Pesquisar este blog

terça-feira, janeiro 06, 2015

Esquentando os tamborins (Parte 1)


Denise Carla
Ainda hoje a origem do carnaval é motivo de acirradas discussões e controvérsias em mesas de botequim. 
Só pra se ter uma ideia, há quem o situe há 10.000 a.C., tendo origem nos festejos rurais, quando homens, mulheres e crianças cobriam os rostos, pintavam e adornavam os corpos, e então se reuniam durante o verão para promoverem danças com o objetivo de afastar os demônios da má colheita ou simplesmente para comemorar o retorno do trabalho nos campos. 
Há também quem credite sua origem à evolução e à sobrevivência do culto à deusa Ísis e ao touro Ápis (entre os egípcios) ou à deusa Herta (entre os teutônicos), aos festejos em honra de Dionísios (na Grécia), ou ainda às Saturnais Romanas (homenagem à memória do deus Saturno, com cortejos de abertura apresentando grandes carros imitando navios – os carrum navalis), às Lupercais (celebradas após as Saturnais, como uma espécie de purificação, comemorando a fecundidade), às Bacanais (celebração ao retorno do sol e o começo da primavera, durante os meses de fevereiro e março, em homenagem ao deus Baco) e até mesmo às festas dos “inocentes” e dos “doidos” na Idade Média, que depois de sucessivos processos de deformação e abrandamento foram apontadas como responsáveis pelo surgimento dos mais famosos carnavais dos tempos modernos, como os de Nice, Paris, Veneza, Roma, Nápoles, Florença, Colônia e Munique.
Alguns autores afirmam que o carnaval já era encontrado na Antiguidade Clássica, e até mesmo na Pré-Clássica, com suas danças barulhentas, suas máscaras e licenciosidades, características que seriam mantidas até os dias atuais. 
Na Idade Média, a Igreja Católica, se não adotou o carnaval, pelo menos o tolerou (ainda que de forma branda) com certa benevolência. 
Alguns de seus representantes foram terminantemente contra aos festejos, porém o papa Paulo II, no século 15, foi mais tolerante e chegou até a permitir que se realizasse na Via Lata (rua fronteiriça a seu palácio) o carnaval romano, com suas corridas de cavalos, carros alegóricos, batalhas de confete, feéricas luminárias de tocos de vela (“molcoletti”), corrida de corcundas, lançamento de ovos e de outras manifestações populares. 
Com o decorrer do tempo, porém, essas “modalidades carnavalescas” entraram em declínio e o carnaval tornou-se menos violento e debochado, mas com um perfil cada vez mais tétrico e fúnebre.


Da Alta Idade Média, ficou o registro das célebres Danças Macabras, quando homens e mulheres desfilavam perante a Morte que ouvia, impassível, as queixas de cada um e depois lhes descarregava a foice. 
O carnaval do Renascimento foi marcado pelo romantismo e o lirismo. 
O baile de máscaras foi introduzido pelo já citado papa Paulo II e começou a fazer sucesso nos séculos 15 e 16, principalmente na França e na Itália. 
Ainda no século 17, um baile promovido em 1884 pelo Instituto Real de Pintores e Aquarelistas ficou muito famoso em Londres. Artistas ingleses se fantasiaram com máscaras de seus gloriosos mestres do passado ou de príncipes e monarcas amigos dos artistas e brincaram de forma ordeira e pacífica. 
Dessa forma, o carnaval passou a ser visto como uma celebração de caráter estritamente artístico, com bailes e desfiles alegóricos.

Nenhum comentário: