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sexta-feira, março 08, 2013

Flanando na Terra da Pedra Pintada


 
Chegamos a Itacoatiara no final da tarde da última sexta-feira, dia 1º de março, debaixo de um temporal da moléstia, que nos acompanhou por 80 quilômetros (da cidade de Lindóia, antes da primeira ponte do Rio Urubu, até o início da zona urbana de Itacoatiara, depois da segunda ponte).
Ficamos hospedados no hotel Rio Amazonas, do boa-praça Anuar Mamede Filho, localizado na Rua Ministro Waldemar Pedrosa, nº 215, no Centro, exatamente em frente ao Passeio Público Jornalista Agnelo Oliveira, na orla fluvial do Rio Amazonas.
Nosso cicerone na cidade, o líder portuário Fernando Jerry Nelson, foi nos dar as boas vindas com uma denúncia:
– Roubaram a placa do passeio público há dois meses, mas o vereador Raimundo Silva, presidente da Câmara Municipal de Itacoatiara, já mandou providenciar outra...
Fui lá conferir a presepada.
Pra quem não sabe, foi o juiz aposentado, vereador em segundo mandato, intelectual humanista, contista, cronista, poeta, jornalista e meu mano Raimundo Silva que batizou o nome do passeio público prestando uma homenagem a um dos mais talentosos jornalistas nascidos na Velha Serpa.
Nunca trabalhei com o Agnelo Oliveira no mesmo jornal, mas ele sempre foi um dos grandes amigos que conquistei no meio jornalístico.
O “índio velho”, como a gente o chamava, era uma espécie de reserva moral do jornalismo esportivo e, ambos rionegrinos, nos tornamos amigos de infância por quase três décadas (o conheci pessoalmente, no Bar do Armando, no começo dos anos 80).
Agnelo Oliveira fundiu em um só trabalho as duas paixões que tinha e durante 33 anos foi um dos melhores jornalistas esportivos do Amazonas.
Trabalhou de domingo a domingo.
Morreu ainda jovem.
 
O deputado Sinésio Campos (PT) me entregando um diploma de honra ao mérito outorgado pelo prefeito Peixoto
Quando deixou a terra natal, Itacoatiara, para estudar jornalismo em Manaus, já tinha em mente o que queria cobrir: esporte.
Se fosse futebol, melhor ainda e, se possível, elogiando sempre seu time do coração, o Flamengo, ou, na falta deste, o nosso Rio Negro.
Seu primeiro emprego foi no jornal “A Crítica”.
Era rapaz do interior, não conhecia ninguém, mas foi se virando até ficar conhecido como o grande nome do jornalismo esportivo amazonense, ao trabalhar também no “Jornal do Norte”, “A Notícia”, “Diário do Amazonas” e “Estado do Amazonas”.
Na Assembleia Legislativa do Amazonas, sua morte prematura recebeu um voto de pesar pelo “exemplo de dedicação e amor ao esporte”, nas palavras do presidente Belarmino Lins, “pois fez da sua vida um sacerdócio de amor às lutas e façanhas do esporte amazonense”.
Agnelo foi membro fervoroso da Associação dos Cronistas e Locutores Esportivos do Amazonas (Aclea) e prestava consultoria para a Secretaria de Esporte do governo.
Havia seis meses que era funcionário do Procon e queria até cursar Direito.
E se emocionara – talvez demais – com a formatura da filha, justamente em Direito, havia uma semana.
Tinha 57 anos, não fumava e pouco bebia.
Mas trabalhava sábado, domingo, feriado, trabalhava muito, não parava nunca, era viciado em trabalho.
Morreu de derrame, no dia 19 de fevereiro de 2008, em Manaus.
Sua morte me deixou meio baqueado.

Em 2009, quando fui homenageado pelo prefeito Antônio Peixoto (PT) pelos “serviços prestados pela divulgação da cultura de Itacoatiara em Manaus”, durante a festa de aniversário da cidade, em abril, fiz questão de tirar uma foto ao lado da placa alusiva à inauguração do passeio público.
Este ano, repeti a dose.
É uma maneira meio boba, reconheço, de perpetuar o Agnelo Oliveira em minha memória, mas... fazer o que?
Voltando à vaca fria.
Sempre apressado e parecendo que vai tirar o pai da forca, Fernando Jerry nos instalou no hotel Rio Amazonas e se mandou.
Ficou de se encontrar conosco mais tarde.

Quando o temporal diminuiu um pouco, fomos jantar no Restaurante Panorama, o mais tradicional da cidade.
 
Marie Jolie e Edy Savage encaram picanha na pedra e filé de tambaqui grelhado (que, soube depois, estava uma boa merda de tão velho e passado!).
Eu e Wild Skinhead fomos de frango a passarinho, batatas fritas, isca de calabresa e cerveja Original estupidamente gelada.


