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terça-feira, outubro 30, 2012

Os streakers pioneiros da velha Cachoeirinha



No começo da década de 70, universitários americanos criaram uma forma inusitada de protesto: correr sem roupa em locais públicos, por simples brincadeira ou para chamar a atenção de um grande número de pessoas.

A prática ganhou o nome de “streaking”.

O streaker (praticante do streaking) normalmente se esconde em algum lugar, tira a roupa e, quando ninguém está olhando, dispara a correr pelas ruas feito um alucinado.

Historicamente, os primeiros streakers manauaras foram os adolescentes Sici Pirangy e Arlindo Jorge, que resolveram protestar contra os constantes “apagões” promovidos pela Companhia de Eletricidade de Manaus (CEM), em junho de 1971.

Naquela época, os “apagões” da Cachoeirinha ocorriam diariamente por volta das 20h, obrigando todos os moradores a saírem das residências e ficarem diante das casas aguardando o retorno da energia.

O bairro ficava completamente no escuro.

Em uma determinada noite, se aproveitando da escuridão reinante, Sici e Arlindo tiraram os calções (moleques de 14 anos não usavam cueca), colocaram os mesmos embaixo de um pé de castanholeira existente em frente à casa do Arlindo, localizada quase no canto da rua J. Carlos Antony, e dispararam a correr pela avenida Carvalho Leal em direção à rua Parintins, nuzinhos da silva.

No meio do quarteirão, entretanto, a energia voltou – e as ruas se iluminaram como por encanto.

Morrendo de vergonha, Sici retornou do meio do caminho para pegar seu calção de volta, sendo vaiado estrepitosamente pelos moradores postados diante das casas. 

Levou uma surra de criar bicho da dona Socorro Pirangy pra aprender a nunca mais fazer sem-vergonhice no meio da rua.

Mais destemido do que seu parceiro, Arlindo Jorge resolveu continuar em seu protesto solitário.

Sem parar de correr, dobrou à esquerda na rua Parintins, depois dobrou à esquerda na rua Borba – onde teve que se safar de uma matilha de cães vadios que confundiram seu (dele) bráulio com uma apetitosa salsicha da Anglo –, finalmente dobrou à esquerda na rua J. Carlos Antony.

Os xingamentos que ele recebia por onde passava exibindo sua nudez total eram dignos de rufiões do cais do porto.

Quando chegou à frente de sua residência descobriu, espantado, que haviam escondido seu calção no olho da castanholeira.

Ele não contou conversa.

Apesar de estar quase a ponto de colocar os bofes pela boca, Arlindo Jorge subiu na árvore, com uma agilidade de felino – e, evidentemente, exibindo seu plissadinho para dezenas de moleques que aguardavam o desfecho da presepada em volta da castanholeira –, pegou o calção, se vestiu lá em cima mesmo e depois desceu.

Sua mãe, dona Maria Mubarak, estava aguardando o retorno do cavaleiro Jedi embaixo da castanholeira, com um vistoso galho de goiabeira na mão.

Arlindo Jorge levou uma surra de criar bicho para aprender a nunca mais fazer sem-vergonhice no meio da rua.

Tão ou mais divertido quanto o protesto dos dois moleques amazonenses foi um outro ocorrido na festa de entrega do Oscar de 1974, em Hollywood, no auge do “streaking”.

David Niven anunciava a entrada de Elizabeth Taylor quando um homem nu atravessou o palco, acenando para a plateia.

Refeito do susto, Niven recorreu ao humor britânico.

“O pobre homem só conseguiu chamar a atenção e fazer rir mostrando suas deficiências congênitas”, disse.

Liz Taylor entrou no palco ofegante e completou: “Depois disso, é meio difícil fazer algo melhor...”

Foi aplaudida de pé.

A festa da vitória do artur 45


Neste domingo, para comemorar a vitória retumbante do prefeito Artur Neto, a diretoria perpétua da Velha Guarda do GRES Andanças de Ciganos resolveu armar o acampamento no Sollarium Eventos para um “celebration day” em grande estilo.

A ideia básica era nos reunirmos a partir do meio-dia para detonarmos algumas ampolas de uísque enquanto aguardávamos “a marcha dos acontecimentos”, como diziam os locutores da minha adolescência durante as apurações de votos de antanho.

Eu e Simas fornecemos duas garrafas de Johnnie Walker Red e o Arlindo Jorge forneceu outras duas garrafas: um Johnnie Walker Swing e um White Horse.

Sici Pirangy e Ricardo Pinheiro forneceram as cervejas em lata (20 caixinhas, salvo engano).

O Mário Dantas forneceu os pratos principais (peixe-boi, capivara e viado):




Os pratos foram preparados admiravelmente pelo chef Nelson Corrêa.





O Nelson também contribuiu com seu indescritível baião-de-dois.


A Silane colocou na roda o seu charmoso arroz soltinho, que se acrescentar leite de coco, castanha ralada, açúcar refinado e cravinho se transforma no mais gostoso arroz doce do planeta.


A Selane mais uma vez caprichou no seu famoso vatapá com os avantajados camarões sete-barbas.


E, por último, a Sweda apresentou pela primeira vez seu “feijão tropeiro”, que arrancou aplausos dos presentes.


A única exigência para participar da tertúlia era ter votado no Artur Neto.

Além dos já citados, estiveram marcando presença Gigio Bandeira, Odivaldo Guerra, Petrônio Aguiar, Áureo Petita, Marius Bell, João Ricardo, Raoni, Felipe, Bia, Mocinha, Beth, Mayara e Angélica.


Foi uma cachaçada tão federal que até ensaiei uns passos de funk junto com a Selane e a Sweda (coisa que não fazia há pelo menos 30 anos), enquanto o Gigio Bandeira relembrou o John Travolta dançando no filme Saturday Night Fever – pra dar uma simples noção do grau etílico que atingimos.



Puxei o carro por volta da meia-noite, depois de receber meia dúzia de torpedos da Madame Butterfly pedindo pra eu dar um tempo na bebida (como se isso fosse fácil).

Sici e Sweda foram os últimos dos moicanos e só abandonaram a arena por volta das 3h da madrugada dessa segunda-feira, quando não havia mais uma única cerveja intacta.



O meu fígado, claro, está avariado até agora, mas tudo vale a pena quando a causa não é pequena.

E a vitória acachapante do Artur Neto nos lavou a alma!

No próximo dia 15 de novembro, data de aniversário do homem, tem de novo!