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segunda-feira, janeiro 30, 2012

Olavo de Carvalho strikes again

Neste domingo, 29, recebi o e-mail abaixo:

Prezado Simão,

Aqui é a mullher do Olavo. Estou escrevendo para que você saiba que ele comentou sobre o seu simpático contato mais uma vez a partir dos três primeiros minutos do programa.

Espero que goste.

Abraços,

Roxane Carvalho



Claro que meu ego está nas alturas!

Sorry, periferia!

Elvis não morreu... E nem o Led Zeppelin


Estamos no final dos anos 80.

Na base da brincadeira, combinem três elementos fundamentais do rock 70 – o heavy metal, o reggae e a transformação do rock em produto caretinha para trintões.

É a conexão Vegas-Jamaica-Olimpo – apropriadamente gestada no maior laboratório de malucos do planeta, a Califórnia.

O esquisito resultado da mistura em questão faz o seu primeiro show no dia 8 de janeiro de 1989 (data em que Elvis Presley, se estivesse vivo, celebraria seu 54º aniversário), em uma espelunca frequentada por freaks, cyberpunks e neo-hippies localizada nas quebradas de Pasadena, cidadezinha do Condado de Los Angeles onde surgiu a banda Van Halen.

Batizada de Dread Zeppelin, a banda é formada pelos guitarristas Jah Paul Jo (Joe Ramsey) e Carl Jah (Carl Haasis), pelo baixista Butt-Boy (Gary Putman), pelo percussionista e backing vocal Ed Zeppelin (Bryant Fernandez) e pelo baterista Fresh Cheese (Paul Masselli).

O líder da quadrilha é o cantor Tortelvis (Greg Tortell, ou simplesmente Tort, para suas inúmeras Priscillas), um gordo escroto que parece Elvis, dez minutos antes de morrer entupido de bolinhas: Tort diz que foi sequestrado na infância por extraterrestres, que o criaram à imagem e semelhança de Elvis.


Também diz que Elvis falou com ele do além e que tudo que faz tem a aprovação do Rei: “Estava eu em Memphis, dando uma banda, quando notei um cara de terno me seguindo. Era Elvis. Ele chegou em mim e disse: ‘Tortelvis, seu objetivo na vida é fazer covers do Led Zeppelin em ritmo de reggae’”.

A ideia faz mais sentido se você lembrar que o Led Zeppelin gravou um reggae, “D’Yer Maker” (foneticamente, “Jamaica”), no LP Houses Of The Holy.

Detalhes: na vida real, Elvis e Led chegaram a se cruzar.

O encontro aconteceu em Vegas, em 73.

O Led assistiu a um show do Rei, que disse: “Estou muito feliz de ter conosco esta noite uma dos maiores bandas de rock do mundo. Por favor, aplaudam o Led Zeppelin”.

Robert Plant está babando até hoje.


“Fui criado por extraterrestres e modelado na pessoa mais popular da Terra – Elvis Presley, naturalmente”, dizia Tort. “Mas o que eu gosto mesmo é de ver a cara das pessoas quando nos veem tocando pela primeira vez.”

Antes que algum ledmaníaco grite “heresia!”, é bom saber que Robert Plant se tornou fã do Dread Zeppelin, e Jimmy Page, depois de uma bronquinha inicial, também sacou que o negócio era uma homenagem.

Quem armou confusão foram os herdeiros de Elvis.

Queriam proibir os caras de se apresentar, gravar e tal, porque Tortelvis dizia no começo que era filho bastardo de Elvis.

Tort voltou atrás, disse que era só “filho espiritual”, e tudo bem.

Com toda essa palhaçada trash, o Dread Zeppelin pode parecer um grupo de uma piada só.

Não é, porque os caras são muito bons musicalmente.

Ao vivo, eles são um arraso: a temporada do Dread Zeppelin em Londres, em 1990, entupiu o Marquee, e o show deles foi um dos mais requisitados do circuito college americano.

