Ciata,
uma tia que foi a mãe do samba
No
contexto do qual resultou a fixação do samba no Rio de Janeiro nos
últimos anos do século 19 e nos primeiros do século 20, a presença
das chamadas “tias” baianas foi da maior importância, sob
qualquer ângulo que se estude a questão.
Como
guardiãs da cultura popular que elas mesmas transportaram de
Salvador para o Rio de Janeiro, como transmissoras dessa mesma
cultura para seus descendentes e para os que delas se aproximaram na
nova terra, como sacerdotisas de cultos e ritos herdados de
ancestrais africanos e legados ao futuro, como festeiras eméritas,
mestras na arte do samba, versadoras, improvisadoras, cantadeiras,
passistas e mesmo como cozinheiras absolutas, mantendo por dias os
fogões acesos e os quitutes quentinhos para os que vinham “brincar
o samba” em seus casarões em festanças que chegavam a durar uma
semana.
Dessa
nobre estirpe faziam parte Tia Bebiana, Tia Preseiliana de Santo
Amaro, Tia Veridiana, Tia Josefa Rica e tantas outras.
Porém,
ao ser focalizada a história do samba, o nome que aparece sempre com
mais destaque, citado nas entrevistas dos contemporâneos como João
da Baiana, Pixinguinha e Donga, entre outros, e por todos os
historiadores e pesquisadores, é o de Hilária Batista de Almeida, a
Tia Ciata para a maioria, ou Tia Asseata para alguns.
Casada
com João Batista da Silva, um negro também baiano que havia cursado
– sem concluir – medicina em Salvador e ocupava bons empregos no
Rio, por conta de seu preparo intelectual, Ciata reinava absoluta no
casarão da Rua Visconde de Itaúna onde segundo Pixinguinha
“tocava-se choro na sala e samba no quintal”.
Tal
divisão era explicada pelo fato de o choro ser tolerando pela
polícia, enquanto o samba era considerado coisa de marginais e, por
isso mesmo, perseguido e reprimido com violência. Como a posição
social dos donos da casa estava acima do habitual, gozando de certo
prestígio perante as autoridades, usava-se o disfarce do choro na
sala da frente e sambava-se à vontade no quintal sem que a polícia
batesse à porta.
Dona
Lili, neta mais velha de Tia Ciata
Mãe-de-santo
afamada, Tia Ciata festejava seus orixás, sendo famosas suas festas
de São Cosme e Damião e de sua Oxum, Nossa Senhora da Conceição.
Nas festas profanas, suas habilidades de partideira a destacavam nas
rodas de partido-alto, e seu neto Bucy Moreira aprendeu com ela o
segredo do “miudinho”, uma forma de sambar de pés juntos que
exige destreza e elegância, no qual Ciata era mestra.
Além
de cozinheira perfeita, a baiana tinha mão abençoada para doces, no
testemunho de quantos os saborearam. Vestida de baiana, também os
comercializava pelas ruas do Rio de Janeiro e com tino comercial
alugava roupas de baiana para outras vendedoras, chegando a manter
uma equipe só sua de ambulantes nas ruas.
As
vestimentas típicas das baianas da Tia Ciata já prenunciavam as
luxuosas ou imaginosas fantasias das Alas de Baianas, quesito
obrigatório
das
escolas de samba. Colares, pulseiras, adereços, enfeites, torsos de
seda, panos da Costa do Marfim e turbantes ganhariam depois o mundo
nas fantasias estilizadas de Carmem Miranda.
Já
viúva, reverenciada como rainha (no carnaval, os ranchos desfilavam
sob sua janela), figura exponencial da Festa da Penha, faleceu em
1924, cercada pelo respeito de pessoas de todas as camadas sociais da
cidade.
Neto
de Tia Ciata e filho de um abastado baiano, Bucy Moreira teve uma
vida folgada e boêmia que o tornou importante compositor e um dos
primeiros elos a unir o samba que se fazia na Cidade Nova e o que
começava a aparecer nas favelas. Frequentador do morro de São
Carlos, foi lá que ensinou o que aprendera com a avó.
