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terça-feira, abril 05, 2011

A princesinha do mar


Parado em um semáforo da Avenida Atlântica, durante uma manhã deslumbrante de Copacabana, o arquiteto Carlos Alberto Pigarrilho viu aproximar-se do carro uma garotinha no esplendor dos quinze anos, peitinhos assinzinhos, quase explodindo para fora de um corpo perfeito, coxinhas à mostra, toda deslizante, altiva, eterna, amanhecente, dona do bairro, da cidade, do mundo.

Um Learjet.

Veio vindo, veio vindo, orgulhosíssima, o centro mesmo da verdade, das atenções da natureza.

Nisso, na esquina, indiferente ao que se passa na calçada, atenta que está para o céu de si mesma, pisa numa bolachona de cocô de cachorro recém-produzido.

Horrorizada, o rosto em chamas, vê sua sandalinha de dedo ficar retida nos referidos dejetos, os entrededos do pezinho melados pela desagradável pasta mal cheirosa.

O Pinga:

– Pisou na merda, minha filha?

Ela:

– Pisei, filho da puta!

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