E também mostrariam muita força no vinil, para alegria dos executivos da gravadora IRS, que os contrataram naquele mesmo ano.


Lançado em 1990, Un-Led-Ed, seu álbum de estreia, é um primor na praia, o disco que você precisa para seus dias de lassidão descerebrada ao sol.

É só Led, com algumas elvices: “Hound Dog” entra no meio de “Black Dog”, “Heartbreaker” casa com “Heartbreak Hotel”, e o clip de “Your Time Is Gonna Come” (do Led Zeppelin) você já deve ter visto no YouTube depois de ter rolado exaustivamente na MTV.

A cozinha é aquela preguiça jamaicana.

No mais, Tortelvis capricha nos graves melosos e o guitarrista Jah Paul enfia umas guitarras Jane’s Addiction de vez em quando.

“Moby Dick”, especialmente, ficou genial.

O resultado é alegria-alegria, música de festa para gente legal.

“Nós ouvíamos sobre como o Led Zeppelin não tinha senso de humor, de como eles não iriam levar isso numa boa e que, no mínimo, iam acabar nos processando. Agora estou totalmente surpreso com a forma como Plant reagiu a tudo”, disse Ed Zeppelin. “Falando nisso, Jimmy Page disse em entrevistas que o Zeppelin costumava ensaiar Starway To Heaven em ritmo de reggae, quer dizer, não estamos fazendo nada muito estranho.”

O vocalista Robert Plant elogiou o trabalho de estreia da banda, dizendo que algumas releituras ficaram até melhor do que os originais.


Lançado em 1991, o segundo álbum, 5,000,000 (alusão ao LP “5,000,000 Elvis Fans Can’t Be Wrong”), além dos covers de costume (“Jailhouse Rock” e “Stir Up”, entre eles), trouxe “Do The Claw”, a primeira música de autoria da banda.

Foi quando começou uma briga da moléstia entre os integrantes da banda.

Jah Paul Jo, Carl Jah e Butt-Boy queriam uma nova sonoridade.

Tortelvis, Ed Zeppelin e Fresh Cheese queriam continuar na viagem zeppeliana à la Bob Marley, mas perderam a parada e deixaram a banda no verão de 1992.

Diante das circunstâncias, Butt-Boy passou a se chamar Gary B.I.B.B. e assumiu os vocais na gravação do disco daquele ano, It’s Not Unusual, uma releitura da onda disco incluindo os hits “Disco Inferno”, “You Should Be Dancing”, “Night Fever” e “Dancin’ On The Killing Floor”.


O engenheiro de som da banda, Rasta Li-Moon, ex-colaborador de Davi Stewart, do Eurythmics, meteu uma programação eletrônica, via samplers, bateria eletrônica e teclados, que quase enlouqueceu o percussionista Spice e o novo baixista Tuna Melt (aka Jah Jah Gabor).

O disco contou, ainda, com colaboradores de peso como o guitarrista Randy Bachman, do BTO, Dr. Paradox, The Dreadettes (Laura Creamer, Sue Sheridan, Beatrice Ring e Shannon Eldridge), The B.I.B.B. Girls (Rachel Murray, Karen Blankfeld, Klink e Max) e Michael Jordanaires.

Resultado da estripulia: o álbum era tão diferente do som original da banda, que os executivos da gravadora IRS limaram imediatamente o Dread Zeppelin de seu cast.

No ano seguinte, Tortelvis e Ed Zeppelin foram chamados de volta para a gravação de Hot & Spicy Beanburger, um retorno ao passado glorioso das elvices banhadas em reggae zeppeliano, além de ser o primeiro álbum do selo Birdcage, do guitarrista Jah Paul Jo.


Promovido a baterista, Spice mostrou que também era muito bom segurando as baquetas.

