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quinta-feira, julho 27, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 21)


EWEN III (845-901) – Já houve uma época em que os reis eram reis por serem os mais inteligentes, os mais corajosos e os mais fortes. Eram respeitados pelo povo, pois estavam à frente dos soldados nos campos de batalha. Nos últimos quinhentos anos, general só morre em guerra por excesso de álcool. Rei, então, nem falar.
Posteriormente inventaram que eram monarcas por graça divina, mas, por via das dúvidas, mantinham-se protegidos por fortes exércitos.
O rei escocês Ewen III era inteligente, forte, corajoso, e, principalmente, sacana. 
Como não havia um escocês que não se mijasse de medo dele, por volta de 875 ele instituiu “o direito da primeira noite”, o que em síntese é o seguinte: um dos seus súditos queria casar com uma súdita, apresentava-a ao rei e se ele a achasse o suficientemente apurada para o seu paladar, a comia (eufemisticamente, é claro) na noite do dia do casamento. 
Só depois o súdito recebia de volta a mulher, geralmente com comentários do rei: “Muito pentelhuda mas boa de rabo”, por exemplo.
Este esporte iniciado pelo bom Ewen foi logo praticado por todos os reis europeus e até mesmo por alguns barõesinhos de merda, até o princípio da Idade Média. 
Nota importante: ir para a cama com uma virgem dava ao rei a certeza de que não pegaria uma gonorréia real.

EXIBICIONISMO – Não confundir com exposição indecente, que é, por exemplo, um ministro da Fazenda explicar na televisão por que não passa de mera ilusão a impressão que temos de que estamos todos os dias gastando mais para comer menos.
São chegadas a um exibicionismo desde a mocinha que tira a roupa em frente à janela aberta, passa pelas strip-teasers e vai até os caras que, profissional ou amadoristicamente, adoram ser vistos nus ou trepando.
Segundo o escritor carcamericano Gay Talese (um especialista no assunto), a principal motivação dos casais que fazem sexo grupal não é a foda em si, mas a oportunidade de se exibirem pelados diante de outras pessoas.
E o que tem de exibicionistas, irmãos! Há mais donas-de-casa na Escandinávia, Alemanha, Holanda, Inglaterra, França, Itália, Espanha, Portugal loucas para serem fotografadas nuas ou posando aos beijos com cachorros, porcos e cavalos que fotógrafos para fotografá-las.
Atrizes de filmes pornográficos como Linda Lovelace (ganhou muito dinheiro dando aulas para mulheres de executivos ensinando como podiam engolir 25 centímetros de piroca), Georgina Spelvin, Seka e outras declararam muitas vezes que só conseguem gozar diante de uma câmera.
Além de José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, João Figueiredo, Newton Cruz, Ulysses Guimarães, Ronaldo Caiado, Amaral Netto e outros menos votados falando na televisão, também é expositor indecente (nada a ver com exibicionismo puro e simples) o marmanjo que fica pelado com a intenção de insultar uma mulher.
Engraçado: a mulher ficar pelada com a intenção de insultar um homem não é considerado contravenção, mesmo porque até agora ninguém foi se queixar disso à polícia.
É claro que para o expositor indecente ir em cana é necessário que a parte ofendida, no caso a mulher para quem o taradão mostrou os documentos, prove que o cara tinha intenção de ofendê-la. Caso contrário, qualquer sujeito que esquecesse a janela do quarto aberta podia ser preso.
Também não é considerada exposição indecente o chamado membro viril em estado vítreo desde que coberto por calças ou calções. Cueca não vale. Se jeba dura à vista (mas coberta) fosse crime, metade dos frequentadores de Copacabana, Ipanema e Leblon estariam apanhando sol no pátio da penitenciária Lemos de Brito.
O clássico expositor indecente, segundo Leon Radnizowiks em sua pesquisa sobre ofensas sexuais, tem entre vinte e cinco e cinquenta anos, é casado, bom pai de família, classe média e dono de uma bimbinha de proporções ridículas.
Ao contrário do que muita gente pensa, ele não se excita com a ofensa que pratica, mas com a vergonha e a culpa que sente ao praticá-la.
Depois de exibir a pecinha em público, ele foge do local e se tranca num quarto onde ataca de cinco contra um, se é que me entendem.
De um modo geral o expositor indecente é um cara que tem medo de ser broxa e que, caminhando pela rua, surpreende uma ereção espontânea. Sente, então, a necessidade de mostrar a miniatura para o distinto público.
Como geralmente atacam na mesma área (parques, de tardinha), é fácil para a polícia patolá-los. Tão fácil que mais da metade da população carcerária condenada por delitos sexuais na Inglaterra e nos Estados Unidos é composta de expositores. Eles podem ser chatos, mas são os mais inofensivos dos tarados.

FALLOPIO, Gabriello (1523-1562) – Tem muito sujeito que acha que manja de buceta ou de vagina, como prefere o pessoal do Tijuca Tênis Club, pois é mais fino. Manjam nada. O pinta que mais manjou deste assunto no mundo foi o velho Fallopio. Tem muito nego que manja do lado de fora. Mas, e do lado de dentro? A mulher tem uma decoração interna das mais complicadas.
Pois o Fallopio, que foi, provavelmente, o mais importante professor de anatomia do século XVI, foi quem descobriu e deu nome às coisas. Ele não só descobriu os tubos que ligam os ovários ao útero (hoje conhecidos como tubos de Falópio, seus idiotas!), como ainda batizou a vagina de vagina, a placenta de placenta e o clitóris de clitóris.
Reitor da universidade de Pádua, de lambuja foi o grande especialista em ouvidos, manjava de botânica (sei do cacófato) como ninguém mesmo e – last but not least – foi o inventor da camisa-de-vênus.
Uma camisona bem grosseira, que parecia mais uma bainha de faca, mas que, em compensação, era impermeável. Salvou muitas vidas durante a primeira epidemia de sífilis.
Sobre este preservativo pioneiro mme. de Sevigné, que era chegada ao esporte, declarou: “Bom para combater infecções; péssimo para fazer amor”.
Uma quarta parte da humanidade está viva hoje graças ao Fallopio e uma outra quarta graças ao velho Alexander Flemming (1881-1955), inventor da penicilina. 
Apesar disso ainda não encontrei ninguém chamado Falópio da Silva.
Gabriel, muitos, mas em homenagem ao anjo que, suspeito, nunca existiu.

ABC do Fausto Wolff (Parte 22)


FANNY HILL – Em 1952 meu pai tinha uma barbearia na Avenida Farrapos, em Porto Alegre. A família morava nos fundos. Uma noite, meus pais haviam ido ao cinema, meus irmãos mais velhos a um baile (havia bailes, moças virgens, noivados e bons sambas naqueles tempos) e eu ficara em casa sozinho. Tinha menos de doze anos e comecei a mexer nas gavetas do salão de barbeiro e encontrei um livro. É este mesmo que vocês estão pensando: Fanny Hill ou Senhorita Volúpia.
Como não manjava picas de inglês, não sei se a tradução era boa, mas uma rápida olhada fez com que eu compreendesse que eu e a Fanny seríamos amigos durante muito tempo.
Poucos seres humanos bateram tanta punheta como eu dos doze aos quatorze anos lendo este livro proibido escrito por Henry Cleland em 1749 e que é, sem dúvida, a novela erótica mais famosa e mais publicada no mundo. Mais mesmo que a tradução de Richard Burton – o explorador, não o ator que dividia o cobertor com Elizabeth Taylor – das Mil e Uma Noites.
Cleland a vendeu por vinte libras a um dono de livraria que logo compreendeu o tesouro que tinha nas mãos. Publicou o original e, em menos de um ano, ganhou mais de 10 mil libras. O livro imediatamente foi traduzido para dezenas de línguas e continua vendendo, pública ou clandestinamente, em todo o mundo.
A história é singela: trata de uma jovem que sai do campo para a cidade grande e acaba num bordel, onde se apaixona por um cliente. Até casar com ele a sacanagem deita e rola.
Confesso que me apaixonei por Fanny Hill, quase duzentos anos mais velha do que eu. A traía de vez em quando com a Lady Chatterley do D.H. Lawrence.
Só parei de homenagear Fanny e Lady Chatterley mais de duas vezes por dia quando uma senhora, mãe de um amigo meu, se apiedou das minhas olheiras e me levou pra cama dela. Poucas vezes fui tão feliz na minha vida.
Ah, ia esquecendo: em 1964 Fanny Hill foi publicado na Dinamarca, oficialmente. O editor foi processado e absolvido, o que fez com que um ano depois a Dinamarca se tornasse o primeiro país a abolir completamente a censura. Não é à-toa que vivi lá quase dez anos e tenho uma filha dinamarquesa.

