Denise
Carla
Na
década de 60, em plena ascensão das escolas de samba e da
decadência dos ranchos e das grandes sociedades, os blocos
carnavalescos se unem e se estruturam formando a Federação dos
Blocos Carnavalescos, no dia 28 de setembro de 1965, com duas
categorias de blocos: de enredo (formam conjuntos com estruturas bem
próximas às escolas de samba) e de empolgação (são estruturados
seguindo o modelo de blocos simples, sem variações de fantasias,
alegorias ou enredos).
Os mais famosos são o Bafo de Onça, Cacique
de Ramos, Boêmios do Irajá e Cordão do Bola Preta.
As
escolas de samba nasceram de redutos de diversão das camadas pobres
da população do Rio de Janeiro, em sua quase totalidade formada de
negros.
Reuniam-se para cultivar a música e a dança do samba e
outros costumes herdados da cultura africana, e quase sempre
enfrentavam ostensiva repressão policial.
Para a formação desses
redutos contribuiu decisivamente a migração de populações rurais
nordestinas, que, atraídas para a capital em fins do século 19,
introduziram um mínimo de organização e de sentido grupal ao
carnaval carioca, até então herdeiro do entrudo português.
A
denominação “escola” só vai surgir, no entanto, em 1928, com a
criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio.
Seu fundador, o
sambista Ismael Silva (1905-1978), explicava o termo como decorrência
da proximidade da Escola Normal, no mesmo bairro, o que fazia os
sambistas locais serem tratados de “professor” ou “mestre”.
Posteriormente surgem diversas outras escolas, entre as quais
Portela, Mangueira e Unidos da Tijuca. No começo, pouco se
distinguiam dos blocos e cordões, com ausência de sentido
coreográfico e sem nenhum caráter competitivo.
Com o tempo,
transformam-se em associações recreativas abertas, cuja finalidade
maior é tão somente competir nos desfiles carnavalescos,
transformados em atração máxima do turismo carioca.
De tal forma
agigantaram-se, que seus encargos sociais, a partir da década de
1960, equivaliam aos de uma empresa, o que as obrigava a funcionar
por todo o ano, promovendo rodas de samba e ensaios com entrada paga,
única maneira de amenizarem os gastos decorrentes da preparação
dos desfiles.
Com
a oficialização dos desfiles, a partir de 1935, as escolas passam a
receber subsídios da prefeitura, transformando-se, a partir de 1952,
em sociedades civis, com regulamento e sede, elegendo periodicamente
suas diretorias, inclusive um diretor de bateria, que comanda os
instrumentos de percussão, e um diretor de harmonia, responsável
pelo entrosamento de canto e orquestra.
A escola desfila precedida de
um abre-alas (faixa que pede passagem e anuncia o enredo) e da
comissão de frente (dez a quinze sambistas, representando
simbolicamente a diretoria da escola).
A seguir, pastoras (antigas
dançarinas dos ranchos), fazendo evoluções, mestre-sala e
porta-bandeira, destaques e academia (coro masculino e bateria).
O
restante divide-se em alas, geralmente com coreografias especiais, e
carros alegóricos.
Apresentam sempre um tema nacional (lenda ou fato
histórico) expresso no samba-enredo, base de todo o desfile.
Até
1932, quando foi organizado o primeiro desfile, as escolas
limitavam-se a percorrer livremente as ruas, acompanhadas por
populares.
Naquele ano, o jornal Mundo Esportivo organizou um desfile
na Praça Onze, de que participaram dezenove escolas, saindo
vitoriosa a Estação Primeira de Mangueira.
No ano seguinte o número
de concorrentes subiu para 29 e o desfile foi promovido pelo jornal O
Globo, saindo vitoriosa novamente a Mangueira.
Em 1934, ano em que
foi fundada a União Geral das Escolas de Samba, a competição foi
realizada no dia 20 de janeiro, em homenagem ao prefeito Pedro
Ernesto, e a Mangueira alcançou o tricampeonato.
O interesse em
fomentar a competição como atração turística começou em 1935,
quando o certame foi apoiado pelo Conselho de Turismo da Prefeitura
do então Distrito Federal, obtendo a Portela sua primeira vitória,
ainda com o nome de Vai Como Pode.
A partir daí, já estabelecido
como promoção oficial do carnaval carioca, o desfile foi realizado
sem interrupção, exceto nos anos de 1938 e 1952, quando as chuvas
impediram a promoção.
O modelo se estendeu a todas as capitais
brasileiras, excetuando-se duas: Salvador, na Bahia, e o conjunto
Recife-Olinda, em Pernambuco.
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