Os destaques ficam para as versões de “Good Times Bad Times”, “Kashmir” e “All My Love”, mas a banda também gravou material próprio como “Ballad of Charlie Haj”, em homenagem ao novo baterista, e a música-título.

Após muitas idas e vindas (Butt-Boy foi o único que participou de todos os discos da banda), o Dread Zeppelin acabou de completar 22 anos de estrada e continua mais abusado do que nunca.

No Pirate Bay dá pra baixar 56 músicas da banda.


Da esquerda pra direita, no sentido do relógio: Jah Paul Jo, Ed Zeppelin, Carl Jah, Butt-Boy, Charlie Haj e Tortelvis

Discografia

Álbuns de estúdio

Un-Led-Ed (1990) – IRS Records

5,000,000 (com o sub-título Tortelvis Fans Can’t Be Wrong) (1991) – IRS Records

Rock’n Roll (1991) – Lançado apenas no Japão, pela JVC Records

It’s Not Unusual (1992) – IRS Records

Hot & Spicy Beanburger (1993) – Birdcage Records

The First No-Elvis (1994) – Birdcage Records

No Quarter Pounder (1995) – Birdcage Records

The Fun Sessions (1996) – Imago

Ruins (1996) – Birdcage Records

Spam Bake (1998)

De-jah Voodoo (2000) — relançado em 2004 como Re-Led-Ed

Presents (2002)

Chicken and Ribs (2004)

Bar Coda (2007)

Best of the IRS years (2009)

Soso (2011)


Álbuns ao vivo

Front Yard Bar*B*Que (1996)

The Song Remains Insane (1998) - 2 CDs lançados apenas na Austrália pele TWA Records

Haunted Houses O’ The Holy (1999)

Live – Live At Larry’s (2002)

Live – Hots On For Fresno (2003)


DVD

Live at The Cabooze in Minne-jah-polis (2003)

Jah-La-Palooza (2004)

Pure Inner-Tainment (2009)

sábado, janeiro 28, 2012

Banda Cinco Estrelas vai homenagear Armando e desfilar no sábado magro


Charles Stones, um ex-garçom do Bar Armando, que em 1996 resolveu fazer seu próprio bar, o “Cinco Estrelas” decidiu homenagear o português Armando, símbolo da BICA — a banda mais tradicional de Manaus —, que este ano não vai sair devido a problemas de saúde de seu patriarca.

Armando se encontra internado no hospital da Unimed desde o dia 31 de dezembro de 2011.

Seguindo o rastro de seu guri de botequim, Charles também criou uma banda, a “Banda do Cinco Estrelas”, no mesmo molde da BICA, com bonecos mamulengos e marchinhas.

Para homenagear Armando, a banda do Charles, que saía na terça-feira de carnaval, desta vez sairá no sábado magro, 11 de fevereiro, a mesma data em que deveria sair a BICA.

— Isso é o mínimo que eu posso fazer pelo homem que me deu emprego, me ensinou tudo que eu sei de comércio e deu um rumo à minha vida. Além disso, Armando é um dos maiores símbolos da vida cultural de Manaus, que há mais de 50 anos abre as portas de seu bar para dar alegria à cidade de Manaus – disse Charles ao anunciar a mudança de data de sua banda, ao lado do presidente da agremiação, o advogado Eliezer Gonzalez.

Na noite da última quinta feira, 26, aconteceu o primeiro “esquenta” da banda, quando foi lançada a marchinha “Armando no Charles”, composta por Mário Adolfo, Edu do Banjo e Mestre Pinheiro.

Acompanhados pelo grupo de samba do maestro Mariolino Brito, e com os arranjos de Dudu Brasil (cavaco) e Edywaldo Norte (sanfona de 8 baixos), a marchinha foi lançada com grande sucesso, chegando a emocionar alguns dos mais legítimos representantes da BICA, como o músico Manuelzinho Batera.

