No ano passado, neste mesmo dia 15 de novembro, meu brother
Bosco Saraiva publicou um artigo no jornal Diário do Amazonas, intitulado “O
Recolhedor de Feridos”, que me pareceu profético.
Em poucas palavras, Bosco Saraiva fez uma rápida análise da
carreira política de Artur Neto e, com uma precisão cirúrgica, deixou claro que
o povo aguardava seu retorno triunfal para muito breve.
Acertou na mosca.
Pela importância histórica do texto, vale
a pena ler de novo. Curtam.
Ah, e antes que eu me esqueça: feliz aniversário, prefeito
Artur Neto! (Simão Pessoa)
O Recolhedor de Feridos – por Bosco Saraiva
Conheci Arthur Neto em 1978, lá no Morro da Liberdade,
fazendo campanha para Deputado Federal pelo MDB.
Ele era um jovem advogado
e eu um garoto.
Saímos pelas ruas colando cartazes e fazendo campanha ainda
em tempos de ditadura militar.
Arthur, ao final do pleito, tornou-se primeiro suplente e
construímos uma sólida amizade que dura até hoje.
Em 1982, Arthur elegeu-se Deputado Federal e fez um belo
mandato.
Depois Arthur foi Prefeito de Manaus, Deputado Federal
novamente, Líder do Governo Fernando Henrique, Ministro de Estado e,
reconhecidamente, o melhor senador de seu tempo.
Arthur é amado por sua família, venerado pelos seus
verdadeiros amigos e admirado por todos.
Os aliados o respeitam e os adversários o temem.
Nós, seus amigos, que temos o prazer de gozar de sua
convivência, conhecemos bem esse flamenguista fanático, contador de casos
vividos mundo a fora, sempre altivo conselheiro e terno recolhedor de feridos.
Arthur é bondoso, sincero e culto.
Sobra-lhe o otimismo e a crença de que todo homem pode se
modificar para melhor e isso, talvez, seja seu único defeito.
Arthur, sempre, dá uma última chance a seus adversários,
mesmo os mais ferrenhos, na esperança de vê-los recuperados.
Arthur por diversas vezes recolheu a espada quando o momento
era de finalizar o oponente.
Ele pensou no Amazonas, pensou no Brasil.
Diferente de muitos, Arthur é o tipo de General que não
deixa seus feridos pelo campo de luta.
Atento, sempre volta e recolhe os seus companheiros.
Lambe suas feridas, espera sarar as chagas e os devolve à
vida, sãos e salvos.
Arthur encarna a bravura do rei da Grã-Bretanha que,
sozinho, eliminou 960 homens em uma única batalha defendendo seu país, e a
ternura de Virgilio, o maior poeta romano e um dos maiores expoentes da
literatura latina.
A não reeleição de Arthur para o senado em 2010 abriu um buraco
no peito dos amazonenses e dói até hoje.
A sua Manaus deu-lhe a vitória, mas distantes rincões
cederam ao poder desmedido que desejava o guerreiro longe do parlamento.
Arthur fez-se Virgilio e seguiu para a diplomacia em
Portugal.
Arthur, diariamente, olha o Tejo, mas seu povo o quer
deitando os olhos sobre o rio Negro.
Arthur saboreia o conforto de Lisboa, mas seu coração
reclama o calor da floresta amazônica.
Enquanto isso o povo manauara murmura pelas esquinas seu
retorno triunfal em breve.
Salve Arthur Virgilio Neto.
Feliz aniversário, querido amigo.
Vida longa ao mais nobre recolhedor de feridos da história
do Amazonas!
Um comentário:
Simão, pra vc que gosta de poesia, olha essa que saiu na veja. Muito boa. http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/feira-livre/minha-cela-minha-vida-do-trovador-gaucho-almir-longo/
Abraços, Delcimar.
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