Marcos Sampaio
Ao longo dos 34 anos de carreira, a baiana Rosa Passos já
cantou as músicas de Djavan muitas vezes.
Apesar dos timbres e estilos completamente diferentes, o
alagoano é notoriamente um dos preferidos da cantora e violonista natural de
Salvador.
Rosa é uma referência brasileira no seleto mundo do jazz
internacional, apesar de ainda ser figura rara em seu país de origem.
Com voz baixinha, sussurrada e impecavelmente afinada, ela já
foi comparada até a João Gilberto.
Já Djavan é um cantor e compositor que passeou por muitas
searas musicais e sempre soube conciliar sucesso mercadológico com bom gosto e
refino musical.
Com isso, tornou-se um hitmaker respeitado dentro e fora do
Brasil.
A união dessas duas forças pode ser conferida no tributo
“Samba dobrado”, que Rosa Passos lançou pela Universal Music.
São mais 12 músicas de Djavan que vão se unir às outras nove
que ela já havia lançado ao longo da sua discografia.
Ao lado de músicos como Jorge Helder (baixo), Lula Galvão
(violão) e Rafael Barata (bateria), a cantora joga suas sutilezas sobre um
repertório formado principalmente por clássicos do alagoano.
Interpretada originalmente a plenos pulmões pelo compositor,
Faltando um pedaço volta como um
afago sutil, mais triste e melancólica.
Até a balançada Linha
do equador, parceria de Djavan com Caetano Veloso, fica mais contida com a
voz mansa da baiana.
A refinada Cigano
remete ao arranjo utilizado por Zélia Duncan em gravação feita para o Songbook
de Djavan.
A unidade de timbres dificulta apontar um destaque no
tributo, que tende a crescer a cada nova audição.
O encerramento é feito com Doce menestrel, composição de Rosa e Fernando de Oliveira feita
especialmente para o homenageado.
É bem verdade que Djavan é o melhor intérprete para suas
próprias canções (e um cantor primoroso para o repertório dos outros).
No entanto, mais que comparações com o original, “Samba
dobrado” merece ser ouvido por que traz uma das mais respeitadas cantoras
brasileiras se debruçando sobre um repertório feito com esmero e reinterpretado
de forma realmente nova.
Veja o repertório de Samba dobrado:
1. Pedro Brasil (Djavan, 1981)
2. Linha do Equador (Djavan e Caetano Veloso, 1992)
3. Maçã (Djavan, 1987)
4. Faltando um pedaço (Djavan, 1981)
5. Capim (Djavan, 1982)
6. Pétala (Djavan, 1982)
7. Lei (Djavan, 1986)
8. Pára raio (Djavan, 1976)
9. Cigano (Djavan, 1989)
10. Samba dobrado (Djavan, 1978)
11. Fato consumado (Djavan, 1975)
12. Serrado (Djavan, 1978)
13. Doce menestrel (Rosa Passos e Fernando de Oliveira,
2013)
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