– Vocês foram muito felizes na letra e na música. É muito difícil, para um biqueiro, ouvir isso e não se emocionar. Principalmente na parte que diz “quando a 5 estrelas passar/ vou lembrar da Bica na multidão/ sino da igreja vai tocar/ como é difícil segurar a emoção... – comentou Manuel Batera, que vai propor que os diretores da BICA participem da homenagem a Armando.

Para seguir a tradição da BICA, a “Banda do Cinco Estrelas” também vai desfilar.

Sairá do bar às 18 horas, seguirá pela rua Monsenhor Coutinho e pegará a 10 de Julho, onde deverá fazer uma parada em frente ao bar do Armando, para tocar a marchinha em homenagem ao português.


Confira a letra da música:

ARMANDO NO CHARLES

(Mário Adolfo, Edu do Banjo e Mestre Pinheiro)

Esse ano não vai ser
Igual aquele que passou,
Dessa vez a minha BICA
Não entrou, meu amor!

Ai que saudade, seu moço
Do Largo de São Sebastião
Da cerveja e do X-porco
Da cachaça com limão

Quando a “Cinco Estrelas” passar
Vou lembrar da BICA na multidão
O sino da igreja vai tocar
Vai ser difícil segurar a emoção

Mas não faz mal,
Mas não faz mal
Vou lá no Charles pra
Brincar o carnaval (BIS)

Mas hoje é dia de alegria
Carnaval é uma ilusão
O gajo está comigo na folia
E também no coração

Ah, cachopa siga meu comando
Ah, cachopa ouça a minha dica
Quem gosta do Armando (Ora pois, pois!...)
Não esquece a minha BICA

Armando é batuta
Armando é legal
Importamos o portuga
Lá de Portugal! (BIS)

quinta-feira, janeiro 26, 2012

David Assayag participa de ensaio técnico da Grande Rio, na Sapucaí


Do G1 AM

O cantor e levantador de toadas do Boi Caprichoso, um dos ícones do festival folclórico de Parintins, David Assayag, compareceu, em companhia da presidente do boi azul e preto, Márcia Baranda, ao ensaio técnico do Grêmio Recreativo Escola de Samba (GRES) Acadêmicos do Grande Rio no sambódromo do Rio de Janeiro.

O convite, feito pelo carnavalesco, Cahê Rodrigues, e pelo presidente de honra da escola de samba, Jaider Soares, proporcionou aos convidados amazonenses, neste domingo (22), um passeio pela avenida carnavalesca mais famosa do Brasil.

Vestidos com camisas azuis que estampavam o tema “Viva a cultura popular” e as marcas do Boi Caprichoso e da Acadêmicos do Grande Rio, David Assayag e Márcia Baranda afirmaram terem sentido uma vibração e uma emoção comparadas à apresentação do bumbá na arena de Parintins.

Durante o encontro, a participação do cantor amazonense no desfile do Grande Rio foi oficializada entre a presidente do Caprichoso, Márcia Baranda, e o presidente de honra da agremiação, Jaider Soares.

A escola de samba carioca, que terá como samba-enredo “Eu acredito em você, e você?”, homenageará pessoas que se superaram, como o caso de David Assayag, o ex-presidente Lula, o cantor Herbert Viana, entre outros.


David Assayag, que também será homenageado pelo GRES Unidos da Alvorada no samba-enredo de Manaus em 2012, ainda se encontrou com a atriz e ex-rainha de bateria da Acadêmicos do Grande Rio, Susana Vieira, para convidá-la a assistir novamente o Festival Folclórico de Parintins.

A atriz afirmou sentir vontade de voltar à ilha e mais uma vez fazer parte da “grande massa azulada”.

Cairo Trindade é a prova viva de que nossos ídolos continuam os mesmos!


Na virada de 1979 para 1980, o Bananão vivia um momento especial.

Naquele verão, os exilados pela ditadura militar estavam voltando ao Brasil, beneficiados pela Lei da Anistia, e a abertura política prometida pelo general Ernesto Geisel estava começando.

