Setembro de 2002. O comerciante Selmo Nogueira (aka “Caxuxa”)
estava tomando uma cervejinha no Bar da Lindalva, ali na Cachoeirinha, quando
encontrou casualmente uma velha conhecida, a comerciária Kátia Expedita, que ia
passando pela frente do bar acompanhada de seu filho de oito anos.
Os dois
conversaram rapidamente.
Kátia estava vindo da casa de uma amiga do bairro e se
dirigia para a parada do ônibus para voltar à sua residência.
Cavalheiro como sempre, Caxuxa prontificou-se a dar uma
carona à amiga, moradora do Japiim.
Mãe e filho aboletaram-se na velha Kombi do
comerciante e ele foi cumprir sua missão.
Era um início da noite de sábado.
Caxuxa deixou sua amiga e o filho na residência e, quando se preparava para
voltar para o Bar da Lindalva, percebeu uma louraça belzebu de corpo
monumental, parada no canto da rua, nas proximidades da Feira Coberta do Japiim,
como se também estivesse esperando um ônibus.
Cavalheiro como sempre, Caxuxa parou a Kombi ao lado da
garota e disparou:
– Ôi, minha filha, você está indo pra onde?...
A louraça se aproximou da janela do comerciante:
– Eu vou pra onde você me levar, meu rei...
– Então, entra aí... – avisou Caxuxa, enquanto,
discretamente, engolia uma drágea de Cialis.
A garota aboletou-se ao lado do comerciante e foi logo lhe
enfiando um beijo de língua.
– Não se preocupe que nós vamos fazer um amor bem gostoso,
meu rei... – ronronou a garota no ouvido do comerciante.
Caxuxa percebeu que havia acabado de ganhar a mega sena
acumulada porque aquela garota era mesmo um mulherão.
Por sugestão da louraça belzebu, o comerciante resolveu
rebocar sua presa para a Pousada do Alemão, localizada em frente ao Makro
Atacadista, ali na rua Rodrigo Otávio (antiga Estrada do Contorno), que costuma
cobrar R$ 10 por duas horas de tatame.
Assim que chegou à pousada, Caxuxa deu uma nota de R$ 100
para a recepcionista da espelunca, uma morena estrábica e bem mirradinha.
A
zarolhinha falou que não tinha troco.
O comerciante não deu a mínima.
Disse que
pegava o troco depois que saísse.
Os dois pombinhos se dirigiram ao quarto.
Enquanto a louraça assistia
um filme pornô na televisão, Caxuxa foi tomar banho – na verdade, ele queria
ganhar tempo para o Cialis fazer efeito.
Uma hora depois, ele saiu do banheiro.
A louraça belzebu
estava vestindo um provocante baby doll vermelho.
O comerciante estrilou:
– Ô, minha filha, pensei que você já estivesse peladona... Tira
essa roupa e vem matar o velho, vem...
A garota riu discretamente, mas não disse nada.
Caxuxa se deitou na cama e a louraça belzebu, com uma
técnica invejável, começou a fazer um trabalho de sopro básico.
Apesar de estar gostando muito do boquete, o comerciante insistiu:
– Ô, minha filha, não foi pra isso que nós viemos aqui...
Tira essa roupa que eu quero me acabar nesse seu corpinho sarado... Vem matar o velho, vem...
A garota se levantou da cama, tirou o baby doll e apresentou
suas armas.
Caxuxa quase teve um troço.
A louraça belzebu tinha um mastruço do tamanho do dele.
– Puta que pariu, vagabunda, eu não sabia que você era um
traveco... Vou te capar agora mesmo e encher tua cara de chumbo...
Dito isso, ele pulou da cama e correu para o banheiro para
apanhar seu Colt 45 com cabo de madrepérola.
O traveco recolheu suas roupas e saiu do quarto cantando
pneu.
Só de cueca e revólver na mão, Caxuxa foi se queixar da
fraude na portaria da pousada, desconfiado de que o traveco havia armado aquela
parada em conluio com os proprietários do local.
Pacientemente, a zarolinha explicou que o traveco havia
levado o troco e que não podia fazer nada porque era norma da pousada não
exigir documentos dos clientes.
