushi man tem que comer o filé de baiacu depois de tirar o veneno.

No mais, boas chupadas no pastel de carne e seja bem vindo ao clube!

quinta-feira, julho 28, 2011

Como carcar uma internauta num chat de pegação


Como você já pôde perceber, caro gafanhoto, vivemos numa era de império da técnica.

Nosso dia-a-dia é recheado de manuais e instruções de uso.

Até as coisas mais simples passaram a exigir tamanho grau de especialização, que somos capazes de morrer de fome se não soubermos apertar as teclas do microondas.

Sem querer, somos obrigados a entender de tudo: wireless, celular, palm-top, internet, pagers, e-books, iPod, servidores, orkut, twitter, facebook, skype, o diabo a quatro.

Para evitar que você se torne um “mané tecnológico”, daqueles que só entendem de coisas que podem ser ligadas numa tomada, nós resolvemos lhe dar uma mãozinha.

Afinal, se você já decorou todos os menus de ajuda do Windows, está mais do que na hora de decorar todas as opções que você tem para aprender a fazer sexo virtual.


Aliás, você já pensou como seria a vida sem fazer sexo?

Não consegue?

Não consegue o quê, pensar ou fazer sexo?

Nos dias – e nas noites e madrugadas – de hoje é possível fazer sexo e conhecer novas garotas, mesmo se você não consegue fazer nenhuma das duas coisas, graças à Internet.

Basta ter tesão, um computador à mão, modem, linha telefônica, conhecer alguns truques para acender a imaginação da parceira e conseguir se excitar com as babaquices que ela escreve na tela.

Se sua vida sexual real estiver tão desvalorizada quanto a moeda americana, se esforce ao menos para que a sua vida sexual virtual seja plena e satisfatória.

Com esta finalidade preparamos para você as seguintes dicas, que – se aplicadas corretamente – lhe proporcionarão horas de excitação, gozos alucinantes, e uma conta telefônica mais alucinante ainda, se você não conseguir conter seus impulsos.

Mas vamos com calma, gafanhoto.


Criada por nerds metidos a besta, a Internet já nasceu pretensiosa, entupida de palavras como “avatar”, “cyberspace” e “webmaster”.

Você sabe exatamente o quê é o quê?

Não?

Então aprenda.

Avatar: você se chama Wandercleyson, mas no Orkut seu nome é Wanderléa e no Facebook, Wanderlaine.

Blogosfera: um monte de gente que passa o dia inteiro escrevendo “meum umbigo é taum lindauuum huahuahuahua kkkkkkkk”.

Chat: vários homens com pseudônimos femininos escrevendo obscenidades uns pros outros.

Cracker: bolacha salgada que você come na frente do computador pra não ter de sair do chat.

Cyberspace: não sei quando vai estrear, mas o Keanu Reeves faz o papel principal.

Flog: blog meio viado, cheio de florzinhas e fotos artísticas de quinta categoria.

Hacker: sujeito que manipula satélite da Nasa só pra sacanear página de desafetos no Orkut e no Facebook, não necessariamente nesta ordem.

Internauta: pessoa solitária com sérias dificuldades para fazer amigos.

Orkut: rapaz turco que cultiva hábitos muito feios, tipo dizer pros outros: “stay beauuuuutiful!”

Spam: e-mail que a gente apaga sem ler, geralmente enviado por assessores de imprensa (eles pensam que a gente lê).

Second Life: lugar onde você pode soltar a Wanderléa que existe dentro de você

Viral: e-mail que vende viagra, aumenta o tamanho do seu pênis e ainda vem com um cheque do Bill Gates.

Virtual: único tipo de sexo que você fez nos últimos dois anos.

Web ring: Foi o que o MisterLoverman (José Posidônio, 60) deu à Wanderléa (Wandercleyson, 32) quando eles ficaram noivos no Second Life.


Agora que você já aprendeu as mumunhas básicas do mundo virtual, entre num chat de pegar vagabas e comece a teclar.

Antes de mais nada, capriche na ortografia.

Não existe nada mais broxante do que ler “vai, gostoza, me faiz gosar” ou “xupa minha mãjuba, meu tezão”.

Se você não encontrou nenhum erro nas frases anteriores, é sinal claro de que você não está preparado para a era digital e deve continuar na manual.

Compre alguns cadernos de caligrafia, meia dúzia de livros de gramática, se matricule num curso público de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e bom proveito.

Se estiver conversando com várias pessoas ao mesmo tempo concentre-se para não trocar as bolas (sobretudo se você for espada) e evitar assim situações ridículas e constrangedoras, como dizer: “ai, amor, como você mexe gostoso”, antes mesmo dela tirar a roupa.

