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sexta-feira, março 29, 2013

10 países onde as mulheres são tratadas como lixo


A Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que nenhum ser humano deve sofrer tratamento degradante, cruel ou desumano. São belas palavras, mas que infelizmente, não encontram solo fértil nos corações, principalmente em relação às mulheres.

Em todo o mundo, atitudes ultrapassadas e dogmas religiosos relativos à saúde sexual e reprodutiva das mulheres faz com que um enorme percentual da população feminina viva em perpétua discriminação.

Em muitos casos, guerras, desastres naturais e crises econômicas, acabam desviando a atenção internacional do sofrimento dessas mulheres.

Os acontecimentos recentes, no entanto, aumentaram a conscientização.

Os levantes da Primavera Árabe destacaram os direitos das mulheres em países como Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen.

As ucranianas começaram a mostrar os seios em protestos bem-humorados por toda a Europa.


E, recentemente, em dezembro de 2012, o mundo ficou chocado quando uma mulher de 23 anos foi brutalmente estuprada e torturada em um ônibus em Nova Deli, Índia, morrendo em consequência dos ferimentos.

Sendo submetidas a esse tipo de abuso, os traumas psicológicos graves são inevitáveis. Estudos indicam que uma em cada três mulheres sofre de problemas de saúde mental.

Mas, mesmo assim, de forma alarmante, atitudes arraigadas e a discriminação fazem as mulheres de algumas culturas sofrerem em silêncio, sem nunca procurarem ajuda.

Leia a seguir, uma matéria sobre os 10 piores países do mundo para as mulheres.

Nepal


Cinco anos após uma guerra civil de uma década, as mulheres do Nepal ocupam 33% das cadeiras parlamentares. Sem dúvida, um progresso notável.

Não obstante, a liberdade das mulheres em todo o país continua pequena.

Apesar do sucesso, as mulheres políticas acreditam que o país ainda está profundamente enraizado em atitudes patriarcais.

As estatísticas da recente guerra apontam a perda de 15 mil vidas.

Dentro desse mesmo período, 22 mil mulheres morreram durante o parto.

No Nepal, o casamento precoce é comum e é geralmente caracterizado por gravidezes seguidas para assegurar um elevado número de crianças do sexo masculino, enquanto que as filhas indesejadas são por vezes vítimas de tráfico humano.

A discriminação de gênero é vigente, as mulheres não têm acesso à educação e há altos níveis de violência doméstica.

Arábia Saudita


Há pedidos de reforma no Reino da Arábia Saudita já por um longo tempo, especialmente quando se trata dos direitos das mulheres.

Em 2009, o Fórum Econômico Mundial classificou a Arábia Saudita como um dos piores países quando se trata da igualdade de gêneros.

Essa situação fica clara no mercado de trabalho: as mulheres ocupam uma excelente proporção de vagas nas universidades (algo em torno de 70%), entretanto, as atitudes sociais restringem a cinco por cento a participação delas na força de trabalho.

Tradicionalmente, a Arábia Saudita é uma sociedade patriarcal onde a honra masculina e a separação de homens e mulheres são princípios centrais.

Mulheres de todas as idades são obrigadas a ter responsáveis masculinos e as casas tem entradas separadas para homens e mulheres.

Além disso, regras discriminatórias continuam a ser introduzidas nas últimas décadas, por exemplo, embora uma mulher possa ser autorizada a pilotar um avião, uma lei de 1990 proíbe as mulheres de irem sozinhas aos aeroportos.

Dito isto, há alguns sinais encorajadores de que a Arábia Saudita se esforça para apresentar uma imagem melhor para o Ocidente.

Em 2012, Sarah Attar e Wojdan Shaherkani fizeram história como o primeiras sauditas a competir nos Jogos Olímpicos.

E uma nova lei aprovada em 2012 decretou que as mulheres poderão votar sem a permissão dos homens em 2015.

Paquistão


Poucos meses depois do ataque a Malala Yousafzai em 9 de outubro de 2012, dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo assinaram uma petição pedindo que ela fosse indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

O Taliban tentou matar a estudante de 15 anos de idade porque ela lutava pela educação feminina no Paquistão.

Tratada na Grã-Bretanha, ela foi descrita pelo ministro do Interior do Paquistão como um “símbolo de coragem e determinação.”

Só em 2008, o Talibã destruiu mais de 150 escolas para coibir a educação feminina.

O Paquistão é polarizado quando se trata de direitos das mulheres.

E, em um país de subordinação de gênero sistêmica, o ataque a Malala Yousafzai revela apenas um aspecto do problema.

