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sexta-feira, dezembro 09, 2011

Quem vê cara, não vê coração (nem outras partes também)


Moacir Andrade, ladeado por mim e Francisco Mendes, proprietário do fabuloso Pina Lanches

Abril de 1992. O artista plástico Moacir Andrade estava sendo homenageado pelo Consulado-Geral do Brasil em Nova York, quando uma bonita potranca norte-americana começou a jogar charme pra cima dele.

A gringa era bonita como um contracheque em dia de pagamento.

Emérito abatedor de lebres e com a cabeça cheia de truaca, Moacir Andrade não se fez de rogado: assim que a boca livre terminou, ele arrastou a potranca para seu apartamento, onde deixou a natureza seguir seu curso.

Foi barba, cabelo e bigode, porque a potranca era da pá virada e sofria de furor uterino.

De carro alegórico a candelabro italiano, passando por vaca atolada, cachorro pirento e frango assado, o artista plástico amazonense literalmente pintou e bordou.

A potranca deixou o apartamento de Moacir Andrade com o dia já amanhecendo, irradiando a mais perfeita felicidade.

Três dias depois, já de volta a Manaus, Moacir Andrade acordou com uma inflamação da gota serena no olho esquerdo.

Pensando tratar-se de blefarite, uma infecção das pálpebras que pode ser tratada com uma simples lavagem de água morna, ele fez o procedimento exigido.

Nada.

Pingou no olho inflamado o velho e cansado colírio Moura Brasil.

Nada.

Uma secreção pustulenta continuava escorrendo do canto do olho.

Preocupado, ele procurou um renomado oftalmologista, que lhe fez uma bateria de exames, receitou um colírio especial e o aconselhou a retornar no dia seguinte, para saber o resultado do exame de cultura da secreção e o antibiograma.

No dia seguinte, ao chegar ao consultório médico, Moacir Andrade foi surpreendido por uma revelação do oftalmologista.

– Porra, Moacir, eu trato de infecção ocular purulenta há mais de 20 anos, mas nunca tinha visto antes uma merda dessas! –, avisou o médico, exibindo um antibiograma. “O teu olho está infectado por enterobactérias aeróbias gram-negativas, presentes exclusivamente na flora intestinal. Conseguimos identificar, entre outras, as bactérias Escherichia coli, Staphylococcus saprophyticus, Proteus mirabilis e Klebsiella pneumoniae. Pra apanhar uma porra dessas no olho é preciso o sujeito ficar meia hora com o olho aberto e colado em um olho de cu infectado...”

Moacir Andrade limitou-se a sorrir, meio encabulado, provavelmente se lembrando do demorado sessenta e nove feito com a potranca ianque.

Acontece.

2 comentários:

Anônimo disse...

Cagaram no olho do velho...pqp !

Boêmio disse...

O Sr. conhece o Moacir????
o Sr. não tem idéia do quanto eu sou fã desse cara. Miha grande isnpiração. Pintei muitas telas com base nas telas desse cara...pinceladas inconfundiveis!