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terça-feira, junho 23, 2009

Tributo ao Joy Division no Espaço Cultural Valer


Manchester, Inglaterra, 18 de maio de 1980. Aos 23 anos, um dos maiores poetas do rock - Ian Curtis, vocalista e letrista do Joy Division - desliga a TV. Acabara de assistir Stroszek, filme de seu cineasta predileto, o alemão Werner Herzog. Sobe até o quarto e enforca-se com os lençóis.

Joy Division, ou “Divisão da Alegria”, era o nome reservado à ala das prostitutas nos campos de concentração nazistas. Na avalanche de bandas formadas sob estímulo direto dos Sex Pistols, Joy Division foi um corte incicatrizável.

Começaram, em 77, como uma banda de puro punk, muito parecida (ficou registrada em um pirata) com os Buzzcocks, também de Manchester. O nome, Warsaw - ou Varsóvia -, tirado de um lúgubre instrumental de Low, primeiro LP da trilogia gravada por Bowie em Berlim.

A troca de nome, um ano depois, traz uma profunda metamorfose. O ritmo desacelera, as frases de guitarra adotam uma circularidade claustrofóbica e o baixo sobressai como o instrumento mais melódico. E o quase heavy metal, pesado, mas entorpecido, que está no primeiro LP - Unknown Pleasures (79) -, faz o critico Stephen Grant dizer: “O Joy Division está para o heavy metal como a antimatéria está para a matéria”.

A nova identidade fica completa na voz de Ian - assumindo um tom mais grave, descendente direto de Jim Morrison, em perpétua oscilação entre a descrença e a fé. As letras, então, ampliam para um painel desesperador. Uma obsessão com o passar do tempo, o fim da adolescência e a corrupção de todas suas promessas.

Acrescidas de sintetizadores pelo produtor Martin Hannett, em Closer - o segundo LP, lançado pouco depois do suicídio de Curtis -, estas letras apontam para a solidão e para a morte em tom de celebração religiosa. Hannet chegou a construir uma redoma de gesso no estúdio, para obter a sonoridade de uma capela. E a capa traz uma Paixão de Cristo em estilo gótico.

Com sua morte, Ian Curtis virou instantaneamente objeto de culto, como indicam as dezenas de discos piratas da banda. E o Joy Division, antes adorado apenas por um fanático, mas pequeno séquito, fez a fortuna da Factory, a gravadora independente de Manchester.

O resto da banda segue - acrescido da tecladista Gíllian Gilbert - com o nome de New Order. Exorcizam o fantasma de seu poeta partindo para um melancólico porém dançante pop eletrônico, com o guitarrista Bernard Sumner nos vocais. Mas melhor do que ninguém, sabiam que não poderia haver Joy Division sem a poesia em transe de Ian Curtis.

Em um Lugar Solitário (In a Lonely Place)

Acariciando o mármore e a laje
Amor em especial por alguém
O desperdício na febre que aqueci
Como eu queria que você estivesse
Aqui comigo agora

Corpo que se encolhe e esconde
Arcos que trazem freqüentes delícias
Quente como um cachorro ao redor dos pés
Como eu queria que você estivesse
Aqui comigo agora

O carrasco olha para os lados enquanto espera
Na forca, a corda se estica e então quebra
Um dia nós morreremos em seus sonhos
Como eu queria que estivéssemos
Aqui com você agora

Últimas das últimas letras escritas por Ian Curtis, In a Lonely Place não chegou a ser gravada em sua voz. A canção está no lado B do compacto Ceremony, o primeiro lançamento do New Order.

Pois é para relembrar a trajetória desta banda seminal que os meus brothers Jorge Bandeira (poeta, compositor, historiador, cordelista e vocalista da banda Alma Nômade) e Genecy Silva (poeta, escritor e músico), vão fazer uma espécie de workshop nessa quarta e quinta-feira, no Espaço Cultural Valer (rua Ramos Ferreira, em frente ao Cheik Club). Entrada franca.

PROGRAMAÇÃO DO DIA 24 DE JUNHO (quarta-feira, a partir das 18h30)

I. ABERTURA DA EXPOSIÇÃO “IMAGENS DA JOY DIVISION”

II. MOSTRA DE SLIDES EM POWER POINT E MÚSICAS DA JOY DIVISION: UMA ABORDAGEM POÉTICA, por Jorge Bandeira

III. EXIBIÇÃO DO DOCUMENTÁRIO INÉDITO EM MANAUS “JOY DIVISION”, DE GRANT GEE (Produzido em 2008 - Legendado)

IV. SORTEIO DE DVDS DO FILME “CONTROL”


PROGRAMAÇÃO DO DIA 25 DE JUNHO (quinta-feira, a partir das19h)

I. LANÇAMENTO DO LIVRETO “30 ANOS DE PRAZERES DESCONHECIDOS”, DE GENECY SILVA (Editora Valer)

II. APRESENTAÇÃO MUSICAL DA BANDA “JOY”, EM HOMENAGEM À JOY DIVISION

III. ENCERRAMENTO DA EXPOSIÇÃO, COM DISTRIBUIÇÃO DAS IMAGENS AO PÚBLICO


Quem perder, é mulher de padre!

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