Coordenação, disciplina e senso de organização são essenciais no caso do sexo grupal, realizado nas salas de bate-papo.

É imprescindível instituir um coordenador, de preferência um engenheiro de tráfego, para evitar penetrações triplas, quádruplas ou poligonais indesejadas.

Tente falar com pessoas da sua mesma língua e que dominem as mesmas gírias que você.

Explicar e/ou traduzir cada coisa que pretende fazer acaba de vez com o tesão.

Se você pedir para sua parceira portuguesa colocar a camisinha com a boca e ela se negar, dizendo que está fazendo muito calor ou que pode se engasgar, deixe pra lá e vá em frente, ou pra trás, de acordo com a sua preferência.

Ou, melhor ainda, mude de sala.


Como você não sabe quem está teclando do outro lado, se certifique primeiro de que a sua parceira gostosona seja realmente do sexo-alvo e não um viado qualquer se fazendo passar pela Beyoncé.

Se ela se diz mulher, pergunte sobre marcas de absorventes ou receitas para tirar manchas de sapatos.

Talvez a transa virtual não resulte das melhores, mas – na pior das hipóteses – você terá ganho um pouco de cultura geral, o que será útil se um dia você decidir trocar de sexo.

Pergunte (e cheque) alguns dados concretos da sua parceira (idade, cidade, estado civil, CIC, RG, título de eleitor, etc.).

Talvez isso diminua um pouco o tesão, mas assim você evitará surpresas desagradáveis, como, por exemplo, ficar se excitando com sua própria madrinha em viagem de turismo pelo Casaquistão.

Essas coroas são fogo, ainda mais quando estão solitariamente tristes num hotel de merda perdido no meio nas estepes asiáticas!


Não é muito romântico, mas abreviações ajudam a diminuir o tempo de espera e o tráfego na rede, p. ex. (esta não conta, quer dizer “por exemplo”):

acdtomfs: a cor de teus olhos me faz sonhar

sdpevmmfh: só de pensar em você, meu membro fica hasteado

oaqetveme: o aroma que exala tua vulva está me entorpecendo

mmepprsf: minha mangueira está pronta para receber sua florzinha

cemvnbecatl: coloca esse mastro viril na boca e chupa até tirar leite

eqtpnctdnsetfm: eu quero te pegar no colo, te deitar no solo e te fazer mulher

vtfucmiqtxvfecv: vou te fazer um cavalo marinho invertido que tua xereca vai ficar em carne viva

xmmcheevtqs: xiii! minha mulher chegou e eu vou ter que sair!

inmaa: isso nunca me aconteceu antes

aaaaaaaaaahhhhrrgggfffffffaaaaaaaaaaaaaa: gozei!

ip: ih, peidei!

Algumas regras da etiqueta do sexo ao vivo devem ser preservadas também no sexo virtual: não desligue logo depois de gozar (equivale a virar de costas e começar a roncar), nem saia correndo para tomar banho, a não ser que você tenha um laptop a prova d’água.

Nunca, mas nunca mesmo, pergunte “quanto te devo?”.

Infelizmente, a Internet ainda não é 100% segura para transações financeiras.

Seguindo atentamente estas dicas, você se converterá em um Don Juan virtualmente irresistível e desejado por pessoas de ambos os sexos dos quatro cantos do planeta.

E tudo isso sem gastar um puto (ou uma puta) em motéis fuleiros e nem ter de aturar mocréias com bafo de onça, bundas cheias de celulite e peitos na altura do joelho, fazendo o maior barraco por causa das merrecas que você deu como pagamento pelos serviços prestados.

quarta-feira, julho 27, 2011

Entendendo a quilometragem feminina


É comum as pessoas dizerem “fulana tá muito rodada”.

Mas vocês sabem de onde vem o termo e como é feito o cálculo?

Se não sabem, continuem lendo que nós vamos explicar esse assunto em detalhes.

O ar e outros gases resistem a movimentos realizados “dentro” deles.

É graças a isso que o pára-quedas funciona: quando o paraquedista salta, ele é submetido a uma força de resistência exercida pelo ar.

Ela se manifesta como um vento forte para cima que vai aumentando a medida que ele cai.

A velocidade de queda também aumenta até atingir um valor limite.

Sabe-se que um paraquedista em queda livre atinge uma velocidade máxima em torno 200 km/h.

Porém, sem a força de resistência do ar eles atingiriam velocidades muito maiores: saltando de uma altura de 1000 metros chegariam ao chão com uma velocidade de 508 km/h.

Quando o paraquedista abre o pára-quedas, a força de resistência se torna muito maior devido ao formato e à área do pára-quedas.