Participante
ativo da comunidade baiana do Rio de Janeiro, Hilário Jovino
Ferreira – na foto com seus filhos – na realidade era
pernambucano, criado em Salvador. Líder nato, iria fixar-se já
adulto no Rio e não demoraria a se envolver com as coisas de música,
transmitindo sua experiência aos novos amigos do Morro da Conceição,
onde se instalou.
Aproximou-se
do Rancho Dois de Ouro, mas não gostou e fundou o Rei de Ouro, um
dos muitos que criaria em sua vida de “ranchista”, dentro de
moldes nordestinos, e fez muito sucesso desde sua estreia, no
Carnaval.
Figura
donjuanesca, indispô-se com Tia Ciata por ter namorado sua filha
Mariquita e fugido com Tia Amélia Kitundi, bonita mulata, amiga da
baiana.
O
primeiro samba?
Mesmo
que se conheçam algumas gravações como de “Em Casa De Baiana”,
um partido-alto de autor desconhecido, feitas por um conjunto
instrumental para a Casa Faulhaber (Favorite Record nº 1-452.216),
em 1911, e a do samba assinado por Catulo da Paixão Cearense, “A
Viola Está Magoada”, por volta de 1913, interpretado pelo cantor
Bahiano em dupla com Júlia Martins, para a Casa Edison, do Rio de
Janeiro, o primeiro samba gravado, reconhecido “oficialmente”
como pioneiro, é o clássico “Pelo Telefone”, que chegou ao
disco em 1917.
A
se considerar seu nascimento real e a época na qual foi composto, a
sua idade vai perder-se no terreno das conjeturas, das hipóteses,
das histórias bem ou mal contadas de disputas autorais, de pretensos
autores e até de autoras. O primeiro samba nasceu em meio a uma
nebulosa que jamais se dissipou.
Ernesto
dos Santos, o sambista Donga, registrou sua partitura na Biblioteca
Nacional em novembro de 1916. No documento ele não incluiu nenhum
parceiro, ficando a música como de sua única autoria, na forma em
que foi impressa depois no Instituto de Artes Gráficas.
Mas
os sambistas que frequentavam a casa da baiana Tia Ciata já
conheciam há muito tempo o refrão de “Pelo Telefone”,
acostumados que estavam a improvisar versos em torno da canção, no
melhor estilo partido-alto tão em voga nos primeiros anos do século
20.
Um
deles, o jornalista carnavalesco Mauro de Almeida, conhecido pelo
apelido de “Peru dos Pés Frios”, acabou sendo incluído
posteriormente como coautor do samba (na realidade ainda bastante
“amaxixado” em sua forma rítmica e harmônica) e assim aparece
no selo do disco pioneiro, gravação de número 121313, feita de
forma apenas orquestral pela Banda Odeon para a Casa Edison, do Rio
de Janeiro.
Na
voz do cantor Bahiano, um dos pioneiros da fonografia no Brasil, que
gravou inúmeros gêneros, mas fixou seu nome na história da música
popular ao gravar o referido samba “Pelo Telefone”, acontece logo
em seguida o segundo registro sob o selo número 121322, tudo levando
a crer que, entre um disco e outro, oito gravações de diferentes
gêneros foram feitas.
Donga
contestava essa versão e garantia que Bahiano gravara primeiro e a
Banda Odeon alguns meses depois, criticando até mesmo o que chamava
de “bandinha da Casa Edison” e torcendo o nariz também para a
interpretação do cantor, que viria a se tornar histórica.
Para
o autor oficial de “Pelo Telefone”, quem melhor atendeu sua obra
e melhor a transpôs para o disco foi a Banda do Primeiro Regimento
de Infantaria da Bahia, quando esteve no Rio de Janeiro para um
concurso de bandas de música.
Ainda,
segundo o mesmo Donga, as outras gravações eram “em sua maioria,
horríveis, algumas um pouco melhores”. Uma das hipóteses
levantadas para o fato de Donga ter registrado “Pelo Telefone”
apenas em seu nome é a de que ele não se conformava com o anonimato
que cercava os compositores de seu grupo e pretendia, por intermédio
da novidade musical, romper fronteiras, tornar-se conhecido, chegar
ao sucesso, assumindo-se profissionalmente como compositor.