Mais tarde, Lúcio Preto e Mad Professor se juntaram à nossa turma para curtir o cantor Bebezão (ou será que ele se chamava Neném? Menino Samden? Bilu Teteia? Não lembro...), cujo repertório ia de Zeca Baleiro a Zé Ramalho, de Renato Russo a Raul Seixas, de Martinho da Vila a Marina, de Ednardo a Elimar Santos, de Noel Rosa a Nelson Ned.
 
O Fernando Jerry apareceu depois, acompanhado de sua esposa, a sempre sorridente Adriana, e a primeira neta do casal, Isabela, uma bonequinha de carne e osso.

Tão rápido quanto surgiu, ele desapareceu nas brumas de Avalon.
Desconfio que o sacana esteja viciado em remédio controlado por horário, provavelmente um dos tais de “tarja preta” da vida e vendidos no câmbio negro.
Com a sua eterna cara de cachorro-que-quer-um-osso, o Fernando Jerry nunca me enganou.

Lá pelas tantas, pedi a conta (couvert artístico, duas águas minerais, seis cervejas Original, três cervejas Skol, uma coca cola, uma isca de calabresa, uma isca de batatas fritas, uma isca de frango a passarinho, uma picanha na pedra e um filé de tambaqui grelhado) e estranhei o valor: apenas R$ 103,38.
Em Manaus, essa “fortuna” daria, no máximo, para pagar 600 gramas de picanha mal passada para duas pessoas, no badalado Picanha Mania.
Sei disso porque toda semana caio na mesma roubada e não aprendo nunca.
Como estava barato pra carálio, amassei a conta, fingi que jogara fora a comanda e pedi mais cervejas.
 
A atenciosa garçonete trouxe mais três cervejas Skol (R$ 13,50) e pediu a comanda anterior para fazer uma nova.
Expliquei que havia rasgado e jogado fora.
Ela quase surtou.
Segundo a garçonete, na comanda estava discriminada a despesa e não ficava uma segunda comanda de conferência no balcão.
Ela não sabia o que fazer.
Falei que eu lembrava o valor da comanda e que já tinha conferido a despesa anterior.
Estava tudo certo.
– Só quero checar se vocês são honestos! – ironizei. “Se aparecer algum valor diferente do que me foi apresentado na primeira vez, amanhã vou pra rádio Difusora e coloco a boca no trombone!”
Dali a cinco minutos, quase me pedindo desculpas, a garçonete me apresentou a nova conta.

O povo de Itacoatiara é honesto pra caralho!
Saímos de lá por volta da meia-noite.
No caminho para o hotel, Marie Jolie e Edy Savage ainda conseguiram encarar duas cuias de tacacá cada uma.
Haja fígado!

O sábado amanheceu com um sol radiante, sugerindo um dia jiboiando em algum balneário.
Fomos dar um rolê básico pela cidade, que estava muito limpa e asseada, com várias equipes da limpeza pública cuidando das ruas com um zelo incomum.
O prefeito Mamoud Ahmed Filho, exercendo o cargo pela quinta vez, garantiu que vai fazer uma administração inesquecível.
Pelo visto, está mesmo começando a dar conta do recado.
Das cidades que visitei esse ano (e o nome delas é legião), Itacoatiara é a mais limpa, arborizada e organizada que já conheci.
Fomos ao cais do porto (que não funciona há sete anos, uma vergonha!), tomamos café da manhã na padaria do Nelson, presidente da Associação Comercial de Itacoatiara, passamos no estádio Floro Mendonça para conferir a reforma e depois fomos visitar uma das últimas reservas florestais de seringueiras existentes no perímetro urbano da cidade, exatamente em frente à antiga madeireira Gethal, atualmente desativada.
 
 
 
 
 
 
As meninas adoraram o passeio.
Mais tarde, por sugestão do Anuar Mamede, resolvemos conhecer o Flutuante Sol Nascente, no Km 21 da Estrada do Piquiá, em pleno Rio Urubu, já na fronteira entre Silves e Itacoatiara.
Assim que colocamos os pés no flutuante, começou um novo dilúvio torrencial.
 
Para combater o frio e a chuva, encaramos doses moderadas de Itaipava e Skarloff Ice.
Primo do prefeito Mamoud Ahmed Filho, o dono do flutuante, Elias Tamer, tem mestrado e doutorado na arte de bem receber.
De cara, ele ligou logo o aparelho de som no volume máximo e colocou o Reginaldo Rossi pra tocar.
Devia saber bem com quem estava lidando.
Aqueles forasteiros bem apessoados não gostavam dessa praga chamada forró pé-de-serra, que se transformou em uma nova doença tropical na região amazônica.
Eles deviam gostar de música romântica...
(Também não custa lembrar que rock, em Itacoatiara, é apenas o nome de um folgado ajudante de palco do Sílvio Santos...)
 