FARAÓ – Botequim pé sujo na Rua do Lavradio, ao lado do famoso Bar Brasil e perto da Tribuna da Imprensa, de propriedade do China. É lá que às vezes me reúno com Machadão, Albino Pinheiro, Ferdy Carneiro, Chico Paula Freitas e outros membros da Academia Boêmia de Letras para conversar fiado e tomar caldo de feijão com cachaça Rainha.
Falar em cachaça Rainha, tremenda sacanagem a tua, hein, ô Severo Gomes, não ter dado nota 10 para ela. Este verbete, entretanto, não é pra falar do Faraó, cujo nome, decidi, é em homenagem ao melhor cartunista do Brasil – Nássara – e sua marchinha Ala-la-ô, mas pra falar de outro faraó, bem mais sacana.
Refiro-me ao Ramsés III, que viveu entre 1.200 e 1.100 a.C.
Por que eu sei que ele era sacana? Porque na biblioteca de Turim está conservado um papiro da vigésima dinastia egípcia.
É a história em quadrinhos mais antiga do mundo e é uma história em quadrinhos de sacanagem , pois alguns dos doze desenhos mostram o faraó sendo carregado para a cama por duas jovens. Uma terceira carrega a sua enorme piroca e uma quarta o aguarda no leito.
Rendo aqui minha humilde homenagem ao velho Ramsés que, em vez de uma história em quadrinhos de guerra (como os desenhos animados de televisão americanos que imbecilizam milhões de crianças diariamente), nos brindou com uma história em quadrinhos de sacanagem, no bom sentido, naturalmente.

FARUK I (1920-1965) – Deste só não se pode dizer que foi um pobre idiota porque foi um rico idiota. Era promíscuo, gatuno, glutão e temperamental. É incrível que o povo egípcio tenha aguentado este filho da puta como rei de 1938 a 1962.
Promíscuo porque, apesar de casado duas vezes e ter tido três filhas, comeu segundo ele – mais de 5 mil mulheres. As que não queriam dar ele mandava raptar e levar para um dos seus inúmeros haréns.
Nenhuma das mulheres com quem foi para a cama (nem ao menos uma atrizinha italiana de terceira com quem estava quando morreu em Roma) disse que ele entendia do riscado. É que embora tivesse 1,83m de altura e 136 quilos de peso, seu pauzinho perdia-se entre as banhas.
Gatuno porque não só roubava do povo em impostos como tinha mais de cem automóveis de luxo, todos pintados de vermelho. Mandou proibir que qualquer cidadão egípcio pintasse carros da mesma cor, para evitar ser aporrinhado por guardas por excesso de velocidade.
Além de roubar profissionalmente o suficiente para encher vários depósitos com dólares, libras, marcos, francos, ouro, prata e pedras preciosas, roubava também amadoristicamente. Pungou, por exemplo, a carteira de Winston Churchill e a espada com que deveria ser enterrado o pai de outro larapio, o xá Reza Pahlevi.
Quando não estava procurando o birro para comer mulherinhas que amarrava à cama, Faruk estava comendo comida. Pela manhã comia duas dúzias de ovos; à tarde peixes e massas; à noite, quilos de carne e nos intervalos bombons e leite condensado.
Finalmente, era temperamental. Quando morreu um coelhinho, ficou com tanta raiva que esmagou um gato contra a parede.
Em 1952, quando o gordo sacana tinha trinta e dois anos, o povo do Egito o expulsou. Foi para a Itália onde depois de alguns meses o pessoal do Harry’s Bar, na via Veneto, quando o via aproximar-se com seus óculos escuros, bigode à Sarney e barrigão à Delfim Netto, comentava: “Finge que não vê; lá vem o chato do Faruk”.
Morreu num restaurante aos 45 anos, quando metia uma garfada de macarrão boca adentro. 
Sacana, já foi tarde.

ABC do Fausto Wolff (Parte 23)


FELLATIO e CUNNILINGUS – O primeiro vem do latim, verbo fellare, ou seja, chupar. Prática de se obter satisfação sexual através da estimulação oral do pênis. Cunnilingus vem do latim igualmente, de cunnus, que quer dizer vuIva, e de linctus, ato de lamber. Trata-se do estímulo sexual da vulva (ou do clitóris) com os lábios e a língua.
Espero que muito semi-alfa que julgava que cunnilingus era a prática de lamber cu tenha aprendido definitivamente o que é que deve lamber.
O fellatio geralmente é praticado por mulheres em homens. Há, porém, alguns rapazes de péssimo gosto que preferem performá-lo também.
Nataniel Jebão, nefando cronista do jet set carioca, garante que ouviu um dia este papo de dois executivos cariocas no banheiro do bar do Country Club, do Rio. “Engoles ou cospes?” Ao que respondeu o que estava mamando o caceta do outro: “Engulo porque te amo". Diálogo singelo, digno da novel a das oito da TV Globo.
Quanto ao cunnilingus, é praticado geralmente por homens em mulhas. Há, entretanto, moças de extremo bom gosto que também praticam o esporte, o que, aliás, só aumenta a feminilidade lá delas.
Tanto o fellatio como o cunnilingus são igualmente conhecidos entre a patuleia como Bouchet e Minette. Belos nomes para um casal de gêmeos nascidos de pais francófilos.
Se as feministas tivessem me consultado eu teria sugerido uma gurua para a imperatriz chinesa Wu Hu, que conseguiu algumas vitórias na luta do fellatio com o cunnilingus ou do Bouchet com a Minette.
Para ela, o fellatio era a prova da superioridade e da dominação masculina. Para elevar a condição feminina e diminuir a masculina, ela decretou que “lamber o estame da flor de lótus” era, de todas as manobras sexuais precoito, a mais importante.
Para simbolizar o advento da dominação feminina, Wu Hu baixou uma ordem informando que todos os servidores da corte e todos os dignitários que visitassem o palácio deveriam cunnilinguá-la.
Existem antigas gravuras em que Wu Hu aparece com o seu manto levantado enquanto um homem, de joelhos, presta sua homenagem e uma fila de outros espera a vez.

FÊMEA – Do latim femma, porque em grego é gineka, daí ginecologia ser o estudo da mulher. Se a gentil leitora não tiver pênis e nem for eunuco, pode ter certeza de que é uma fêmea.
Nas sociedades primitivas da África, Ásia, América do Sul e Austrália, descobriu-se que o que os homens mais admiram nas mulheres são seios enormes e grandes lábios (os inferiores) grandes mesmo.
O que menos gostam: bunda pequena e clitóris grande. Em verdade, os clitóris grandes, principalmente quando ficam duros, podem ser perigosos.
Até hoje se considera o Cântico dos Cânticos, de Salomão, que deve ter sido escrito por volta de 400 a.C., o mais belo poema em louvor do corpo feminino. 
Alguns puritanos tentaram interpretar o poema metaforicamente, mas não houve jeito: Salomão não fala em Deus e diz que não há nada melhor no mundo do que fazer amor com a mulherinha amada.

FETICHISMO – Dois fenômenos completamente diversos: 1) uso da magia, no caso do Brasil, despacho, para a realização de algum desejo; 2) uma forma de desvio sexual envolvendo apego erótico a um objeto inanimado ou a uma parte do corpo humano geralmente considerada sem atrativo sexual, como os pés, por exemplo.
Fedor Dostoievski, o torturado autor de Crime e Castigo, gostava de lamber os pés, dedo por dedo, das mulheres com quem ia para a cama.
Aliás, é este o fenômeno que nos interessa, mas, antes de começar a falar nele, é bom dizer que a palavra vem mesmo do português feitiço, que é como os navegadores lusos (cujos descendentes são donos de alguns dos melhores botequins do Rio de Janeiro, como o Veloso, por exemplo, na esquina da Montenegro com Prudente de Morais) chamavam os rituais mágicos dos índios brasileiros e dos negros da África do Sul.
A palavra foi importada pela França, onde virou fetiche, e Freud (conhecido maníaco sexual, primeiro cacique da tribo dos psicanalistas – a única que, infelizmente, não está em extinção), colou-lhe um ismo e deu-lhe uma conotação psicossexual.
O verdadeiro fetichista só consegue atingir o orgasmo com o auxílio do objeto que produz a sua excitação. Qualquer troço pode ser um fetiche, mas os mais comuns são lenços, sapatos, luvas, calcinhas, meias. Em matéria de corpo humano, os fetichistas se amarram em pés, cabelos e pentelhos, principalmente.
Freud bobeou ao tentar associar o fetichismo ao complexo de Édipo ou de castração.
O fetichista é, antes de tudo, um simbolista (não do gênero Cruze Souza e Alphonsus de Guimarães, que eram simbolistas sem serem fetichistas): o objeto simboliza a mulher desejada enquanto eles, no caso delas estarem ausentes, debelam os respectivos palhaços pensando nelas.
Segundo Desmond Morris – O Zoológico Humano –, muitos fetichistas ficam corados diante de um par de sapatos como se estivessem diante de uma mulher nua. Acho que o Desmond está chutando. Outros são, ainda, classificados como discípulos do Dr. Masoch (ver verbete), pois adoram ser dominados pelo sexo oposto.
Kraff-Ebing (ver verbete), taradão enrustido, conta um caso engraçado de um sujeito que só conseguia ter uma ereção se a mulher tocasse o seu pau com a ponta do sapato. Mais tarde se casou com uma moça de boa família e impontentou. A mulher foi ao médico e ele aconselhou-a a pendurar seus sapatos em cima da cama. O falso broxa passou a dar três sem tirar de dentro.
Há ainda o caso do garoto que praticava o esporte dos cinco contra um no chão do seu quarto quando sua prima de vinte anos pisou acidentalmente nele com seus sapatos de salto alto. Até hoje, com mais de cinquenta anos, ele comparece ao bordelão da Rua Alice, em Laranjeiras, no Rio, com uma pasta cheia de sapatos de salto alto que vão do número 34 ao 40 que a profissional escolhida deve calçar antes de passear sobre ele. Parodiando Drummond: “Este sapato solto pela cama a pisotear o peito de quem ama”.
É estranho pacas, mas tem muito mais nego do que se imagina cujos países baixos não sobem se a mulher não estiver usando determinado tipo Iuva, colar, sapato, etc. Os fetichistas, de um modo geral, são gente fina.
Alguns, porém, sofrem mais que torcedor do Botafogo, como eu. É o caso do jovem de 13 anos que ejaculou pela primeira vez ao ver uma mulher que carregava uma árvore de Natal cheia de penduricalhos. 
Até hoje ele só faz amor na base do ménage a trois: ele, a mulher e a árvore de Natal.

ABC do Fausto Wolff (Parte 24)


FLAGELAÇÃO – Adepto da flagelação é o cara que pode tanto gostar de chicotear e espancar o próximo ou a próxima como gostar de chicotear e espancar a si mesmo, na maioria dos casos em busca de admitida ou secreta gratificação sexual.
Foi sempre um dos maiores musts da Igreja e em 1349 o Culto dos Flageladores tinha milhares e milhares e milhares (todo mundo escreveu milhares e milhares; eu escrevo milhares e milhares e milhares) de membros que viajavam de cidade para cidade chicoteando-se publicamente para deleite próprio e do distinto público. Até que dava leite!
A moda flagelatória expandiu-se rapidamente por conventos e monastérios e muitos santos e santas católicos tomaram-se populares graças ao zelo com que se aplicavam chicotadas.
O negócio era mais ou menos assim: “Ai meu Deus do Céu, esqueci de fazer a cama hoje de manhã! Acho que vou ter de me dar umas 150 chicotadas!”
E como esqueciam de fazer a cama os santinhos!
No fim do século XVII, porém, o Vaticano decidiu que o pessoal se chicoteava demais e começou a desencorajar a prática do esporte. Mas aí a moda já havia se espalhado pelo mundo, conforme o marquês de Sade tão bem publicizou.
A prática da flagelação era e é conhecida como le vice anglaise no princípio deste século havia em Londres uma mrs. Walters, reconhecida publicamente por pais e mestres uma excelente profissional.
Mas deixemos a boa mrs. Walters falar da sua especialidade: “Primeiro é preciso medir a distância com o chicote na mão. Depois, colocar-se ao lado do menino e da menina malcomportados e começar a chicotear. Bem devagar, mas com decisão. Tenho o maior cuidado para dar as lategadas em lugares diferentes do corpo e, às vezes, seis são suficientes, sempre que aplicadas com força total. Se a falta cometida pelas pestinhas pedir uma punição mais severa eu, depois de chicotear as costas, chicoteio os peitos. No caso da criança berrar, algumas chicotadas extras são aconselháveis. Se um menino ou menina, porém, resiste à dor bravamente, eu costumo dar apenas dez em vez de doze golpes".
Dizem que os clientes da sra. Walters não entendiam por que assim que acabava de aplicar o castigo ela se trancava no banheiro por mais de meia hora e ficava dando gritinhos de prazer.
No Brasil a flagelação (nos outros) é considerada normalíssima, o que explica o tratamento dado pela polícia aos seus hóspedes, principalmente se eles forem negros e pobres.

FRAGILIDADE – Shakespeare disse pela boca de Hamlet, logo no primeiro ato, “Frailty thy name is woman”, e Eugênio da Silva Ramos traduziu para “Fragilidade, chamas-te mulher”, quando seria bem mais literal e eufônico traduzir “Fragilidade teu nome é mulher”.
O bardo de Avon (que não ficava de porta em porta vendendo talco e água-de-colônia) não entendia picles de mulher ou fragilidade.
Em primeiro lugar porque a mulher vive mais que o homem e, segundo torturadores dignos de crédito, suportam com maior estoicismo a dor física.
Em segundo lugar porque a frase deveria ser “Fragilidade, teu nome é cuIhão” ou "Fragilidade teu nome é saco”.
Vocês já repararam que a parte mais importante da anatomia do homem, os seus testículos, são os mais vulneráveis de todo o reino animal? Mais mal situados que os nossos ovos só mesmo o pau do zangão, que uma vez introduzido na vagina da abelha-rainha rompe-se imediatamente e o pobre bichinho sangra até a morte.