Com
essa atitude pioneira, o senhor Ernesto dos Santos “tornou-se o
primeiro indivíduo-compositor”, valendo-se de “uma forma de
autoria individualizada e de uma estratégia de circulação que
contribuiu para o sucesso da canção”, no dizer do autor Jorge dos
Santos Caldeira Neto em sua análise do samba.
O
mesmo analista garante que “Donga projetou um gênero musical para
a sociedade, que acabou por adotar esse gênero como se fosse seu”.
O samba dava os primeiros passos para abrir a porta de saída do
gueto negro e ganhar as ruas da cidade do Rio de Janeiro.
Parodiado
jocosamente, usado como veículo publicitário, assobiado nas ruas e
cantado nas festas ricas e pobres, o primeiro samba cumpriu o seu
papel de pioneiro desde a primeira vez, no final de 1916, quando foi
mostrado em um cine-teatro para um público maior do que aquele que
frequentava o casarão comandado por Tia Ciata.
Após
ter sido gravado, abriu um capítulo novo na história da música
popular brasileira, provocando uma série de imitações – quando
não plágios – de tímidos seguidores. Gradativamente fez escola,
tomou forma, criou estilo, empolgou poetas populares e até eruditos,
arregimentou músicos da melhor qualidade para sua órbita de
influência, deixou de ser considerado marginal, pouco a pouco foi
ganhando respeito como arte popular até adquirir status de gênero
musical por meio do qual o mundo reconhece o Brasil.
Gravado
e regravado um sem-número de vezes (com qualidade ou sem ela, como
já disse Donga), “Pelo Telefone” chega quase ao seu centenário
com a necessária agilidade nos pés, o importante jogo de cintura e
a malandragem serena, virtudes sem as quais samba e sambista jamais
existiriam.
Donga
registrou, mas o primeiro samba teve vários compositores
A
história que deu origem ao samba é bem conhecida. No dia 20 de
outubro de 1916, Aurelino Leal (foto), chefe de polícia do Rio de Janeiro,
então Distrito Federal, determinou por escrito aos seus subordinados
que avisassem antes, pelo telefone, aos infratores, sobre a futura
apreensão do material usado nos jogos de azar.
Imediatamente
o humor carioca se apropriou da comicidade do episódio, que foi
cantado em versos improvisados nas festas de Tia Ciata e
posteriormente registrado por Donga em seu nome. É lógico que os
versos “oficiais” do sambista eram diferentes daqueles que
ridicularizavam o chefe de polícia pelas ruas da cidade.
A
versão popular do samba, a que corria na boca do povão, dizia o
seguinte: “O chefe da polícia / Pelo telefone / Mandou avisar /
Que na Carioca / Tem uma roleta / Para se jogar... / Ai, ai, ai / O
chefe gosta da roleta / Ô maninha / Ai, ai, ai / Ninguém mais fica
forreta / Ê maninha. / Chefe Aurelino, / Sinhô, sinhô / É bom
menino, / Sinhô, sinhô, / Pra se jogar, / Sinhô, sinhô, / De todo
o jeito, / Sinhô, sinhô, / O bacará / Sinhô, sinhô / O
pinguelim, / Sinhô, sinhô / Tudo é assim.”
A
letra registrada por Donga, que passou a ser conhecida como original
e aparece nas gravações até hoje, é um pouco mais alongada,
homenageando o “Peru”, o jornalista Mauro de Almeida, e o
“Morcego”, Norberto do Amaral Júnior, figura conhecida no Clube
dos Democráticos.
