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quarta-feira, maio 29, 2013

Don Drapper não pede pra sair


Bill Barrol, da The New Yorker para o Candiru
(Tradução livre de Sérgio Jotaerre)

Pense no lar. Um lar é apenas um “lugar”? Não. Lar é uma caixa que você preenche com memórias, com aspirações. Mas o lar também é uma memória, uma aspiração. É um sentimento. E sentimentos não são estáticos. Sentimentos se movem. Você passa por sentimentos. Ou sentimentos passam por você?

Certo, Don. Mas o que eu te perguntei foi: quando é que você vai pra casa? Digo, daqui a pouco? Quer dizer, você tem uma casa, certo?

Algumas pessoas têm casas. Mas a  casa de todas as pessoas as tem. Elas a carregam em si e a mantém trancada. Casa é um lugar no coração.

Porra, Don, a gente realmente não vai chegar a lugar nenhum com isso. Olha, eu saquei que você teve uma infância, digamos, difícil e as coisas nem sempre... Putz, essa não: tá olhando o vazio de novo!

[Um passado com filtro fog, em tons ocres. Mulheres de camisola numa América rural, à la Faulkner. Um sujeito rude que está sempre com raiva por algum motivo. Raivas súbitas, que explodem em violência. Um meninote que vai crescer e se tornar um boa-pinta espada-matador. Um barulho que se transforma em outro ruído.]

Ei! Estou falando com você! Você disse que precisava de um lugar pra dormir e eu fiquei feliz em te ajudar, mas já faz seis temporadas e eu realmente preciso do meu sofá de volta.

Sofás. Um sofá é uma coisa para nos acomodar. Mas as coisas se acomodam. Palavras, frases, gestos. Eles se acomodam na linguagem, para ocultar, ou disfarçar. Você pode se deitar num sofá. Mas também pode deitar uma mentira num sofá.

Don, negócio é o seguinte: eu preciso do meu sofá de volta, OK? E se você não for embora, e aí? Quer dizer, sei lá, eu é que vou ter que sair de casa?

Você sai quando eu disser para sair. Deite-se no chão.

Como é que é?

Um chão. Uma criança brinca. O que é uma criança, se não a personificação da possibilidade? Incline a cabeça e este chão se torna uma parede. Plante bananeira e ele se torna um teto. Cada piso contém em si a possibilidade de cada teto, sem limites ou preconceitos, seja em azulejo ou carpete. Monsanto.

OK, dessa vez eu não entendi patavinas do que você disse. Mas deixa pra lá. Você tem que ir, meu chapa. Ou quer que eu chame a polícia?

Estou dirigindo.

... O quê?

Uma estrada no escuro. Os faróis dos carros que passam projetam feixes de luz em minhas tão  fatigadas retinas. Sintonizo no autorrádio a trilha sonora de um mundo que se aproxima mais rapidamente do que eu posso entender, um mundo que ameaça destruir o meu próprio mundo. O padrão de luzes sobre minhas bochechas muda de forma sutil. Olho no retrovisor e vejo as luzes vermelhas da viatura.

Para com essa merda! Chega! Chega!

Sentimentos passam... Você passa por sentimentos... Ou sentimentos passam por você?

Você já disse isso...

Eu vou e volto no tempo.

Tudo bem, taqui o seu chapéu. Taqui a porta.

Um homem abre uma porta. Uma porta não é uma casa. Mas você não pode ter uma casa sem uma porta. Onde você iria pendurar sua guirlanda de Natal? Natal ...

Não, não. Nana-nina-não! Fim de papo, bicho. Você está saindo agora!

Ou estou ficando? É hora de partir, é hora de chegar, ou de alguma forma, é hora de partir e de chegar ao mesmo tempo? As pessoas dizem que a vida é um círculo. A vida não é um círculo. A vida é uma dupla-hélice. Ela dá voltas sobre si mesma e o futuro se torna o passado, porque quando tudo é possível ninguém está livre .... Chevy?

Sim, eu também tive essa aula de Introdução à Filosofia na faculdade. A diferença é que eu não encho o saco de ninguém por aí com isso. Tchau.

Estou saindo. Estou olhando de volta para a sala. Mas estou vendo você ou alguma visão de...

[Bate a porta] 

Pensei que ele não ia sair nunca. Quem é o próximo?

– Ainda tem aquele anão de Game of Thrones escondido no sótão.

OK, dá mais uma temporada pra ele. E só.

***

(Nota do tradutor: sarros à parte, Mad Men é a melhor série de TV escrita desde Frasier.)

sábado, maio 25, 2013

Bricolagens dadaístas


Em meados dos anos 80, provavelmente de saco cheio de ser rotulado de poeta marginal, Nicolas Behr publicou um texto intitulado “Poeta marginal? Eu, hein?” e me enviou uma cópia:

não nasci em montes claros. não tenho nome completo. não sou professor. não consegui conciliar nada com a literatura. nunca publiquei nada. atualmente não resido em porto alegre. não me chamo eduardo veiga. não escrevo poesia há mais de 15 anos. não estou organizando meu primeiro livro. não sou graduado em letras. não acredito que a poesia seja necessária. não estou concluindo nenhum curso de pedagogia. não colaboro em nenhum suplemento literário. não estou presente em todos os movimentos culturais da minha terra. não sou membro da academia goiana de letras. não trabalho como assessor cultural da sec. meus pais não foram ligados ao cinema. não tenho tema preferido. não comecei a fazer teatro aos 12 anos. não me especializei em literatura hispano-americana. não tenho crônicas publicadas n’o republica de lisboa. não passei minha infância em pindamonhangaba. não canto a esperança. não recebi nenhuma premiação em concurso de prosa e poesia. não tenho sete livros inéditos. não sou considerado um dos maiores poetas brasileiros. nunca fui convidado para dar palestras em universidades. não vejo poesia em tudo. não faço parte do grupo noigrandes. não me interesso por literatura infantil. não sou casado com o poeta afonso ávila. na minha estreia não recebi o prêmio estadual de poesia. o crítico josé batista nunca disse nada a meu respeito. não sofri influência de bilac. não sou ativo, nem dinâmico. não me dedico com afinco à pecuária. não sou portador de vasto curriculum. não recebi menção honrosa no concurso de poesia ferreira gullar. não exerço nenhuma atividade docente, nem decente. não iniciei minha carreira literária no exército. não fui a primeira mulher eleita para a academia acreana de letras. não tenho poesias traduzidas para o francês. não estou incluído numa antologia a ser publicada no méxico. minha poesia não é corajosa. não gosto de arqueologia. walmir ayalla nunca me considerou um revolucionário. nunca tentei compreender o homem na sua totalidade. não vim para o brasil com 5 anos de idade. não aprendi russo para ler maiakowski. meu pai não é chileno. não sou virgem, sou capricórnio. não sou mãe de seis filhos. nunca escrevi contos. não me responsabilizo pelos poemas que assino. não sou irônico. não considero drummond o maior poeta da língua portuguesa. não gosto de andar de bicicleta. não sou chato. não sei em que ano aconteceu a semana de 22. não imito ninguém. não gosto de rock. não sou primo dos irmãos campos. não sou nem quero ser crítico literário. nunca me elogiaram. nunca me acusaram de plágio. não te amo mais. minha poesia nunca veiculou nada. não sei o que vocês querem de mim. não espero publicar nenhum romance. não sou lírico. não tenho fogo. não escrevi isto que vocês estão lendo.


Em abril de 1986, fiz um pastiche do texto dele intitulado “Revolucionário, eu?... Nem pensar”, dedicado ao próprio Nicolas Behr, cheio de chavões da chamada esquerda democrática.

O texto foi publicado no Suplemento JC e enviei um exemplar do jornal pra ele.

