Escritor
não media as palavras para criticar ícones da cultura pop como
Elvis Presley
O
escritor Ariano Suassuna, falecido na tarde de 23 de julho deste ano,
tinha verdadeira aversão à cultura de massa e criticava esses
produtos com frequência.
Em
um texto publicado no jornal Folha de S. Paulo, no ano 2000, ele
afirmou: “Algumas pessoas acham que para preservar uma impossível
e indesejável pureza da cultura brasileira eu seria contrário a seu
contato com outras culturas. De modo nenhum. Sou contrário somente
ao mau gosto da cultura de massas, brasileira ou americana”.
No
mesmo texto, ele não media as palavras para criticar ícones da
cultura pop.
“(...)
a imitação seria ainda pior no caso do rock, música na qual os
jovens americanos brancos, liderados por um imbecil como Elvis
Presley, falsificam uma raiz popular negra, enfraquecendo sua força
original e achatando-a de acordo com o gosto médio e o mau gosto dos
meios de comunicação de massa”.
Ariano
dizia ter antipatia ao tipo de arte massificada, vinda de fora, que o
povo precisava “engolir”.
Foi
com base nisso que criticava o mangue beat, na década de 1990.
Ele
contava que certa vez Chico Sciente, de quem se considerava amigo
pessoal, foi procurá-lo e disse que “também era armorial”.
Ariano então perguntou por que o “Science” no nome.
“Nos
dois elementos do nome dele, eu estava ao lado do Chico e ao lado do
maracatu rural, mas tava contra o Science, que queria misturar o
maracatu com duas coisas tão feias, o rock e o hip-hop”.
Na
visão do escritor, a globalização deveria ser evitada, pois
reduzia os problemas culturais “ao nível do gosto médio”.
Por
posições como essa, foi chamado de fundamentalista, conservador, e
até comparado com Dom Quixote.
Aos
insultos, respondia com bom humor.
“Fui
chamado pejorativamente de Dom Quixote por estar esgrimindo os
moinhos de vento da globalização. Fiquei honradíssimo. Disse que
a pessoa era um incompetente, não sabe nem insultar. No meu modo de
ver, Dom Quixote não é derrotado. Ele tem a intenção de lutar”.
Para
Ariano, a Disneylandia era o maior “monumento à imbecilidade” do
mundo.
O
equivalente brasileiro seria a réplica da Estátua da Liberdade
construída no Rio de Janeiro.
“Ainda
não fui lá, mas tenho raiva. Já não gosto da original, e muito
menos de uma cópia de segunda classe brasileira”, disse em
entrevista em 2007.
As
maiores obras de arte produzidas no Brasil, dizia o escritor, eram o
Santuário de Congonhas, pelo escultor Aleijadinho, nas artes
plásticas, a obra de Villa-Lobos, na música, e Os sertões, de
Euclides da Cunha, na literatura.
Um comentário:
...é por isso que a arte do Ariano não passou da porteira e dos quintais dos dissimulados, é xenofobista demais, medrosa e egoísta.
Postar um comentário