Companheiro inseparável de todas as horas, o nosso cerzidinho tem sido ultrajado desde que o homem é homem e o boiola é boiola.
Não há no mundo quem não esteja disposto a meter o pau nele a todo momento.
Por toda parte, querem cutucá-lo com vara curta e também, o que é pior, com vara longa e grossa.
Ele é, acima de tudo, ou melhor, abaixo de tudo, um injustiçado.
Pergunta-se: por que será que não o deixam em paz, por que é afinal que não tiram o olho dele?
Preconceito!
Sim, certamente fazem tudo isso apenas porque o infeliz é escurinho.
Ou será porque, de tão antigo, já está todo enrugado, cheio de estrias?
Talvez o repreendam porque é humilde, porque vive escondidinho, quase nunca aparece...
Outros dizem que quando aparece é pra fazer merda.
E há ainda os que alegam que ele só gosta de nos ver pelas costas...
Mas não é verdade!
É certo que ele não é dos mais asseados, que não se depila com regularidade...
Mas, quem já imaginou a nossa vida sem o cerzidinho?
Quem já se imaginou privado do prazer de sentar na privada enquanto lê o jornal ou fuma um cigarro?
Quem alegará em sã consciência que jamais se sentiu aliviado ao apertar a descarga, com a sensação de dever cumprido?
E mais: se não fosse o nosso querido cerzidinho seríamos como balões flutuando na atmosfera com a barriga cheia de pum!
Antes de criticá-lo, é preciso que se saiba que não há no universo quem nos conheça mais a fundo do que o nosso cerzidinho!
Que esse pequeno e obscuro amigo está conosco e não abre!
E, se abre, a culpa não é de todo sua, mas de seu dono, um tremendo vacilão.
Portanto, basta!
Chega de desprezo e de calúnia!
É hora de redimirmos aquele que está sempre por baixo e nunca reclama!
É tempo de render uma homenagem àquele furo fraterno que segura nossa barra, ou melhor, nosso barro nos momentos mais difíceis, quando não há um banheiro por perto!
Viva o cerzidinho, viva o operário mais reto de todos!
Viva, viva esse obreiro incansável, que trabalha por um salário de merda!
Viva o cerzidinho, nosso infatigável buraquinho, que está conosco, juntinho, há muitos e muitos ânus!
Viva essa maravilha da natureza e única razão concreta de as mulheres serem tão desejadas pelos autênticos cavaleiros da AMOAL.
O resto é coisa de viado!
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