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segunda-feira, outubro 31, 2011

Arte e Ciência de Entrar no Canavial sem se Machucar (Final)


Seco, sóbrio e elegante.

Assim pode ser definido o coquetel Manhattan, que homenageia a trepidante e charmosa ilha de Nova York.

Nos balcões dos bares, os experts contam que o Manhattan teria surgido mesmo nos Estados Unidos, não necessariamente na ilha, no ano de 1870, e que sua receita original continha apenas rye whiskey (“uísque de centeio”) e vermute.

De lá para cá, sua fórmula foi bastante alterada.

Hoje, ao lado – ou melhor, junto do rye ou do Canadian whisky e do vermute tinto, estão a Angostura e a cereja.

Mesmo simples, a receita do Manhattan exige muito rigor de quem a prepara.

Não se pode errar nas medidas.

Deve-se conhecer, por exemplo, as complexas conseqüências da maior ou menor quantidade de cada ingrediente – três, duas ou mesmo uma gota a mais de Angostura podem fazer uma amarga diferença.

Pelo seu caráter seco, o Manhattan é considerado um aperitivo ideal para ser servido antes das refeições.

Uma dica: o segredo da preparação está na rapidez, evitando contaminar o drinque com água demais.

Apesar desses cuidados, fazer o drinque não é nenhum bicho-de-sete-cabeças.

Ele pede 2 doses de rye whiskey (na sua falta use uísque americano ou canadense), 1 dose de vermute tinto, 2 gotas de Angostura e 1 cereja.

Em um copo misturador, ponha de cinco a seis cubos de gelo e todos os ingredientes, exceto a cereja.

Mexa rapidamente com uma colher longa e coe a mistura sobre uma taça de coquetel.

Decore com a cereja, que deve ficar no fundo da taça.

Não coma a cereja antes de terminar de beber, porque vai adoçar sua boca e alterar seu paladar.

Esse é o drinque ideal para exigir da menina um boquete de engarrafar o trânsito de Manhattan.


O famoso Negroni nasceu em 1919 no Casone, em Florença, na Itália.

Um dos fiéis freqüentadores do bar, o conde italiano Camillo Negroni, sempre pedia o mesmo drinque, uma mistura de bitter e vermute.

Certa tarde o conde pediu ao barman Fosco Scarcelli uma bebida ainda mais forte.

Como já conhecia seu paladar, Scarcelli apenas acrescentou gim, gelo e uma rodela de limão ao bitter e ao vermute.

O conde aprovou e passou a beber apenas a nova poção, logo popularizada entre outros clientes e, claro, batizada com o sobrenome do bebedor ilustre.

O segredo do drinque é usar um gim bem seco, o inglês de preferência.

Apesar da origem nobre, qualquer plebeu pode reproduzir a receita.

Em um copo baixo, conhecido como old-fashioned, coloque quatro pedras de gelo.

Adicione 1 dose de gim, 1 dose de Campari, 1 dose de vermute tinto e mexa bem.

Decore com 1 tira de casca de limão.

Recomendável para fêmeas pudicas e recatadas.


O explosivo coquetel Bullshot nasceu em alto-mar.

No século 17, nos navios ingleses, os marinheiros costumavam tomar um forte caldo de carne para combater o frio e evitar possíveis resfriados.

Além das doses do caldo, cada marujo recebia uma cota diária de rum.

Inevitavelmente passaram logo a misturar os dois, criando, segundo os experts, uma das melhores receitas para a cura da ressaca.

Finalmente, quando chegou aos bares ingleses, o rum foi substituído pela vodca, devido ao seu sabor neutro.

O segredo está em combinar um bom caldo de carne, com vodca de qualidade e temperos na medida exata: 1 dose de vodca, 3 doses de consomê de carne frio (existem marcas americanas já prontas, porém não se recomenda o uso de tabletes de carne), 1 gota de suco de limão, 2 gotas de molho inglês, 1 gota de Tabasco, sal e pimenta-do-reino a gosto.

Em um copo misturador, coloque quatro pedras de gelo, acrescente os ingredientes e mexa bem.

Sirva com duas pedras de gelo.

Utilize um talo de salsão para enfeitar e servir de mexedor, que pode ser comido enquanto se bebe o drinque.

É a bebida clássica para seduzir uma mulher vegetariana.


A mistura de hortelã com bebidas é muito antiga.

A exemplo do Bullshot, o Mojito teria sido criado por um inglês em alto-mar.

A diferença, nesse caso, é que a história deste drinque era contada nos bares cubanos por ninguém menos que o escritor americano Ernest Hemingway.

Segundo ele, o almirante e aventureiro inglês Francis Drake, o primeiro homem branco a aportar em inúmeras ilhas do Pacífico Sul, apaixonado pelos aromas da hortelã, teria sido o primeiro a misturar a planta com boas doses de rum.

A desculpa: essa mistura seria a ideal para proteger seus marujos dos problemas respiratórios e estomacais, tão comuns nas grandes travessias marítimas.

A receita do drinque, tal qual conhecemos hoje, é uma criação dos anos 40, do célebre La Bodeguita del Medio, em Havana, um dos bares mais famosos do mundo.

Segundo Hemingway, o drinque original leva 1 dose de rum branco, suco de meio limão, 1 colher (chá) de açúcar, club soda e 4 folhas de hortelã frescas.

Em um copo longo, coloque as folhas de hortelã, o açúcar e, com um socador, pressione levemente.

Acrescente o rum, o suco de limão, muito gelo picado e mexa bem.

Complete com club soda e decore com um ramo de hortelã.

É uma bebida ideal para os dias e as mulheres quentes.


Pouco se sabe sobre a origem de nosso drinque mais popular, a Caipirinha, que, recentemente, teve sua consagração mundial, entrando para a lista oficial dos clássicos da International Bartenders Association.

Com isso sua receita passa a ser respeitada no mundo dos profissionais, evitando-se sacrilégios como a adição de licor de laranja, praticada recentemente pelos franceses.

Acredita-se que o coquetel tenha nascido no interior de São Paulo – o que explicaria o nome do drinque –, como remédio contra a gripe.

A bebida seria, nesse caso, uma variação de beberagem muito popular no Estado, à base de limão-galego, mel e alho.

A cachaça deve ser da branquinha.

Apesar de a variedade envelhecida ser uma bebida muito boa, ela adquire nos tonéis aromas que não combinam com a Caipirinha.

Adoçar com mel é outro crime inafiançável.

No máximo, substitua o açúcar por um dedo de caldo de cana, mas sem exageros, porque sua função é apenas cortar um pouco da acidez do limão.

Os ingredientes da legítima Caipirinha são 1 limão pequeno de casca fina (taiti ou galego são os melhores), 2 colheres (chá) de açúcar e 1 dose de cachaça.

Retire as pontas e corte o limão em rodelas bem finas.

Coloque o limão e o açúcar em um copo pequeno e, com um socador de madeira, pressione apenas o centro da fruta, sem forçar a casca.

Isso evita a liberação de muito ácido cítrico, contido no sumo da casca, que pode deixar o drinque amargo.

Acrescente a cachaça, misture e complete com muito gelo.

É a bebida preferencial de mulheres que gostam de sentar na boquinha da garrafa.

Aproveite.

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