Não dá para se falar em bumbás de Manaus sem relembrar o artista
plástico Lauro Queiroz de Souza, que passou para a história do folclore
manauara como “Lauro Chibé” e era reputado como um dos maiores entusiastas da
autêntica cultura popular da nossa gente. “O Lauro Chibé era multimídia numa
época em que essa palavra ainda nem tinha sido inventada”, dizia o poeta Anibal
Beça, que conheceu o artista plástico nos anos 60.
Nascido presumivelmente em 1911 (nem seus parentes sabiam
precisar a data), em Bezerros (PE), a meca pernambucana das encantadoras
xilogravuras (imagens feitas em relevo sobre madeira, muito popular na região
Nordeste e cuja técnica era utilizada para ilustração de textos de literatura
de cordel), Lauro Chibé foi o maior fabricante de bois-bumbás já surgido na capital
amazonense. Acredita-se que ele tenha construído mais de 100 bumbás, façanha
jamais igualada por alguém em tempo algum.
Filho de pai ausente, Lauro Chibé e a mãe desembarcaram em
Manaus por volta de 1916 e foram morar na Rua Carolina das Neves, no bairro dos
Tocos (atual Aparecida). Sua mãe era doceira e tinha que diariamente colocar o
tabuleiro de doces na cabeça e ir ganhar a vida pelas ruas da cidade. Ela
deixava o moleque trancado em casa, apenas munido de papel e lápis. Ele começou
a desenhar as paisagens que observava da janela e aprendeu a ler praticamente
sozinho, manuseando os poucos gibis e revistas que existiam na residência.
Nos finais de semana, quando a mãe ficava em casa
descansando da faina semanal, ele podia sair para brincar com os garotos da
vizinhança. Foi em uma dessas incursões que ganhou o apelido definitivo
(crianças são cruéis...). Franzino, barrigudo e pálido como um defunto, a
molecada começou a achar que ele se alimentava exclusivamente de chibé (um pirão
de farinha de mandioca com água, sal e pimenta, que as pessoas em extrema
penúria financeira utilizam para enganar a fome). Lauro Queiroz de Souza nunca
mais se livrou do apelido
Lauro Chibé tinha sete anos quando viu pela primeira vez a
apresentação de um boi-bumbá durante um arraial na Praça Bandeira Branca, no
bairro dos Tocos. Ficou fascinado pelo folguedo. Sua mãe, que além de doceira
tinha pendores de artista plástica, criou um origami (nome da arte tradicional
japonesa de dobrar o papel, criando representações de determinados seres ou
objetos com as dobras geométricas de uma peça de papel, sem cortá-la ou colá-la)
no formato de um boi-bumbá. Ele passou quase um ano brincando sozinho com
aquele origami especial e criando versos para embalar a brincadeira. Depois de
adulto, seria um compositor de toadas da maior competência.
Ainda morando no bairro dos Tocos, Lauro Chibé concluiu o
ensino fundamental e se tornou um voraz leitor de livros biográficos. Passava
horas e horas na Biblioteca Pública lendo tudo em que podia colocar as mãos
sobre os grandes artistas plásticos da Idade Média (seu grande ídolo, claro,
era o pintor, escultor e arquiteto italiano Michelangelo de Lodovico Buonarroti,
considerado um dos maiores representantes do Renascimento Italiano).
Para colocar em prática aquele catatau de coisas que
aprendia na teoria, foi conta de multiplicar. Com pouco mais de 20 anos, Lauro
Chibé já era um dos melhores artesãos de Manaus. Ele esculpia em madeira
qualquer coisa que lhe fosse encomendada, de barcos regionais em miniatura a
máscaras mortuárias indígenas, de animais da nossa fauna a versões
personalizadas de escudos de clube de futebol.
