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sexta-feira, janeiro 09, 2015

Sarado, mas impotente


No filme Sem Dor Sem Ganho, o personagem de Anthony Mackie fica impotente devido ao uso de anabolizantes

Quantas vezes você saiu do treino esgotado e notou que por mais que se pegue pesado é bem difícil conquistar um corpo rasgado de músculos? 

Pois é, não é do dia pra noite que se transforma um Fiat 147 em uma Bugatti Veyron. 

Não é mais ou menos, existe o caminho mais curto, que nos corredores das academias é o mais comentado e indicado por quem usa ou já usou: os anabolizantes ou esteróides, substâncias “mágicas” capazes de transformar um frangote em Arnold Schwarzenegger em curto espaço de tempo.

Embora os efeitos colaterais das “bombas” sejam conhecidos pela maior parte das pessoas que praticam atividades físicas, com ênfase para a musculação, a vaidade e a vontade de ter um braço à la Dwayne The rock Johnson parece tapar os olhos e ouvidos daqueles que ignoram as consequências assustadoras que os esteróides refletem na saúde, como por exemplo afetar a saúde sexual masculina.

Sarado, mas impotente. Qual é a relação dos esteróides com a vida sexual? 

Segundo o endocrinologista do Hospital Santa Isabel Thiago Fraga Napoli, o hormônio masculino é um esteróide que faz parte de uma grande família de hormônios derivados do colesterol. 

Quem opta por colocar em circulação grandes moléculas desses hormônios sintéticos correrá o risco de inúmeros efeitos que interagem com diferentes receptores do organismo. 

É por isso que tem gente que não sofre nenhum efeito colateral, assim como os que apresentam uma série de problemas graves pós-uso, no caso dos homens, perda de apetite sexual e chances de desenvolver câncer de próstata, além de outros menos trágicos como calvície e acne.

Dr. Thiago alerta que a ideia de perigo deve sempre ser lembrada frente ao conceito de risco x benefício. 

Em pessoas com falta de testosterona, a reposição visa curar um déficit hormonal, sendo o benefício óbvio. 

Contudo, o uso de testosterona com fins estéticos torna incerta esta relação, por isso quem pretende tomar bomba necessita da supervisão de um endocrinologista.

O personal trainer Diogo Acencio, atualmente professor na academia Runner da Unidade Paulista, está de acordo com o que o médico endossou acima, até porque já fez uso de Stanazolol para definição muscular. 

Diogo é um profissional do corpo, apto a treinar pessoas que querem ganhar massa com exercícios corretos, e para ele, a relação de anabolizantes x crescimento muscular é mais conhecida que para os leigos, justamente por isso, quando decidiu fazer uso das substâncias, procurou um médico para acompanhar o tratamento e quando conquistou o que desejava, encerrou o ciclo. 

Diogo afirma não ter sentido efeitos prejudiciais, só tendo ficado com a parte grata “da coisa toda”, que é a definição dos músculos, mas tem gente que não tem a mesma sorte, ou melhor, a mesma consciência de parar na hora certa.

Veja quais são os principais anabolizantes, para que servem e quais são os efeitos negativos na saúde masculina:

Durateston: Anabolizante composto por quatro tipos diferentes de testosterona (decanoato, fenilpropionato, isocaproato e propionato) responsáveis por prolongar o efeito da droga no organismo aumentando o poder metabólico na forma com que as células absorvem a proteína, por isso o ganho de massa. 

Também acelera a queima de gordura e aumenta a força dos músculos, elevando a potência dos treinos. Efeitos colaterais: queda de cabelo, acne, ginecomastia (aumento das glândulas mamárias), perda do apetite sexual e aumento desproporcional dos testículos, o que pode levar ao câncer de próstata. 

Na medicina, pode ser usada para tratar homens com osteoporose.

Deca-Durabolin: A nandrolona é um anabolizante feito com testosterona sintética. Para fins médicos é usada em pessoas anêmicas e com insuficiência renal. 

O esteróide promove assimilação de proteínas e estímulo do apetite, revertendo o processo catabólico e o balanço negativo de nitrogênio. 

Demora de três a seis meses para fazer efeito. Prejudica o fígado devido ao excesso de toxinas do produto, gera inchaço e ereção prolongada e dolorosa do pênis, além de problemas cardiovasculares. 

A substância pode ficar na corrente sanguínea durante anos armazenada no tecido adiposo.

Stanozolol: Conhecido nas academias como Winstrol, o esteróide ajuda no crescimento e na definição dos músculos. 

Para fins médicos é usado em pessoas com anemia, pois aumenta a produção de células vermelhas, a densidade óssea e o apetite. 

Também ajuda na perda de gordura devido à termogênese, preservando a massa muscular e tem efeito diurético. 

Efeitos colaterais: acne, ginecomastia, hipertensão, agressividade, queda na libido, queda de cabelo, aumento excessivo de pelos no corpo.

Dianabol: Também é um androgênico, ou seja, contribui para o ganho de massa muscular. É um dos anabolizantes mais antigos do mercado. 

Efeitos colaterais: altamente prejudicial ao fígado, aumento de pressão arterial e retenção hídrica.

Hemogenin ou Oximetolona: Um dos poucos anabolizantes usados via oral e não injetável, por isso é muito procurado por quem tem receio de tomar injeção. Ele aumenta o ganho de força e consequentemente o volume dos músculos. 

Em alguns países é conhecido como Anadrol ou Anapolon. Para fins médicos, aumenta a produção de células vermelhas no sangue, por isso é usado em pessoas com anemia em estágio grave. 

A droga também é utilizada em pacientes soropositivo e outras doenças de perdas relevantes de estrutura corpórea porque aumenta o ganho de peso rapidamente. 

Efeito colateral: é o único esteróide que tem ligação comprovada com o câncer de fígado.


Você sabia que...

Os anabolizantes são hormônios derivados do colesterol.

Eles interagem com diferentes receptores do organismo e cada pessoa sente de uma forma, por isso alguns têm maior risco de câncer de próstata, doenças cardíacas, trombose, impotência e outros efeitos colaterais catastróficos enquanto uns podem não apresentar nenhuma reação.

O correto é usá-los apenas para repor testosterona em pessoas com déficit do hormônio, o uso para fins estéticos não é visto com bons olhos por profissionais da saúde.

Na fisiologia normal, a testosterona tem sua produção testicular estimulada pela glândula hipófise. 
Quando os anabolizantes são injetados, essa glândula repousa e quando o ciclo de esteróides termina, o organismo demora a entender que deve produzir o hormônio sozinho novamente, prejudicando inclusive a produção de espermatozóides.

A ereção é um fenômeno mecânico relacionado diretamente com a libido (se dá pelo aumento da entrada de sangue no pênis). Mecanismos muito finos dentro dos vasos regulam este fenômeno. Após um ciclo de anabolizante, a libido fica prejudicada por alguns meses, podendo levar à impotência.

No campo da estética, há muita gente não especializada, as ofertas são muito duvidosas e os riscos mascarados por motivos duvidosos. Consulte um médico de sua confiança, sempre.



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