José Dirceu de Oliveira e Silva, 66 anos, deverá se tornar
nesta terça-feira o 23º condenado no processo do mensalão no Supremo Tribunal
Federal (STF).
A acusação de corrupção ativa deverá ser aceita com larga
vantagem pelos ministros da corte.
É um ponto decisivo em uma trajetória repleta de
reviravoltas.
Mas o petista, acusado de comandar uma quadrilha, não pode culpar
ninguém senão a si mesmo.
O que o Supremo tem confirmado é que Dirceu comandou a
montagem e a operação do mais ousado esquema de corrupção já descoberto no
país; o que o STF está a julgar não é um esquema comum de desvio de recursos: é
uma gravíssima tentativa de destruir a independência do Congresso Nacional por
meio de pagamento de propina.
O mais provável é José Dirceu seja condenado por 8 votos a
2, o que torna a derrota política do petista ainda mais inquestionável.
É pouco provável que ele cumpra regime fechado de detenção
(a pena para o crime de corrupção, mesmo somada a uma eventual condenação por
formação de quadrilha, não é das mais altas).
A mancha na carreira do petista, entretanto, será
irreversível: Dirceu será, para sempre, o chefe do mensalão.
Até agora, os ministros Joaquim Barbosa, Rosa Weber e Luiz
Fux já votaram pela condenação.
Ricardo Lewandowski optou pela corrente contrária.
O placar é o mesmo para José Genoino, presidente do PT na
época do escândalo.
Confirmada a condenação, Dirceu precisará de mais coragem
para negar a existência do mensalão e se dizer vítima de perseguidores
políticos.
A cada vez que alegar inocência, vai ter de explicar porque
a maioria da mais alta corte do país o considerou culpado de montar o mais
ousado esquema de corrupção já descoberto no país.
A crise de 2005, que derrubou o então ministro mais poderoso
de Lula, mudou os rumos da República.
Não é muito supor que, não fosse o escândalo do mensalão,
Dirceu teria sido escolhido para disputar a Presidência a República em 2010.
A sucessora dele na Casa Civil, aliás, foi exatamente Dilma
Rousseff. Dali, a petista saltou para a cadeira presidencial.
Há sete anos longe dos cargos públicos, José Dirceu ainda
sonhava obter uma espécie de anistia da sua cassação na Câmara dos Deputados
para retomar a carreira política.
Com a condenação, ficará permanentemente banido de atuar às
claras - embora tenha aprendido a usar sua influência fora dos holofotes.
O STF já comprovou o esquema de compra de apoio político de
deputados de quatro partidos.
O esquema foi montado pelo PT.
Absolver Dirceu e Genoino, como fez o ministro Ricardo
Lewandowski, seria optar pela tese sem sentido de que o então tesoureiro
Delúbio Soares montou e coordenou o engenhoso esquema que repassou ao menos 55
milhões de reais para representantes de PP, PTB, PMDB e PL (atual PR).
A sessão que definirá o futuro de Dirceu está marcada para
as 14h.
O ministro Dias Toffoli será o primeiro a votar.
Depois, falarão Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Marco Aurélio
Mello, Celso de Mello e Ayres Britto.
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