O futebol também era uma de suas grandes paixões. Apesar de
magricela e baixinho – ou talvez por isso mesmo –, se transformou em um exímio
jogador do Luso Sporting Clube, tendo também defendido as equipes da União
Esportiva Portuguesa e General Osório. Era ligeiro como um azougue e chutava
bem com as duas pernas. Dava um trabalho da gota serena para os adversários,
fosse jogando no ataque, fosse jogando na defesa. Mas como não dava para
assobiar e chupar cana ao mesmo tempo, Lauro Chibé abandonou o futebol para se
dedicar à sua carreira de artesão, escultor e artista plástico. Começou a
produzir dezenas de obras retratando os usos e costumes dos ribeirinhos
amazônicos.
No final dos anos 30, Lauro Chibé ficou visivelmente
impressionado com o “Presépio Maravilha”, do artista plástico amazonense
Leovigildo Ferreira da Silva, mais conhecido como Branco Silva, exposto na
Praça da Matriz. Os movimentos realistas dos bonecos ali representados mexeram
com a criatividade de Lauro Chibé.
Ele passou quase dois
anos para desenvolver um complexo sistema de roldanas, ligas de borracha e
carretéis, que simulavam o movimento de ribeirinhos fabricando farinha. A peça
em miniatura, com cerca de dez personagens, virou uma atração fixa do quiosque
para vendas de artesanato que Lauro Chibé conseguiu montar no Aviaquário da
Praça da Matriz, nos anos 60. Ele nunca quis vender essa peça pioneira – e ela
só começou a ser exibida para o público quase trinta anos depois de ter sido
concebida.
Lauro Chibé e uma
amiga em um dos bares de Educandos
Nunca se soube quando, como e de que doença faleceu a mãe de
Lauro Chibé. O que se sabe é que a partir dos anos 40, possivelmente já órfão, ele
entrou na gandaia pela porta da frente, chutando a porta do cabaré. Virou
dirigente do grupo carnavalesco Caboclos Surara, fundou uma escola de samba tão
efêmera que não legou o nome para a posteridade e começou a frequentar os
“dancings” de Educandos, mostrando-se um fabuloso pé-de-valsa, boêmio de
carteirinha e emérito abatedor de lebres. Gabava-se de ter mais de 40 filhos.
Nunca casou e conta-se nos dedos os seus filhos que foram
registrados. Em compensação, ele começou a anotar suas realizações nas artes
plásticas em uma série de diários manuscritos, muitos dos quais se perderam nas
brumas do tempo. Em um deles registrou que construiu seu primeiro boi-bumbá,
chamado Veludinho, em 1946, ao custo de 1 mil réis.
No ano seguinte, construiu mais três bumbás: Estrela D’Alva,
Caprichoso e Curinga. O Curinga, feito para a comunidade de Aparecida, era uma
revolução: tinha dois miolos – ou “quatro pernas” – e, entre outras bossas,
balançava a cabeça e o rabo, comia capim, urinava guaraná e defecava biscoitos
champanhe. Seria chover no molhado dizer que um boi com essas qualidades
conquistou o coração e mentes da molecada do bairro, mas foi o que aconteceu. O
bumbá Curinga foi o primeiro boi articulado do folclore amazonense.
A partir daí, Lauro Chibé não parou mais de fabricar bumbás.
De 1948 a 1950, ele construiu o Galante, Veludinho (versão turbinada), Corre
Campo, Dois de Ouro, Guanabara, Flor do Campo, Mineirinho, Brinquedinho e
Prenda Fina. Todos eles personalizados ao gosto do freguês.
É mera especulação, claro, mas acredito que foi para
continuar sua vida de boêmio registrado em cartório que Lauro Chibé se mudou
para o Morro da Liberdade, no início dos anos 60. Seu novo bairro ficava bem
mais perto de Educandos e da sua noite feérica do que o bairro da Aparecida, já
que naquela época ainda não existia a ponte que hoje liga o centro de Manaus à
Cidade Alta. Dava para ir a pé, de um local ao outro. Tempo é dinheiro.
