Janeiro de 1987. Um
cearense abusado estava fazendo a feira na mesa de sinuca no Bar do Aristides,
deixando os jogadores locais à beira de um ataque de nervos.
Ele já havia derrotado
Nei Parada Dura, Baixinho, Lúcio Preto, Frank Cavalcante, Odivaldo Guerra, Petrobinha,
Mestre Louro, Chico Cavalinho, Nonato Índio, Edward Favela, Nego Walter, Luiz
Lobão, Jones Cunha, Chico Porrada e estava com os bolsos cheios de grana ainda
recendendo a leite de pato.
De repente, como quem
não quer nada, Marco Aurélio se aproximou da mesa e ficou observando as firulas
do jogador, que tanto detonava seus adversários como também tripudiava.
– Você não é cabra de
enfrentar um homem como eu, seu baitinga. Vai amunhecar e é ligeiro! – dizia o
cearense abusado, enquanto metia bolas de trivela, de puxeta, em diagonal, de
tabela e casadinha.
Frank Cavalcante
entregou um taco de sinuca a Marco Aurélio e anunciou:
– Pois agora eu vou
apostar no taco do meu amigo e quero dobrar a aposta.
O cearense olhou para
Marco Aurélio, fez uma cara de muxoxo, arriou seu taco em cima da mesa e
explicou:
– Rapaz, o negócio aí
é a maior brabeira... Com esse eu não jogo não... Ele já deu porrada até no
Carne Frita...
– Eu não quero nem
saber disso! – devolveu Frankinho. “Eu quero ver você tinir com o meu amigo!
Mostre que é homem e tina a parada, seu baitola!”
– E se não tinir, vai
ter que devolver todo o dinheiro que ganhou da rapaziada ou levar muita
porrada! – advertiu Nei Parada Dura.
– Esse aí é o Louro do
Pezão, porra. Com ele, eu não tino não! – avisou o cearense. “E taqui essa apostema
de vocês, bando de mequetrefes...”
Dito isso, ele meteu as
mãos nos bolsos, tirou toda a grana apurada e jogou as cédulas amarfalhadas em
cima da mesa de sinuca.
Antes de ir embora,
ele se virou para Marco Aurélio e avisou:
– Tu vai humilhar o
caralho, mas não eu, Louro do Pezão! Tu vai humilhar o caralho!
Aí, foi embora do
boteco sem um puto no bolso, mas com a autoestima ainda intacta.
O Louro do Pezão era
foda!
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