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sexta-feira, agosto 21, 2009
Roqueiro dinamarquês usa slogan nazista contra proibição do cigarro
Leis antitabagismo são coisa de "fascistas da saúde", diz Larsen
Um dos artistas mais famosos da Dinamarca lançou uma campanha a favor do cigarro, usando um conhecido slogan nazista. A pequena comunidade judaica do país diz não sentir-se agredida.
Como vocalista da Gasolin’, uma influente banda de rock que teve seu apogeu nos anos 70, Kim Larsen sempre foi um dos bad boys do rock dinamarquês. E como qualquer “mau rapaz” que se respeite, sempre foi veementemente contra o establishment.
Como todo bom roqueiro, ele é também um fumante inveterado. E não por acaso, não gosta das leis antitabagistas da União Européia, introduzidas na Dinamarca um ano atrás, que proíbem o fumo em bares e restaurantes.
Fascistas da saúde
Do tipo que não gosta de ser mandado, Larsen recentemente ajudou a lançar uma campanha publicitária com o slogan “Tillykke med rygeforbudet – Gesundheit macht frei!!!”
A primeira parte significa “boa sorte com a proibição ao fumo”, em dinamarquês. O slogan em alemão, “Saúde liberta”, é uma óbvia alusão ao slogan nazista “Arbeit macht frei” ou “O trabalho liberta”, presente na entrada de vários campos de concentração nazistas, como Auschwitz e Dachau.
De Auschwitz para Copenhague: “Saúde liberta”
“As pessoas que introduziram a proibição ao fumo são fascistas da saúde”, teria afirmado Larsen.
Ele disse que a referência ao Terceiro Reich é pertinente, pois os nazistas introduziram uma proibição nacional contra o cigarro, como parte de sua busca pela pureza corporal e racial.
“Hitler foi o primeiro a banir o tabagismo”, disse o cantor. Larsen, que tem muitos álbuns best-sellers em seu país natal, também já foi escolhido para representar a Dinamarca no concurso Eurovisão. Neste, artistas de vários países passam por seletivas nacionais, competindo depois em nível europeu.
Anti-semitismo?
Supõe-se que Larsen não tenha sido a única celebridade a fazer doações ao fundo Himmelbla, que organiza a campanha publicitária espalhada pelos outdoors de Copenhague. “Não é uma defesa ao cigarro”, argumenta Larsen. “Trata-se de uma defesa da democracia e da liberdade”.
A comunidade judaica do país, por sua vez, está optando por enxergar a campanha como um mero protesto de mau gosto contra a interferência governamental sobre as liberdades individuais.
“É estúpido, simplesmente estúpido”, disse Stefan Isaak, presidente da comunidade judaica dinamarquesa, à DW-World.DE. “Eu não vejo ligação alguma com qualquer tipo de anti-semitismo – é somente uma estupidez”.
Explicando porque os pôsteres de Larsen foram amplamente ignorados, ele indicou que a Dinamarca tem poucos sobreviventes do Holocausto, já que a maioria dos judeus do país escapou para a Suécia durante a Segunda Guerra Mundial.
“Os sentimentos das pessoas podem ser atingidos, mas o slogan é tão idiota; não dá nem para começar a associá-lo a Auschwitz”, ele afirmou.
Mau gosto
Arne Rolighed, da Sociedade Dinamarquesa do Câncer, principal instituição de pesquisa oncológica no país, sente-se mais ofendido. “É de extremo mau gosto”, disse ao jornal dinamarquês Politiken.
A analogia não é inédita. Na Alemanha, onde alusões ao nazismo não são ignoradas com tanta facilidade, um protestante lançou uma linha de camisetas, no começo deste ano, estampadas com uma estrela de David, e abaixo a palavra “fumante”.
As camisetas foram rapidamente retiradas do mercado, após objeções de grupos judaicos, que protestaram contra a comparação entre a pressão sobre os fumantes e a perseguição sofrida pelos judeus durante o nazismo.
Isaak, da comunidade judaica dinamarquesa, é mais discreto. “Quanto menos comentarmos, melhor”, disse.
Post Scriptum:
Recebi essa matéria em setembro do ano passado. Só estou postando agora, porque a nossa macaquice em copiar as imbecilidades do primeiro mundo não tem limites. De repente, Wilker Barreto, Luiz Alberto Carijó, Belão, Adjuto Afonso, Marcos Rotta e Sinésio Campos resolveram surfar na onda do politicamente correto e iniciaram uma cruzada para proibir o consumo de cigarros em ambientes de uso coletivo. É o roteiro típico de uma cafajestagem “BO” (“boa pra otário”).
Fumante desde os 17 anos, concordo em gênero, número e grau com Kim Larsen: “As pessoas que introduziram a proibição ao fumo são fascistas da saúde”. Dizem que um dos benefícios de deixar de fumar é ficar com a aparência saudável de Drauzio Varela e José Serra. Si non é vero, é bene trovatto, mas ainda prefiro a aparência de fumantes de respeito, como Humprhrey Bogart e Lauren Bacall. Questão de gosto.
Um dos riscos constitutivos da democracia é permitir que o poder estatal seja usado pela maioria para perseguir os valores e os hábitos das minorias. Em outras palavras, o sujeito que quer educar seus filhos em sua religião – ou sem religião – precisa começar a se preocupar quando o governo proíbe o seu vizinho de fumar. Hoje é a liberdade dele que está indo embora. Amanhã, pode ser a sua. O resto é coisa de viado.
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2 comentários:
Olão Simão....
vou ser sincero...não fumo....mas todo tipo de ordem taxativa, eu não gosto....não soa bem pra mim....
Muito bom Post!
Anselmo - Minerva Pop
Parabéns pelo blog, ao qual cheguei após ler a hilária história do padre Nonato, reproduzida pelo Zamith. No mais, não é mesmo uma tarefa fácil defender o cigarro nos dias de hoje, diante da intolerância geral. O fumo virou bode “aspiratório”, como diria Millôr Fernandes. E é difícil saber se as pessoas estão mais prepotentes ou mais tolas. De repente, as duas coisas. O fato é que estamos em meio a um daqueles momentos de repressão intensa, quando a cultura, orientada por políticos reféns de moralistas (e todo moralista é um fdp), pretensos puritanos nas questões privadas (e só nas questões privadas), impõe visões histéricas e reforça a coerção da culpa na sociedade, legislando julgamentos morais sob o pretexto de saúde pública, segurança social, “medo” ambiente, com isso ampliando o poder de vigilância e o alcance da censura para realizar uma restrição geral de liberdade, herança de fato tipicamente fascista. Então, com relação ao cigarro, já não bastam as ameaças terríveis nos maços. Tem que proibir porque proibido virou crime. Claro, o mundo está definitivamente em perigo e a cada dia precisa de uma lei nova: não chamarás preto de preto, não chamarás viado de viado, não olharás as coxas da secretária, usarás cinto de segurança... e não fumarás! E é incrível como muitos não são capazes de juntar coisa com coisa, perceber o mesmo totalitarismo à direita e à esquerda. Só de lembrar que foi Paulo Maluf quem começou a campanha antitabagista no Brasil, na mesma São Paulo de José Serra, que neste sentido só lhe segue e amplia em muito os passos, e também com o apoio da “mídia” que nunca sabe (ou, por outra, sempre sabe) onde pisa, dá vontade de acender um cigarro, eu que não fumo e estou condenado a votar em José Serra. E lembro uma vez mais Millôr Fernandes: Os fumantes concordam até que o fumo é um vício idiota. Mas persistem em fumar porque têm uma virtude ainda mais idiota, a da liberdade.
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