FRASIER (1951-1972) – Não estou falando daquele Joe Frasier que primeiro deu e depois apanhou do Cassius Clay. Se o Frasier de que falo fosse um homem, teria oitenta anos, mais ou menos, quando perdeu seu emprego num circo mexicano. Frasier era um leão de dezenove, quase vinte anos, todo fudido, meio cego, sofrendo de artrite e reumatismo, tinha até problemas para caminhar.
Como o dono do circo não tinha mais dinheiro para comprar-lhe comida, acabou dando o velho para o Lion Country Safari, da Califórnia, no dia 13 de fevereiro de 1971. 
Frasier foi para um hospital, onde o trataram até considerá-lo curado, mas ainda assim todo ruim. 
De sacanagem, o pessoal do zoológico colocou-o junto com doze jovens leoas que tinham entre dois e quatro anos de idade.
Digo de sacanagem porque essas leoas já tinham botado pra correr dois leões ainda rapazinhos e extremamente viris. Um deles, o mais metido a Casanova, saiu todo arranhado.
Frasier entrou no espaço reservado às leoas como quem não quer nada. Os tratadores ficaram observando de longe e viram que as fêmeas nem se aproximaram dele.
Na manhã seguinte o encontraram feliz da vida, patas para o ar, deitado no meio do mulherio (leoío?). Chegaram à conclusão que o bicho havia passado uma das noites mais felizes de sua longa vida.
Nos dias subsequentes o pessoal do Lion Country Safari notou que sempre que Frasier demonstrava sinais de estar com fome as doze leoas brigavam para trazer comida para ele. E mais: como não tinha quase dentes, elas mastigavam a carne antes dele metê-la na boca.
Quando ele decidia dar uma voltinha, duas leoas andavam ao seu lado para protegê-lo. A maior parte do dia, porém, ele ficava deitadão, rodeado pelas fêmeas como se fosse um deus.
Gentileão, aparentemente, ele trabalhava à noite com discrição, silêncio e afinco, pois em menos de dezesseis meses as doze leoas deram à luz nada menos que trinta e cinco leõezinhos e leoazinhas.
O sucesso de Frasier como amante ganhou manchetes nos jornais de todo o país, mandaram confeccionar T-shirts com a sua cara estampada e o Congresso decidiu dar-lhe o título de “pai do ano”.
Morreu tranquilo, dormindo, depois de uma boa trepada no dia 13 de junho de 1972.
O senhor aí que está com oitenta anos, não desista. Faça como Frasier: engravide umas trinta e cinco mocinhas e em pouco tempo será o patriarca de uma cidade.

ABC do Fausto Wolff (Parte 25)


FREUD, Sigmund (1856-1939) — Outro que só pensava em sacanagens e se soubesse o que os coleguinhas do futuro fariam com suas teorias, principalmente nos Estados Unidos e nos países subdesenvolvidos (onde os ricos têm ainda mais razões para remorsos), teria partido para a clínica geral ou se dedicado apenas ao consumo da cocaína Merck. Mas, como se sabe, não foi assim.
O fundador da psicanálise achava que a cuquinha fundida da burguesia fundira-se por razões de ordem sexual subconsciente. 
Sabem comé, né? Aquele negócio de ver a mãe da gente pelada e achar bom ou ver a mãe da gente pelada levando o maior papo com o leiteiro ou ver a mãe da gente pelada sem levar papo algum com o leiteiro, mas admirando o leite do leiteiro escorrer. 
E depois disso tudo surpreender-se solando uma homenagem à Onan que, por sinal, não era onanista (ver verbete). Esses troços. 
Achava que as filhas queriam dar para os pais e matar as mães e os filhos comer as mães e matar os pais, um negócio desses.
Neurologista, austríaco e judeu, ele notou que seus pacientes histéricos (já falei pra vocês que hister quer dizer útero em grego, né mesmo?) revelavam, através da hipnose ou da livre associação de palavras e ideias, uma porrada de traumas sexuais infantis.
Foi assim que, diante de uma plateia de médicos, ele formulou sua teoria da sexualidade infantil que Krafft-Ebing, menos apressado, classificou de um conto de fadas.
A verdade é que Freud publicou apenas alguns poucos casos, jamais submeteu as suas teorias a quaisquer testes científicos e não foi capaz de apresentar nenhum caso de cura inegável.
Graças a isso e à mediocridade da maioria dos seus seguidores (os mais modernos, nada a ver com cobras como Adler, Jung, Ferenczi, Abraham, Sachs, Klein), a psicanálise hoje é vista como uma anedota em países como a Dinamarca, a Noruega e a Suécia. Em compensação, segue na moda nos Estados Unidos, em Puerto Rico e Assunción no Paraguai, onde os psicanalistas continuam dando injeções de novocaína na consciência da grande burguesia que já está botando pus pelo ladrão.
Um dos melhores estilistas alemães do princípio deste século, Freud, embora não fosse muito chegado a sacanagens (há quem diga que Lou Salomé tentou violá-lo, sem o sucesso obtido com Wagner e Rilke, pelo menos), era um razoável humorista.
Quando, finalmente, a SS deixou que ele se exilasse na Inglaterra, pediram-lhe que assinasse um documento afirmando que fora bem tratado pela polícia de Himmler. Freud disse que assinaria quaisquer documentos desde que pudesse escrever um adendo.
Os gordões teutônicos concordaram e ele escreveu a seguinte pérola digna de Marx, Grouxo, naturalmente: “Aproveito a ocasião para recomendar os serviços da SS para todos os meus amigos e conhecidos”.

FREUD, filhos de – Nome de samba-enredo de minha autoria feito para a Unidos do Cabuçu e que foi vilmente recusado em 1981. Poética, arcádica, singela, lúdica e alvissareira era a minha história. A escola desfilaria com várias alas, como a dos “Anões Travestis”, dos “Autistas Carecas”, “Punheteiros do Poder”, “Babacas de Momo”, “Oligofrênicos do Samba”, “Os Exus de Freiburg”, “Os Apedeutas da Folia”. Eis uma amostra do samba-enredo:
“Eduardo Mascarenhas, analista sensacional/
Anestesiou a consciência/ Da burguesia nacional/
É Freud, é Freud, é Freud!/ Não froidi, não froidi, não froidi!/
E o coito anal/ Já não é mais/ a moda nacional/
Com a mãe menininha/ no Padinho Ciço ele botou,
Oi, oi, oi” (Segue)

FRIGIDEZ – Incapacidade feminina de obter orgasmos. Aqui as coisas se complicam, pois enquanto algumas autoridades médicas garantem que mais de 70% das mulheres são frias, outras dizem que não existem mulheres frias; que o que acontece é que a mulher que se acredita incapaz de ter prazer no ato sexual, ou está mal informada sobre o que é o orgasmo (ver verbete) ou então está trepando com o cara errado.
Enfim: não existe mulher fria; o que existe é mulher malcomida. A maioria dessas de um modo geral tem a tendência de votar com a direita. No Brasil votavam com a UDN, depois com a Arena, PDS e mais recentemente no PMDB, PFL, PL, UDR, etc. Precisamos recuperar essas senhoras!

A polêmica dos robôs sexuais falantes


As novas tecnologias estão criando robôs cada vez mais realistas e desenvolvidos, sendo que os robôs sexuais falantes são uma das novidades dessa nova onda.

Eles também são personalizáveis de acordo com os gostos e orientação sexual dos interessados, conta o pesquisador David Levy ao tabloide britânico Daily Mail.


Autor do livro “Amor e Sexo com Robôs”, David Levy explica que os robôs falantes chegarão ao mercado por via do estúdio Abyss Creations, que comercializará as máquinas por cerca de R$ 40 mil. 

Estes robôs serão construídos com pele sintética e terão órgãos genitais realistas aquecidos.


A ideia é que eventualmente consigam interagir com os seus “donos” através da fala, tudo para estarem o mais próximo possível dos seres humanos.

A perspectiva da chegada dos primeiros robôs representa também a criação de um novo mercado, com empresas de todo o mundo competindo por um lugar na preferência dos consumidores.

Dando início às futuras polêmicas, uma respeitada acadêmica afirma que essa nova tecnologia pode ter consequências graves e perigosas.


A Dra. Kathleen Richardson, da Montfort University, argumenta que a possibilidade de comprar uma “escrava sexual de metal e plástico” fará os homens pensarem nas mulheres como sua propriedade.

“Eu gostaria que as pessoas parassem de pensar na palavra ‘robô’ e pensassem na palavra ‘propriedade’. Os homens estão sendo encorajados a estabelecer relações com sua propriedade”, diz ela. 