Nesse meio tempo, ele já havia construído mais uma dezena de
bois: Brilhante, Flor do Campo, Prenda do Areal, Tira Prosa, Treme Terra, Mina
de Prata, Canarinho, Rica Prenda, Dominante, Malhado, Pai do Campo e
Teimosinho.
No Morro da Liberdade, Lauro Chibé fundou quadrilhas
caipiras, ajudou Dona Marcelina Brito a colocar na rua as Pastorinhas do
Oriente, colaborou com Waldemar Rabelo na criação das Tribos dos Iurupixunas e
se transformou em um dos principais dirigentes do bumbá Tira Prosa, que ele
considerava sua verdadeira paixão. Lauro Chibé chegou a presidir a brincadeira
durante dois anos, antes de passar o cargo para Antônio Barroso.
E continuou fabricando bois-bumbás em escala industrial:
Ponta de Ouro, Leão, Galante, Pingo de Ouro, Sete Estrelas, Raio de Sol,
Diamante Negro, Pena de Ouro, Gitano, Campineiro, etc. Nas suas anotações, ele
registrava até mesmo o nome dos brincantes e dirigentes de cada bumbá, o custo
do material utilizado e o valor do pagamento final de cada encomenda. Além de
esteta, era um perfeccionista.
Em 1981, a partir de uma encomenda do empresário Paulo
Eugênio da Costa Teles, Lauro Chibé confeccionou para a escola de samba GRES
Uirapuru, do Zé de Cima, uma alegoria para o abre-alas representando um
uirapuru com aproximadamente três metros de comprimento, que passou para a
história do carnaval amazonense como a primeira alegoria com movimentos reais.
O majestoso uirapuru abria o bico, batia as asas, mexia os
olhos e levantava as penas do rabo. Foi um sucesso avassalador. Há uma versão,
nunca confirmada, de que Lauro Chibé foi a Parintins, em 1978, ficou
enlouquecido com as inovações que Jair Mendes havia introduzido nas alegorias do
bumbá Garantido e não largou o pé do artista parintinense enquanto ele não
contasse o “pulo do gato” para fazer aquelas alegorias ganharem movimentos tão
reais.
Quando não estava nos dancings de Educandos azarando alguma
morena de quatrocentos talheres ou ajudando no ensaio de algum grupo
folclórico, Lauro Chibé podia ser visto passeando pelas ruas do Morro da
Liberdade com seu corpo franzino, sua camisa de crochê, seu chapéu de palhinha
e seus dentes de ouro, que ele exibia com uma alegria de criança. Sempre morou
sozinho, em um pequeno casebre localizado na região de palafitas do Igarapé do
Vovô.
Foi lá que, no dia 29 de dezembro de 1987, chamado pelos
vizinhos por conta do mau cheiro, os bombeiros o encontraram morto há pelo
menos cinco dias. Lauro Chibé estava com 76 anos. Dizem que parte de seu rosto
já havia sido comido pelas ratazanas. Dizem. Assim nascem as lendas. Como
escreveu o jornalista Castelo Branco, em matéria publicada no jornal A Crítica,
no dia 2 de janeiro de 1988, “com a morte de Lauro Chibé morre um pouco da
cultura amazonense e brasileira, sobrevivente em algumas linhas de seus
próprios escritos. Mas a história e a cultura popular ganham mais um símbolo”.
O escritor João
Antônio
O jeito “gauche” de levar a vida de Lauro Chibé e seu
desenlace trágico só encontram paralelo na história do jornalista e escritor
João Antônio. Paulista de nascimento, João Antônio optou por viver no Rio de
Janeiro. No dia 31 de outubro de 1996, numa cena tão crua que parecia saída de
um de seus contos, João Antônio foi encontrado morto por um zelador, que
arrombou a porta do seu apartamento depois que vizinhos notaram uma estranha
nuvem de urubus pairando sobre a cobertura 702 do edifício 15A da rua Serzedelo
Correia, em Copacabana. O corpo estava em adiantado estado de putrefação.
