Morreu na manhã desta quarta-feira, aos 91 anos, o escritor
americano Ray Bradbury, autor de Farenheit 451.
Em seus mais de trinta livros, o escritor foi do horror à
ficção científica – gênero do qual tornou-se referência, com narrativas de teor
político.
Publicou também clássicos como As Crônicas Marcianas,
histórias espaciais escritas nos anos 50, e Algo Sinistro Vem por Aí, sobre
garotos que enfrentam seus medos e frustrações, representados por monstros de
um parque de diversões itinerante.
Em Farenheit 451, seu livro mais icônico, escrito em 1953,
Bradbury conta a história de um tempo em que bombeiros se convertem em
mantenedores da ordem social e incendeiam livros ou qualquer publicação que
transmita informações.
Em lugar de prateleiras, as paredes das casas possuem telas
gigantes que exibem cenas de outras famílias, com as quais se pode dialogar.
A obra foi considerada uma metáfora crítica de regimes
políticos opressores e anteviu transformações sociais simbolizadas hoje pelos
reality shows, junto com 1984, de George Orwell.
Em linhas gerais, o livro revela a apreensão de uma
sociedade opressiva e comandada pelo autoritarismo do mundo pós-guerra, quando
qualquer tipo de leitura era proibida.
O título refere-se à temperatura em que o papel pega fogo.
Farenheit 451 foi adaptado para os cinemas em 1966 pelo
diretor François Truffaut e teve no elenco nomes como Oskar Werner e Julie
Christie.
De acordo com o jornal The New York Times, Bradbury foi o
responsável por trazer a ficção científica moderna para o meio literário.
Ele mesmo costumava se definir como um “autor de ideias”.
As Crônicas Marcianas, outro clássico de Bradbury, narrou as
histórias da colonização de Marte e criticou indiretamente as paranoias
americanas surgidas a partir da II Guerra Mundial.
“Uma bela luz se perdeu no Cosmos”, declarou Sam Weller,
biógrafo oficial de Bradbury.
Danny Karapetian, neto do escritor, destacou uma passagem de
O Homem Ilustrado, seu livro preferido do avô, em que um homem convive com
tatuagens que têm vida própria: “Minhas músicas e meus números estão aqui. Eles
preencheram meus anos, os anos em que me recusei a morrer. Em função disso
escrevi, escrevi, escrevi ao meio-dia ou às 3h da manhã. Para não morrer”.
“Seu legado reside em sua obra e, principalmente, nas mentes
que o leram, pois lê-lo era conhecê-lo. Foi o maior garoto que conheci”, disse.
Bradbury, que também era arquiteto e poeta, nasceu no Estado
de Illinois, em 1920. Mudou-se com sua família para Los Angeles no início da
década de 30.
Em 2007, ele recebeu uma menção especial do Prêmio Pulitzer
por sua “carreira prolífica e muito influente”.
Seu lançamento mais recente é o romance “Farewell Summer”,
lançado em 2006.
Nos últimos anos, por conta de sua idade avançada, Bradbury
não fazia mais aparições públicas.
Seu neto, Danny Karapetian, afirmou ao site de ficção
científica io9: “Se eu tivesse que dizer algo, seria o quanto eu o amo e sinto
a sua falta. Estou ansioso para ouvir as lembranças de todos sobre ele”.
“Ele influenciou tantos artistas, escritores, professores,
cientistas, é sempre muito comovente e reconfortante ouvir suas histórias. Seu
legado vive em sua obra monumental de livros, filmes, televisão e teatro, mas,
mais importante, nas mentes e corações de qualquer um que o tenha lido”,
garantiu
O diretor Steven Spielberg se manifestou sobre a morte do
escritor: “Ele foi minha inspiração pela maior parte de minha carreira em
ficção científica. Ele vive por meio de sua legião de fãs. No mundo da ficção
científica, da fantasia e da imaginação ele é imortal”.
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