No Rio de Janeiro, as praias acolhiam frequentadores atípicos, como o jornalista e ex-guerrilheiro Fernando Gabeira, que ganhou os holofotes da mídia ao ser flagrado usando uma vanguardista sunga de crochê.

Na verdade, a peça era a parte de baixo de um biquíni de sua prima, a apresentadora e jornalista Leda Nagle, em cuja casa Gabeira estava morando.


Vindo da gelada Estocolmo, Fernando Gabeira estava louco para ir à praia e usou a primeira coisa que lhe caiu na mão.

Deu no que deu.

Shows gratuitos nas areias cariocas mostravam a cara do recém-nascido rock nacional, que ganhava impulso com a mudança na linguagem das rádios FM.

Tudo isso em meio a uma inflação em descontrole.

Em fevereiro de 1980, durante o chamado “Verão da Abertura”, a gaúcha Verônica Maieski – acompanhada do namorado – quase foi linchada na praia de Ipanema por banhistas revoltados com o fato de ela estar praticando topless.

Ao tirar a parte de cima do biquíni, Verônica atraiu a curiosidade dos marmanjos de plantão, que passaram a dirigir-lhe ofensas e atirar nela copos cheios de areia e latas de cerveja.


Ela foi expulsa de Ipanema por mais de 100 vagabundos, aos gritos de “joga pedra na Geni, joga bosta na Geni”, aquele refrão grudento da música “Geni e o Zeppelin”, de Chico Buarque.

O caso terminou na delegacia.

Na semana seguinte, um grupo de mulheres protestou na Praia de Ipanema em prol do topless, para que pudessem tomar sol em pé de igualdade com os homens, sem sexualizar os seios.

Até então, as meninas só podiam mostrar os seios em bailes de carnaval.

A iniciativa não durou mais que um verão, devido às pressões da sociedade, mas foi acompanhada pelo Topless Literário, uma manifestação poética nas areias da praia, organizada pelo grupo Gang, braço performático do Movimento de Arte Pornô.


O Movimento de Arte Pornô era formado por um grupo de jovens poetas que faziam livros artesanais e os vendiam de mão em mão, mas que em vez de ter como paradigmas os poetas marginais da geração anterior (Chacal, Geraldinho Carneiro, Cacaso, Chico Alvim, etc) cultuavam os escrachados Catulo, Marcial, Bocage, Gregório de Matos e similares.

Entre 1980 e 1981, a Gang realizou uma série de intervenções em praças, praias e teatros no Rio de Janeiro, incluindo uma série de encontros de poesia às sextas-feiras na Cinelândia.

As vivências e descobertas do grupo eram publicadas na revista Gang, com três edições até setembro de 1981.

Uma dessas edições me foi enviada do Rio de Janeiro pelo poeta João Bosco Gomes (sempre ele!), que achei bastante instrutiva.


Havia até um “Manifesto Pornô (Feito nas Coxas)”, lido pela primeira vez na Feira de Poesia da Cinelândia, no dia 6 de setembro de 1980, e assinado por Cairo Trindade, Eduardo Kac, Tanussi Cardoso, Mano Melo, Claufe e Aclyse de Mattos:

● Antes de dominar a palavra escrita, o homem já desenhava sacanagem nas paredes das cavernas

● Masturbação literária não gera porra nenhuma

● Arte é penetração e gozo

● Trepar, parir e criar fazem parte de um mesmo processo

● O Pornopoema vai pôr no poema

● Os caras do poder baixam o pau com medo de baixar as calças... e acabar levando pau

● A rapaziada tá cagando pra literatura oficial

● Pela suruba literária: um processo concreto da praxis marginal na sacanagem tropical, al, al

● O poema pornô taí pra abrir as pernas e as idéias

● Viva o BUM da poesia, em toda arte, em toda parte

Em 13 de fevereiro de 1982 a Semana de Arte Moderna de 22 estava fazendo 60 anos.