O cadáver foi encontrado sobre a cama de um dos quartos. O
apartamento estava arrumado. Não havia sinais de briga ou roubo no local.
João já tinha sofrido um infarto havia cerca
de três semanas, e cada detalhe do cenário funesto indicava que ele estava
preparando uma viagem rápida antes da definitiva: sapatos casados no chão do
quarto, camisas dobradas sobre a cama, uma maleta aberta. Aos 59 anos, o
premiado autor de “Abraçado ao meu rancor”, “Malagueta, perus e bacanaço” e
“Leão de chácara” morreu apoucado, quase esquecido.
Elogiado nos anos 1960 e 70 por críticos como Antonio
Candido, Paulo Rónai e Alfredo Bosi, que o tinham como um herdeiro direto de
Lima Barreto, ao assumir personagens marginais como protagonistas – e tome
malandros, prostitutas, traficantes, bêbados –, João Antônio passava por um
momento apagado nos anos 1990. Seus escritos se notabilizaram pela ousadia
linguística.
O escritor trazia para os seus livros o ambiente onde
habitavam os marginais e malandros das ruas. A obra do jornalista e escritor só
recuperou o prestígio quase dez anos depois de sua morte, quando a família doou
uma parte do acervo à Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), aumentando o
interesse acadêmico sobre seus escritos, e outra parte à editora Cosac Naify,
que relançou seus títulos em edições de luxo.
Com o fim da Cosac, em dezembro de 2015, o legado de João
perigou mais uma vez. Até o editor Milton Ohata abraçar o arquivo e levá-lo à
Editora 34. Literalmente: o material está em duas caixas de polietileno azul,
que, encimadas, cabem num abraço.
Ao vasculhar os papéis, Ohata encontrou muito material ainda
inédito em livro, como longas reportagens literárias, deliciosas crônicas
musicais e textos sobre o cotidiano carioca. A boa notícia para os fãs de João
Antônio – certamente há um séquito deles ainda jogando sinuca em bares do Rio,
São Paulo, Osasco ou Berlim, cidades onde o autor viveu – é que todos esses
textos estão sendo lançados pela Editora 34.
João Antônio no
ambiente de malandros e merdunchos
– Publicaremos também um título nunca mais relançado,
“Calvário e porres do pingente Afonso Henriques de Lima Barreto” – antecipou
Ohata. – É um livro singular dentro da obra dele, que se move no terreno de
certo realismo cru: o próprio autor internou-se entre maio e junho de 1970 no
Sanatório da Muda, após uma crise emocional. Lá conheceu o interno Carlos
Alberto Nóbrega da Cunha, então com 72 anos. Ele tinha sido jornalista no
“Diário de Notícias” e em “O Jornal”, e conheceu Lima Barreto. Relata a João
Antônio esses encontros. A figura de Lima Barreto surge no livro por pessoa
interposta, com um filtro que relativiza o critério da objetividade. Há muito
material de arquivo a ser pesquisado, o que certamente vai enriquecer o conhecimento
atual sobre ele. Vamos incorporar esse material.
Guardado agora na sede da
Editora 34, essa parte do acervo revela muito do minucioso processo criativo do
escritor. Há muitos rascunhos para um mesmo texto, indicando que João
reescrevia à exaustão. Há uma coleção de fotos de tipos urbanos feitas pelo
repórter fotográfico Ubirajara Dettmar, usadas como referência para
personagens.
Há retornos de editores grampeados aos manuscritos de alguns
contos, com detalhes das mudanças acatadas ou não (num deles, de 1993, o editor
do Suplemento Literário de Minas Gerais, Manoel Lobato, sugere: “A personagem
da velha merece um retoque. Meta umas especulações filosóficas na cuca da
velha, uma frase qualquer, solta, como se fosse da consciência dela, a fim de
que o leitor fique intrigado: ela é culta? é religiosa? Coisas assim. O final é
grandioso: grandioso e belo, dando o pão, e não a mão”).