Com isso sua velocidade cai rapidamente atingindo valores menores que 10 km/h, seguros o suficientes para uma aterrissagem tranqüila.


Se neste caso a força de resistência é útil, há outras situações em que procuramos evitá-la.

É o caso das bocetinhas femininas.

Talvez você já tenha ouvido frases do tipo “uma falsa magra é bem mais aerodinâmica que uma cachorra popozuda”.

O que quer dizer isso?

Quer dizer que, dependendo do formato que uma boceta tiver, ela sofre uma força de resistência do ar maior ou menor.

As mulheres mais modernos raspam os pelos da xereca não por uma questão de higiene, mas para que ganhem um formato mais aerodinâmico, ou seja, capaz de cortar o ar de uma maneira mais eficaz, diminuindo a resistência.

Isso melhora o desempenho da mulher (velocidade final atingida) e economiza viagra para nosotros, pois o cacete não precisa de tanta rigidez para manter a velocidade.


Segundo os grandes mestres da AMOAL, as mulheres estão dividas em quatro categorias quando o assunto é “velocidade de trepada” (leia-se vaivém frenético da menina entrando e saindo do seu pau, com ela na posição “vaca atolada” e você, por trás de joelhos): magras, medianas, boazudas e orcas assassinas.

Isso é determinado pelo formato aerodinâmico do capô de fusca de cada uma.


As magras (qualquer uma entre 40 e 50 kg) são como um Lamborghini Diablo pilotado pelo capiroto em pessoa: alcançam até 120 ppm (penetrações por minuto) e demoram cerca de 4 segundos para alcançar a velocidade média de 60 ppm.


As medianas (qualquer uma entre 50 e 60 kg) são como um Honda Civic: forçando a barra, elas atingem até 100 ppm, mas demoram cerca de 40 segundos para alcançar a velocidade média de 60 ppm.


As boazudas (qualquer uma entre 60 e 70 kg) são como um Rolls Royce – não adianta tentar imprimir uma velocidade acima de 60 ppm porque é o tipo da máquina para ser curtido com vagar.


As orcas assassinas (qualquer uma com mais de 70 kg) são como uma carreta de três eixos: só um sujeito cheio da truaca para encarar um estrupício desses.

Mas lembre-se: estamos falando de mulheres de estatura média (1,55 a 1,75 cm).

Uma mulher de 1,50 cm e pesando 70 kg não é uma boazuda, mas uma baleia anã.


Os cientistas e sexologistas do mundo inteiro também determinaram que uma trepada dura aproximadamente 7 minutos.

Se a velocidade média de uma trepada é de 60 penetrações por minuto, isso indica que o ato completo consiste em 420 penetrações (60 X 7).

Supondo que o cacete do macho tenha, em média, 15 centímetros, isso significa que a mulher recebe, em média, 6.300 centímetros de chibata, ou seja, 63 metros de rola em cada relação (420 X 15).

Geralmente, as mulheres trepam 3 vezes por semana e, como o ano tem 52 semanas, então fodem 156 vezes por ano.

Isto quer dizer que a mulher recebe 9.828 metros de vara por ano, ou o equivalente a quase 10 km de pica por ano (63 X 156).

A 10 km por ano, uma garota de 25 anos, que teve a sua vida sexual iniciada, em média, aos 17 anos, já rodou (25-17 = 8 x 10) espantosos 80 km!


Portanto, agora, podemos apresentar a mulherada da seguinte maneira:

“Carlos Alberto, esta aqui é a Maria Amélia. Ela tem 25 anos, mas está novinha! Só rodou uns 55 km! Tá inteira, muito bem conservada, com todas as peças originais. É como se fosse ano 73, modelo 75!”

Sugiro que vocês decorem e repassem estas informações as suas amigas, que certamente não resistirão a argumentação tão singela caso ainda não tenham alcançado a quilometragem padrão de 100 km, ou que ficarão putíssimas da vida caso já tenham alcançado a revisão dos primeiros 5.000 km.

Cuidado: as leis de trânsito estão cada vez mais severas

Preocupado com o abuso de certos cidadãos no nosso trânsito cada vez mais caótico, o produtor cultural Julio César Costa, nosso homem em Fortaleza (CE), manda mais essa dica:

Multa de R$ 1.000,00

Apreensão do veículo

7 pontos na carteira

Tipo de infração: Transitar em moto com escapamento aberto

sábado, julho 23, 2011

Morre Amy Winehouse


Amy Winehouse, uma das maiores estrelas da música britânica dos últimos anos, era uma cantora de soul de um extraordinário talento musical e dona de uma voz poderosa, cuja carreira foi interrompida neste sábado após sua morte.