Para comemorar a efeméride, o Movimento de Arte Pornô resolveu fazer a Passeata Pornô no Posto 9, em Ipanema, onde todos os integrantes ficaram pelados e por pouco não foram presos por atentado ao pudor.


Recitando poesias e encabeçando o movimento estava a Gang Pornô, formada por Cairo Trindade (O Príncipe Pornô), Eduardo Kac (O Bufão do Escracho), Teresa Jardim (A Dama da Bandalha), Denise Trindade (A Princesa Pornô e mulher de Cairo), Sandra Terra (Lady Bagaceira), Ana Miranda (A Cigana Sacana), Cíntia Dorneles e as crianças Daniel e Joana Trindade (Os Surubins).


Nessa época, eles realizavam várias performances em locais públicos, e o auge foi a Passeata Pornô no Posto 9.

Mais tarde o grupo se dispersou.

O cartunista Ota era amigo dos integrantes e, sabendo de antemão da passeata-surpresa, produziu e imprimiu em menos de uma semana o gibi Pornô Comics, de 8 páginas, que era justamente sobre a passeata.


Os personagens eram os próprios membros da Gang Pornô.

A tiragem foi de cerca de mil exemplares.

Dois anos depois, em 1984, a história foi republicada na íntegra na Antolorgia de Arte Pornô, lançada pela Editora Codecri.

Comentário do cartunista Oto sobre a presepada:

“Eu já tinha esbarrado com o pessoal da Gang antes nos bares do Rio, mas só foi uns quinze dias antes da passeata que fiquei sabendo que uma das garotas da Gang, a Teresa Jardim, era minha vizinha em Santa Teresa.

Acabei ficando amigo de todo o grupo e decidi fazer o gibi a toque de caixa para homenagear eles.

O gibi foi lançado oficialmente na própria passeata.

O plano deles era fazer uma roda na praia, declamar as poesias e tirar a roupa.


Se a Polícia aparecesse, todo mundo mergulharia no mar e colocaria as sungas e biquínis dentro da água para evitar o flagrante.

Acabou não acontecendo nada.

Um camburão passou de longe, mas nem tiveram coragem de chegar perto.

A Gang acabou se dissolvendo.

Cairo e Denise foram para um lado e Kac para o outro, Teresa foi morar em Friburgo, Sandra Terra foi pra Macaé, e a Ana sumiu.

O que foi feito deles?


Bem, Cairo e Denise continuam casados até hoje e fazendo poesias, Kac está morando em Washington, Teresa continua em Friburgo até hoje e cheia de filhos.

A Ana é secretária de cultura em alguma cidade do Nordeste e a Sandra faleceu.


Os Surubins já estão na casa dos trinta anos.”

Do “verão da Abertura” pra cá, Cairo Trindade estudou Direito e Comunicação, publicou cinco livros de poesia, participou de várias antologias, teve duas peças de teatro encenadas e trabalhou como ator nas peças D. Quixote, Hair, Hoje é Dia de Rock e O Arquiteto e o Imperador da Assíria.

Depois que dissolveu a Gang, ele e Denise começaram a fazer recitais e performances poéticas pelo Brasil afora, com A Dupla do Prazer.

Em 1993, ele montou uma Oficina de Criação Literária, onde leciona cursos de pequena duração para escritores, poetas e roteiristas, num espaço ao ar livre, em sua varanda com vista para o mar, ao lado da estação do metrô, em Copacabana.

Homem dos sete instrumentos, Cairo também dirige a Gang Edições e a Editora Contemporânea, além de ser copydesk e colaborador da Agenda da Tribo, de São Paulo.

Por conta de tudo isso, virei macaca de auditório do Caio Trindade e começamos a trocar figurinhas já se vai um bom par de anos.

E o cara continua militante em tempo integral do acostamento poético, cagando e andando solenemente pro mainstream, como todo rocker que se preza e tem um nome a zelar lazer.

Quer dizer, nossos ídolos continuam os mesmos!

No último Rock in Rio, Cairo Trindade comandou o primeiro happening poético da história do festival, devidamente registrado no YouTube para que os eternos invejosos não possam dizer que tratava-se apenas de mais uma “história de pescador”.

Curtam porque vale a pena:

quarta-feira, janeiro 25, 2012

Como entrar em um canavial e não dar vexame


Você foi pra uma balada da hora em companhia de seus melhores amigos e encheu a moringa de birita porque era boca-livre total e estava cheia de vagabas.

Como saber o momento certo de parar de beber e não dar vexame?

Como perceber o exato instante em que sua percepção domina a realidade, feito um remake de quinta categoria do fime Matrix?

Eis algumas dicas testadas e aprovadas pelos grandes mestres da AMOAL.

Se desenvolver qualquer um dos sintomas abaixo, se mande pra casa rapidinho ou você vai fazer uma cagada federal, queimar seu filme e nunca mais será convidado para uma boca-livre total cheia de vagabas.


De repente, você se sente o cara mais inteligente do mundo e começa a contar piadas estúpidas e sem-graça como se fosse a mais nova estrela do fuleiro stand-up comedy nacional.


Com tantas vagabas maravilhosas na festa, você encara uma mocréia caidaça e morta de bêbada se achando o próprio Brad Pitt passando o rodo na Angelina Jolie.


Lá pelas tantas, você saca o iPod do bolso e começa a digitar bobagens instantâneas para a sua namorada como se estivesse escrevendo uma singela carta de amor.


Depois que sua namorada lhe manda dormir pela enésima vez, você entra no facebook para conversar com uma amiga naquela linguagem típica de quem está em uma sala de bate-papo de site pornô.


Depois que sua amiga lhe “bloquear” no facebook, você vai perceber que já está passando dos limites porque até o fato de descer uma simples escada vai lhe exigir a coragem suicida de quem está participando de uma prova final do “X-Games”.


Aí, gafanhoto, é melhor mesmo ir pra casa, porque mesmo deitado na cama você ainda vai acreditar que está se divertindo pra caralho...


Outras dicas úteis são as seguintes:


SINTOMA: Pés frios e úmidos.

CAUSA: Você está segurando o copo pelo lado errado.

SOLUÇÃO: Gire o copo até que a parte aberta esteja virada para cima.


SINTOMA: Pés quentes e úmidos.

CAUSA: Você fez xixi.

SOLUÇÃO: Vá se secar no banheiro mais próximo.


SINTOMA: A parede a sua frente está cheia de luzes.

CAUSA: Você caiu de costas no chão.

SOLUÇÃO: Coloque seu corpo a 90 graus do solo.


SINTOMA: O chão está embaçado.

CAUSA: Você está olhando para o chão através do fundo do seu copo vazio.

SOLUÇÃO: Compre outra cerveja ou similar.


SINTOMA: Você está olhando um espelho que se move como água.

CAUSA: Você está para vomitar em uma privada.

SOLUÇÃO: Enfie o dedo na garganta.


SINTOMA: As pessoas falam produzindo um misterioso eco.

CAUSA: Você está com a garrafa de cerveja na orelha.

SOLUÇÃO: Deixe de ser palhaço.


SINTOMA: O chão está se movendo.

CAUSA: Você está sendo carregado ou arrastado.

SOLUÇÃO: Pergunte se estão te levando para outro bar.


SINTOMA: O local ficou completamente escuro.

CAUSA: O bar fechou.

SOLUÇÃO: Pergunte ao garçom o endereço de sua casa.


SINTOMA: O motorista do táxi é um elefante cor-de-rosa.

CAUSA: Você bebeu muitíssimo.