Nicolas Behr morreu de rir. Curtam:

não sou filho de um líder operário morto nas dependências do doi-codi. minha mãe não se chamava olga benário nem foi entregue à gestapo quando eu tinha oito meses de idade. não fui expulso do seminário aos 14 anos por estar lendo livros marxistas. minha primeira experiência sexual não foi com uma conhecida líder estudantil. não tive na universidade um amigo pederasta que era ligado ao partidão. nunca fui preso por estar pintando nos muros abaixo a ditadura!. nunca participei de assalto a bancos, mesmo aos escolares. não tive uma noiva morta na guerrilha do araguaia. nunca fui casado com a comandante tânia. não tenho um casal de filhos nascidos na argélia. a onu jamais me deu o status de refugiado. não fui condecorado pelo marechal tito. não me candidatei voluntariamente a cortar cana de açúcar em cuba. nunca fui porteiro de sauna gay em estocolmo. não sei em que albânia fica tirana. não sei o nome completo do atual tirano da albânia. não assinei o manifesto dos intelectuais contra o boicote econômico à nicarágua. não fui cassado em 64. não fui preso no congresso da une, em ibiúna. em 68 eu mal sabia fazer direito um 69. não fui trocado por um embaixador suíço em 70. não fiz curso de sociologia em sorbonne. nem em nanterre. não fui torturado pelo delegado fleury. não tentei o suicídio pela quinta vez. não escrevi um livro de memórias sobre meus tempos de banido. nem de bandido. não descobri minha porção mulher. nunca bati papo com jean paul sartre e simone de beauvior. não participei de uma sessão de bed in com yoko ono. timothy leary nunca frequentou a minha casa. nunca desbundei ou dei a dita cuja. nunca fiz passeata com as feministas francesas pelo direito ao orgasmo. sempre confundi orgasmo com ovas de esturjão. a mercedes sosa não é meu tipo inesquecível de mulher. não sou fanático pelos poemas de agostinho neto. não participei da revolução cultural maoísta. não sou o quinto membro do “bando dos quatro”. nunca li luckás no original. não estava no chile quando mataram allende. não me refugiei na embaixada mexicana quando depuseram isabelita perón. não atravessei ilegalmente a fronteira do paraguai. não participei da quinta jornada de resistência latino-americana em copenhague. não sou colaborador dos cuadernos del tercero mundo. nunca li a revolução dos bichos, de orwell. nem a revolução das bichas, de clodovil. não sei quem escreveu o manifesto comunista de marx. nunca soube como fizemos a revolução de trotsky. sempre confundi trotsky com uma marca de aguardente feita no interior de pernambuco. não sei onde nasceu rosa de luxemburgo. minha tese de doutorado não foi sobre a acumulação da mais-valia em países periféricos – uma introdução ao pensamento de althusser. não participei de nenhum festival da juventude, em moscou. nunca usei nas paredes um pôster de che guevara. não tenho nenhum amigo tupamaro, nem mesmo montonero. sempre achei que montonero fosse nome de condutor de trem. não li o capital aos onze anos de idade. nunca votei no pt. nenhum organismo internacional já me prestou solidariedade. eu também não presto, quer dizer, nunca prestei. não assisti o encouraçado pothekin em um apartamento clandestino. não sei que diabo é kurosawa. não acho a poesia do thiago de mello comprometida com a minha vida. nem com a tua. não tenho telefone grampeado pelo sni. nunca incendiei uma embaixada americana. não li as obras completas de lênin em edição bilíngue. não traduzi do alemão o pensamento vivo de herbert marcuse. não tenho a menor ideia do que seja teatro do oprimido. nunca fui apresentado a daniel ortega. não sou citado no último livro de régis debray. não fui convidado para os funerais de chernenko. não tive nenhum caso amoroso com a ativista joan baez. não estou comprometido com a candidatura amazonino mendes. fidel castro jamais me convidou para ser jurado do concurso casa de las americas. não sou filiado ao sindicato polonês solidarnosc. não sei quem é manuel ribeiro. não me encham o saco!

Último aviso aos navegantes!


Minha gente, isso aqui não é facebook, em que você invade a linha de tempo dos outros e escreve qualquer merda que tiver vontade – e a merda é publicada instantaneamente.

Essa bodega tem gerente.

E o gerente é mal-humorado pra caraio, apesar de dar a impressão de ser o cara mais bacana do mundo.

Portanto, parem de perder tempo escrevendo comentários idiotas.

Quer ser diferente? Faça seu próprio blog (é de graça!) e escreva suas asnices lá.

