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quinta-feira, dezembro 08, 2011

Fundação se opõe à exumação dos restos do poeta chileno Pablo Neruda


Pablo Neruda (1904-1973) pode ter morrido em decorrência de um câncer ou assassinado por seu envolvimento com o Partido Comunista na época da ditadura militar no Chile

O presidente da Fundação Neruda, Juan Agustín Figueroa, manifestou nesta quarta-feira seu rechaço a exumação dos restos do poeta chileno Pablo Neruda, morto em 1973, e advertiu que remover seu cadáver seria um “verdadeiro ato de profanação”.

– Não acreditamos que tenham existido intervenções de terceiros em sua morte e, particularmente, nos opomos a uma exumação do cadáver porque nos pareceria um verdadeiro ato de profanação –, disse.

Diante deste posicionamento, o advogado do Partido Comunista (PC) chileno, Eduardo Contreras, disse que a única afronta à memória do escritor “é não investigar” as causa de seu falecimento.

Contreras ainda recordou que os documentos emprestados pela Fundação Neruda para a investigação “não foram úteis para provar justamente que ele não morreu de câncer”.

O PC pediu recentemente que o governo abrisse uma investigação para esclarecer as circunstâncias da morte do ganhador do Prêmio Nobel de Literatura 1971 e para isso seria necessário exumar seus restos.

A dúvida sobre a causa de sua morte foi gerada após o último assistente pessoal do escritor, Manuel Araya, ter afirmado que Neruda foi assassinado, apesar do médico do poeta na época alegar que ele faleceu em decorrência da doença.

Algumas versões apontam que o poeta, que sofria de um câncer na região da próstata, recebeu veneno ao invés de calmantes durante seu tratamento, a pedido de membros do governo.

Ele faleceu doze dias após o golpe de Estado, sendo que em seus últimos dias de vida ficou internado em uma clínica privada em Santiago, a mesma em que se suspeita que o ex-presidente Eduardo Frei (1964-1970) tenha sido envenenado.

O processo ficou a cargo do juiz Mario Carroza, que se já responsabilizou anteriormente pelas investigações das mortes do ex-presidente Salvador Allende (1970-1973) e do general Alberto Bachelet, pai da ex-presidente Michelle (2006-2010).

Carroza disse que antes de decidir sobre a exumação deverá consultar o Serviço Médico Legal (SML) do Chile sobre o caso.


Manuel Araya garante que Neruda foi assassinado

Tudo estava pronto para o poeta e Prêmio Nobel Pablo Neruda ser exilado no México.

Ele havia viajado de sua casa em Isla Negra para Santiago do Chile em um avião enviado pelo governo mexicano.

No entanto, ele teve que ser internado na Clínica Santa Maria.

Telefonou para sua esposa, Matilde Urrutia, e para Manuel Araya, seu assistente, e disse que o médico havia lhe dado uma injeção no estômago.

Poucas horas depois ele morreu.

Araya, que estava ao lado do poeta nos seus últimos dias, depõe em um processo secreto até agora e garante que o poeta foi assassinado, de acordo com uma matéria publicada no El Clarin.

Pablo Neruda sabia as quatro horas da manhã (11 de setembro de 1973) que haveria um golpe.

Ele escutou através de uma onda de rádio na Argentina, que chamou de curta duração.

A rádio havia informado que a Marinha tinha se amotinado em Valparaíso.

“Ele tentou se comunicar com Santiago, mas foi impossível. O telefone estava fora de serviço. Assim, as 9 horas da manhã, confirmamos que o golpe tinha acontecido. (...) Esse 11 de setembro foi um dia agitado e amargo, porque não sabíamos o que aconteceria com o Chile e com a gente”, diz Araya.


Manuel Osório Araya fala de Neruda com a familiaridade de alguém que dividiu momentos com um personagem histórico. E foi.

Ele foi assistente do poeta desde novembro de 1972, quando Neruda voltou da França, até sua morte em 23 de setembro de 1973.

Nosso correspondente reuniu-se com Araya no dia 24 de abril, no porto de San Antonio.

A entrevista foi realizada na casa do líder chileno de pesca artesanal Cosme Caracciolo, a quem Araya pediu ajuda para revelar um segredo que o sufocava: “Tudo que eu quero antes de eu morrer, é que o mundo conheça a verdade, Pablo Neruda foi morto”, disse.

Somente o jornal El Líder, em San Antonio, contou parte de sua versão em 26 de junho de 2004. Mas não chamou a atenção pela pouca influência do jornal.

Para ler a matéria do El Clarin na íntegra clique aqui

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