“Como vivemos em um mundo no qual as mulheres ainda são consideradas propriedades, não é preciso nenhum grande esforço imaginativo para pensar nessa tecnologia como uma forma de perpetuar o mesmo tipo de pensamento”, resume.

A Dra. Kathleen Richardson descreve a tecnologia como “desumana” e “isolacionista”.


O criador de bonecas infláveis Matt McMullen, da Abyss Creations, garante que vai colocar uma boneca sexual falante no mercado no próximo ano.

“Será uma experiência que ninguém jamais teve”, disse ele ao tabloide britânico Daily Star. “Estamos tentando criar o desejo sexual além do físico. A inteligência artificial encantará os homens, pois os fará rir e terá os mesmos interesses que eles.”

É esperar pra ver...

quarta-feira, julho 26, 2017

ABC do Fausto Wolff (Parte 16)


DIABO – Era uma vez um tal que atravessava uma ponte de madrugada quando viu, no meio dela, um sujeito magro, de bigode fino, cabelo bem preto, pele muito branca. Levou um susto, mas foi logo tranquilizado pelo cara:
– Eu sou o Diabo e de mil em mil anos eu subo à terra para satisfazer três desejos do primeiro mortal que encontrar.
– E não tem que vender a alma? – perguntou o mortal.
– Não – respondeu o magro.
– Então eu quero... – começou o afobadinho, que foi logo interrompido pelo outro:
– Eu disse que eu era o Diabo e não Deus. Não tem que vender a alma, mas tem que dar o rabo.
– Pô, seu Diabo, dar o rabo é brabeza! Eu não sou chegado a um trolho, não! O meu negócio é mulher.
– Mas tu és trouxa mesmo, hein, ó mortal? Se o teu negócio fosse dar o rabo não tinha graça nenhuma. Tu me davas o brioco sem eu ter que satisfazer os três pedidos.
O mortal viu uma certa lógica nas palavras do brancão e disse, baixando as calças:
– Tá certo, tu me come, mas moita, hein! Maior discrição! E não esquece dos três pedidos.
O Diabo comeu a bunda do sujeito bem comida e, depois de botar o pau dentro das calças e abotoar a braguilha, foi se afastando dizendo:
– Boa-noite, rapaz!
– Que boa-noite, que nada, seu Diabo! E os meus três desejos?
– Você não está muito crescidinho pra acreditar em Diabo?
E você, leitor, também acredita em Diabo?...
A origem da palavra diabo eu confesso que não sei, embora desconfie.
A verdade é que não estou com saco para sair por aí pesquisando e o meu estúdio está a maior zorra.
Mas a palavra demônio daemon – vem do grego daimon e na mitologia era utilizado para denominar um poder sobrenatural.
Homero usa daimon do mesmo modo que usa Theos, ambos para enfatizar a personalidade do deus.
Desde que daimon era usado para designar o autor de qualquer fenômeno não atribuído a nenhuma divindade em particular, acabou por se tornar o poder que determinava o destino de cada homem.
Ou seja: cada ser humano tinha o seu demônio particular.
Segundo Hesíodo, os mortos da Idade do Ouro se transformavam em demônios.
Posterior especulação filosófica dava os demônios como superiores aos mortais, mas inferiores aos deuses.
A partir daí não é difícil compreender por que os cristãos antigos atribuíam as ações dos demónios aos anjos caídos, transformando os que não se revoltaram contra Deus em anjos da guarda e cosi via...

DILDO – Em verdade quem chama qualquer objeto (que não seja o pênis) de enfiar nos orifícios humanos de dildo são os americanos. Nós chamamos de consolador e – como eles –, mais recentemente, depois da invenção das pílulas, de vibrador.
Os franceses, desde o século XIX pelo menos, chamam esses troços desagradáveis de godomichet.
Só entra como dildo por aqui porque esqueci de colocá-lo como consolador na letra “C”, o que também é natural, pois quem gosta de consolador no “C” é galã de novela.
Enfim, o dildo é o caralho artificial, desses que existem em lojas de sacanagens e que vão desde os simples de borracha até os sofisticadíssimos eletrônicos.
Não são, porém, coisa modernosa, não!
A sacanagem existe desde que Adão começou a comer todos os bichos e bichas do paraíso, até Deus se mancar e fabricar Eva.
Em certas esculturas da antiga Babilónia, o dildo aparece nas mãos de uma mulher preparando-se para coloca-lo entre as pernas e a mesma imagem pode se ver em antigos entalhes hindus e chineses.
Isso para não falar no consolador mencionado na Bíblia: “Você apanhou o melhor ouro e a melhor prata que lhe dei e fez deles imagens de homens que usou para seu prazer”.
Quem achava que a Bíblia era só “Salve Rainha” – como vê — equivocou-se. Basta ler Ezequiel, XVI, 17.
Existem dildos de matéria plástica, com e sem pilha, de cerâmica, marfim, porcelana, ouro, prata, elétricos, eletrônicos, de borracha, de todos os tamanhos, enfim, mas os mais populares são, desde os tempos mais remotos da civilização, bananas, cenouras e pepinos.
Há quem prefira garrafas, como um viadinho de Porto Alegre que foi levado às pressas ao Pronto Socorro com uma Coca-Cola família entalada no fiofó.
O médico simplesmente quebrou o fundo da garrafa para que o vá cu o acabasse e o dildo consentisse em sair.
Pior sorte teve um perobo de Londres que se masturbava com um dildo à pilha enfiado na olhota.
Na hora de gozar o aparelho perdeu-se dentro do moço, que teve que sofrer anestesia geral para que pudesse ser retirado.
Aparentemente, dildos também têm simpatias pessoais.

DIVÓRCIO – Dissolução legal do casamento encontrável nas civilizações mais antigas, mas que no Brasil só começou a ser praticado recentemente. Sem muito sucesso – é preciso salientar – porque caro demais para o proletão e pouco respeitável para os tabus de boa parte da classe média. Vai daí que, aqui na Casa da Mãe Joana, divórcio é coisa de rico.
Há ainda o divórcio mineiro, que se resume, geralmente, na transformação de um dos cônjuges (impossível resistir à atração deste substantivo, quase verbo: “vamos dar uma conjugadazinha”) em cadáver.
Na Roma pré-cristã, o marido só podia divorciar se da mulher em três casos: 1) se a flagrasse com outra trolha que não a dele dentro dela; 2) se ela fosse porrista incorrigível; 3) se se comportasse mal constantemente.
Vocês manjam, né? Essas senhoras que depois de duas garrafas de vinho começam a ficar curiosas sobre o que outros homens, que não os respectivos maridos, trazem no meio das pernas.
Verdade é que na antiga Roma, principalmente entre a aristocracia, porres e cornificações eram o trivial simples. Quando o marido enchia, apelava para a lei. Mais ou menos como acontece entre a melhor sociedade paulista e carioca. Só que entre nós o corno não pode apelar para lei alguma.
Entre os povos semitas, o divórcio também era prática (sei do cacófato) comum e, geralmente, quem entrava bem era a mulher, e neste bem aí, entenda-se mal.
O marido babilônico, por exemplo, não precisava de justificativa alguma para mandar a mulher tirar o time. É claro que se ele a flagrasse com outro cara na cama (não precisava nem ser na cama, podia ser atrás de uma moita mesmo), o outro cara e ela eram afogados publicamente sob aplausos generosos da plateia.
Os judeus, até o século XI, apoiavam-se numa passagem de Deuteronômio para se divorciarem das respectivas Saras e Raquéis. Bastava que declarassem que a patroa era suja, o que englobava não só o adultério como qualquer troço (roncar, mexer nos bolsos à procura de grana, peidar) que o marido não gostasse.
Até hoje uma mulher maometana não pode iniciar um caso de divórcio. O máximo que pode fazer é dizer pro marido: “Benzinho, deixa eu ir embora que eu deixo você ficar com toda a grana que o papai te deu como dote quando casamos”. Se ele topar, ela pode partir para libações independentes. Sempre que praticadas com discrição, naturalmente.
Apesar do (mau) exemplo de Henrique VIII, o divórcio nos países anglicanos até hoje não é moleza.
Antes de 1885, nego pra se divorciar tinha que pedir permissão ao Parlamento e desembolsar uma grana equivalente a quase 2 mil libras. Fudido se divorciar, então, nem pensar.
No fim do século passado não havia mais de mil casos de divórcio na Inglaterra, enquanto que nos Estados Unidos o número subia a quase 50 mil.
É que, ao contrário do marido, a mulher não podia livrar-se dele alegando adultério simplesmente. Tinha que acrescentar: “Além de me cornear o sacana ainda me passou uma gonorréia de gancho”. Estou brincando, gonorréia simples também era motivo sério de divórcio.
Em 1929, o juiz Abnel Russel recusou o pedido de divórcio de uma mulher sob a alegação de que o marido a sodomizava, quer dizer trabalhava no orifício anticoncepcional. Explicação do juiz: “O marido conseguiu provar que havia informado suas (más) intenções à mulher antes do casamento”. Será que o cara apresentou uma carta ao juiz em que dizia à noiva: “Jennifer, meu amor, não vejo a hora de nos casarmos para poder comer o teu rabo?”
Pessoalmente, prefiro acreditar que o juiz Russel levou uma grana.
Apesar disso, até hoje a sodomização da mulher é proibida na Inglaterra. Lei pouquíssimo usada, mas ainda em vigor.
Em poucos países não existe o divórcio hoje em dia. Creio que apenas na Argentina, no Uruguai, no Chile, na Irlanda, na Espanha e em Andorra.
Nos Estados Unidos está se tornando um hobby caro demais para os comuns mortais. Cara que divorcia mais de duas vezes tem que pedir dinheiro emprestado em bancos para poder pagar as pensões das ex-esposas e filhos.
Norman Mailer, que se casou umas cinco vezes, disse que não viu um tostão do adiantamento que o editor lhe fez para que escrevesse The Executioner Song, livro tão longo quanto chato. E se tratava de quase 1 milhão de dólares.
Por via das dúvidas, meus filhos, não casem. Mas olhem só quem está falando!