Aliás, certos comentários que recebo não cabem no departamento competente porque são verdadeiros artigos e o nosso quadro de colaboradores já está completo, como se costuma dizer.

Raramente me sinto estimulado à polêmica em nos jours (essa mania de usar palavras estrangeiras irrita alguns leitores, mas faz parte do make-up – lá vem ele de novo! – da minha desagradável personalidade).

Já é tarde demais para eu aprender outra profissão que me renda tanto e me obrigue a tão pouco, vivendo sem horários e falando de mim mesmo o tempo todo (quem não entendeu essa última frase pode parar a leitura por aqui).

Jornalismo free lance (de novo?!) é uma forma de liberdade, mas nada disso diminui o senso de aridez e futilidade dentro de mim.



Os motoristas de táxi mais agressivos põem aquele cartaz junto ao volante: “Que Deus te dê em dobro aquilo que me desejares”.

Aos meus inimigos, respondo: seus dois e mais quatro, apostando contra mim, bem entendido.

Houve tempo que essa aridez e futilidade me pareciam uma ressaca das leituras apressadas de Friedrich Nietzsche, Herman Hess e Carlos Castañeda, não necessariamente nesta ordem.

Agora, acho que não. É um estado permanente.

Depois dessa digressão contrária a tudo que se ensina (erradamente, preciso acrescentar?) nos cursos de Jornalismo, fico pensando em que fazer dos meus comentaristas raivosos.

Descobri: eles me dão um assunto pra hoje, sábado, antes de eu começar a meter o pé na jaca.

Mas, antes, quais as minhas reações diante deles?

São contraditórias: uma extrema modéstia existe, talvez seja, em verdade, simples indiferença.

Isto é, pouco se me dá que eu convença alguém ou não da impossibilidade da existência de Deus.

Admito perfeitamente a coexistência pacífica de opiniões.

A estupidez, por certo, ainda me provoca alguns surtos de vitalidade, sou até, por isso, grato à estupidez.


À parte a minha modéstia, ou indiferença, se preferirem, ante a opinião dos comentaristas, há também uma certa arrogância profissional, talvez injustificada.

Nunca ouvi falar dessa gente antes de lê-la.

Se se trata de especialistas nos assuntos que posto, por que não se profissionalizam?

A escassez de talento na nossa imprensa é ainda maior do que a pobreza tecnológica da internet em Manaus.

Podem ir a qualquer redação com um bom artigo sobre qualquer assunto que serão contratados na hora.

Qualquer editor confirmará o que digo.


Portanto, em vez de perderem seu precioso tempo com comentários idiotas que nunca irei publicar, façam alguma coisa mais útil para a humanidade: parem de me encher o saco!

A torcida vascaína agradece

sexta-feira, maio 24, 2013

Unesco presenteia a humanidade com a primeira Biblioteca Digital Mundial


A primeira biblioteca digital mundial digna do nome já está disponível na Internet, através do site www.wdl.org

Ela reúne mapas, textos, fotos, gravações e filmes de todos os tempos e explica em sete idiomas as joias e relíquias culturais de todas as bibliotecas do planeta. 

“Ela tem, sobretudo, caráter patrimonial”, antecipou Abdelaziz Abid, coordenador do projeto impulsionado pela Unesco e outras 32 instituições, no jornal La Nacion.

A BDM não oferecerá documentos correntes, a não ser com valor de patrimônio, que permitirão apreciar e conhecer melhor as culturas do mundo em sete idiomas diferentes: árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português. Mas há documentos em linha em mais de 50 idiomas.

“Entre os documentos mais antigos há alguns códices precolombianos, graças à contribuição do México, e os primeiros mapas da América, desenhados por Diego Gutiérrez para o rei de Espanha, em 1562”, explicou Abid.

Os tesouros incluem o Hyakumanto darani, um documento em japonês publicado no ano 764 e considerado o primeiro texto impresso da história.

Um relato dos aztecas que constitui a primeira menção do Menino Jesus no Novo Mundo.

Os trabalhos de cientistas árabes desvendando os mistérios da álgebra.

Os ossos utilizados como oráculos e esteiras chinesas.

Antigas fotos latino-americanas da Biblioteca Nacional do Brasil e a célebre Bíblia do Diabo, do século XIII, da Biblioteca Nacional da Suécia.

Fácil de navegar


Cada joia da cultura universal aparece acompanhada de uma breve explicação do seu conteúdo e seu significado.

Os documentos foram passados por scanners e incorporados no seu idioma original, mas as explicações aparecem em sete línguas, entre elas o português.

A biblioteca começa com 1200 documentos, mas foi pensada para receber um número ilimitado de textos, gravados, mapas, fotografias e ilustrações.

O acesso é gratuito e os usuários podem ingressar diretamente pela Web, sem necessidade de se registrarem.

A biblioteca permite ao internauta orientar a sua busca por épocas, zonas geográficas, tipo de documento e instituição.
Como já foi dito, o sistema propõe as explicações em sete idiomas (árabe, chinês, inglês, francês, russo, espanhol e português ), embora os originais estejam na sua língua original.

Desse modo, é possível, por exemplo, estudar em detalhe o Evangelho de São Mateus traduzido em aleutiano pelo missionário russo Ioann Veniamiov, em 1840.

Com um simples clique, podem-se passar as páginas um livro, aproximar ou afastar os textos e movê-los em todos os sentidos.

A excelente definição das imagens permite uma leitura cômoda e minuciosa.


Entre outas joias que contem no momento a BDM está a Declaração de Independência dos Estados Unidos, assim como as Constituições de numerosos países.

Um texto japonês do século XVI considerado a primeira impressão da história.

O jornal de um estudioso veneziano que acompanhou Fernão de Magalhães na sua viagem ao redor do mundo.

O original das “Fábulas” de La Fontaine, o primeiro livro publicado nas Filipinas em espanhol e tagalog, a Bíblia de Gutemberg e umas pinturas rupestres africanas que datam de 8.000 A.C.

Duas regiões do mundo estão particularmente bem representadas: América Latina e Oriente Médio.
Isso se deve à ativa participação da Biblioteca Nacional do Brasil, à Biblioteca de Alexandria no Egito e à Universidade Rei Abdula da Arábia Saudita.

A estrutura da BDM foi decalcada no projeto de digitalização da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que começou em 1991 e atualmente contém 11 milhões de documentos em linha.

Os seus responsáveis afirmam que a BDM está destinada, principalmente, a investigadores, professores e alunos.


Mas a importância que reveste esse site vai muito além da incitação ao estudo das novas gerações que vivem num mundo audiovisual. Experimente.

Coritiba vê Alex perder pênalti, faz só 1 a 0 no Nacional e é eliminado


Vice-campeão nas duas últimas edições, o Coritiba não conseguiu o ‘milagre’ e acabou sendo precocemente eliminado da Copa do Brasil.

Como tinha perdido o jogo de ida para o Nacional por 4 a 1, a equipe de Marquinhos precisava marcar no mínimo três gols.

Venceu, mas o placar de 1 a 0 foi insuficiente e deu adeus ao torneio nacional.

No jogo, Alex ainda desperdiçou uma cobrança de pênalti.

Agora, o elenco amazonense terá pela frente a Ponte Preta.

Nem preciso falar que a Marie Jolie está se achando...


quinta-feira, maio 23, 2013

Abercrombie, Fitch e os idiotas


Rafael Galvão

Uma campanha diferente foi deflagrada semana passada no Brasil, seguindo os moldes de campanha semelhante nos Estados Unidos. É uma resposta à declaração de Mike Jeffries, dono da marca Abercrombie & Fitch, de que não faz roupas para gordos porque quer apenas gente descolada e invejável usando seu produto.

Para mostrar o quão inadequadas as pessoas consideraram essas declarações, grupos nos EUA e aqui resolveram doar roupas da marca para mendigos, em protesto à discriminação e ao preconceito de Jeffries.

Essa campanha é uma das coisas mais idiotas e hipócritas que vi em muito tempo, e é prova cabal da imbecilidade generalizada neste início de século.

Seu problema central é que a Abercrombie & Fitch tem o direito de focar seu produto no target que quiser. Se não quer vender para gordos, problema dela. Mas ela só faz isso — abdicar de um nicho em crescimento rápido e constante — porque funciona, porque é assim que o rebanho age: ele está disposto a pagar um ágio bem razoável por uma simples imagem, e nada mais que isso.

O erro do dono da Abercrombie não foi ser canalha — até porque não fazer roupa para gordos não é canalhice, é opção de mercado, assim como não é canalhice da Chanel não fazer roupas para pobres. Seu erro foi explicar a lógica do que faz. Numa sociedade cada vez mais hipócrita, que transforma uma alucinada como a Angelina Jolie em heroína, você pode fazer o que quiser, desde que não assuma publicamente.

A Abercrombie & Fitch não é uma grife de preços excessivamente exorbitantes. Segundo dizem, suas camisas custam em torno de 80 reais. São caras para o que realmente valem, mas não são inacessíveis (parece ser, por exemplo, a marca preferida do bom Nissim Ourfali – que é magro). É uma roupa para a classe média metida a besta. Mas isso é o beabá da propaganda: posicione bem o seu produto, faça-o parecer melhor do que é, e eles virão até você.

O posicionamento da Abercrombie & Fitch é válido do ponto de vista do mercado. Funciona porque entende o comportamento da humanidade. Mas as mesmas pessoas que compram, ou gostariam de comprar, suas roupas por serem pretensamente elitistas não admitem que ela assuma sua postura, porque isso as forçaria a admitir que esses também são os seus valores.

Em vez de protestar, as pessoas deviam era procurar entender o que faz a marca se posicionar dessa forma, esnobando a legião de gordinhos que atravancam as filas do McDonald’s, e entender o que as faz desejar uma camiseta comum com uns retalhos costurados em cima. Mas é difícil que façam, porque não iam gostar muito das conclusões. Assim como Mike Jeffries, elas também querem roupas que não sirvam em gordos e que façam delas, automaticamente, pessoas mais “cool” do que jamais conseguiriam ser sem ajuda. É por isso que tem coisas na vida que a gente simplesmente não deve falar: este é um século que recompensa a hipocrisia e pune a honestidade.

Mas é a campanha em si, nascida nos EUA, que me incomoda — ao resto já estou me acostumando, anos exposto ao Facebook me acostumaram a esse macaquear impostor. Me incomoda não apenas porque esse pessoal não passa muito de um bando de idiotas fúteis que se mobiliza para brigar com uma marca direcionada a gente que se pretende bonita, magra e rica e, portanto, ignorada pela grande maioria da humanidade. Mas porque a própria ação é ainda mais elitista que a Abercrombie & Fitch.

O foco aqui não é o bem-estar desse pessoal que está no extremo oposto do público-alvo da marca: é só protestar contra o posicionamento assumido por ela, diminuindo seu valor ao associá-la a mendigos. O recado é simples: “Vocês não são ‘cool’ porque mendigos vestem suas camisas. Mendigos, ora. E isso me faz mais ‘cool’ que vocês”

Pelo preço que se compra uma camisa da Abercrombie & Fitch o sujeito que está fazendo essa campanha poderia comprar alguns cobertores para proteger os mendigos paulistanos no frio que se aproxima. Era isso que o faria melhor que o Mike Jefrries, não um protesto que humilha seres humanos destituídos, utilizando-os apenas para desvalorizar uma marca de roupas.

Isso é o mais triste nesse protesto: esses assim chamados militantes, com sua “ira justa” de classe média estultificada, dão mais valor à marca que à dignidade das pessoas. Mas quem está preocupado com eles? Mendigos não são tão importantes quanto uma marca que não gosta de gordos, nem quanto a mídia gratuita que se pode conseguir às suas custas. Mas pelo menos agora eles dormem na rua vestindo uma camisa da Abercrombie & Fitch.

Vascão perde outro torcedor ilustre: Paco Cac atravessou o espelho!