Aos 27 anos, a intérprete de Rehab se uniu neste sábado à lista de músicos lendários que morreram exatamente com essa idade, como Jim Morrison, Kurt Cobain e Janis Joplin, após um histórico de problemas com álcool e drogas.

Amy foi encontrada morta neste sábado em seu apartamento de Camden Town, no norte de Londres, um mês após ela ter suspendido sua turnê europeia por causa do fracasso de seu show em Belgrado, no qual mal conseguiu cantar e chegou a ser vaiada.

Com músicas como Love Is A Losing Game e You Know I Am Not Good, Amy foi comparada a Sarah Vaughan por sua voz intensa, e a Billie Holiday e até mesmo a Edith Piaf por sua criatividade, sua vulnerabilidade e seus excessos.


Com seus cabelos escuros, seus olhos sempre pintados e sua extrema magreza, Amy tinha uma personalidade forte.

Musicalmente, era considerada uma cantora de soul, mas não fugia das influências do jazz e até mesmo do rap.

Sua curta carreira foi dominada por escândalos, problemas com a Polícia, uso excessivo de drogas e álcool, bulimia, brigas com o marido, overdose, cancelamento de shows e internações constantes em centros de reabilitação.

A forma como ela levava a vida fez com que a notícia de sua morte neste sábado provocasse mais consternação do que surpresa no Reino Unido.

A cantora e compositora teve problemas com as drogas quando era adolescente, mas que se intensificaram e foram especialmente noticiados desde que seu álbum Back to Black se transformou em um enorme sucesso mundial.


Lançado em outubro de 2006, vendeu 15 milhões de cópias, foi eleito o melhor álbum do ano em 2007 e em fevereiro de 2008 transformou Amy na primeira cantora britânica a ganhar cinco Grammys.

Com letras influenciadas por suas experiências pessoais, Amy chamou a atenção midiática e dominou as páginas dos tablóides britânicos.

Seu maior sucesso, Rehab, fala sobre sua rejeição em comparecer a um centro de reabilitação para alcoólicos.

O clipe da música foi visto neste sábado por cerca de 40 milhões de pessoas na internet.

Em 2003, Amy havia lançado seu primeiro disco, Frank, que vendeu 1,5 milhão de exemplares e lhe rendeu uma nomeação ao Mercury Prize e ao Ivor Novello Award em 2004 pela música Stronger Than Me.

Atualmente, preparava seu terceiro álbum, segundo sua gravadora, a Universal, que confirmou a morte da cantora neste sábado e transmitiu suas condolências à sua família.


Amy Jade Winehouse nasceu em 14 de setembro de 1983 em Londres em uma família de origem judaica.

Aos 10 anos fundou seu primeiro grupo de rap e aos 14 anos começou a escrever músicas de jazz.

Em 2007, casou-se em segredo com Blake Fielder-Civil, que foi preso por agredir o dono de um pub londrino. Os dois se divorciaram em 2009.

A última aparição pública da cantora foi na última quarta-feira em um teatro de Camden Town.

sexta-feira, julho 15, 2011

Aula 1 do Curso Intensivo de Rock: Country Music / Hillbilly Music


No início do século 20, no sul dos Estados Unidos, mais precisamente na região das Montanhas Apalaches, surgiu uma música predominantemente acústica, fortemente influenciada pelas músicas folclóricas dos colonizadores ingleses, irlandeses e escoceses que viviam na região.

Na falta de melhor nome essa música, uma espécie de trilha sonora perfeita para as historietas da família Buscapé, foi chamada de “country music” (“música rural”).

Pelo simples fato de ter nascido numa região montanhosa de forte vocação agrícola (o estado de Tennessee), a música country não sofreu nenhuma influência da industrialização acelerada que sacudiu o resto dos Estados Unidos no início daquele século e pôde se desenvolver fiel às suas origens caipiras.

O que caracterizava a country music eram suas letras simples, diretas e com temas que mantinham alguma relação com a própria vida dos cantores: a tradição do campo, os valores sagrados da família, a apologia da propriedade rural, a universal dor de cotovelo e o desbravamento do oeste americano.

No campo instrumental, havia a predominância de sons acústicos de instrumentos como o violão com corda de aço, o banjo, o violino e a rabeca.


O padrão visual dos músicos sertanejos com suas roupas amarfalhadas (sempre dando a impressão de que todos pareciam ter dormido no assoalho do mesmo saloon), a voz analasada dos cantores sulinos (marca registrada do gênero), o eterno vocalista no frontside com seu inseparável chapéu de cowboy e seu insuspeito par de botinas enlameadas, traduziam integralmente o espírito country.