E ainda todo tipo de anotação com expressões ouvidas nas
ruas, bilhetes de avião, maços de cigarro. O método, que parecia caótico no
início, resultava bastante funcional: o autor depois separava os papeizinhos
nos envelopes dos respectivos contos ou reportagens que poderia enriquecer (num
deles, que findaria no conto “Iemanjá”, há uma lista com mais de 30 nomes
curiosos de bares de Salvador, como “Lanches Oxum”, “Bar Barriga de Aluguel”,
“Bar Unidos Venceremos” etc).
Preciosismo que faz os textos serem ainda muito atuais,
avalia Ohata:
– João Antônio teve uma estreia fulgurante, em 1963,
ganhando dois prêmios Jabuti com “Malagueta, perus e bacanaço”, quando alguns
dos gigantes da literatura brasileira estavam em plena forma, como Guimarães
Rosa, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Murilo Mendes, etc. Valor
literário à parte, sua obra vai continuar viva porque atenta para o lado torto,
não resolvido, da sociedade brasileira. Seus personagens continuam circulando
por aí e nada indica que desapareçam tão cedo. A fidelidade com que ele tratou
seus personagens escapa também dos vieses ideológicos de esquerda, o que é um
elemento crítico no momento em que a parte socialmente mais organizada dela
deveria fazer um balanço substantivo das opções que tomou nos últimos anos.
Hamilton Almeida
Filho, João Antônio e Paulo Patarra
Tal como Lauro Chibé, João Antônio saiu pelas portas dos
fundos da vida, num dia de encabulação, como gostava de dizer sobre a data de
nascimento de sua principal referência literária, Afonso Henriques de Lima
Barreto, uma sexta-feira 13. Sua morte foi o ato final de uma vida atribulada,
visceralmente dedicada à literatura e à sua grande paixão: o povo brasileiro.
Parece que intuíra e compusera tudo nos mínimos detalhes,
até a sua saída de cena. Desaparecido havia vinte dias, não preocupou muita
gente até fins do mês de outubro, já que costumava viajar sem dar notícias. Só
no dia 31 é que o Jornal do Brasil publicou uma pequena nota sobre seu
desaparecimento ‒ “Escritor some sem deixar pistas” ‒, e conclamava, na coluna
“Informe JB”, assinada por Maurício Dias: “Está na hora de uma mobilização
geral para saber o que aconteceu com o escritor João Antônio. Ele saiu de casa
em Copacabana, dia 7, de bermuda e chinelos, e desapareceu”.
Foi quase um drible. Mas, na verdade, foi a tragédia de um
escritor que, cercado de admiradores durante quase toda a sua vida, morrera só
e brigado com a mediocridade do país neoliberal da década de 1990, assim como
com o meio cultural do período, que o esquecera.
Assim como Lauro Chibé, João Antônio morreu só e a culpa é
nossa. Sua literatura é o retrato descarnado de um país que insiste em não dar
certo, a despeito de seu enorme potencial. Nesses mais de vinte anos de sua
morte, cabe lembrar de um escritor cuja intransigência em relação ao valor da
arte literária e da necessidade de olharmos nossa realidade se fazem mais que
nunca necessários.
Seu esquecimento nada mais é que a mania bem brasileira, bem
nossa, de não valorizarmos uma produção que olhe para os nossos problemas,
invariavelmente tachada como populista, neonaturalista ou coisa que o valha.
Diante das mil e uma novidades que a classe média bate bumbo, esquecendo que
vive num país em que a leitura ‒ como a moradia, a alimentação, a saúde e a
educação ‒, ainda é privilégio de poucos, lembrar a produção de João Antônio é
dever, mais que apenas gosto literário. Seu único respeito era pelo povo ‒ e
pelo texto. E isso é algo que nós temos de valorizar.