Além
disso, a letra também incorpora alguns elementos do folclore
nordestino: “O chefe da folia / Pelo telefone / Manda me avisar /
Que com alegria / Não se questione / Para se brincar. / Ai, ai, ai,
/ Deixa as mágoas para trás / Ô rapaz! / Ai, ai, ai / Fica triste
se és capaz / E verás / Tomara que tu apanhes / Pra nunca mais
fazer isso / Tirar amores dos outros / E depois fazer feitiço... /
Ah, se a rolinha / Sinhô, sinhô / Se embaraçou / Sinhô, sinhô /
É que a vizinha / Sinhô, sinhô / Nunca sambou / Sinhô, sinhô, /
Porque esse samba, / Sinhô, sinhô / É de arrepiar, / Sinhô,
sinhô, / Põe perna bamba, / Sinhô, sinhô, / Mas faz rodar, /
Sinhô, sinhô. / O “Peru” me disse / Se o “Morcego” visse /
Eu fazer tolice, / Que eu então saísse / Dessa esquisitice / De
disse, não disse. / Ai, ai, ai / Aí está o canto ideal / Triunfal
/ Ai, ai, ai / Viva o nosso carnaval, / Sem rival. / Se quem tira
amor dos outros / Por Deus fosse castigado / O mundo estava vazio / E
o inferno habitado. / Queres ou não / Sinhô, sinhô, / Vir pro
cordão, / Sinhô, sinhô / E ser folião / Sinhô, sinhô / Do
coração, / Sinhô, sinhô / Por este samba.”
O
sucesso cercou “Pelo Telefone” dos mais variados aspectos
possíveis, fugindo da simples consequência musical, de cair na
preferência popular, no assobio das calçadas e na cantoria das
festinhas de subúrbio. De repente, apareceu um sem-número de
pais-da-criança, cada um puxando a brasa para sua sardinha, todo
mundo ignorando a iniciativa de Donga em registrar oficialmente sua
autoria na Biblioteca Nacional.
Na
verdade, o samba vinha sendo cantado na casa de Tia Ciata de maneira
informal, como partido-alto e com a participação da dona da casa,
emérita partideira, que com certeza introduziu nele seus improvisos,
o mesmo fazendo seu genro, Mestre Germano, e o “ranchista”
Hilário Jovino.
Da
cantoria, participavam também Donga, o jornalista Mauro de Almeida –
a quem Almirante credita a autoria indiscutível do samba –, João
da Mata, supostamente o dono do refrão, e o invocado Sinhô, que,
como autor da frase “samba é que nem passarinho, está no ar é de
quem pegar”, evidentemente, tentou também se apossar da
paternidade da novidade.
Cantado
em público pela primeira vez (segundo Almirante) no Cinema Teatro
Velo, à Rua Haddock Lobo, na Tijuca, despertou de imediato a cobiça
alheia e – com razão ou sem ela – pipocaram contestações de
todos os lados quanto à autoria de Donga.
As
primeiras partituras, ainda na ortografia da época, que grafava
Telephone, exibiam apenas o nome de Donga. A grita que se seguiu não
teve muitos resultados, mas pelo menos serviu para que Mauro de
Almeida fosse reconhecido como um dos parceiros.
O
Peru dos Pés Frios, como era conhecido o jornalista carnavalesco,
aparece aqui em raríssima foto, mesmo porque faleceu pouco tempo
depois da gravação do samba, ficando todas as luzes apenas sobre
Donga, que delas sempre soube tirar proveito pessoal.
A
escaramuça mais agressiva partiu de Tia Ciata, criando uma briga
pública entre ela e Donga, que os tornou inimigos pelo resto da
vida.
A
gota d’água veio por meio de um anúncio publicado com destaque no
Jornal do Brasil garantindo que no carnaval de 1917, na Avenida Rio
Branco, seria cantado o “verdadeiro tango ‘Pelo Telefone’ dos
inspirados carnavalescos João da Mata, o imortal Mestre Germano, a
nossa velha amiguinha Ciata, o bom Hilário, com arranjos do pianista
Sinhô, dedicado ao falecido repórter Mauro de Almeida”,
seguindo-se a letra com o nome de “Roceiro”, denunciando Donga
nas entrelinhas: “Pelo telefone/ A minha boa gente/ Mandou avisar/
Que meu bom arranjo/ Era oferecido/ Para se cantar / Ai, ai, ai/ Leve
a mão na consciência,/ Meu bem!/ Ai, ai, ai/ Mas porque tanta
presença, meu bem? / Ó que caradura/ De dizer nas rodas/ Que esse
arranjo é teu!/ É do bom Hilário/ E da velha Ciata/ Que o Sinhô
escreveu / Tomara que tu apanhes/ Para não tornar a fazer isso,/
Escrever o que é dos outros/ Sem olhar o compromisso”.