Nos anos 30, quando a música country começou a sair da roça, os críticos nortistas, que não viam com bons olhos essa grande cafonice oriunda do sul dos Estados Unidos dando as cartas no cenário musical, começaram a cair matando.

Além de só se referirem ao gênero, em tom de deboche, como “música caipira” (“hillbilly music”), escreviam que, no mínimo, aquilo era coisa de velhos estancieiros bregas com dor-de-corno manso ou gracinhas inconseqüentes de meia dúzia de capiaus analfabetos à beira de um ataque de nervos.

Nenhum deles imaginava que o hillbilly teria uma importância seminal na historiografia do rock.

A primeira gravação de música country data de 1922.

Ela se chamava “Sally Goodin” e foi gravada por um tocador de rabeca chamado Eck Robertson.


Entretanto, o grande impulso dado ao gênero foi o programa de uma rádio de Nashville, chamado “Grand Ole Opry”, que revelou grandes nomes do gênero.

A velha ópera continua sendo transmitida ainda hoje, sempre aos sábados, com músicos tocando ao vivo.

Foi a partir desse programa que Nashville se tornou o epicentro da música country.

Ainda hoje, quem desembarca no aeroporto internacional de Nashville esperando encontrar um batalhão de homens altos, de camisa xadrez, jeans apertados e bota de bico fino não vai se decepcionar.

Eles estarão por lá, vivendo sua vidinha de sempre.

Mas se você acha que em torno desses caubóis urbanos se espalha uma paisagem campestre, digna do filme “Amargo Pesadelo”, tire seu cavalinho da chuva.

No lugar do tocador de banjo entra a jovem executiva e, em vez de charretes, você encontra carros moderníssimos circulando pelas ruas.

Na linha do horizonte, quem espera ver um chapelão de concreto estilizado dá de cara com um edifício pós-moderno, de arquitetura ousada, cujo formato lembra mais o homem-morcego do que a família Buscapé.


Não é por acaso que esse prédio é apelidado de “bat-building” – seu desenho faz lembrar imediatamente a máscara do Batman dos cinemas.

Fundada no Natal de 1779, a capital do Tennessee é uma miniatura de cidade moderna, com alguns arranha-céus para marcar o centro e uma infinidade de casas e vilarejos espalhados num raio imenso.

Com cerca de 1 milhão de habitantes, é uma cidade pequena, porém ajeitada.

E muito, muito religiosa.

São cerca de 800 templos, representando as mais variadas vertentes – do judaísmo aos evangélicos, passando pelos templos batistas e seus corais gospel.

Não são as romarias e peregrinações, entretanto, que incluem Nashville no roteiro de muita gente.


Desde os anos 20, graças a um programa de rádio que conquistou o país, é a música que faz a fama da cidade, atraindo fãs anônimos e astros de primeira grandeza no mundo do estilo country.

Pense em quem você quiser, de Dolly Parton a Elvis Presley – todos estiveram lá.

Só o rei do rock, que viveu e morreu em Memphis, a poucas horas de Nashville, gravou mais de 200 músicas no Studio B da RCA.

Quando anuncia aos quatro ventos que seu lema é Music City, Nashville não está brincando.

A música realmente manda na cidade.


Em qual outro lugar você encontraria um bairro como Music Row, onde se instalaram dezenas de estúdios de gravação de discos?

No encontro da Segunda Avenida com a Broadway, no centro, outra dezena de bares disputa os clientes que caminham pela calçada oferecendo qualquer gênero musical, exceto lambada e pagode.

E aí vem uma surpresinha nashvilliana: além do estilo country, há palcos para blues, rock e baladas, todas tipicamente americanas.

A única cidade americana que empata com Nashville na fama de caldeirão musical é New Orleans, em Louisiana.

Mas há algumas diferenças básicas entre as duas.

New Orleans investiu pesado no French Quarter, o bairro antigo e restaurado onde ficam bares e casas noturnas especializadas em jazz.

Sempre jazz, especialmente o mais tradicional.

Nashville foi por outro caminho: investiu na música profissional, atraiu grandes nomes do cenário artístico e, de quebra, estimulou a abertura de bares e restaurantes, cujo cardápio inclui, sem exceção, shows ao vivo.

Se seu tempo for curto, analise com calma o leque de opções da cidade e escolha o que melhor mostra a cultura musical de Nashville.


Na sua lista não faltará o Country Music Hall of Fame and Museum.

É o grande pavilhão dos artistas country americanos.

Você vê de tudo lá: dos primeiros vestidos de Dolly Parton ao piano dourado usado por Elvis Presley.