ABC do Fausto Wolff (Parte 17)


DON JUAN – Don Juan Tenório, de uma ilustre família dos 24 de Sevilha, matou uma noite o comendador Ulloa, depois de lhe ter roubado a filha. Don Juan era um sedutor emérito, homem rico, altivo, de bom aspecto, se ria de Deus e do Diabo, não acreditava em porra nenhuma e não sabia o que era remorso.
Comendador Ulloa foi enterrado no convento de São Francisco, cujos monges convidaram Don Juan para uma visita e o mataram à traição. Fizeram correr o boato de que ele teria ido insultar a vítima no seu túmulo e que a estátua do velho o tragara e carregara para o inferno.
O personagem é lendário, mas deve ter existido. Pessoalmente, creio que nenhum outro despertou tanto a curiosidade de tantos artistas.
Desde Tirso de Molina (1561-1648), que inspirado em Don Juan escreveu a comédia El Burlador de Sevilla, até Lorde Byron, passando por Villiers, Dorimand, Dumesnil, Corneille, Shadwell, Antonio Zamorra, Molière, Goldoni, Gluck, Righini, Alexandre Dumas, Zorrilla, Holtei, Grabbe, Wise, Ponte, Mozart, para citar apenas os mais conhecidos, que Don Juan vem servindo de motivo para dramas, comédias, óperas e, naturalmente, no século XX, filmes.
Sem nenhuma base científica, eu ousaria dizer que Shakespeare só não aproveitou a história de Don Juan porque viveu antes dele, se é que ele viveu alguma vez.
De qualquer forma, Molina, o primeiro a usar Don Juan Tenório no teatro, era uns trinta anos mais jovem que o pai de Romeu, Julieta, Hamlet, Macbeth e tantos outros amantes infelizes.
Por que estou dedicando um verbete a Don Juan? Só porque ele raptou uma donzela e matou seu pai? Não, minha senhora. O homem era fogo. Ou melhor: com ele era foda!
Kinsey descobriu em sua longuíssima pesquisa que poucos homens foram para a cama com mais de cem mulheres.
Mas houve um sujeito na Inglaterra vitoriana chamado Walter que teria comido 1.002 mulheres.
Giacomo Casanova Veneziano teria chegado a 1.203, o que é brincadeira comparado ao recorde de Don Juan: 2.065 donzelas raptadas e devidamente executadas até a noite em que os monges do convento de São Francisco botaram a piroca, bem como o corpo de Don Juan que estava ligado a ela, para descansar.
No carnaval de 1952 – não lembro o nome do autor – surgiu no Rio uma marchinha que dizia “Fidalgos, fechai portas e janelas, que Don Juan é ladrão de donzelas”.

DOUGLAS, Lorde Alfred (1870-1945) – Eu estava em dúvida entre dismenorréia e ducha. Acabei ficando com o lorde Douglas, porque ninguém perde nada em continuar ignorando o que é dismenorréia e ducha é ducha mesmo. Dizem que certas dachas têm duchas, mas creio que isto logo acabará, agora que Gorbachev provou que o comunismo é possível na Rússia.
Nossos jornalistas mais babacas e a direita mais reacionária, feita de gorilas que se fazem chamar de falcões, acham que a Rússia abriu as pernas para o capitalismo quando ela apenas está começando a exercitar o comunismo.
Mas voltando ao lorde Douglas: ele aparece aqui porque estava impaciente no limbo batendo o pezinho e perguntando: “E a boneca aqui, quando vai ser verbetada?”
Alfred Douglas foi apenas um entre as centenas de maus poetas baitolas que a Inglaterra produziu e continua produzindo.
Mereceu levar uma verbetada no rabo porque entregava o anel para outro perobo – este bom poeta –, Oscar Wilde, que o chamava carinhosamente de Bosie.
O autor de O Retrato de Dorian Grey conheceu a bichinha, aliás filha do oitavo marquês de Queensberry, quando já tinha quarenta anos.
Ela, a Douglas, que desmunhecava tanto em criança que seus pais tiveram que amarrar seus pulsos, estudava em Oxford onde editava um jornal poético chamado The Spirit Lamp.
Viram?... O pessoal do jornal Lampião (que circulou no começo dos anos 80 aqui no Brasil e tinha entre seus diretores Aguinaldo Silva e Darcy Penteado), ao escolher o nome para a publicação, não se inspirou apenas no famoso cangaceiro.
Mas voltando à vaca que a esta altura já deve estar congelada: o negócio entre os dois foi amor à primeira vista mesmo. Douglas, porém, jogava tanta água fora da bacia que, de cara, Wilde foi obrigado a se livrar dum cara que o comia e ameaçava fazer chantagem.
As brigas, reconciliações, cartas de amor, telegramas e poemas dos dois eram famosos na Londres da rainha Vitória. Acabaram chegando a um acordo: em vez de brigarem por ciúme decidiram sair juntos à caça.
Costumavam dar esplêndidos jantares no restaurante Kettner, para cavalariços, soldados e prostitutos masculinos que passavam da cama de um para a cama do outro.
Pai de viado é como marido corno: é sempre o último a saber. Cedo ou tarde um cara, cujo sobrenome traduzido para o português quer dizer literalmente o frutinha da rainha, tinha que ter um fresco na família.
De modo que um dia alguém informou ao marquês de Queensberry: “Rapaz, tu abre o olho que o teu filho está entregando o anel de couro pro Oscar Wilde”. O velho ameaçou matar o poetão se ele não parasse de comer o poetinha.
Chegou até a ir falar com a mulher do poetão, que era casado, tinha filhos, mas não tomava vergonha. A mulher do Oscar disse que também tentara persuadi-lo a deixar o esporte de “acrocar” no salame, mas em vão.
Na estreia da peça – uma das melhores, senão a melhor escrita no século XIX na Inglaterra – The Importance of Being Earnest (de tradução impossível), o marquês compareceu com um cestão cheio de legumes podres que jogou no palco, mas a nossa Oscarina, nem deu bola!
Só encheu quando o “sogro”, a quem nunca poderia dar netos, deixou um bilhete no Albermale Club, endereçado a “Oscar Wilde, que posa de sondomita” (é sondomita mesmo, revisor, porque o velho fruto da rainha não sabia escrever direito).
Vai ver porque era sodomita mesmo e não “posava de”, Wilde decidiu processar o pai de Bosie por calúnia e entrou bem, pois muitos garotos que haviam trabalhado na mesa e na cama dele foram ao tribunal confirmar: “O Oscarzão é chegado a um pepino”.
E o Oscarzão, em vez de se mancar, durante sua defesa declamou poemas em louvor do amante: “A sua alma passeia entre a paixão e a poesia” ou “como são belos os seus lábios de pétalas de rosa”. Esses poemas de merda, entretanto, não melhoraram a situação de Wilde, que foi condenado a alguns anos de trabalhos forçados.
A bichinha Douglas aproveitou para se arrancar da Inglaterra e passou o resto da vida entre Paris e Roma escrevendo maus versos e dando pacas. Troço chato!

