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sábado, novembro 17, 2012

Arte, Ecologia e o Reino da Folia



Na última quarta-feira, véspera do feriado, eu, Simas, Áureo, Silene e Antônio Diniz participamos de um coquetel básico na residência do ex-deputado estadual Erasmo Amazonas, às margens do rio Negro, em Educandos.

Motivo da efeméride: Erasmo vai ser tema do próximo desfile do GRES Acadêmicos da Cidade Alta, que tem como enredo “Arte, Ecologia e o Reino da Folia – Cidade Alta viaja nos sonhos de Erasmo Amazonas”.

Durante o coquetel, que foi prestigiado pela nata do samba em Manaus, o presidente de honra da escola, ex-vereador Wiliam Tatá, o carnavalesco Baianinha e o diretor de Carnaval Carlos Alberto, o popular “Carlota”, explicaram a razão de Erasmo Amazonas ter sido escolhido para ser homenageado.

–  Radialista, artista plástico, projetista, escritor e agitador cultural, Erasmo Amazonas nunca ficou omisso ou foi conivente com situações que contrariassem os interesses comunitários de Educandos – ressaltou Tatá. “Ele sempre foi um homem de luta, ambientalmente visionário e sonhador”.


De acordo com o release distribuído pela escola de samba, Erasmo Amazonas sempre sonhou com arte desde a infância.

Em vez de copiar aulas de aritmética, preferia desenhar barcos singrando rios ou fazer caricaturas de alunos e professores.

Com o passar dos anos, ingressou no Liceu de Artes do Amazonas “Esther Mello”.

Sua preferência era pintar ao ar livre e o lugar escolhido pela beleza da paisagem eram as pedreiras situadas no lugar conhecido como Monte Cristo, no encontro do rio Negro com a bacia de Educandos.

Adepto do impressionismo, gostava de retratar uma cena na tela tal como a tinha visto pela primeira vez.

Seu objetivo era reter o momento fugidio capturando o primeiro instante da visão de um tema.


Na época, as paisagens do rio Negro, com suas águas de cor de alambre formando um lindo contraste com o branco imaculado da praia, em sintonia com o verde da mata e a sinfonia de pássaros, era sua grande obsessão.

Erasmo Amazonas sonhou a vida inteira com a orla da bacia de Educandos totalmente preservada, sem poluição.

Sonhou com rios e igarapés de água límpida e transparente, onde as famílias pudessem se banhar sem contrair doenças, os ribeirinhos pudessem tirar das águas seu sustento, e a flora e a fauna vivessem em perfeita sintonia.

De repente, o que era um sonho bom se transformou em pesadelo.

Problemas como falta de saneamento, urbanização e habitação foram crescendo ao longo de quatro décadas , quando a capital do Amazonas passou a receber pessoas de 61 municípios do Estado, em busca de empregos nas indústrias da Zona Franca.

Sem opções de moradia e sem renda muito gente começou a se instalar às margens dos igarapés da cidade, e a bacia de Educandos foi uma das mais atingidas.


Além de ter lutado o tempo inteiro (como deputado estadual e como líder comunitário) contra a ocupação irregular dos igarapés, Erasmo Amazonas também é responsável pelo mais conhecido carnaval de rua de Manaus, realizado durante quatro dias (do sábado gordo à quarta-feira de cinzas), na rua Inocêncio de Araújo, nos altos de Educandos, desde 1980.

Foliões dos quatro cantos invadem as ruas do bairro portando sacos de confetes, serpentinas, bisnagas de água de cheiro e muita animação.

O momento mais aguardado da folia, depois da escolha das rainhas do carnaval (adulta e mirim), é o desfile dos blocos de sujos (Assombrados, Ran, Vagabundos, Virgens e Defuntos) e das bandas da Bhaixha da Hégua, Quarta Cultural e Caras & Coroas, com seus milhares de brincantes.


O coquetel do Erasmo Amazonas foi animado por uma turma da pesada: o violonista amazonense Marquinhos Sete Cordas, recém-chegado da Europa, após tocar por quase 10 anos na França, o cavaquinhista Serginho Pinheiro, há tempos no samba, tendo tocado durante muitos anos no Pagode do Bijú, no Beco do Macedo, o grande cantor e compositor Marinho Saúba, Mestre de Bateria da GRES Vitória Régia, considerado a maior memória do samba manauara, e o cantor e percussionista Douglas, 2º Intérprete do GRES Reino Unido. 

Entre os que abrilhantaram o evento estavam Ivan de Oliveira, Neilon Batista, Cláudio Amazonas (que me presenteou com seu último livro sobre Gonçalo, uma figura histórica de Educandos), João Roberto Pinheiro, Marina Vick, Bola (presidente do GRES Acadêmicos da Cidade Alta), Elimar Cunha (presidente da Ageesma) e a delegada Graça, que ainda deu uma “canja” em alguns sambas-canção.

Abaixo, algumas fotos do panavueiro clicadas por Mestre Pinheiro:



































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