De repente, o Elias, que ainda estava meio ressabiado com aqueles sujeitos meio românticos pintando no pedaço pela primeira vez, reconheceu o Mad Professor do tempo em que ele jogava no Penarol e no Gelopesca e, graças a isso, nos tornamos amigos de infância.
Elias apresentou Mad Professor para outro ex-jogador do Penarol, Rubinho Matador, irmão do ponta-esquerda Basílio, do Gelopesca, que estava fazendo uma visita de cortesia ao flutuante, e os três ficaram relembrando os velhos tempos de outrora.
O agora romântico Wild Skinhead, ex-roqueiro radical, colocou uma questão na mesa que quase me matou de rir.

Negócio seguinte.
Conhecemos o Mad Professor há quatro décadas e sabemos que ele não consegue ficar parado no mesmo lugar por mais de dez minutos, seja mesa de bar, banco de carro ou casa de raparigas.
Já aventamos vários fatos para esse tipo específico de TOC (“Transtorno Obsessivo Compulsivo”):
Mad Professor tem toxinas, giárdias e lombrigas, e o ataque simultâneo delas o faz ter que caminhar apressadamente para matá-las por sufocamento apertando as bochechas da bunda em um quase exercício tântrico.
Mad Professor tem uma impinge braba na auréola do plissadinho e o suor excessivo acaba por ativar o comichão recorrente, cuja coceira é simplesmente inenarrável e só alivia um pouco após uma longa caminhada.
Mad Professor tem um parafuso a menos, o que o torna um sujeito antissocial por excelência e não afeito a conversas moles ou papos descontraídos em mesa de bar.
Mad Professor é autista e detesta qualquer conversa civilizada que não envolva futebol dos anos 70, quando ele foi o craque do ano do Peladão pelo meu fantástico time “Murrinhas do Egito”.
Mad Professor é um hippie tardio que nunca usou drogas e por isso mesmo possui tendências homoeróticas ainda não sedimentadas nem superadas pela sublimação.
Mad Professor é um globe-trotter em potencial, que gosta de estar circulando 24h por dia, em toda e qualquer circunstância, chova ou faça sol.
 
– Hoje, eu quero ver esse sacana deixar esse flutuante e ir bater perna na casa do chapéu!... – ponderou Wild Skinhead, enquanto observava a agonia do Mad Professor estudando mentalmente as saídas possíveis da virtual prisão aquática.
Mad Professor teve que se render aos fatos e permaneceu no flutuante durante toda a nossa estada.
Quase fizemos uma queima de fogos pela façanha.
Por volta do meio-dia, pedimos uma banda de tambaqui assado para o almoço e, enquanto o acepipe era providenciado, Marie Jolie, Edy Savage e Mad Professor foram passear de voadeira pelo rio.
 
 
 
 
 

O Elias surgiu com um tambaqui vivo, matou na minha frente, bandou o animal e depois foi trata-lo.
Fiquei pasmo.
Fazia muito tempo que eu não via um tambaqui de rio – e, pra quem conhece, o gosto dele é completamente diferente dos tambaquis criados em gaiolas ou tanques escavados, quase sempre alimentados à base de ração.
Indiferente a estes detalhes gastronômicos, Marie Jolie e Edy Savage controlaram o medo inicial de morrerem afogadas e se divertiram pra valer na voadeira.
Pelo que elas me contaram depois, Mad Professor observou longamente o rio, mas não teve coragem de cair n’água e fugir nadando pra Itacoatiara ou Silves.
Na volta, por minha sugestão e depois de muita insistência, as duas resolveram tomar banho de rio.
 
 
 
 
 
 
 

Foi a primeira vez que encararam a parada e estranharam o fato de aquilo ser tão divertido e nunca terem feito antes.
Já haviam curtido banho de igarapé, claro, mas a diferença entre banho de igarapé e banho de rio é a mesma diferença entre pilotar um fusquinha envenenado na Estrada do Turismo e uma Ferrari Testarossa em uma freeway europeia.
A sensação de liberdade é a mesma, mas não é a mesma coisa.
Como a água estava muito legal (a chuva fria dá uma sensação térmica de que a água do rio ficou morna), me convidaram para também cair na gandaia.
Recusei, polidamente.
Nunca aprendi a nadar e, agora, com uma prótese no ombro direito em decorrência de um acidente em Borba que deixou sequelas, é que não me meto mesmo a Johnny Weissmuller, o nosso eterno Tarzan dos Macacos do saudoso Cine Ypiranga.