SOLUÇÃO: Peça ao elefante cor-de-rosa que o leve para o hospital mais próximo.


SINTOMA: A danceteria se move muito e a música techno é muito repetitiva.

CAUSA: Você está em uma ambulância.

SOLUÇÃO: Não se mova. Possível coma alcoólico.


SINTOMA: A fortíssima luz da danceteria está cegando seus olhos.

CAUSA: Você está na rua e já é dia.

SOLUÇÃO: Tente encontrar o caminho de volta para casa.


SINTOMA: Seu amigo não liga para o que você fala.

CAUSA: Você está falando com uma caixa de correios.

SOLUÇÃO: Procure seu amigo para que ele te leve para casa.


SINTOMA: Seu amigo não pára de falar repetidamente as mesmas palavras.

CAUSA: Você está falando com o cachorro do vizinho.

SOLUÇÃO: Peça pra ele dizer onde é sua casa.


Importante: não ensine essas dicas às mulheres, senão perde metade da graça eficácia.

Da série “A curiosidade é coisa dos patos!”


Tradução simultânea estilo Eduardo Grillo, da Globo News, durante o discurso do Barack Obama no congresso dos EUA, na madrugada desta quarta-feira:

Donald: Dizaê, Mickey! Por que catzo você passa o tempo todo usando a porra dessas luvas?...

Mickey: Boa pergunta, mané! Vou te mostrar por que...

Banda do Caxuxa já tem letra e música


No último sábado, num rasgo de inspiração que beirou à genialidade, o jornalista Mário Adolfo se isolou em um canto e escreveu sozinho a letra da marcha-enredo da Banda do Caxuxa, que deve agitar as ruas da Cachoeirinha na terça-feira gorda de carnaval.


Em apenas três estrofes, ele resumiu o que foram aqueles anos dourados da nossa juventude perdida, quando o barman Raimundo Selmo, o “Caxuxa”, nos iniciava na senda da boemia via sandubas misto-quente (um “must” na época!) e inesquecíveis “batidas” de todos os tipos.


A letra foi musicada por Edu do Banjo, Mestre Pinheiro e Duduzinho do Samba, que ainda fizeram uma citação musical da marchinha “Sassaricando” no primeiro verso do refrão ganchudo.


A esbórnia criativa rolou na casa do Mário Adolfo, regada a churrasco, uísque e cerveja gelada, e minha participação se limitou a acompanhar os pagodeiros com o minúsculo ovo esquerdo chocalho andino de estimação do Mestre Pinheiro.


A marcha-enredo da Banda do Caxuxa, este simpático cidadão acima de qualquer suspeita, deve ser gravada esta semana pelo cabuloso psiquiatra e puxador de sambas Assis Almeida, um dos baluartes do GRES Mocidade de Aparecida, no estúdio do Joel, irmão do Jacó, que é dono do bar onde vai rolar a concentração da banda.


Os ensaios da banda estão ocorrendo aos sábados, a partir das 14h, no Bar do Jacó, na rua J.Carlos Antony, entre as ruas Borba e Carvalho Leal, com muito churrasco, birita e marchinhas carnavalescas do tempo de antanho.


Agora, curtam a letra da marchinha que deve estourar nas rádios mais antenadas e incendiar a gloriosa Cachoeirinha no último dia de carnaval. Evoé, Momo!

Cá, cá, cá, Caxuxa

Vou de batida de maracujá

Cá, cá, cá, Caxuxa

Um tempo bom, vou relembrar!


Tinha o coração de estudante

O mundo eu queria transformar

Um guardanapo, o amor daquele instante,

Nascia a poesia na mesa do bar.


A boemia era lição da madrugada

Como é lindo ver o sol nascer

Vem comigo, viajar na jovem guarda,

No Bar do Selmo quero amanhecer.


O primeiro misto-quente,

A descoberta da madrugada

Tem gosto de aguardente

O primeiro beijo da primeira namorada.