Por Mouzar Benedito
“Pra uns, as vacas morrem. .. Pra outros até os bois pegam a
parir.” Os caipiras usam muito os ditados para explicar as coisas. E esse é um
dos ditados citados no livro “Palavra de Caipira”.
Mas o livro não se compõe só de ditados (e explicações sobre
eles). Há um pequeno texto sobre o significado da palavra caipira, a origem do
seu “dialeto” e muitas coisas relacionadas à sua cultura. Em alguns momentos há
referências à culinária caipira (você já provou uma canjiquinha com suã?), uns
causos e também um trecho dedicado aos apelidos que se tornam sobrenomes
informais das pessoas.
E neste último quesito, quando um sujeito que se julga acima
da cultura caipira chega a uma pequena cidade e lá as pessoas são chamadas de
Zé da Venda, Tõe Barbeiro, Nego Sapateiro, Zé Pescocinho, Dito Zaroio, Zico da
Vargem e outros apelidos semelhantes, julga que é um caipirismo exclusivo do
interiorzão caipira.
Ledo engano. O livro mostra um pouco disso.
Peguem uns sobrenomes considerados chiques,e verão que nos
seus países de origem, seja a Alemanha, a Rússia, a França, a Inglaterra ou
qualquer outro (inclusive de línguas não europeias), apelidos desse tipo não só
são usuais como se tornaram sobrenomes de verdade, ostentados como grife.
Exemplos?
Schimidt, em alemão é ferreiro, assim como Ferrari em
italiano. Você conhece o João Gordo? Ora… Tolstói em russo, Grassi em italiano
e Maluf em árabe significam isso: gordo.
E sobrenomes franceses? Vou citar só dois aqui: Porchat é
chique, não? Pois significa criador de porcos. E Dubois? É “do bosque”, quer
dizer, pode ser traduzido por caipira, que em tupi significa, entre outras
coisas, morador do mato.
Para finalizar, cito um trecho da orelha de “Palavra de
Caipira”: “Este livro é uma homenagem ao dialeto caipira, sua cultura, aos
modos e às pessoas que o reproduzem geração após geração. Um livro que traz a
marca da simplicidade e do humor de seus autores”.
Por falar em autores, “Palavra de caipira” foi feito a seis
mãos, de três caipiras assumidos, um paulista, um mineiro e um sul
mato-grossense , membros da Sosaci – Sociedade dos Observadores de Saci.
Ditão Virgílio, mora na zona rural de São Luiz do
Paraitinga, é um grande conhecedor da cultura caipira, e a pratica com regularidade.
Escreve cordéis caipiras, com temas relacionados à sua cultura (incluindo seu
imaginário fantástico) e ao meio ambiente.
Ohi e eu temos publicado livros sobre a mitologia
brasileira. Ele atua como ilustrador desde os anos 1970, tendo passado pelas
mais variadas publicações. Eu tenho um pouquinho de conhecimento do tema por
minhas origens (sou o quinto de dez filhos de um roceiro, o primeiro a nascer
na cidade, que não era tão cidade assim: tinha dois mil habitantes) e por ter
estudado Geografia e viajado um bom tanto pelo Brasil.
“Palavra de Caipira”, com 112 páginas, vai ser lançado no
próximo dia 10 de dezembro (segunda-feira), a partir das 19h, no Empanadas Bar
– rua Wisard, 489, Vila Madalena, São Paulo.
O Ohi e eu estaremos lá. Quem mora longe pode adquirir o
livro direto com seus autores, encomendando por e-mail de um de nós dois, ou,
se for passear em São Luiz, comprar direto do Ditão, com direito a ouvir um
pouco de declamação dos seus cordéis.
Meu e-mail: mouzarbenedito@yahoo.com.br
Ohi: ohitine@gmail.com
O livro estará também disponível na editora Limiar – www.editoralimiar.com.br – que por sinal tem
muitos outros livros de minha autoria.
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