Não
faltaram também os aproveitadores de ocasião, que, na esteira do
êxito da gravação de Bahiano, correram atrás dos lucros gordos
que se imaginava estarem entrando nas burras dos autores de “Pelo
Telefone” (Mauro de Almeida jamais recebeu um tostão de direitos
autorais... ). Carlos Lima editou “Chefe Da Folia No Telefone”,
J. Meira registrou “Ai, Si A Rolinha Sinhô” e Maria Carlota da
Costa Pereira se apresenta como autora de “No Telefone, Rolinha,
Baratinha & Cia”.
As
versões gravadas nos últimos tempos por Martinho da Vila, Fundo de
Quintal, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e muitos outros, utilizam a
primeira parte do refrão popular com a segunda parte da letra de
Donga, mostrando que “Pelo Telefone” continua sendo o
“Frankenstein” musical mais longevo da história do samba.
Mais
de dez sambas foram gravados antes de Pelo Telefone
O compositor Donga fez fama e deitou na cama
Apesar
da polêmica, “Pelo Telefone” se transformou no marco inicial da
história fonográfica de um novo gênero musical chamado samba, mas
até nisso há controvérsias. Diversos historiadores já
registraram, em suas pesquisas, gravações anteriores que podem ser
reconhecidas como samba e que comprovadamente foram gravadas antes da
composição assinada pela dupla Donga/Mauro de Almeida.
O
sucesso comercial de Fred Figner e de sua Casa Edison, no Rio de
Janeiro, provocou o aparecimento de concorrentes no Brasil inteiro e
o surgimento de uma variedade enorme de selos fonográficos. A
maioria de vida curta é bem verdade, mas que acabou por contribuir
culturalmente para a consolidação da música popular brasileira e
influir na instalação da indústria fonográfica no país.
A
gravadora Odeon, por exemplo, que registrou o chamado samba pioneiro
de Donga, antes dele já havia gravado, na série lançada entre 1912
e 1914, “Descascando O Pessoal” e “Urubu Malandro”,
classificados como sambas no próprio catálogo da fábrica. Na série
de 1912 a 1915 consta “A Viola Está Magoada”, de Catulo da
Paixão Cearense, interpretada por Bahiano e Júlia Martins, além de
“Moleque Vagabundo”, de Lourival Carvalho, também identificados
como samba.
O
samba “Pelo Telefone” tem o número de série 121313, mas
anteriores a ele são ainda “Chora, Chora, Choradô” (121057),
cantado por Bahiano, “Janga” (121165), com o Grupo Paulista, e
“Samba Roxo” (121176), com Eduardo das Neves.
O
selo Columbia editou uma série entre 1908 e 1912, aparecendo nela
como “samba” a gravação “Michaella”, interpretada por
Bartlet, “Quando A Mulher Não Quer”, com Arthur Castro, e “No
Samba”, gravado por Pepa Delgado e Mário Pinheiro.
A
Favorite Record gravava na Europa para a Casa Faulhaber, do Rio de
Janeiro, entre 1910 e 1913, e em seu catálogo se encontra a gravação
“Samba – Em Casa De Baiana”, com o Conjunto da Casa Faulhaber,
identificada na abertura como “samba de partido-alto”. O disco
tem o título simples de “Samba”, sem indicação de intérprete
ou autoria.
O
selo Phoenix também pertencia à família Figner e gravou de 1914 a
1918 para a Casa Edison, de São Paulo. Os sambas que nele aparecem
são anteriores a 1915, ano da gravação 70.711 (“Flor do
Abacate”), como provam suas numerações: “Samba Do Urubu”
(70.589), com o Grupo do Louro, “Samba Do Pessoal Descarado”
(70.623), com o Grupo dos Descarados, “Vadeia Caboclinha”
(70.691), com o Grupo Tomás de Souza, e “Samba Dos Avacalhados”
(70.693), com o Grupo do Pacheco, Coro e Batuque.
Da mesma maneira
como existem dúvidas quanto à verdadeira autoria de “Pelo
Telefone”, não se pode concluir com inteira certeza qual o
primeiro samba realmente gravado.
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