Há também uma série de tributos a alguns artistas que só mesmo fãs radicais poderiam reconhecer.

Você pode ir direto à seção de instrumentos musicais.

Com ajuda de computadores, o visitante escolhe um instrumento e ouve o som que ele faz na banda.

A falha histórica do museu, no entanto, está na seção dedicada aos cartazes dos filmes rodados em Nashville.

Há dezenas, exceto “Nashville”, de Robert Altman.

“Nunca ouvi falar desse filme”, diz a guia, pega de surpresa.

Feito em 1975, o filme de Altman demole a imagem da indústria cultural country.

Aula 2 do Curso Intensivo de Rock: Hank Williams


Muito perto do Tennessee, no estado vizinho de Kentucky, surgiu, na década de 40, o “bluegrass” (cuja tradução literal quer dizer “capim azulado”, comum nessa região), com harmonias vocais mais complexas e predominância do som do banjo.

O bluegrass procurava manter a country music nos padrões tradicionais, tarefa a esta altura difícil, com a urbanização crescente, a industrialização do sul do país e o avanço do “honky tonky”.

Bill Monroe foi o nome mais importante desta corrente e seu trabalho vem sendo seguidos ainda hoje pela dupla Lester Flatt e Earl Scruggs.

O honky tonky era uma vereda texana da música country e tinha origem nos “honks tonks” (“cabarés”) que proliferavam nesse estado.

Utilizando guitarras eletrificadas e bateria trovejante, o honky tonky se diferia principalmente do velho e bom mainstream sertanejo pelas letras que falavam de amores ilícitos, situações pecaminosas, bebedeiras homéricas, putarias franciscanas, patifarias cândidas e toda sorte de contravenções e desregramento dos sentidos.


O principal representante dessa corrente foi o célebre Hank Williams, que morreu precocemente aos 30 anos, no reveillon de 1953, devido a um ataque cardíaco motivado por excesso de bebida, como cabe bem a um honkyman.

Como Elvis Presley, Hank Williams é uma figura suprema da cultura americana. Através dele, o country chegou à era moderna.

Hank foi um dos pioneiros do rockabilly, tanto na sonoridade como no comportamento.

Até ele chegar, a música caipira americana era restrita ao consumo da população pobre do sul dos Estados Unidos.

Ao descrever as tristezas e as desgraças do homem comum, Williams capturou a imaginação do país inteiro em suas canções.

Além disso, ele foi criado no meio do blues e a mistura da música negra com o som folclórico dos brancos resultou em algo totalmente novo.

Hiram “Hank” Williams nasceu em 17 de setembro de 1923, na cidade de Monte Olive, Alabama.

Atravessou uma infância miserável e descobriu que a única maneira de não passar fome era tocar o seu violão em lugares que rendessem algum dinheiro.

Aos seis anos, ingressou no coro da igreja local, aprendendo a trabalhar com a capacidade vocal, o que viria a ser uma das marcas registradas de sua carreira.

Com 13, venceu um concurso de jovens talentos, o que o aproximou daquela que viria a ser pelos próximos dez anos sua banda de apoio, o Drifting Cowboys.

Aquela foi uma época de ouro da country music.

Estas canções tiveram origem nas baladas anglo-celtas trazidas pelos pioneiros da colonização do interior dos Estados Unidos (chamados appalachians).

Conforme as fronteiras se expandiam rumo à costa oeste, novas referências iam sendo assimiladas, sobretudo o tango e a valsa, adquiridos através da cultura hispânica que subiu do México para o Texas e o sul da Califórnia.

Os primeiros indícios de aumento de popularidade vieram a partir do uso destas músicas nos grandes musicais vaudeville, empreendidos por companhias que percorriam todo o país nas primeiras décadas do século 20.

O rádio logo tirou proveito: a partir de 1925, as noites de sábado transformaram a cidade de Nashville, no Tenessee, na capital do estilo, quando um programa chamado Grand Ole Opry era transmitido ao vivo de um teatro, revelando calouros e estrelas como Roy Acuff.

Não houve como segurar o estouro.

Os trinta milhões de ouvintes conquistados rapidamente fizeram Hollywood perceber a mina de ouro.

Com o advento das produções sonoras, diversos longa-metragens vieram a ser produzidos.


Atores/cantores como Gene Autry e Roy Rogers se tornaram ídolos nacionais enquanto as platéias se encantavam com o mito dos heróis do Velho Oeste.

O jovem Williams cresceu e começou sua carreira artística em meio a todo este furacão promovido pelo rádio e pelo cinema.

Até que resolveu trocar a companhia dos Drifting Cowboys pela busca do sonho dourado.

