Pesquisar este blog

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Esquentando os tamborins (Parte 7)


Denise Carla
Na década de 60, em plena ascensão das escolas de samba e da decadência dos ranchos e das grandes sociedades, os blocos carnavalescos se unem e se estruturam formando a Federação dos Blocos Carnavalescos, no dia 28 de setembro de 1965, com duas categorias de blocos: de enredo (formam conjuntos com estruturas bem próximas às escolas de samba) e de empolgação (são estruturados seguindo o modelo de blocos simples, sem variações de fantasias, alegorias ou enredos). 
Os mais famosos são o Bafo de Onça, Cacique de Ramos, Boêmios do Irajá e Cordão do Bola Preta.
As escolas de samba nasceram de redutos de diversão das camadas pobres da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade formada de negros. 
Reuniam-se para cultivar a música e a dança do samba e outros costumes herdados da cultura africana, e quase sempre enfrentavam ostensiva repressão policial. 
Para a formação desses redutos contribuiu decisivamente a migração de populações rurais nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século 19, introduziram um mínimo de organização e de sentido grupal ao carnaval carioca, até então herdeiro do entrudo português.

A denominação “escola” só vai surgir, no entanto, em 1928, com a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio. 
Seu fundador, o sambista Ismael Silva (1905-1978), explicava o termo como decorrência da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os sambistas locais serem tratados de “professor” ou “mestre”. 
Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido coreográfico e sem nenhum caráter competitivo. 
Com o tempo, transformam-se em associações recreativas abertas, cuja finalidade maior é tão somente competir nos desfiles carnavalescos, transformados em atração máxima do turismo carioca. 
De tal forma agigantaram-se, que seus encargos sociais, a partir da década de 1960, equivaliam aos de uma empresa, o que as obrigava a funcionar por todo o ano, promovendo rodas de samba e ensaios com entrada paga, única maneira de amenizarem os gastos decorrentes da preparação dos desfiles.

Com a oficialização dos desfiles, a partir de 1935, as escolas passam a receber subsídios da prefeitura, transformando-se, a partir de 1952, em sociedades civis, com regulamento e sede, elegendo periodicamente suas diretorias, inclusive um diretor de bateria, que comanda os instrumentos de percussão, e um diretor de harmonia, responsável pelo entrosamento de canto e orquestra. 
A escola desfila precedida de um abre-alas (faixa que pede passagem e anuncia o enredo) e da comissão de frente (dez a quinze sambistas, representando simbolicamente a diretoria da escola). 
A seguir, pastoras (antigas dançarinas dos ranchos), fazendo evoluções, mestre-sala e porta-bandeira, destaques e academia (coro masculino e bateria). 
O restante divide-se em alas, geralmente com coreografias especiais, e carros alegóricos. 
Apresentam sempre um tema nacional (lenda ou fato histórico) expresso no samba-enredo, base de todo o desfile.


Até 1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas limitavam-se a percorrer livremente as ruas, acompanhadas por populares. 
Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo organizou um desfile na Praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo vitoriosa a Estação Primeira de Mangueira. 
No ano seguinte o número de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo jornal O Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira. 
Em 1934, ano em que foi fundada a União Geral das Escolas de Samba, a competição foi realizada no dia 20 de janeiro, em homenagem ao prefeito Pedro Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato. 
O interesse em fomentar a competição como atração turística começou em 1935, quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura do então Distrito Federal, obtendo a Portela sua primeira vitória, ainda com o nome de Vai Como Pode. 
A partir daí, já estabelecido como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi realizado sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas impediram a promoção. 
O modelo se estendeu a todas as capitais brasileiras, excetuando-se duas: Salvador, na Bahia, e o conjunto Recife-Olinda, em Pernambuco.

Nenhum comentário: