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terça-feira, setembro 10, 2013

Não basta a miséria da guerra na Síria: mulheres refugiadas estão caindo em redes de exploração sexual no Líbano


Campo de refugiados sírios no Líbano: “as guerras e conflitos armados são uma incubadora perfeita para a exploração de mulheres”

Um lado triste, sombrio e pouco abordado da questão dos refugiados da guerra civil na Síria – 2 milhões de pessoas já deixaram o país desde o início das hostilidades, em março de 2011, o que equivale a espantosos 10% da população total – é o que atinge as mulheres: centenas, milhares delas, ao fugirem da guerra, estão caindo nas mãos de redes de prostituição e de tráfico de ”escravas brancas” no vizinho Líbano.

O Líbano já abriga 700 mil refugiados sírios, dos quais se estima que 75% sejam mulheres e crianças. Boa parte das mulheres que cai na prostituição foi estuprada no curso da guerra.

O problema se agrava a cada dia, especialmente entre os grupos mais marginalizados, informa a ONG libanesa em defesa de mulheres em risco de violência sexual Dar Al-Amal.

“As guerras e conflitos armados são uma incubadora perfeita para a exploração dessas mulheres”, diz a assistente social Hiba Abou Chacra. “O perfil dos clientes, no caso da prostituição de luxo, aponta para libaneses ricos, árabes endinheirados do Golfo e expatriados com posses que vivem no Líbano. Os clientes mais pobres recorrem à prostituição de rua”.

Beirute, a capital, com 2 milhões de habitantes estimados e intensa vida noturna, é o destino da maioria delas, mas nem de todas.

Dias atrás, jornais libaneses denunciaram a existência de um prostíbulo que abrigaria nada menos que 500 refugiadas sírias em uma localidade próxima à cidade litorânea de Sidon, a terceira maior do Líbano, ao sul da capital. A prostituição, tecnicamente, é ilegal no país, mas “quase ninguém fala desse assunto abertamente”, diz Mohammad Ghazal, ativista da ONG Première Urgence.

A ONG oferece apoio psicológico a mulheres e, segundo ele, “algumas refugiadas nos disseram que estão na prostituição porque precisam de dinheiro, mas as demais se calam”. No caso desse suposto prostíbulo, as autoridades não mexeram um dedo.

O que leva essas mulheres ao silêncio – não raro adolescentes ou mesmo garotas de 9, 10 anos – é o temor da desonra social, algo fortíssimo nos países árabes. Essa barreira tem impedido que mulheres, violadas durante a guerra e, agora, em muitos casos, obrigadas a prostituir-se por gangues deixem de relatar sua situação mesmo ao pessoal de apoio da ONU que trabalha junto aos refugiados.


“São poucas as que dão um passo à frente”, confirmou ao jornal El Mundo, de Madri, a porta-voz regional do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Joelle Eid. “A maioria tem medo de falar pelo estigma associado a ter sobrevivido à violência sexual e teme por sua segurança”.

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