Ugandense lê edição
desta terça-feira, 25, do jornal Red Pepper em Campala
Um jornal publicou nesta terça-feira, 25, o nome de 200
pessoas acusadas de serem homossexuais em Uganda, um dia depois que o
presidente chamou os gays de “mercenários” e assinou uma rígida lei contra a
homossexualidade.
“Descobertos!” é a manchete do jornal sensacionalista Red
Pepper, que publica a foto dos supostos gays e suas ações homossexuais.
O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, promulgou na
segunda-feira, 24, uma lei que transforma a homossexualidade em um crime que
pode ser punido com prisão perpétua, ignorando completamente as críticas e
pressões ocidentais.
O Parlamento ugandense já havia aprovado em 20 de dezembro
de 2013 por ampla maioria uma lei que aumenta consideravelmente a repressão
contra os homossexuais e que prevê a prisão perpétua para reincidentes,
considerados culpados de “homossexualidade agravada”.
Segundos os termos da lei, passa a ser proibido qualquer
“promoção” da homossexualidade e obrigatório a denúncia de qualquer pessoa que
se identifique como homossexual.
Até a famosa bicicleta modelo Fábio Jr. (também conhecida
como “Senta aqui!”) entrou na lista de proibições.
Quem for pego pedalando uma poderá ser fuzilado em praça
pública.
Os defensores dos direitos humanos e os governos ocidentais,
em especial os Estados Unidos, criticaram duramente a lei, apesar de os trechos
mais polêmicos da lei, que previam a pena de morte em caso de reincidência,
relações com menores ou para as pessoas com Aids, finalmente serem abandonados.
O presidente americano Barack Obama chamou de “passo atrás”
a lei, cuja aprovação “complicaria” a relação entre Uganda e Washington.
Apesar das advertências, o presidente ugandês assegurou que
não se deixará impressionar.
“Os estrangeiros não podem nos dar ordens. Impor valores sociais
de um grupo a nossa sociedade é um imperialismo social”, insistiu Museveni,
cujo governo já vem sofrendo críticas por sua corrupção endêmica.
Ele acusou uma parte dos homossexuais de ter feito essa
opção sexual “por razões mercenárias”, enquanto os outros se tornaram assim por
uma “mistura inata – de elementos genéticos – e adquiridos”.
Os homossexuais são alvos frequentes de perseguições e
agressões, e mesmo assassinato em Uganda, país homofóbico e amplamente
influenciado pela Igrejas evangélicas.
Em 2011, David Kato, símbolo da luta pelos direitos dos
homossexuais em Uganda, foi morto em sua casa, três meses após seu nome ser
divulgado em uma revista junto a outros sob o título “Prendam-nos”.
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