Pesquisar este blog

sexta-feira, março 05, 2010

O Superman da canção


Como se houvesse acabado de descobrir um novo manuscrito do Mar Morto, o engenheiro de sistemas Roberto Souza (aka “Bob Crusp”) dispara pelo telefone:

– Você já prestou atenção na letra “Superman”, da Laurie Anderson? Aquilo foi uma profecia para o 11 de Setembro...

– Porra, Bob, você andou fumando maconha vencida?... – limito-me a indagar.

Ele insiste:

– Aquela parte que diz “você não me conhece, mas eu sei quem você é”, são os muçulmanos questionando a arrogância americana. E quando a voz diz “os aviões estão chegando”, é um prenúncio do holocausto...

– Nesse caso, quem é o Superman? – resolvo avacalhar.

– O Osama Bin Laden, porra! Ele é o juiz, o pai e a mãe dos terroristas! – devolve ele, já ficando puto com o meu ceticismo anarquista. “Ele é a mão que toma, é o Osama que tem os braços petroquímicos, os braços militares, os braços eletrônicos...”

– E aquele papo de mãe?... - insisto.

– Porra, poeta, aquilo é a mãe de todas as batalhas...

Falo pro Bob Crusp que vou prestar atenção na letra com bastante calma e me despeço.

Depois que o Dan Brown inventou a teoria conspiratória universal, todo mundo anda procurando pêlo em casca de ovo.


Que eu ainda lembre, escutei a música pela primeira vez na primeira vez em que entrei na casa da Jane Jatobá, lá no Conjunto Rio Xingu, em meados de 1989.

Eu não curtia a Laurie Anderson. Achava ela tão pretensiosa e vazia quanto os outros filhotes bastardos do Kraftwerk (Devo, Eurythmics, Depeche Mode, Ultravox, Human League, Duran Duran et caterva).

A música “Superman” era a segunda faixa do lado B do LP “Big Science”, de 1982.

A Jane colocou a música pra tocar enquanto fazia um divertidíssimo strip-tease, que quase me levou às lágrimas de tão engraçado.

Ela conseguiu zoar - intencionalmente, claro! - tanto com o Superman quanto com a Kim Bassinger em "Nove semanas e meia de amor".

Nunca mais esqueci da cena nem da letra.

Pra mim, a Laurie Anderson estava falando da supremacia feminina no quesito solidariedade, dando ênfase ao amor materno.

Tipo “se sua vida estiver uma grande merda, você sempre pode contar com os braços abertos de quem lhe colocou no mundo”.

Mãe é mãe, paca é paca...

O resto são cerejas para enfeitar o bolo.

Procurei a música no YouTube e tentei uma tradução aproximada.

Continuo achando que não tem nada a ver com terrorista jogando avião em cima de edifício cheio de gente.

Vocês aí tirem as suas próprias conclusões se o querido Bob Crusp fumou ou não fumou maconha vencida.

E feliz Dia da Mulher!



O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad. O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.

(O Superman. O juiz. A mamãe e o papai. Mamãe e papai. O Superman. O juiz. A mamãe e o papai. Mamãe e papai.)

Hi. I’m not home right now. But if you want to leave a message, just start talking at the sound of the tone.

(Oi. Eu não estou em casa agora. Mas se você quiser deixar uma mensagem, basta começar a falar após ouvir o sinal.)

Hello? This is your Mother. Are you there? Are you coming home?

(Olá? Aqui é a sua mãe. Você está aí? Você já chegou em casa?)

Hello? Is anybody home? Well, you don’t know me, but I know you.

(Olá? Tem alguém em casa? Bem, você não me conhece, mas eu sei quem é você.)

And I’ve got a message to give to you. Here come the planes.

(E eu tenho um recado pra você. Os aviões estão chegando.)

So you better get ready. Ready to go. You can come as you are, but pay as you go. Pay as you go.

(Então é melhor você se preparar. Ficar pronta pra ir. Você pode ir como você está, mas você vai pagar. Pagar pra continuar.)

And I said: OK. Who is this really? And the voice said: This is the hand, the hand that takes. This is the hand, the hand that takes.

(E eu disse: OK. Quem é mesmo? E a voz disse: Esta é a mão, a mão que toma. Esta é a mão, a mão que toma.)

This is the hand, the hand that takes. Here come the planes.

(Esta é a mão, a mão que toma. Os aviões estão chegando.)

They’re American planes. Made in America. Smoking or non-smoking?

(Eles são aviões americanos. Feitos na America. Fumante ou não fumante?)

And the voice said: Neither snow nor rain nor gloom of night shall stay these couriers from the swift completion of their appointed rounds.

(E a voz disse: Nem a neve nem a chuva nem a tristeza da noite deve suspender esses mensageiros por causa da conclusão dos círculos apontados.)

‘Cause when love is gone, there’s always justice. And when justice is gone, there’s always force. And when force is gone, there’s always Mom. Hi Mom!

(Porque quando o amor se vai, há sempre a justiça. E quando a justiça se vai, há sempre a força. E quando a força se vai, há sempre a mamãe. Alô, mamãe!)

So hold me, Mom, in your long arms. So hold me, Mom, in your long arms. In your automatic arms. Your electronic arms. In your arms.

(Então me abrace, mãe, em seus braços longos. Então me abrace, mãe, em seus braços longos. Em seus braços automáticos. Seus braços eletrônicos. Em seus braços.)

So hold me, Mom, in your long arms. Your petrochemical arms. Your military arms. In your electronic arms.

(Então me abrace, mãe, em seus braços longos. Seus braços petroquímicos. Seus braços militares. Em seus braços eletrônicos.)

Um comentário:

Unknown disse...

É estranho...não leio mais notícias novas! O que está acontecendo com o poeta? Será que perdeu o gosto pela escrita ou ganhou na Mega Sena e não quer mais saber de nada...só de curtir???