Por Victor Irajá
Edson Arantes do Nascimento usa a terceira pessoa para
referir-se a si próprio não por soberba, mas por humildade: ele sabe que merece
ser tratada com reverência a incomparável entidade que habita seu corpo há mais
de 60 anos.
“O Pelé fez isso, o Pelé faria aquilo”, conjuga a terceira
pessoa do singular esse mineiro de Três Corações escalado pelos deuses dos
estádios para transformar-se no abrigo humano do maior gênio da bola de todos
os tempos.
Como todos os que viram o Atleta do Século jogar, Edson tem
consciência de que Pelé não é coisa deste mundo. Tanto assim que, longe dos
gramados desde 1977, continua instalado no trono do Rei do Futebol ─ e nele
permanecerá por toda a eternidade.
Faz muito tempo que Luiz Inácio da Silva botou na cabeça que
o maior dos governantes desde Tomé de Souza incorporou uma entidade do tamanho de
Pelé. Não pode, portanto, caber num mofino “eu”.
Depois da entrevista em que o marqueteiro João Santana
anunciou que o PT tinha “um Pelé no banco”, pronto para entrar em campo tão
logo terminasse o segundo mandato de Dilma Rousseff, o ex-presidente decidiu
que Lula está para Luiz Inácio da Silva como Pelé para Edson Arantes do
Nascimento.
É uma singularíssima sumidade que, disfarçada de
pernambucano de Garanhuns, foi enviada pela Divina Providência para que o país
do Rei do Futebol fosse também o berço do Monarca da Política.
Neste domingo, o velho farsante reprisou o repulsivo
espetáculo do cinismo: “Nunca antes neste país alguém foi tão perseguido quanto
o Lula. Mas o Lula está acostumado com isso. Podem fazer de tudo que o Lula
resiste. Estão investigando todo santo dia e não apareceu nenhuma prova contra
o Lula”.
Deu azar. Nesta terça-feira, num depoimento em Curitiba,
Marcelo Odebrecht depositou no colo do Amigo 13 milhões de provas ─ em dinheiro
vivo. É só o começo da tempestade de pixulecos que vai desabar sobre a cabeça
baldia do delinquente que ousa comparar-se a Pelé.
Não há semelhanças entre o eterno Rei do Futebol e o
reizinho corrupto destronado por excesso de safadeza, cupidez e cafajestagem.
Fora o resto.
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