– Eu não sei porque o senhor está tão irritado... Todos os clientes da Laurie Anderson saem daqui satisfeitos e elogiando seus dotes... Vocês dois passaram mais de uma hora no quarto... O senhor não gostou não?...
Caxuxa ficou possesso.
Caraco, a zarolhinha achava que ele gostava da fruta?...
Aquilo não podia ficar assim.
Caxuxa voltou ao quarto, pegou seu celular, ligou para a Polícia Militar
explicando que havia sido assaltado e deu o endereço da espelunca.
Cinco minutos depois, dois carros da Rocam entraram no estacionamento
da pousada, de sirenes ligadas, fazendo o maior salseiro da paróquia.
Ouvindo aquilo, os demais clientes da pousada meteram o pé
na carreira, se embrenhando em um matagal próximo e deixando a pousada
praticamente às moscas.
Mais perdida do que cego em tiroteio, uma adolescente de 14
anos, que estava fazendo sexo anal e cheirando cocaína no quarto ao lado do Caxuxa,
resolveu se esconder dos meganhas e entrou no único quarto que estava com a
porta aberta: o do comerciante.
Na portaria, Caxuxa estava contando seu drama para a tenente
Rosa Augusta, que comandava a operação policial, quando surgiram dois meganhas
trazendo a adolescente encontrada em seu quarto e as roupas do comerciante.
Envolta em uma toalha de banho, a adolescente foi sincera:
– Eu não conheço esse homem, não! Eu estava dando a bundinha pro meu
namorado, o Airton Pezão, mas ele me colocou pra fora do quarto, trancou a
porta e saiu correndo assim que escutou a sirene da polícia. Aí, eu entrei no
quarto ao lado...
A tenente Rosa Augusta, que já havia confiscado o revólver
do comerciante, não deu a mínima.
– Portando arma sem registro, praticando sexo com
adolescente e ainda por cima bastante alterado, com indícios de ter usado
substâncias tóxicas a noite inteira... O senhor está bem encrencado, seu Selmo
Nogueira...
Caxuxa já estava a ponto de chorar.
Ele contou seu drama
pela milésima vez.
A tenente estava irredutível.
– Essas meninas sempre inventam novas histórias para livrar
a cara dos marmanjos, mas dessa vez não vai colar... O senhor vai direto pra cadeia
pública, seu Selmo Nogueira, pra aprender a não fazer indecências com menores
de idade...
Caxuxa começou a vestir sua roupa vagarosamente, para depois
ser algemado e entrar no camburão, quando, dali a cinco minutos, dois meganhas
surgiram na portaria da pousada trazendo o travesti que havia iniciado a
confusão.
– Esse cafajeste está me devendo R$ 200 do programa! –
berrava o traveco, apontando para o Caxuxa. “Quando a gente entrou no quarto,
ele disse ‘Vem, mata o velho, mata!’, aí, quando fiquei pelada para satisfazer seus
instintos bestiais, ele armou esse barraco todo, dizendo que ia me matar...”
Fazendo força para não rir, a tenente Rosa Augusta obrigou o
travesti a devolver o troco do comerciante.
Aí, depois de conversar longamente com a adolescente, se
convenceu de que ela estava falando a verdade e que Caxuxa não tinha nada com o
peixe.
A menor foi embarcada em um carro da polícia, que partiu em busca da localização de
seus responsáveis.
Já era quase meia-noite quando a tenente resolveu liberar o
comerciante e dar os trâmites por findos.
– Seu Selmo Nogueira, nós só vamos lhe liberar porque o nosso
papel constitucional é garantir a segurança de todo e qualquer cidadão, mas,
principalmente, de pessoas incapazes, como crianças, adolescentes e anciãos! –
avisou. “Mas na próxima vez em que quiser se divertir, escolha direito a sua
parceira para não levar gato por lebre. O senhor não tem mais idade para pagar
esses micos. De qualquer forma, a sua arma vai ser confiscada para evitar que
da próxima vez ocorra uma tragédia.”
Caxuxa ficou tão agradecido que só faltou beijar a mão dos
policiais.
Dirigindo para casa em silêncio, contabilizando perdas e
danos, Caxuxa tomou uma decisão radical: nunca mais dar carona pra Kátia
Expedida.
Vem cumprindo a promessa até hoje.
Um comentário:
kkkkkk....ri do começo ao fim....muito maluca a historia...rs
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