ABC do Fausto Wolff (Parte 18)


EDUARDO VII (1841-1910) – Por favor, não me confundam com o Eduardo VIII, que foi rei de Inglaterra durante pouco mais de um ano e abdicou para casar-se com uma burguesona americana que sempre fez o que quis com ele. Também não me confundam com o Eduardo II, que era uma tremenda bichona e só conseguia fazer filhos na sua esposa, a rainha, se chupasse o pau do amante. Eu fui o filho mais velho da rainha Vitória e do seu marido, um alemão puritano terrível, chamado Alberto.
Aliás, Alberto foi também meu nome até que me tomei rei aos sessenta anos, por ocasião da morte da minha mãe, quando virei Eduardo.
Me chamavam de Bertie e eu odiava. Queriam que eu fosse um modelo de virtude, mas comecei a fumar muito cedo e sempre tive um apetite fenomenal. Às vezes chegava a comer vinte pratos num só dia. Afinal, para alguma coisa serve o poder!
Como não tinha nada mais sério para me preocupar, me preocupava com roupas. Apesar do barrigão, sempre fui um sujeito elegante. Segundo a gorda minha mãe, fui eu o responsável pela morte do meu pai.
É que, aos dezenove anos, quando servia no exército inglês na Irlanda, alguns colegas oficiais trouxeram para a minha cama uma bela putinha chamada Nellie Clifden, que tirou a minha virgindade. Passei a preferir mulheres à comida e à moda.
Meu pai, quando soube que eu havia pecado, morreu quase que imediatamente. Minha mãe nunca me perdoou. Passou a dormir com a camisa dele entre os braços, um retrato dele debaixo do travesseiro e um molde da mão direita dele perto da cama.
Tudo isso não a impediu de trepar com um criado escocês Brown e mais tarde com o próprio primeiro-ministro, um judeu chamado Benjamin Disraeli.
Resolveram que eu deveria casar e me casaram com a princesa Alexandra da Dinamarca. As princesas em geral são uns monstros, mas Alexandra era belíssima, tivemos cinco filhos nos seis primeiros anos e nunca deixei de amá-la.
Havia pouca coisa para fazer e devido ao meu jeitão fui transformado em guia turístico e anfitrião oficial de visitas importantes. Além disso, caçava, ganhava dinheiro nas corridas (três cavalos meus foram vencedores em Ascot e Epson) e fudia.
Aliás, esta é a razão por que estou aqui neste dicionário do príncipe Faustin von Wolffenbúttel, vulgarmente conhecido como Fausto Wolff.
O que hoje se chama jet set andava à minha volta o tempo todo e uma das vantagens de ser príncipe de Gales é que você podia comer as mulheres dos homens mais ricos, poderosos e nobres da Inglaterra (excluída minha mãe e irmãs, naturalmente), que os maridos faziam gosto.
De vez em quando, porém, eu me enchia da aristocracia e dava minhas escapadas. Nada como os balneários alemães e os hotéis de Paris para se passar fins de semana com atrizes, cantoras, cortesãs, bailarinas, mulheres da nobreza, putas, enfim.
Lembro bem de uma noite, durante um jantar em Paris, em que a famosa Cora Pearl (ver verbete) me foi servida numa bandeja apenas com um ramo de araruta na buceta.
Quando fui apresentado à Giulia Barucci, que vivia dizendo que era a maior puta da Europa, ela simplesmente deixou cair a capa que a envolvia e, naturalmente, estava pelada.
Quando fiquei muito gordo para fuder na cama (e devo ter comido mais de setecentas mulheres, quase todas casadas), passei a visitar bordéis como Le Chabanais, de Paris, onde ia disfarçado.
É claro que todos sabiam que era eu e eu sabia que eles sabiam, mas todos fingíamos muito bem. Sentava-me numa poltrona e as moças faziam fila para chupar meu pau.
Fui um bom rei, dos sessenta (a velha morreu tarde) aos sessenta e oito anos. Enquanto estive no poder a Inglaterra não entrou em guerra com ninguém.
Ah, ia esquecendo: jamais dei uma broxada. Reis que fazem amor não fazem guerra.

EINSTEIN, Albert (1879-1955) – Dizem que Marilyn Monroe chupou seu pau. Digo dizem por que tudo o que se sabe é que um dia Marilyn confidenciou a amigas, em 1954, dois anos antes de casar com Miller: “Cansei de chupar paus apenas para vencer no cinema. De hoje em diante, só chuparei os paus de homens que admiro, como Albert Einstein”.
Depois que ela morreu, descobriram entre suas coisas uma foto do cientista de língua grande (pensando naquela famosa foto, será que foi ela mesmo que chupou ele ou o contrário?) com a seguinte dedicatória: “Com respeito e amor, obrigado”. Einstein também é autor da lei da relatividade. Afirmação muito relativa, como a própria lei.

EJACULAÇÃO – Descarga seminal. Bom nome pra filme americano escroto: “Ela achava que já havia experimentado tudo menos quando afogou sob a terrível DESCARGA SEMINAL”. O mundo existe há centenas de milhões de anos, mas até algum tempo atrás havia mulheres que acreditavam que os humores (aqui entendido como líquido lubrificante) vaginais eram produto de ejaculação. Atenção, portanto: mulher não ejacula.
A maioria dos homens (até mesmo com mais de noventa anos, desde que ainda estejam interessados no assunto) pode ejacular: basta que batam uma punheta. Os mais jovens, caso queiram, conseguem ejacular uma segunda vez depois de uns dez, quinze minutos. Poucos gozam uma terceira e pouquíssimos uma quarta.
Aliás, vou aproveitar e falar do Guy de Maupassant (1850-1893), o melhor contista francês do século XIX, pois assim não terei que fazer isso quando chegar à letra “M”, letrinha esta que – desconfio – é das mais sacanas.
O autor da Bola de Sebo conseguia ficar de pau duro sem tocar nele. Bastava dar uma ordem mental, e muitos contemporâneos foram testemunhas disso.
Uma vez num bordel comeu seis mulheres em menos de uma hora e, elas confirmaram, gozou todas as vezes.
Outra vez deixou o escritor americano Henry James apavorado. Estava almoçando num restaurante em Londres quando Maupassant olhou para a mesa ao lado e viu uma mulher. Disse: “Tenho que fuder esta dona”. E fudeu.
Tinha uma força física incrível, uma amante lésbica que lhe cedia, por sua vez, as próprias amantes em surubas monumentais, cheirava éter e cocaína, fumava haxixe e morreu de sífilis.
Quando não estava nem escrevendo, nem remando, nem dormindo, estava fudendo. Orgulhava-se mais do que fazia com o pau do que com o que fazia com a pena.
Mas, voltando à ejaculação, segundo o famoso maníaco sexual Kinsey (verbete), há homens que conseguem ejacular aos oito anos de idade e outros, geralmente por inibições religiosas, que só conseguem esporrar (calma, minha senhora, é apenas um verbinho) aos vinte e quatro, e outros que sofrem de impotência ejaculatória: cuquinha tão complicada que não gozam nunca.
Quanto aos espasmos ejaculatórios (contrações do pau para a saída do líquido), podem ir de nenhum ao recorde registrado de doze numa só gozada. Isto é realidade.
Em matéria de ficção: dizem que Sansão (herói judeu que gostava de matar palestinos a golpes de caveira de burro) e Hércules (semideus grego que desde criança matava as cobras e mostrava o pau) conseguiam ejacular porra suficiente para encher um balde.
Mas isto é folclore, pois não se sabe nem se existiam baldes naqueles tempos.

