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terça-feira, agosto 04, 2009

Revista de Revistas


Por Alex Cojorian

Revista de revistas: como pode ser isso? Pergunte ao poeta paco cac que ele ensina. Atualmente candango, egresso do Rio de Janeiro, onde esteve atuando como poeta longamente, até se mudar pra Brasília, pra onde trouxe, felizmente, o seu infinitamente itinerante Curto-Circuito de Poesia, que sempre acontece em algum lugar, às vezes com tema, outras vezes com muita gente misturada, agregando, fazendo, marcando presença e demarcando o espaço poético.

paco cac – originalmente Paulo Cezar Alves Custódio –, além do fazer poético – desde 77 tem um bocado de livros na bagagem, os últimos Pulso (2003) e Cadê vc palavra? (2005), já na safra brasiliense – esteve sempre atento aos meios de propagação da literatura. Não se assuste se você resolver fazer uma visitinha ao poeta: ele tem aquele quartinho dos fundos abarrotado de preciosidades. Enquanto a gente estava brincando com a palavra, o cara esteve atento à memória da palavra!

O resultado disso é o Volume 1 da Revistas literárias brasileiras 1970-2005. Publicado em 2006 (Brasília, ed. do autor, 500 ex.) com apoio da Secretaria de Cultura do DF, a RLB chega com 120 títulos registrados, a escolha de época partindo do critério da ratificação da censura prévia a periódicos até a ultra atualidade. Tem tudo! Navilouca, Código, O Feto, Gandaia, Anima, Bric-a-Brac, Garatuja, CEP 20.000, Et Cetera, Azougue, A Cigarra, Inimigo Rumor, Gárgula, Calibã, Nanico, Poesia Sempre, até as encontráveis em bancas, como a Cult, a Vozes, a Tempo Brasileiro, e outras tantas, pouco conhecidas, mas com o mesmo espírito contagiante.

Estão catalogadas ao máximo possível: sempre presente a fotinha da capa, em P&B, nem sempre periodicidade certa, número de páginas, tiragem, impressão regular, mas elas existem! E são a melhor prova de que a vida e a palavra passam e continuam fluindo por ali. Tem até bibliografia, e, para mim, a surpresa gratíssima: ali achei o Catálogo de Imprensa Alternativa publicado pela Casa do Incesto Produções – que ajudei a fundar e a afundar –, quando da exposição na Funarte, em 89, aqui no DF, em que a gente quase ficou doido tentando classificar os fanzines, revistas e outras publicações fragmentárias, apocalípticas e demolidoras. O CIA deve ter mesmo seu valor, porque, anos atrás, no Recife, Paulo Bruscki também me mostrou o seu exemplar, guardado com grande apego, sem saber que eu próprio o tinha cometido, junto com Gustavo e Carol e Daniel...

Mas o grande memorialista das revistas é o paco cac, que garimpou até o comentário certeiro do Leminski: “Consolem-se os candidatos. Os maiores poetas (escritos) dos anos 70 não são gente. São revistas. [...] onde a melhor poesia dos anos 70 se acotovelou em apinhados ônibus com direção ao Parnaso, à Vida, ao Sucesso ou ao Nada.” (Folha de SP, 16/05/82, folhetim 278, p.3)

Importante também reproduzir a chamada do autor: “As revistas que constam neste livro fazem parte do arquivo do autor. Os interessado em conhecer o arquivo poderão escrever para SQN 316 bloco B ap. 305 Brasília/Df CEP 70.775-020 pacocac@terra.com.br e paulo.custodio@terra.com.br.”

Que venha o Volume 2!

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