Em 1946, ele desembarcou em Nashville, com apenas 23 anos, para tentar a sorte no centro de ebulição da country music.

No ano seguinte, assinou com a gravadora MGM e conseguiu lançar seu primeiro compacto: “Move It On Over”.

Essa canção foi um marco.

Basta dizer que “Rock Around The Clock”, lançada sete anos depois por Bill Haley And His Comets – e considerada por muitos o ponto de partida do rock’n’roll – era decalcada nesse primeiro sucesso de Hank.

Em “Move It On Over” já dava para sentir tudo o que viria a ser o chamado rockabilly: a estrutura do blues, o ritmo frenético do honky tonky caipira e o violão ágil, cobrindo todos os espaços.


Não tardou muito para ele conseguir um contrato para fazer apresentações regulares em teatros da cidade.

Até que chegou ao Grand Ole Opry em 1949, ano em que a parceria com seu produtor, Fred Rose, desencadeou uma invejável série de hits – registrados por Williams ou regravados por estrelas ascendentes de então.

“Lovesick Blues”, “Jambalaya (On The Bayou)”, “You’re Gonna Change”, “Long Come Lonesome Blues”, “Cold Cold Heart”, “Hey Good Lookin’”, “Honk Tonk Blues”, “Your Cheatin’ Heart”, “Move It On Over”, “Mind Your Own Business”, “My Buckets Got A Hole In It”, “Why Don’t You Love Me”, “Why Should We Try Anymore”, “Crazy Love”, “Baby We’re Really In Love”, “Settin’ The Woods On Fire”, “Wedding Bells” e “Half As Much” foram alguns dos sucessos.

Contudo, Hank Williams estava longe de personificar a bravura e o bom-mocismo dos heróis do Velho Oeste de sua adolescência.

Ele era, na verdade, o primeiro loser (“perdedor”) do gênero.

Cantava os excessos, desgraças e tragédias e ainda vivia da mesma forma fora dos palcos e estúdios.

Apesar da enorme popularidade, o comportamento errático e completamente desregrado pôs a ruir rapidamente tudo o que havia conquistado em menos de três anos.

Nem mesmo o estrondoso sucesso acalmou o cantor, que sempre foi um cara difícil, quase intratável e muito temperamental.

Pior: alcoólatra irrecuperável e viciado em “speed” (anfetaminas).

Hank Williams arrumava brigas, faltava aos shows, se envolvia com mulheres casadas e conseguiu despertar o ódio da maioria dos donos de clubes e teatros de Nashville.

Em agosto de 1952, o alcoolismo crônico levou-o a ser demitido do Grand Ole Opry.

Pouco tempo depois, sua esposa Audrey Shepperd pediu o divórcio.

Ainda assim, Hank não se afastou do excesso de bebidas, drogas e mulheres.


No dia 1º de janeiro de 1953, enquanto um motorista o levava para uma apresentação em Canton, em Ohio, Williams adormeceu no banco traseiro do carro.

Teve um ataque fulminante do coração.

Morreu com 29 anos, deixando um filho de três anos (Hank Williams Jr, que seguiria, sob o apelido de Bocephus, carreira de sucesso como cantor e compositor country) e um último hit com o premonitório nome de “I’ll Never Get Out Of This World Alive” (“Eu Nunca Deixarei Este Mundo Vivo”).

No funeral, 25 mil pessoas choraram em frente ao seu caixão.

Doze de suas clássicas composições foram agora regravadas no álbum “Timeless”, por seis gerações de discípulos confessos.

Os participantes são Johnny Cash, Keb’ Mo’, Bob Dylan, Keith Richards, Mark Knopfler, Tom Petty, Sheryl Crow, Lucinda Williams, Emmylou Harris, Beck e Ryan Adams – muitos destes nomes possuem suprema importância na evolução e história do rock’n’roll e são típicos representantes do cruzamento entre o rock e o country (em sua forma mais tradicional ou na vertente folk, mais próxima das origens das canções européias trazidas pelos colonos).


E, claro, o DNA não podia faltar – a família Williams vem representada pelo jovem neto, o tatuadíssimo Hank Williams III.

Dylan abre o álbum com uma composição pré-Ole Opry.

O bluegrass “I Can’t Get You Off My Mind” traz uma desilusão amorosa escancarada por Williams (e nesta gravação ressaltada pela voz mais-que-anasalada do intérprete) em quinze versos diretos e altamente poéticos como “You believe that a true love is blind/ So you fool every new love you find/ You’ve got stars in your eyes/ But they can’t hide the lies/ Oh, I can’t get you off of my mind” (“Você acredita que o verdadeiro amor é cego/ Então você engana todo novo amor que encontra/ Você possui estrelas nos seus olhos/ Mas elas não podem esconder as mentiras/ Oh, não consigo tirar você do meu pensamento”).

Sheryl Crow vem em seguida optando por uma arranjo mais tradicional em “Long Gone Lonesome Blues”.

Peca apenas pela falta de ousadia, afinal poderia ter explorado mais a tragicômica melancolia pós-chute-na-bunda de versos como “I went down to the river to watch the fish swim by/ But I got to the river so lonesome I wanted to die/ Oh, and then I jumped in the river/ But the doggone river was dry” (“Desci até o rio para observar os peixes nadando/ Mas eu cheguei lá tão abandonado que eu queria morrer/ Oh, e então eu pulei no rio/ Mas o maldito rio estava seco”).

A moça, entretanto, acaba brilhando na hora do vocal yodel (aquela tremidinha entre graves e agudos que dói no ouvido).

Em “You’re Gonna Change (Or I’m Gonna Leave)”, Tom Petty segue Sheryl Crow e também opta pelas eletrificações estridentes do new country americano dos anos 80 – exemplar este que acabou sendo importado pelos sertanejos brasileiros e hoje sobrevive nas arenas de rodeios em Barretos e em diversas outras cidades interioranas de estados como São Paulo e Paraná.

Keb’ Mo’ puxa a balada valseada “I’m So Lonesome I Could Cry” para o blues (com direito a steel guitar e solo de violino).

Logo depois, Beck resgata a veia criativa esquecida nos tempos anteriores ao estouro de “Loser”.

Enche de barulhinhos, ruídos e timbres graves a baladaça “Your Cheatin’ Heart” e por quase quatro minutos ressuscita aquele cara legal que sabia fazer barbaridades com um violão em punho pelas ruas de Los Angeles.

Quem também surpreende é Keith Richards.

Ás da guitarra, ele deixa de lado a habilidade em seu instrumento para brilhar como vocalista em “You Win Again” – mais uma composição em três por quatro e que neste disco ganhou arranjo levemente direcionado para a música soul.

Richards transpõe para a interpretação todo o sofrimento de versos como “Just trusting you was my great sin/ What can I do, you win again” (“Ter acreditado em você foi o meu grande pecado/ O que posso fazer se você ganha novamente”).


Ryan Adams, expoente da recente safra alt-country, pega o filé mignon “Lovesick Blues”, o maior hit deixado por Williams.

Aposta na simplicidade, sua marca registrada.

Emociona com vocal yodel e acompanhamento de violão e rabeca.

E ainda abre o caminho para a faixa seguinte, “Cold Cold Heart”.

A tristeza sem fim também parece tomar conta de Lucinda Williams, que acentua a letra deprê-total com fundo tecido por violinos ao fundo e solo de violão dobro.

Emmylou Harris e Mark Knopfler fazem dobradinha discreta nos compassos ternários de “Lost On The River” e “Alone And Forsaken” – ambas tendo como destaque o choroso bandolim tocado por Mike Henderson.

Já Hank Williams III, descendente da lenda, é mais corajoso ao mostrar o quanto vovô era rock’n’roll.

O hit “I’m A Long Gone Daddy” era puro rockabilly de baixo-de-pau, antes mesmo do próprio existir através de Bill Haley, Gene Vincent e Eddie Cochrane.

Os versos também podem ser entendidos como um recado familiar (“I’m leavin’ now, I’m leavin’ now/ I’m a long gone daddy/ I don’t need you anyhow”) (”Estou indo embora, estou indo embora/ Já sou gente grande, papai/ Eu não preciso mais de você”).

Pioneiro da mistura entre country e rock’n’roll na gravadora Sun (que também revelou nomes como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Roy Orbison na década de 50), o corvo Johnny Cash fecha o álbum recitando o amor de Hank Williams por sua mãe e as lembranças da infância voltando à mente através de um sonho.

A música é a grande declaração de amor que Williams nunca conseguiu fazer para suas mulheres em suas composições.

Belo e tocante, um ótimo encerramento para homenagear aquele que sofreu tanto em cima dos palcos.

E fora deles também.


O “cowboy errante” Hank Williamas tornou-se um dos primeiros a falar sobre a poeira na estrada interminável e da derrota como uma lição a ser aprendida.

O seu estilo “viva intensamente e morra jovem” virou norma do rock’n’roll.

E as canções dele foram determinantes nas carreiras de artistas tão diversos como Jerry Lee Lewis, Ray Charles, Tony Bennett, Creedence Clearwater Revival, Doobie Brothers, Linda Ronstadt e muito mais gente que vasculhou o catálogo do cara em busca de hits ou de inspiração.