ABC do Fausto Wolff (Parte 19)


ELIZABETH I (1533-1603)Última rainha da dinastia Tudor, filha de Henrique VIII e de Ana Bolena, dirigiu com hábil autoridade os destinos da Inglaterra durante quarenta e quatro anos. Seu recorde só foi batido pela rainha Vitória. Ou tinha o hímen tão fundo que nenhum pau chegava lá ou morreu virgem mesmo. Sacanagem!
Ao contrário do que Hollywood quis fazer crer há alguns anos num filme com Betty Davies e Richard Todd no papel de Walter Raleigh, ela não era feia. Melhor dito: não era de se jogar fora.
Embora não fosse lésbica, não casou porque não quis, pois príncipes de toda a Europa viviam enchendo o seu saco (digo, os seus ovários) para dividirem a cama com ela.

ÉON, Chevalier Charles Geneviève de (1728-1820) – Figurinha muito estranha esta. Menos de 1,60m de altura, imberbe e redondinho nos lugares certos. Dizem que foi exatamente por causa dessas características femininas todas que o rei Luiz XV, da França, fez dele, que era um oficial do exército e um diplomata, um de seus melhores espiões.
E foi vestido de mulher que ele foi mandado em missão à Rússia e, em seguida, à Inglaterra. Ele ou ela fez furor (já houve época em que as pessoas faziam furor, meus caros alunos de jornalismo) em Londres.
Homem ou mulher? Nem o sexo de Mohamed Ali foi tão discutido.
Apesar dos gestos e de voz feminina, d’Éon (o certo é com apóstrofo mesmo; eu é que não quis deixar o apóstrofo sozinho ali em cima e colei-lhe a letra “e”) jamais levou homem algum para a cama. Não, também não foi levado para a cama por homem algum. Por outro lado, também não se sabe de nenhuma mulher que ele tenha cantado.
Em pouco tempo, Londres inteira (os que tinham grana para essa bobagem, é claro!) estava apostando os tubos!
Em 1774 as apostas nos bookmakers superavam a nada modesta cifra de 120 mil libras. As apostas eram de que d’Éon era mesmo uma mulher.
Os mais apressadinhos perguntarão: “E ninguém tinha peito para pegar o homenzinho na marra e verificar os documentos ou a falta deles?”
Eu respondo: é que d’Éon, embora vestido de mulher e com a carinha de uma Brigite Bardot pré-napoleônica, era macho pacas. Nego que tentasse apatolar não vivia pra contar se havia apatolado alguma coisa. Ele era considerado o melhor esgrimista, não só da França, como da Inglaterra.
As notícias da popularidade do misto de Roberta Close e Madame Satã chegaram até a corte francesa e o rei, temendo que ele entregasse (além de otras cositas...) segredos de Estado, acabou chamando-o de volta e ordenou que usasse trajes femininos até a sua morte.
Enquanto isso, na Inglaterra, o caso chegou aos tribunais. Um sujeito chamado Jacques, que havia apostado uma fortuna no clitóris e não no pênis de d’Éon, queria receber o seu dinheiro e foi ao tribunal acompanhado de um médico, Dr. Louis de Goux, que informou sob juramento: “Vi os seios de d’Éon e tive prova manual que ela é do sexo feminino”. O juiz declarou d’Éon mulher oficialmente, mas ainda assim ele se negou a ser examinado. E quem é que tinha coragem de chegar perto?
Quando, finalmente, morreu em 1810, já velhinho, o que tinha de nego curioso não está no Punch (popular gibi inglês, ainda hoje). Eis o que disse o cirurgião que examinou o corpo: “Nádegas singularmente redondas (imaginem, logo as nádegas, que são sempre plurais e jamais quadradas ou retangulares), seios grandes, braços, pernas e dedos de mulher, mas com uma pemba de 15 centímetros em posição de descanso”. Pemba esta que o cavalheiro se usou, durante a sua longa vida de travesti, o fez mui discretamente.

EQUUS EROTICUS – Para os semi-alfas, informo: quer dizer cavalo erótico em latim. Eu já ouvira falar desses cavalos, mas nunca vira um até os meus vinte e poucos anos de idade. Nesta época eu costumava visitar a cama de uma atriz que morava na Rua Rainha Elizabeth, no Rio de Janeiro.
O apartamento era pequeno e sobre o armário eu vi uma cela com arreios completos e mais chicotes. Perguntei se ela montava e onde. Explicou-me que a cela era presente de um banqueiro e industrial que, aliás, morreu há pouco tempo. Costumava roubar dos pobres para distribuir o produto do roubo em caviar e champanhe para os ricos. Além disso, gostava de balançar nos galhos das mais diversas colunas sociais.
Ela recebeu e pergunto: “Pra que o presente, meu bem, se eu nem tenho cavalo?”
E o grã-fino, hoje defuntão: “Tem sim, eu”. E começou a relinchar. Só parou quando ela montou nele nua em pelo e deu umas voltas pelo apartamento de sala e quarto.
Explico: ela estava nua em pelo; ele estava ensilhado.
Uma noite, no antigo Sacha’s, este cara sentou-se na minha mesa e encheu tanto o saco de todo mundo que quando o garçom pintou eu pedi: “Um uísque pra mim e um pouco de capim aqui pro doutor”.
Vocês sabem que até hoje não sei se a atriz era freio ou bridão?!
O cavalo erótico, como os mais crescidinhos já devem ter percebido, é o nome de um jogo sadomasoquista no qual um parceiro monta o outro. Existem tanto mulheres-éguas como homens-cavalo. Dizem, mas não provam, que existem homens-éguas e mulheres-cavalos também.
Já foram tentadas inúmeras explicações psicológicas para o fenômeno, mas o mais provável é que a submissão semi-animal agrada tanto ao cavaleiro como à montaria, e o ato de cavalgar dá ao cavaleiro uma excitante fricção na região genital.
Geralmente, cavalo e cavaleiro limitam-se a montar um no outro. Há, porém, masoquistas mais sofisticados que exigem a humilhação máxima: querem ser selados e montados por alguém que use botas, espora e chicote.
É quando o equus eroticus se transforma num coquetel de sadomasoquismo, fetichismo e bestialismo.
Eu perguntei para a atriz por que o banqueiro gostava de ser montado. E ela: “Este cara é tão ladrão – e sabe que é ladrão! – que eu acho que se trata de uma forma que ele encontrou para pagar os pecados dele”.
É isto aí, leitorinha: quando for a uma festa de grã-finos, leve alguns cubinhos de açúcar e ofereça aos cavalheiros. Aquele que aceitar e começar a tremer os lábios, pode ter certeza: é cavalo!

EREÇÃO – Falar sobre pau é um troço muito chato, mole ou duro. De modo que vou rápido com isto: na adolescência e juventude – segundo Kinsey –, é possível manter o pau duro por horas, desde que devidamente estimulado.
Dos setenta anos em diante o máximo que alguém consegue mantê-lo meia-bomba é sete, oito, no máximo dez minutos.
Olhe pra baixo: se ele estiver duro você teve uma ereção. Se estiver mole é capaz de nunca mais levantar. Esses troços acontecem!