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sábado, fevereiro 15, 2014

Baitolas africanos estão vendo a coisa preta


Dezenas de manifestantes defensores dos direitos dos homossexuais foram esta semana ao Alto Comissariado de Uganda em Nairobi, capital do Quênia, para protestar contra a lei antigay no território ugandense.

O projeto de lei, que ainda necessita ser aprovado pelo presidente Yoweri Museveni, criminaliza a relação homossexual em Uganda, podendo até condenar gays, lésbicas, bissexuais, transexuais e transgêneros a prisão perpétua se forem reincidentes.

No final do ano passado, a presidenta do Parlamento Rebecca Kadaga declarou que a lei era “um presente de Natal” ao povo ugandense. O projeto original, de 2009, previa a pena de morte para os gays, mas a possibilidade foi retirada por conta de pressão internacional. O presidente norte-americano Barack Obama disse, à época, que o projeto era “odioso”.

No último dia 17 o presidente Yoweri pediu que o Congresso revisasse o projeto, mas causou revolta no país ao se referir aos gays como “pessoas anormais” que não precisam ser encarceradas ou mortas, e declarou que as mulheres “viram lésbicas por falta de sexo com homens”.


Na Líbia, há projetos de lei proibindo a união gay sob ameaça de prisão.

No ano passado, uma conferência religiosa na Etiópia deu início à ação do grupo United for Life Ethiopia – entidade que combate os gays e defende punição severa aos que forem pegos em atos de sodomia. O grupo afirma que o comportamento homossexual é uma influência da cultura ocidental e, portanto, não deve ser aceito na África.

Apesar de ainda não terem sido aprovados, os projetos indicam a tendência de mais repressão aos gays no continente.

“Isso é uma resposta à maior aceitação de gays em países desenvolvidos. A homossexualidade sempre foi parte da cultura africana. O que muda agora é que, em parte por inspiração dos países desenvolvidos, a homossexualidade está mais aberta”, afirmou Colin Stewart, ativista e editor do blog Erasing 76 Crimes, sobre países com leis contra homossexuais.


Na semana passada, o Southern Cross, um jornal semanal promovido pela Conferência Sul-Africana de Bispos, denunciou que a nova legislação da Nigéria e da Uganda, e outras propostas semelhantes no Camarões e na Tanzânia seriam usadas para “perseguir as pessoas com base na sua orientação sexual”.

As relações entre pessoas do mesmo sexo já são ilegais na maior parte dos países africanos, mas o Southern Cross urge os bispos da África “a ficar ao lado dos que não têm poder” e a “soar o alarme contra o avanço em toda a África da legislação draconiana que visa a criminalizar os homossexuais”.

No entanto, os bispos católicos da Nigéria emitiram um comunicado elogiando a lei de proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, de 2013, depois que o presidente Goodluck Jonathan endossou a nova lei em janeiro, que proíbe os casamentos e as demonstrações públicas de afeto entre pessoas do mesmo sexo.

As pessoas que vão a clubes gays na Nigéria enfrentam agora 10 anos de prisão, e os casais do mesmo sexo podem pegar até 14 anos de prisão.

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