A partir desta quinta até o início de julho, a cena cultural
paulistana recebe eventos gratuitos de cinema, artes gráficas e música erudita
que retratam, de forma artística, o impacto de movimentos políticos – como a
ditadura e o holocausto – na vida da sociedade contemporânea.
A iniciativa é do Instituto Vladimir Herzog, com apoio do
Ministério da Cultura, para celebrar os 75 anos de nascimento de Vlado,
jornalista que dá nome ao Instituto e foi torturado e assassinado em 1975 pela
ditadura em São Paulo.
– Além de ter nesses eventos uma forma de celebrar o que
representa a vida de Vladimir Herzog no cenário político brasileiro, procuramos
reunir atividades gratuitas e culturais que possam contribuir para a discussão
sobre a importância da memória para um povo; assunto este muito atual e
necessário neste momento em que defendemos a instauração de uma Comissão da
Verdade no Brasil – afirma Ivo Herzog, diretor executivo do Instituto e filho
do jornalista.
As diferentes linguagens, de filmes a concerto, passando por
imagens históricas e mesa-redonda sobre os Direitos Humanos no Brasil, conterão
mensagens em favor da democracia, liberdade, direito dos cidadãos à vida e à
justiça e fim da violência.
As atrações têm início com a Mostra de Cinema “Memória e
Transformação” e Exposição de Cartazes sobre a Anistia, exibidos na Cinemateca
Brasileira e, no caso dos filmes, também no CineSESC.
Na abertura desses eventos, nesta quinta, será exibido o único documentário dirigido
pelo jornalista Vladimir Herzog, o curta Marimbás (1963) e o filme Tire diré
(1960), de Fernando Birri, mestre do documentarismo argentino, professor e
parceiro de Vlado.
A Mostra Memória e Transformação apresentará 49
documentários produzidos a partir de 1950 até os dias atuais sobre o cenário
sócio-político latino, com foco em obras que tratam das lutas de resistência às
ditaduras militares, governos totalitários e outras formas de opressão do poder
contra o povo, grupos étnicos ou minorias.
Entre os destaques: O Edifício dos Chilenos (Macarena
Aguiró, 2010); Vlado, 30 anos depois (João Batista de Andrade, 2005); Nostalgia
da Luz (Patricio Guzmán, 2010), entre muitos outros. A exibição desse último
será em formato de aula magna seguida de debate com o diretor chileno Patricio
Guzmán, em 8 de julho.
A exibição dos filmes na Cinemateca ocorrerá de 19 de junho
a 8 de julho e no CineSESC, de 29 de junho a 5 de julho. O público também terá
a oportunidade de conhecer, na Cinemateca, a Exposição de Cartazes sobre a
Anistia, que conta com 60 expressões artísticas sobre o tema até 8 de julho.
Outra grande atração gratuita que o Instituto Vladimir
Herzog traz a São Paulo é a cantata O Diário de Anne Frank, uma produção
musical erudita que será apresentada pela primeira vez nas Américas na semana
do aniversário de nascimento do jornalista Vladimir Herzog – dias 29 e 30 de
junho e 1º de julho no Auditório do Ibirapuera.
Será, ainda, a primeira vez em
todo o mundo, que a obra, de autoria de Leopoldo Gamberini (1922 – Abril de
2012) e de Otto Frank, pai de Anne, será apresentada em sua versão integral,
com orquestra sinfônica, coral com 110 cantores, bailarina, solista e muitos
recursos audiovisuais para retratar a história da menina que foi vítima do
holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Toda a peça será regida pelo maestro
brasileiro Martinho Lutero, que recebeu todo o direcionamento para a execução
da cantata diretamente de seu autor.
Para finalizar a Semana Vladimir Herzog, em 28 de junho, o
Itaú Cultural recebe a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República; Amérigo Incalcaterra, representante
regional do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para a
América do Sul; e Tito Milgram, curador do Museu Yad Vashem, em Jerusalém
(Israel), no Seminário Direito à Verdade e à Memória, mediado por Sérgio
Adorno, diretor do Núcleo de Estudos da Violência da USP.
Nesse encontro, serão compartilhadas as experiências de
países latino-americanos no resgate da memória e justiça aos autores de
violências cometidas durante os governos militares (Amérigo), a percepção
judaica sobre o holocausto, pela visão de Milgram e os movimentos para maior
transparência na História recente do Brasil, pela ministra Maria do Rosário.
A programação completa, com horários e locais, pode ser
conferida no site do Instituto
(http://vladimirherzog.org/mostra-site/index.php)
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