Quando as duas voltaram para o flutuante, meia hora depois, confessaram que estavam curiosas a respeito do nome do rio.
– É urubu por que as águas são escuras? – quis saber Marie Jolie.
– Não, não é por isso não! – expliquei.
E contei a elas o que um antigo índio aculturado me contara há algumas décadas.
Segundo o índio, o rio era um dos locais de pesca de seu povo até começarem a chegar os homens brancos em busca das famosas “ervas do sertão”.
De uma hora pra outra, o rio começou a ficar infestado de urubus.
Eles iam conferir e só encontravam cadáveres de homens brancos de bubuia sendo destroçados pelos urubus.
Como o rio tinha poucos jacarés e tucunarés, ele se transformara num berçário natural e colossal de piranhas pretas e vermelhas, ambas totalmente agressivas quando se trata de defender as ninhadas.
Os índios sabiam disso e só pescavam de canoa.
Os brancos não sabiam.
Entravam no rio para escovar os dentes com a água pela cintura, sentiam uma fisgada na batata da perna e, antes que se dessem conta do que estava acontecendo, sua perna já havia sido totalmente descarnada por milhares de piranhas.
Uma morte dolorosa e cruel.
Foram os próprios brancos que batizaram o rio de Urubu, “porque ele tinha cheiro de cadáver, evocava a morte, lembrava corpos em decomposição”.

Quando terminei o relato, Marie Jolie me olhava estupefata, como se tivesse acabado de ouvir o terceiro segredo de Fátima.
– Você tá zoando da nossa cara! – argumentou. “Não acredito que se tivessem mesmo piranhas nesse rio você teria coragem de nos pedir pra entrar...”
– O truque é não parar de se movimentar, que elas não atacam! – expliquei. “Mas se você tiver um pequeno ferimento no corpo, elas vão atacar em massa com certeza, mesmo que você dance break dentro d’água...”
Marie Jolie ficou lívida.
Edy Savage ficou passada.ponto.com.


Elias, que estava escutando o relato com bastante atenção, entrou na história e jogou uma pá de cal:
– Pior do que as piranhas, só mesmo os candirus... E, aí nesse rio, candiru faz lama, minha filha, candiru faz lama!... É uma praga, uma praga!
– E cobra? Também tem cobra?! – questionou Marie Jolie, sem esconder o nervosismo.
– Só sucuriju de três metros... – avisou Elias, com desdém, enquanto providenciava uma nova caixa de isopor com bebidas.
Quase que Marie Jolie e Edy Savage me cobriam de tabefes, de tão injuriadas que ficaram.

Para minha sorte, o almoço foi servido naquele momento e escapei pela bola sete.
Lá pelas tantas, depois do almoço, a Marie Jolie resolveu pescar de caniço e quase arma um incidente internacional.
Os ajudantes do Elias (dois adolescentes completamente siderados pela beleza fulgurante da menina) tentaram convencê-la de que isca de pão serve para fisgar alguma merda.
Era um truque ordinário: assim que a isca batesse n’água, uma piaba ia comer o pão e deixar o anzol limpo.
Não havia qualquer hipótese remota de algum peixe mais esperto meter a boca no anzol sem isca.
Um dos moleques ia colocar o problema no manejo errado da vara de pescar e tentar encoxar a Marie Jolie por trás, supostamente para ensinar a maneira correta de lançar a linha.
Cortei a curica deles.
– Escuta aqui, porra, vocês acham que estão lidando com alguma idiota? – entrei pisando na linha do pescoço. “Pede pro Elias fazer uma isca de peixe cru e me traz aqui, que eu vou ensinar a Marie Jolie a pescar. E essa porra de miolo de pão vocês enfiem na tarrasqueta...”
Os adolescentes, claro, ficaram putos.
Uma encoxada daquelas serviria de moldura mental para uns três meses de punheta.
Eles me olharam com tanto ódio, que sequer estranharia se tivessem rosnado em pensamento “careca filho da puta, tu vai morrer de acidente de carro ainda hoje, seu leproso!”
Azar.

Indiferente ao barraco que eu estava armando, a Marie Jolie continuou pescando com isca de miolo de pão, sob o olhar vigilante da Edy Savage.
Uns quinze minutos depois, chamei o Elias, paguei a conta (meia hora de passeio de voadora, 12 Itaipavas, 10 Skarlofs Ice, quatro cocas colas, dois salgadinhos e uma banda de tambaqui assado, com baião de dois, farofa e vinagrete): R$ 154. 
Uma mixaria!
Eu já estava entrando no carro, quando ouço a Marie Jolie gritando desesperadamente na saída do flutuante.
– Eu fisguei um peixe, mas o seu Elias me tomou! Volta aqui e toma dele, que eu quero fazer uma fotografia do meu peixinho!
Dei de ombros.
Aparentemente, a Marie Jolie havia fisgado um bagrinho de dez centímetros e o Elias aproveitou a oportunidade para reforçar a comida dos tambaquis vivos que cria embaixo do flutuante, deixando a pescadora de primeira viagem totalmente injuriada.
Azar.

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