Por quê? Porque no Paquistão, crimes de honra, casamentos forçados, tráfico de mulheres, estupros e ataques com ácido são perturbadoramente comuns.

Além do mais, não é só violência física: um estudo das Nações Unidas concluiu que 90% das mulheres paquistanesas são verbalmente e mentalmente abusadas por homens em suas próprias famílias.

Este tipo de tratamento pode corroer a confiança e a saúde mental das mulheres, levando-as ao abuso de drogas, depressão e suicídio.

Afeganistão


Com o Afeganistão mergulhado em conflito, fica claro que as diferenças tribais, étnicas e religiosas que têm assolado o país ainda estão presentes.

O impacto do conflito prolongado na saúde mental da população é significativo.

Depressão, transtorno de estresse pós-traumático e transtornos de ansiedade são comuns, famílias e comunidades foram devastadas.

Nesse cenário, são as mulheres que continuam a sofrer mais.

Após a repressão sob o domínio dos mujahideen e dos talibãs, as taxas de alfabetização entre as mulheres afegãs só recentemente subiram acima de 15 por cento.

Como no vizinho Paquistão, o Taliban ataca escolas para continuar sua campanha contra a educação feminina.

Casamentos arranjados são comuns, e uma forte sociedade patriarcal ainda permite que um homem se divorcie de sua esposa deixando-a na mais completa miséria.

Somente depois da queda do talibã, as mulheres afegãs conseguiram ter o direito de ingressar no mercado de trabalho.

A nova democracia tem procurado acelerar as mudanças na condição da mulher.

No entanto, em um país onde as taxas de mortalidade feminina estão entre as piores do mundo e onde a média de vida da mulher é de apenas 44 anos, muitas mudanças ainda precisam ser feitas.

China


Os direitos humanos na China têm sido foco do interesse internacional, mas nos últimos anos, mais atenção tem sido dada à corrente dos direitos das mulheres.

Quatro décadas da política governamental do filho único, tiveram um enorme efeito sobre a estabilidade de gênero no país: estima-se que 40 milhões de homens chineses não têm uma parceira.

As consequências também podem ser terríveis para um dos vizinhos mais pobres da China.

O apoio do Estado para as famílias na Coréia do Norte foi reduzido a praticamente nada.

Em uma tentativa desesperada de ganhar dinheiro, algumas mulheres norte-coreanas tentam atravessar a fronteira com a China, mas, mesmo para aquelas que não são capturadas, a China ainda pode ser um lugar perigoso.

Das milhares de mulheres norte-coreanas que entram no país, pensa-se que 90% são traficadas como parte do mercado de noivas, algumas sendo vendidas a múltiplos maridos.

As norte-coreanas que fugiram, relatam que foram tratadas como gado.

E, claro, porque são pessoas refugiadas, há pouco apoio oficial para lidar com este problema crescente.

Mali


No Mali, a situação das mulheres continua a ser uma preocupação.

Discriminação e violência são comuns, e estima-se que a mutilação genital feminina tenha sido realizada em 95% das mulheres adultas do Mali.

Relatórios recentes sugerem que extremistas islâmicos no país começaram a compilar listas de mães solteiras, o que aumentou as preocupações em torno de castigos bárbaros como amputações, apedrejamentos e execuções.

Em novembro de 2012, secretário-geral adjunto da ONU, Jan Eliasson, manifestou preocupação com a situação das mulheres no Mali, afirmando que apesar de serem as primeiras vítimas de uma crise política e humanitária, as mulheres permanecem excluídas dos diversos órgãos que buscam uma solução.

Iraque


O Iraque é um país devastado pelo sectarismo.

E, apesar da deposição de Saddam Hussein, em quase uma década de transição, o país ainda se encontra dividido, com as mulheres muitas vezes arcando com o ônus.

Uma pesquisa descobriu que 19% das mulheres iraquianas sofrem de transtornos mentais, como resultado dos conflitos do país.

Além disso, o tratamento e as instalações médicas são escassos, levando as mulheres doentes a se isolarem em casa.

Ainda mais preocupante: desde a queda de Saddam Hussein, a liberdade das mulheres se deteriorou.

Enquanto 2003 viu a criação de ONGs, como a Organização da Liberdade das Mulheres no Iraque, o novo governo introduziu a lei Sharia em 2004, uma das muitas leis recentes com impacto negativo na vida das mulheres iraquianas.


A Organização da Liberdade das Mulheres no Iraque tem procurado desempenhar um papel fundamental na proteção e promoção da liberdade das iraquianas, chamando a atenção para o aumento no número de estupros, sequestros e ataques contra as mulheres bem como o ressurgimento dos crimes de honra.

