Pesquisar este blog

quinta-feira, novembro 07, 2013

Sua mãe morre de tesão (e vovó já sentiu volúpia)


O fotógrafo Leigh Ledare quer te mostrar algo, provar um ponto

Federico Mattos

Talvez você nunca tenha parado para pensar, mas sua mãe pode estar – nesse momento – morrendo de tesão, imaginando cenas perversas em que algum desconhecido a pega por trás. Essa imagem pode parecer por demais perturbadora, já que se trata da sua mãe.

Mas ela é gritante exatamente porque, se fosse com qualquer outra mulher, seria uma situação altamente cobiçável.

A repugnância que você deve ter sentido não é só um fato biológico de repelência genética, mas um valor profundamente enraizado em nossa cultura: mães não têm sexo.

Pessoas se masturbam vendo o vídeo com uma atriz pornô deliciosa.

Ela pode ter filhos e, consequentemente, alguém está batendo uma pensando na mãe dele.

A sua, como qualquer outra mulher, possui desejos vivos debaixo dos lençóis e, por pudor social ou sensibilidade demasiada de sua parte, ela nunca se sentiu à vontade para compartilhar sua aventuras e desventuras sexuais.

Talvez ela faça um boquete maravilhoso ou tenha habilidades com pernas e você nunca vai saber.

E se ela resolvesse abrir o jogo contigo e confidencializar suas taras? E se ela te contasse que já traiu seu pai com seu tio? E se ela abrisse o jogo pra desabafar que já colocou uma cinta peniana para se satisfazer com o seu pai?

O estereótipo de uma mãe velha e desinteressante provavelmente ajuda alguns homens a não considerarem que as madres são apenas pessoas e, como qualquer outra, são falíveis, além de nutrir uma gama rica de fantasias, sonhos, desejos e loucuras pessoais.

O fotógrafo Leigh Ledare resolveu encarar o fato de que sua mãe, assim como qualquer mulher do mundo, descabelada ou não, desfruta de tudo aquilo que o seu corpo pode permitir.

Leigh Ledare passou um ano e meio sem ver sua mãe Tina Peterson.

Quando voltou para casa, surpresa!, Tina o recebeu completamente nua, sem esconder que estava acompanhada de um namorado.

Segundo Leigh, essa foi a maneira dela demonstrar que tinha recuperado a autoestima.

Entre 2000 e 2008, Leigh tirou fotos de sua mãe nessa fase boa da vida, aos 50 anos, transando e sendo feliz. Quem deu a ideia foi ela.

É curioso ver a reação chocada das pessoas diante da ousadia deste filho.

Pervertido, tarado, veladamente incestuoso.

Muitos julgamentos difíceis de responder.

Mas ele deu uma pista em sua declaração:

“Eu vejo o desempenho da sexualidade de minha mãe como tendo uma série de funções, entre elas, desafiar o clima de moralismo e conformismo em torno dela, como uma forma de proteger-se do seu envelhecimento”

É muito bonito o seu protesto pela estética ao mostrar que ainda somos conservadores e queremos colocar na geladeira qualquer mulher que cruzou a linha da fase procriadora.


O culto à virgindade materna se tornou paradigma religioso por reforçar um temor que muitos trazem para si, a de que a mãe, como qualquer mulher, pode ser alvo de interesse sexual.

Em minha fase de leitor de contos eróticos, me surpreendia com a quantidade de histórias que envolviam uma mãe sapeca que queria iniciar a sexualidade do filho.

Além disso, em vários contos, poderíamos nos deparar com figuras maternais como a tia gostosona, a enfermeira safada, a secretária devassa, a empregada voluptuosa e outras tantas imagem que são representações de cuidadoras, mães disfarçadas.

Sigmund Freud, criador da Psicanálise, foi bem perspicaz ao denunciar esse drama inconsciente presente na mente do homem.

Ainda que muitos considerem as teoria do velho Sig ultrapassadas, não consigo deixar de entrever que o drama de Édipo ainda permeia o imaginário dos homens.

Ao separar mulheres em santas e putas, para trepar ou casar, se denunciam no esforço bem primitivo de separar aquelas que ele pode desejar desmedidamente e postar vídeos sacanas pela internet daquelas quase assexuadas que chamarão de esposa e apresentarão para a mamãe querida e imaculada.

A iniciativa de Leigh é um chamado de alerta para nosso moralismo habitual. É libertador.

Com isso, gostaria de ouvir o que acharam da exposição dele e sobre os temas que levantei aqui.

Ainda tem muito pano pra manga dos comentários.














Nenhum comentário: