No próximo domingo, 9, o Fantástico exibe um novo capítulo
da minissérie “Tem Piranha no Pirarucu”, que mostra o envolvimento do prefeito
de Coari com uma rede de exploração sexual de menores. O CANDIRU teve acesso ao
copião do programa e exibe, em primeira mão, uma versão compacta dos piores
momentos.
Como até os pombos da Praça São Sebastião já estão carecas
de saber, Adail Pisseiro, 51 anos, pai de três filhos, cumpre o terceiro
mandato como prefeito de Coari, no médio rio Solimões, e é acusado, entre
outros crimes, de pedofilia.
“Nunca fiz, não faço, nem nunca farei uma coisas dessas. E
desafio quem quer que seja a provar que alguma vez eu cometi um crime dessa
natureza”, diz Adail Pisseiro, vestindo apenas uma minúscula e ridícula sunga
de oncinha e cercado de piriguetes, num clipe em que imita o rapper sul-coreano
Psy no hit Gangnam Style.
Apesar da cafonice e das baixarias, o clipe já teve 180 milhões
de acesso no YouTube.
Em uma gravação telefônica de agosto de 2007, Adail Pisseiro
conversa com Adriano Satan, na época Secretário de Administração da Prefeitura
de Coari. Eles falam sobre uma jovem que Adriano tinha acabado de conhecer.
Adriano: É um bebê-conforto, agora que olhei direito... Que
bebezinho... Não tem nem dez anos, ainda cheira a leite...
Adail: Não me fale! Traga logo aqui para eu ver a
mercadoria, mas me traga bem depressa mesmo, que acabei de tomar o meu coquetel
diário de Fluoxetina, Prozac, Paroxetina, Comipramina e Zoloft, e estou na
ponta dos cascos...
Adriano: Meu irmão é um bebê Johnson, chefe, que sorriso
lindo, branquinho, branquinho. Deixa a gengiva vermelhinha, cabelão.
Adail: Ai, meu Deus, traga, traga. Mas ela já sabe que meu
bilau duro só tem 8 cm?...
Adriano: Sabe, sabe. É o teu número, patrão, não vai nem
precisar colocar calço no bilau. Eu vou levar aí.
Adail: Ai, meu Deus, traga, traga. Mas ela também sabe que
eu sou rapidinho?...
Adriano: Sabe, sabe. Falei pra ela que vai ser jogo rápido,
patrão, uns trinta segundos, no máximo, estourando, um minuto de peia, pro
bichão vomitar. Contei que ela não vai nem sentir, que vai ser vapt, vupt,
igual exame papanicolau... Eu vou levar aí.
Adail: Ai, meu Deus, traga, traga. Outra coisa: ela jura que
não vai contar pra ninguém?...
Adriano: Já acertei tudo com ela, chefe. Ela garantiu que
não vai rir, nem postar no feicibuk e nem comentar no uatizápi. O bebezão é de
palavra. Eu vou levar aí.
Adail: Ah, bom. Então, traga, traga.
A conversa é uma das provas de que Adail tem o pau pequeno,
sofre de ejaculação precoce e que é por causa disso que só gosta de crianças
pra fazer mingau.
A Polícia Federal gravou, com autorização da Justiça, vários
telefonemas do prefeito e do grupo que, de acordo com as investigações,
identificava e aliciava as vítimas para ele.
Maria Lêndea: Essa menina é da alta sociedade, coisa de
doido, bicho, tu vai enlouquecer, tu vai me dar é uns três paus pra namorar com
essa menina. Ela não tem nem treze anos, mas é uma potranca criada sem calça...
Precisa ver o tamanho do burrão!
Adriano: Então apresenta pro chefe, parceira. Isso é coisa
pro chefe, não é pra mim.
Maria Lêndea: Essa aqui é mulher pra ti, bunda mole... Não é
pro chefe não, porque é mulherão de quinhentos talheres, mano. O chefe gosta de
dente pequeno, de dente de leite, de bebezinho... Eu acho que o chefe tem algum
problema no bilau... Tu não acha não?...
Adriano: É, me disseram que ele tem uma pimbinha de nada...
Sei lá... No Natal do ano passado, eu comprei um extensor peniano de última
geração em Miami e dei pra ele, pra resolver essa situação, mas parece que não
tem jeito não... Ele vai morrer cotó...
Maria Lêndea: Jura, mano?...
Adriano: Por Deus do céu... Quero morrer pretinho no inferno
se tiver exagerando...
Maria Lêndea: Égua...
Processos levaram
embargo de gaveta
Adail responde a 70 processos. Entres eles, por formação de
quadrilha, desvio de dinheiro público, fraudes em licitações e crimes sexuais.
“Processos que ficaram em caixas de papelão por mais de um
ano e meio sem nenhum tipo de movimentação”, afirma Gilberto Valente Martins,
conselheiro do CNJ.
Representantes do Conselho Nacional de Justiça passaram uma
semana em Manaus, tentando entender por quê.
O Conselho Nacional de Justiça constatou uma demora muito
grande no andamento dos processos contra Adail Pisseiro, no Tribunal de Justiça
do Amazonas. Três deles são de favorecimento à prostituição. O conselho vai
ouvir juízes e desembargadores, quer saber o motivo de tanta lentidão.
“Não tem nenhum processo relacionado à pedofilia,
principalmente, na Comarca de Coari, que estejam aptos pra serem julgados
agora”, diz Gilberto Valente Martins.
O Fantástico procurou o presidente do Tribunal de Justiça do
Amazonas, Ari Moutinho. Ele enviou uma nota, dizendo que vai aguardar o
relatório do CNJ e os pedidos de providência para, então, tomar as medidas
pertinentes.
“Pode estar havendo sim algum tipo de mecanismo para dar uma
blindagem a este prefeito. Até porque vários magistrados vêm se afastando
sistematicamente desses processos por motivo de foro íntimo pra não julgar este
prefeito”, destaca o conselheiro do CNJ.
Adriano Satan, o ex-secretário de administração de Coari,
que aparece em grande parte das gravações, é apontado pela polícia como uma das
pessoas que atuam para atrasar os processos.
Era oficial de Justiça, mas foi exonerado na segunda-feira
da semana passada, um dia depois de a reportagem do Fantástico ir ao ar.
Entramos em contato com ele.
“Eu te ligo confirmando se eu vou gravar ou não”, disse.
Ele não ligou.
Fantástico: Há duvida da ação desse homem, do prefeito de
Coari?
Leda Mara Albuquerque: Você está perguntando pra quem está
investigando e por tudo o que eu já ouvi aqui eu digo que não.
“Eu quero que dessa vez seja feito Justiça sim. Que ele
pague por todos os crimes, pelas crianças que ele abusou, que ele estuprou,
porque foi isso que ele fez comigo. Que seja feita Justiça de verdade”,
ressalta uma menina.
Um comentário:
tem a gravação da escuta telefonica?
Postar um comentário