Mas a religião e o sectarismo continuam a ser fatores chave que afetam as lutas femininas no Iraque. E os sinais são evidentes nas ruas do país.

Talvez o mais óbvio, seja o que desde 2003, com a pressão dos islâmicos, o número de mulheres que usam véus aumentou.

Em uma entrevista a BBC, a médica Lubna Naji disse: “As mulheres costumavam se comportar de uma maneira mais liberal sob o regime de Saddam. E eu odeio dizer isso, porque eu odeio Saddam, mas as mulheres eram mais livres sob o governo de Saddam.”

Índia


A Índia é frequentemente citada como uma das economias que mais crescem no mundo.

No entanto, os acontecimentos recentes têm atraído a atenção do público para um problema diferente: a situação das mulheres na maior democracia do mundo.

A notícia do brutal ataque a um ônibus em dezembro de 2012, em Nova Deli, que deixou uma estudante de 23 anos, morta, abalou o mundo e provocou protestos em massa na cidade, onde uma mulher é estuprada a cada 14 horas.

Enquanto as autoridades procuram agir rapidamente em resposta aos protestos, as mulheres indianas acreditam que uma mudança cultural profunda é necessária para resolver esse antigo problema.

Uma pesquisa de 2012, feita pela Reuters Thompson Foundation, constatou que a discriminação contra as mulheres é pior na Índia do que em qualquer outra nação do G20.

A situação é particularmente grave nas planícies do norte do país, onde a mentalidade profundamente enraizada reforça a suposta inferioridade das mulheres.

A violência doméstica na Índia também é endêmica.

O bem-estar psicológico das mulheres indianas é uma grande preocupação, especialmente quando atitudes culturais tornam difícil que elas procurem ajuda.

Somália


Em novembro de 2012, Yusuf Fauzia Haji Adan tornou-se ministra da Somália.

A Somália é descrita como um dos piores países do mundo para se nascer mulher, por esta razão, a nomeação de Yusuf é um avanço, pequeno, mas não sem importância.

“É uma nova página para a situação política do nosso país”, disse ela.

E quando se trata dos direitos das mulheres, a Somália está desesperadamente precisando de uma nova página.

Em 2011, a Thomson Reuters Foundation denunciou que o acesso à educação para as mulheres era raro, enquanto que a violência doméstica contra elas era comum.

Além disso, o estudo constatou que 95% das meninas somalis sofreram mutilação genital.

As áreas controladas pelos militantes islâmicos da Al-Shabaab são particularmente ruins.

A fome tem forçado um número crescente de famílias migrarem para a capital, Mogadíscio, para depois viverem em campos de refugiados onde o estupro nas mãos de bandidos armados é uma ocorrência comum.

Apesar disto, o apoio internacional se concentra apenas no fornecimento de alimentos e no cessar fogo.

Somando-se a tudo isso, existe o fato de a saúde mental debilitada ser um tabu entre os somalis, sendo os doentes vistos como fracos e uma vergonha para a família.

República Democrática do Congo


A República Democrática do Congo é apelidada de “capital mundial do estupro”.

Um relatório da ONU indicou que, em 2009, mais de 8 mil mulheres foram estupradas no país.

E quase 10 anos depois da Segunda Guerra do Congo, a violência continua a ser uma ocorrência diária, com o estupro ainda sendo efetivamente utilizado como arma de guerra.

Os efeitos do estupro na saúde mental de uma mulher são terríveis. A maioria tem medo de contar suas histórias, preocupadas com a vergonha de suas famílias.

Os cuidados com saúde mental das mulheres violentadas na República Democrática do Congo são vistos como uma prioridade baixa pelo governo, as instalações médicas são poucas e distantes entre si.

A ONU tentou ajudar fornecendo escoltas para as mulheres, mas a situação continua terrível.

As mulheres do país dizem que são tratadas como cidadãs de segunda classe.

A elas são dadas poucas oportunidades de entrar na política e são muitas vezes sujeitas a casamentos forçados ainda adolescentes, o que limita as opções educacionais.

Embora algumas das ONGs do Congo tenham feito melhorias e ampliado as oportunidades educacionais para as mulheres, outras organizações tem destacado o fato de que a polícia e as autoridades locais são muitas vezes as mais culpadas quando se trata de fazer cumprir casamentos arranjados.

Hillary Clinton certa vez descreveu a violência sexual no Congo como “a humanidade no seu pior estágio de degradação moral.”

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