Fiquei sabendo dessa história triste por meio do BlocoOnLine, o exuberante site poético mantido pela querida poeta Leila Míccolis e pelo incrível Urhacy Faustino:

Em 4 de abril, através do facebook, a filha de Paco Cac, Pilar de Freitas, escrevia: “É com muito pesar que venho aqui informar. O poeta, militante, professor, pesquisador, vascaíno, carioca e acima de tudo meu pai, faleceu nesta quarta, 3 de abril de 2013. Aos que oram, orem. Aos que não, recordem. Aos amigos e familiares, guardem sempre a memória da vida, os poemas compartilhados e os sambas cantados. Iremos cremá-lo em Brasília. Em seguida faremos uma cerimônia no Rio, aonde ele realmente gostaria de ficar”.

A cremação aconteceu no dia 5, e m Goiás, e a homenagem a Caco Pac, no Rio, foi no dia 13 de abril: “Cerimônia de cinzas do Paco Cac no Rio de Janeiro: Ponto de encontro no Museu da República (Palácio do Catete). Entrada que dá para a rua do Catete. Faremos uma homenagem no museu, depois seguiremos para o mar”.

No início de fevereiro, Paco Cac, companheiro de muitos anos de jornada poética, no dia 8 de fevereiro nos fez uma bela dedicatória em seu catálogo de Revistas Literárias Brasileiras - Século XX (vol. 2), nos enviou o exemplar dia 25 do mesmo mês e recebemos a remessa no início de março, um mês antes de sua morte.

Esbórnia mia, aqui me tens de regresso!



Nesta quarta-feira, 22, meu compadre Carlos Alberto Almeida, atual procurador-geral do Ministério Público de Contas, me deu um puxão de orelha pelo fato de o blog estar desatualizado há tanto tempo.

Verdade.

E por que estou há tanto tempo sem vir aqui no mocó?

Bom, eu poderia elencar uma série de fatores extremos (excesso de trabalho, falta de tempo, tédio terminal, falta de inspiração, desavenças com a namorada, participação constante em muvucas de alto teor alcoólico, etc) e esmiuçar cada um deles para justificar essa minha falta de caráter, mas isso tudo seria chover no molhado.

O certo é que estou às voltas com cinco livros para lançar e somente conclui dois até agora.

O “Sanatório Geral”, contando a história política do Amazonas nos últimos 60 anos pela ótica do folclore e do humor, deve entrar na gráfica hoje e ser lançado na primeira quinzena de junho.

O “Cowboys Fora-da-lei”, que deveria ter sido lançado no meu aniversário, ganhou uma nova data de lançamento: dia 9 de julho, quando Pai Simão completa 90 anos.

O “Barbárie na Selva: O Caso Delmo” ainda está em fase de negociação, mas será lançado antes do fim do ano.

O “Almanaque Capivarol”, contando um pouco da história do carnaval amazonense e incluindo centenas de causos de sambistas, compositores e poetas, ainda está em fase de pesquisa.

O “Canários do Reino: a história sem censura do GRES Reino Unido da Liberdade” está sendo revisto pelos fundadores da escola, que também estão escolhendo as fotos que vão ilustrar a saga do reino do samba instaurado por Bosco Saraiva, Zé Picanço e Gil da Liberdade (o sócio número 1 da agremiação).

Além disso, tenho que cuidar diariamente das matérias do site CANDIRU, o jornal de maior penetração da Amazônia, fazer cobertura jornalística de vários órgãos públicos, divulgar as atividades da Força Sindical e last, but not least, manter o hábito saudável de ler um livro por semana (acabei de detonar “E Benicio criou a mulher...”, do Gonçalo Junior, e comecei a encarar “Uma breve história do Cristianismo”, de Geoffrey Blainey).

Como isso tudo demanda tempo, não é a toa que o mocó tenha ficado entregue às moscas por tanto tempo.

Prometo me regenerar.

Valeu, compadre!

Ah, propósito: ontem, foi aniversário da Lorena Printes, essa advogada charmosa que ilustra o post, e hoje é aniversário dos meus gêmeos Marcelo e Marcel.

Para a trinca, meus votos de sucesso e muitas felicidades.

Ou seja, o mocó está reabrindo em grande estilo. Te mete!